ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

DELINQUÊNCIA JUVENIL



DELINQUÊNCIA JUVENIL
Alberto Bittencourt - maio, 2014



Everton tem seis anos. Desde que veio ao mundo, habituou-se a ficar pelas ruas. Antes, nos braços de sua mãe. Depois, por ele mesmo, a esmolar. Finge tomar conta dos carros para receber uma moedinha qualquer que, no fim do dia, leva para ajudar a matar a fome da mãe e dos irmãos, pois a sua, por hora, está controlada, graças à caridade de muitas almas passantes.

Embora tenha sido matriculado na escola, lá só compareceu no primeiro dia.

Mora na favela de Santo Amaro, num barraco insalubre, mal cheiroso, quente no verão e frio no inverno ou à noite. A mãe, quando não está bêbada pela cachaça que ingere todos os dias, está cheia de crack. Nos momentos de lucidez, também ela vai para as ruas pedir esmolas para comprar mais droga.

Everton olha para as pessoas, as que vêm de carro para estacionar e lhe dão uma moeda, como se fossem seres do outro mundo – para ele, elas pertencem realmente a um outro mundo, lá bem distante, o Mundo dos Ricos. Ao cometer pequenos furtos, aproveitando quase sempre desleixos e descuidos próprios de quem tudo tem, de quem pouco valoriza seus objetos por excesso de possuídos, em sua concepção, o garoto acha que está apenas indo buscar o que lhe é devido.

Everton não tem nenhum amor no coração. Palavras como amor ao próximo, valor humano, bondade, respeito, educação, civilidade, são palavras nunca sentidas. Até hoje só conheceu o medo, medo de apanhar da mãe, medo dos espancamentos constantes, sem pretextos. O que preenche seu espírito é o ódio. O ódio por todos, mas principalmente pelas mulheres, como a mãe que o espanca. Ele tem lá dentro um oco enorme que precisa ser preenchido, precisa ser completado. É um oco do tamanho das suas entranhas, da sua fome, da sua falta de amor. Ele tem uma idéia fixa, recuperar tudo que a vida lhe deve, por tanto ter doado aos ricos.

Everton nunca recebeu nenhuma assistência desses órgãos do governo que existem para ajudá-lo, encarregados que são de garantir o bem estar da sociedade.

Everton é quase um bicho, vive por instinto e assim, vai sobrevivendo, a duras penas, na selva de pedra e asfalto, nas calçadas e ruas, de onde olha para muros e guaritas, tais como fortalezas proibidas. 

Aos quinze anos descobriu o uso da força e da violência para roubar. Aprendeu que os ricos não reagem, não resistem, vão logo entregando tudo o que têm. Everton se sente poderoso. O cidadão, sua vítima em potencial, fisica e moralmente desarmado, assustado, é um prato cheio para as mais desmedidas ambições. A omissão dasautoridades, a inércia, corrobora para respaldar esse sentimento de revolta no espírito de adolescentes como Everton e, nessa lógica, as vítimas que resistem devem ser punidas. Ele já puxou três vezes o gatilho, a arma apontada para o miserável que deu a partida no carro. Não quis ouvi-lo, então, merece morrer!

Everton é um pária, não está nas prioridades nem da Polícia, nem da Justiça.

Ele, nas ruas, sente-se rei.

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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

ONDE NÃO EXISTE AMANHÃ

ONDE NÃO EXISTE AMANHÃ
Alberto Bittencourt


Favela no Rio de Janeiro




1. No Recife - palafitas
Não conheço nada comparável à algumas favelas do Recife. As casas, de vão único, feitas de restos de madeira e plástico, infectas, promíscuas, se equilibram sobre palafitas fincadas no lodaçal. Não têm água encanada, nem banheiros, nem geladeiras, mas, paradoxalmente, não falta televisão, DVD, ou mesmo vídeo game. O lixo se espalha, vindo da maré ou do rio, a prefeitura nunca recolhe. O esgoto está nas portas, no chão, por onde se anda.

A favela dos Coelhos é apenas uma, entre tantas do Grande Recife. Situa-se no centro, em área nobre, ao lado de edifícios empresariais modernos, perto de hospitais que, como se diz, fazem do Recife o terceiro maior pólo médico do país.

Aí habita uma população marginalizada, abandonada, refém da droga, do crack, onde adolescentes dos 13 aos 18 anos trabalham como avião. Ninguém se lembra de construir moradias dignas e humanas para essa gente esquecida. 

Só na catástrofe a solidariedade se manifesta. Quando as enchentes, os deslizamentos ceifam vidas, destroem moradias, todos se mobilizam. A sociedade recolhe doações, o governo começa a construir novas casas, em locais mais seguros, em ritmo eleitoreiro.

