CONVIVENDO COM O MEDO
A historia dos índios Sinagua Farmers
A historia dos índios Sinagua Farmers
Alberto Bittencourt
No estado
de Arizona, EUA, situa-se o deserto de Sedona. Região árida, sem água e sem vegetação, solo de arenito vermelho, que se estende num lençol interminável, até encontrar
uma cadeia de montanhas.
Escavadas
no flanco dessas montanhas, existem restos preservados de casas construídas por
uma civilização pré-colombiana, que há 10 mil anos eram nômades caçadores e,
nos últimos mil anos se tornaram índios agricultores chamados de Sinagua
Farmers (Agricultores Sem Água).
Para o
turista é um raro privilégio ver os vestígios dessa aldeia encravada na rocha, numa
região inóspita, outrora habitada por um povo que, por dezenas de gerações, enfrentou sucessivas secas e conviveu com a falta de água e de alimentos.
Eles, entretanto, não estiveram sempre nesse mesmo lugar. Aí chegaram após meses e meses de marcha à procura de uma terra menos inóspita para suas famílias. Atravessaram obstáculos, vararam montanhas, enfrentaram enormes dificuldades, sem desistir. Persistiram, mantiveram sempre acesa a chama da esperança de alcançar seu objetivo.
Conta a história
que, ao chegarem a essa montanha, após um percurso cheio de sofrimento,
decidiram aí se fixar, a despeito de ainda estarem em pleno deserto.
O motivo
era bem simples. Eles divisaram no horizonte, na direção oeste, uma outra cadeia
de montanhas, maior do que as anteriores. Ficaram com medo de não conseguir
atravessar um obstáculo de tamanha envergadura. O medo os paralisou por séculos
nesse endereço, com tão pouca água e tão pouco alimento.
Mas, por
ironia do destino, se eles tivessem ousado enfrentar o novo percurso, teriam
encontrado o que procuravam do outro
lado das montanhas. Ali se abria o
Oceano Pacífico, com verdes campos a perder de vista. A abundância e a
prosperidade estavam logo do outro lado
do que lhes fazia medo. O medo os paralisara, os impedira de buscar seus
objetivos.
O que nos
paralisa não são nossos desejos, nossas alegrias, nossos sonhos ou nossas
ambições, mas nossos medos. O que nos paralisa é o medo do desconhecido. O que
nos paralisa é a nossa imaginação que gera um estado de espírito que toma conta
do corpo inteiro.
Só não
sente medo quem jamais ousou fazer algo diferente, algo novo, quem permaneceu sempre
na zona de conforto.
Mas, existe
um momento certo para tudo. Um dia, como os Sinagua, você vai se deparar com uma grande barreira,
como um muro em seu caminho. E você terá que decidir. É o momento de se acomodar ou de enfrentar o desconhecido,
de se lançar na incerteza.
Estaremos
nós, condenados a sentir medo a vida toda? Como conviver com esses medos? Se
sentir medo é inevitável, como fazer quando nos depararmos com a incerteza,
quando estivermos diante do desconhecido?
Simplesmente
aceite e absorva com naturalidade as mudanças que se fizerem necessárias. Se
você está com medo, é porque você não sabe o que vai acontecer. Então mude e
faça o que lhe dá medo e o medo desaparecerá. Não perca tempo, não espere.
Quanto mais você esperar, mais os medos crescerão. Quanto mais eles crescerem,
mais o assombrarão. Mais você terá o sentimento de culpa por não ter agido.
O sentimento
do medo é mortificante e depressivo. É como uma espada atravessando o plexo
solar. Para superá-lo, adquira o hábito de fazer coisas inabituais. Saia regularmente da zona de conforto, mesmo que tal não seja necessário. Faça
coisas diferentes no seu dia a dia. Então será mais fácil tomar a decisão de
mudar, e você passará mais rapidamente à ação, com menos sofrimento.
Como LÍDER na sua vida pessoal e profissional, sua tarefa é de ajudar os outros a derrubarem as barreiras que os retardam, para que eles possam também agir sozinhos.