2. No Rio de Janeiro - UPPs
Nem no Rio de Janeiro, onde estão as maiores favelas da América do Sul, subjugadas por traficantes e milícias, a degradação é tamanha. Lá, a maior parte dos barracos é de alvenaria, de tijolo nu, sem revestimento, dizem, para não pagar imposto à prefeitura. Nessas comunidades o comércio da droga floresce, se desenvolve abertamente, à luz do dia. Quando a polícia aparece, com seu aparato de uniformes, viaturas, sirenes, os traficantes se enfiam nas tocas como um bando de ratos. Terminada a incursão, tudo continua como dantes.

O Rio de Janeiro mostrou que poderia ser diferente. Lá, um dia, as favelas sonharam com amanhãs radiantes de paz. O Estado decidiu reconquistar comunidades há muito dominadas por traficantes e milícias. 

A ação se dava em três etapas. Primeiro avisavam que tropas de choque da Polícia Militar invadiriam o morro, de forma a garantir a segurança local. Os traficantes se evadiam, sob os olhos complacentes da mesma Polícia. Três meses depois, as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, se instalavam de modo permanente e preparavam a terceira fase, o restabelecimento do poder público com seus serviços econômicos e sociais.

Até 2008, oito UPPs foram instaladas e quarenta outras estavam programadas para os quatro anos seguintes. Em 2011 seria a vez da favela da Rocinha, anunciou o governo do Rio de Janeiro.

A presença contínua da Polícia mudava significativamente a vida dos habitantes das favelas. Os traficantes desapareciam, a violência diminuía.

Provou-se que só a ocupação permanente nos morros cariocas, foi capaz de livrar em definitivo os habitantes das mãos dos traficantes e das milícias.

Incursões esporádicas, não levam a nada. A Polícia chega, eles se entocam e, quando ela sai, eles retornam. Com a ocupação permanente realizada pelas UPPs, da Polícia Militar, as coisas mudaram.

3. Traficantes e milicianos.
Há uma grande diferença no Rio, entre os traficantes e as milícias. Os traficantes não são guerrilheiros, são vendedores de drogas, capazes de agir com violência para preservar seu negócio. As milícias são grupos de bandidos, interessados em extorquir a população, agindo com extrema violência. Os dois são perigosos, os dois fazem parte do crime organizado. Somente a expulsão desses indivíduos é capaz de trazer e implantar a paz.


4. Para um amanhã de paz.
O que é preciso para que a paz reine em definitivo nas comunidades?
  1. Em primeiro lugar, uma política permanente de construção de moradias dignas, decentes, de erradicação de palafitas, de favelas insanas. Estes novos bairros devem ser aquinhoados com redes de água e esgoto, com projeto urbanístico funcional, providos de áreas de lazer e equipamentos comerciais e comunitários essenciais, servidos por linhas de transportes coletivas acessíveis e integrados à malha viária urbana.
  2. Em seguida, uma política educacional séria, em que os alunos, crianças e adolescentes, fiquem em regime de tempo integral nas escolas, que aí recebam refeições, com atividades escolares, culturais e esportivas e, inclusive, formação profissional, tudo isto a partir de professores capacitados e avaliados sistematicamente, com proventos condizentes com seus esforços e resultados.
  3. Em terceiro lugar, com a ocupação permanente das comunidades pela polícia, como no Rio, com as UPPs.
  4. E, finalmente, com uma política de planejamento familiar que incentive o controle efetivo da natalidade, com orientação permanente, educação para a conscientização dos riscos e responsabilidades pela vida sexual promíscua, com ênfase nos deveres e na responsabilidade de gerar, prover e educar um novo ser.
Somente assim, garantindo o amanhã dessas comunidades, poderemos ter a certeza de que estaremos garantindo o amanhã de nossos filhos e netos e do nosso Brasil.

5. Corrupção.
Lamentavelmente a corrupção pôs tudo a perder. Destruiu a política das UPPs que parecia dar certo. A ganância imperou entre ministros do Tribunal de Contas do RJ, políticos, governadores que hoje respondem processos e parte está na cadeia. As favelas voltaram a ser dominadas por gangues de traficantes e milicianos. O crime organizado voltou a imperar.

6. Um novo amanhã.
Somente em 2019 uma nova política de repressão ao crime mostrou eficácia. Com tolerância zero, em seis meses os assassinatos foram reduzidos em 22% no Brasil.
A violência, o crime organizado, voltou a ser combatido, por ação da Policia Militar, através de snipers, heróis bem treinados, que destroem o mal, onde quer que se instale.
Os traficantes, milicianos, bandidos e exterminadores que se cuidem.