Ao contrário dos índios Sinagua, guarde sempre o espírito de uma nova montanha a transpor, de um novo cume a subir. Tal o impedirá de ter medo, e você não passará toda a vida num deserto, a ter constantemente medo da mesma coisa.
E, nunca se esqueça de ter Fé. Afinal, a Fé remove montanhas.
x-x-x-x-x
15 comentários:
Caro Bittencourt.
Essa sua crõnica mexeu comigo. Assim, vou-me atrever a fazer algns comentários. Parece-me que a região do homem onde se localizam os medos está na constante luta entre o ego e o id. Enquanto o id força a saída de todos os medoa, o ego luta para fechar a porta, que gera a zona dos confortos humanos. Não são fáceis as saídas, pois as aprovações sociais os empurram para baixo. Mas, no id estão os nossos medos. Nos pesadelos, nas lembranças que afastamos rapidamente e na não luta que os conflitos internos nos fazem sofrer. Freud buscava os medos de seus pacientes. Buscava o que para estes era considerado pecado ou ato não aprovado pelas culturas. A fala destes medos os levava para a conscientização de cada medo, mesmo que suas resoluções não fossem aprováveis à época. Muitos medos nos deixam sem ultrapassar barreiras, como no caso do povo que, pecando pelo medo, decidiu continuar vivendo num deserto. Mas, existe um "urso" em cada tipo de medo. E, para extriparmos ou matarmos este "urso" é preciso que saimos da porta dos confortos e com ele nos confrontemos para matá-lo de fato. A cada "urso" morto estamos prontos a seguir em frente e a outros tantos "ursos" enfrentarmos. Já não será com tantos medos que com eles nos degladiaremos. Terão forças nossas mentes mais fortes. Seus músculos já estarão trinados para o embate. Válido nos lembrarmos que, geralmente, os grandes homens em várias áreas da humanidade foram pela sua sociedade, considerados párias. Foram homens que viveram muito tempo além do próprio tempo. E,somente quando seu tempo chegou foram eles reconhecidos em seus méritos. Certa vez, em meu tempo do então ginásio, apresentei medrosa a meu pai o boletim escolar. Havia nele um dois em vermelho, na disciplina de matemática. Olhando para aquela nota, meu pai nela colocou o dedo dizendo-me que na próxima prova não admitiria nada menos que um dez. E acresentou,que não teria eu nemhuma ajuda de professores particulares. Eu tinha que aprender sozinha e alcançar o dez imposto. Madrugadas eu varei. Ajudas aos colegas eu busquei e, com o meu "urso" do medo resolvi lutar. Chegado o dia da prova, abrindo suas folhas, murmurei comogo mesma:"É só isso que tenho que resolver?" E fiz a prova. E tirei a nota dez. Havia eu matado meu primeiro "urso". Penso que devemos, como você brilhantemente o diz, retirar do baú de nossas mentes os ids do medo. E, mesmo que por alguns não sejamos compreendidos, ousemos agir. SEJAMOS, antes que os grilhões dos nossas medos aprisionem toda a nossa alma, nos lançando em depressões, em angústias, onde não haverá mais força para nos lançarmos à luta. E matarmos, cada um, seus "ursos" particulares dos medos. Seremos sempre, se agirmos covardemente sempre na zona de um conforto aprovado, passageiros de um trem que, sem destino nos leva nada docemente aos infernos dos medos que podem ser eternos. E, sem mais pedir a nossa permissão, aos fundos dos eternos e gélidos mundos dos medos ele certamante nos conduzirá.
Mais uma vez PARABÉNS Bittencout! Tocaste em mim com uma força que me faz desejar ter muito mais espaço para poder falar. Mas, necessário se faz passar aos outros a palavra. Fraternos abraços.
Lúcia Vasconcelos Lopes.
O que faltou aos Sinagua? De um lado, a consciência dos seus limitados recursos os terá feito desconfiar da sua capacidade de ir além... de outro, a experiência dos seus antigos fracassos não lhes terá permitido imaginar nada muito atraente adiante... Todos temos âncoras nos nossos erros e desilusões de sempre nos prendendo ao chão. Só um chamado do alto nos fará movê-las. Só a esperança de servir como o Filho de Deus vence o medo que nos dominará enquanto nos guiarmos só pelas metas que formos capazes de criar por nós mesmos.
Annibal Paracho Sant'Anna
Caro Companheiro Alberto Bittencourt,
É com grande prazer que leio seus e-mails.
Continue me mandando.
Cordialmente,
Regina.
Prezado Alberto Bittencourt:
Li seu artigo "Convivendo com o Medo", no seu blog Feixe de Varas.
Concordo plenamente que temos mesmo que enfrentar o medo de frente,
mas temos que ter fé em que Deus estará sempre do nosso lado.
Recebi este lindo pps "Hay Amigos" e lembrei-me de você.
Abraço-o com muita amizade,
Dora Sodré
RC RJ São Conrado.
Prezado companheiro Alberto Bittencourt,
Muito interessante o seu artigo! Atire a primeira pedra quem não teve que enfrentar ou recuar algo por causa do medo? Fez-me lembrar o caso extremo dos sobreviventes da queda do avião do Chile pela decisão de vencer o medo de morrer.
Além da prática da antropofagia tiveram que enfrentar caminhadas mortíferas nas montanhas de gelo. Mas, venceram o medo porque contaram com a liderança de alguns a despeito das mais adversas circunstâncias. Muitas vezes nossos medos nos paralisam para a prática do servir ... a nós mesmos e aos outros. È necessário, portanto, contar com líderes sensíveis que possam ajudar aos seus liderados a vencer o medo para servir.....
Telma
Caríssimo Governador Alberto:
Realmente o medo na maioria das vezes nos faz recuar ou parar uma ação. Mas também podemos entender o medo como um desafio a ser enfrentado.
No comentário de Lucia Vasconcelos, fala da nota 2 no boletim do colégio. No meu tempo de colegial, eu não passei de ano e tive que levar para meu Pai o resultado, eu sabia que o castigo seria severo, como realmente foi.
Mesmo assim fiquei mais um ano de castigo.
Em fui candidato ao honrroso cargo de Governador do Distrito 4500 e pela terceira vez fui com medo invertido, me preparei melhor e fui indicado para 2014/2015. As duas vezes anteriores foram medos incentivadores a ir para terceira.
Hoje confesso que o medo de governar o Distrito 4500 é o meu maior incentivo, para inovar e tentar modernizar a nossa causa.
O medo para mim, na maioria das vezes,funciona como uma ADRENALINA POSITIVA.
Parabéns pelo belíssimo artigo, muito bom.
atenciosamente
Eduardo Mota
Olá... Sr. Alberto. Excelente abordagem. Segue algumas considerações sobre o assunto para apreciação.
Passei boa temporada ausente de meu domicílio, mas já estou de volta!!!
Prezados amigos e companheiros em Rotary:
Quero dar-lhes a saber que inspirado no artigo do EGD Alberto Bittencourt, sobre o 108º Aniversário de Rotary International, servindo-me de seu texto e de sua inspiração, preparei matéria que será publicada no BLOGUE do Jornalista HUMBERTO PINHO DA SILVA (Porto/Portugal), um periódico que circula no meio literário de Portugal e Brasil para alguns milhares de destinatários.
Humberto Pinho da Silva é figura permanente em vários jornais de Portugal, entre eles o Centenário Maria da Fonte, Jornal da minha terra natal, PÓVOA DE LANHOSO (Braga), talvez o primeiro jornal em que aprendi a ler notícias
Convido-os para acompanharem e lerem o blogue:
http://solpaz.blogs.sapo.pt/.
Saudações
Antônio J. C. da Cunha – Rotary Club Duque de Caxias
Ao lado da ira, o medo é uma das piores emoções humanas. Medo de que afinal? Como prega o comentário de nosso verdadeiro amigo Bittencourt, faça o que tem medo, leve o medo à razão e veja que esse "monstro", quase sempre é imaginário.
Um abraço = Joel Muricy
Querido Bttencourt, adorei sua postagem! Chegou na hora certa para mim. Vou repassar para meus amigos!
Grande abraço da Áustria.
Suzy
Concordo plenamente... nao podemos deixar o medo nos prender à zona de conforto.
beijos
ana hertz
Alberto
Temos recebido com regularidade suas informações.
Estamos em SP e vc também deve receber nossos boletins semanais.
Gostaríamos de verificar a possibilidade de levarmos a nossa Oficina de
Elaboração de Projetos e mais outras palestras e atividades que temos
para o universo da Economia Criativa de Recife.
Vamos falar?
Rose Meusburger
Diretora Executiva -
2003 - 2013
GAIA BRASIL GESTÃO CULTURAL
"Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela." Paulo Coelho
PARABÉNS pelo seu artigo sobre o "medo" particularmente pela clareza lá exposta sobre a importância do otimismo e da fé.
Um forte abraço do seu sempre mais admirador, Assis
Caro Dr. Alberto
Boa Tarde!
Tenho imenso prazer de receber e ler os seu escritos, muito interessantes. A fundação do Rotary encantou-me, não tinha conhecimento deste início.
Confesso que tive a oportunidade de conhecer inúmeros Rotaryanos, dos quais percebi que poucos compartilhavam dos reais objetivos de ser uma pretensa “família”. Viajei com vários grupos deles, uns bastante coesos, outros nem tanto. Não estou aqui com isso criticando aqueles partidários ao falar e demonstrar seus poderes socioeconômicos, mas apenas pra registrar e parabeniza-lo ainda mais, pelo esforço em manter a conscientização dessa chama acesa.- Dar atenção aos mais idosos, aos enfermos e tentar não excluir, ou diferenciar os menos favorecidos.... Sei o quanto é difícil reunir e agrupar pessoas com as mais variadas formas de educação, cultura, religião e dar-lhes essa consciência. Por toda dificuldade que vejo, reitero minha admiração por seu habitual bom gosto nos textos que escreve , em que transparece suas reais intenções objetivos e práticas, pela dedicação e preocupação com o próximo. PARABÉNS!!! Dr. Alberto, é um bonito trabalho, árduo e quase de “formiguinha”, no que tange ser praticamente diária essa conscientização . Apenas uma pessoa como o senhor,generosa ,estudiosa, educada, sutil e voltada para a espiritualidade é capaz. (Do texto Relacionamento)
Quanto ao artigo "Convivendo com o Medo", concordo que de fato é um sentimento que deveríamos sempre enfrentar, mas tendo a consciência de que "o medo" tem grande importância pra vida, ele nos protege também. O que devemos observar é com que constância estamos nos deparando com ele. Identificar quando ele é real, ou fruto de nossos próprios “boicotes”, para nos mantermos numa zona de conforto; não ousar, pelo simples “medo” de perder, de não saber recomeçar... Não devemos permitir que ele nos engesse a tal ponto.
Tem um livro que foi a tese do mestrado de minha irmã na UFPE. Psicóloga e antropóloga que fala sobre a “Resiliência”. Foi entre os judeus que ela pode observar de forma mais presente.
Acompanhei de perto todo esse trabalho e descobri como é importante tomarmos conhecimento da capacidade que temos de nos reinventar e superar obstáculos, não apenas individualmente, mas enquanto sociedade. Resiliência é algo que naturalmente possuímos, uns mais outros menos, podendo ainda ser desenvolvida e aplicada desde casa (família) até empresas e instituições organizacionais . Além do que existem técnicas para desenvolver e aumentar em nós essa prática.
O livro é muito interessante para quem trabalha com grupos, e o Rótary é um grupo plural, com ideais e uma filosofia muito nobre, que reúne os mais diversos tipos de pessoas, e por isso remeteu-me a esta lembrança. Estou enviando uma entrevista sobre o assunto, caso se interesse!
http://www.youtube.com/watch?v=eISaPav0ZH0
Um abraço,
Simone Lucena.
Companheiro Alberto.
Excelente sua matéria Convivendo com o Medo.
Agradeço penhoradamente sua atenção, dando-me a honra de figurar em seu mailling.
José Severino do Carmo
Governador do Lions
-Distrito LA-3 2010/2011
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