Alberto Bittencourt. 
Oficial do Exército, 
Engenheiro civil, professor, palestrante, escritor, biógrafo pessoal. 
Governador 2004/05 D-4500

Rotary Club do Recife-Boa Viagem
E-mail: abitt9@gmail.com
Blog:
http://albertobittencourt.blogspot.com
Tel cel:
+55 (81) 98844-8129
Tel res:
+55 (81) 3204-1752

segunda-feira, 7 de maio de 2018

TE VEJO ─ ESTOU AQUI



SAWA BONA - SIKHONA
TE VEJO - ESTOU AQUI
Alberto Bittencourt
(março de 2010)



Lagoa do Araçá, bairro da Imbiribeira, Recife, PE




Certa manhã de sábado, estava eu às margens da Lagoa do Araçá, aprazível recanto recifense, situado no bairro da Imbiribeira, a meio caminho da zona sulPraticava o cooper matinal na pista de 1,5 km de extensão, circundando o espelho d’água.
A presença de alguns pescadores fazia supô-la livre de poluição. A pequena quantidade de automóveis também garantia a qualidade do ar. Enfim, o lugar, calmo e tranquilo, é um presente para as crianças, uma alegria para os moradores do bairro.
Até quando? o pensamento negativo me inquietou. Espigões já começam a despontar no entorno. A propaganda oferece os privilégios da vista para a lagoa.                    

Numa das voltas notei a pobre senhora, de olhar perdido no espaço. Estava sentada num banco de concreto. Segurava com cuidado um pequeno volume que adivinhei ser algum tipo de presente.
Roupas surradas, cabelos grisalhos em desalinho, trazia o semblante fatigado, envelhecido, como tantas pessoas castigadas pela vida.
De repente, levantou-se, num salto.
Na calçada, do outro lado da rua, um vulto em trapos caminhava lentamente, arrastando os pés. Cabelo e barba desgrenhados,  emaranhados, compunham o aspecto doentio dos mendigos mais desamparados.
A mulher restou imóvel por alguns segundos, junto ao meio fio. A seguir, estendendo o pequeno embrulho, gritou:
Feliz aniversário, meu filho!

Sem esboçar qualquer gesto, homem continuou a andar.  Lentamente seguiu seu caminho, sem olhar, sem ouvir, sem sentir, até desaparecer na esquina.
A mulher sentou-se encolhida e começou a chorar.
   
Ele é seu filho? perguntei.
Sim, disse, entre soluços. 
Prosseguiu: 
É um menino, não passa de um adolescente. Juntou-se às más companhias, envolveu-se com drogas, deixou de estudar, começou a roubar. Primeiro foram os objetos de casa, depois as pessoas nas ruas. Tornou-se agressivo, gritava, me batia quando eu ameaçava chamar a polícia. Passava dias trancado no quarto. Quando pedi ajuda para interná-lo numa clínica, ele fugiu. 
Continuou:
Passaram-se meses, quase um ano, sem que eu tivesse qualquer notícia. Procurei loucamente. Há pouco, soube por antigos colegas, que ele vivia por aqui.
Mandei um recado, dizendo que no dia de hoje estaria à sua espera, sentada neste banco, à beira da lagoa de Araçá. Hoje é o dia do aniversário dele, sabe? Completa 18 anos. 
Estou esperando há mais de duas horas. Você viu? Ele passou, não me falou, nem me olhou, não fez um gesto, nenhum aceno... Está tão magro, sujo, coitado, deve estar doente. Ele precisa de ajuda. Não sei o que fazer. 
A mulher começou a chorar. De repente seu rosto se  anuviou. Chegou a esboçar um leve sorriso. 

Mas ele veio, ele me viu, ele sabe que estou aqui.
Tais palavras lhe deram uma nova força, um novo ânimo.
Agora ele sabe que pode contar comigo. Agora ele sabe que eu estou sempre pronta a recebê-lo, a ajudá-lo, do jeito que ele estiver, onde quer que ele esteja.

Pensei: 
Como poderia eu ajudar a essa pobre mulher? Em seu amor de mãe, ela jamais perdera a esperança
Balbuciei:   
Conheço uma comunidade terapêutica. Fica num sítio em Igarassu. Chama-se "Cristo Liberta". Algum dia, talvez...  
Deixei meu cartão e continuei a caminhada.
Nunca mais ouvi falar dela, mas o acontecido transformou minha vida. 

A expressão: ele me viu, ele sabe que estou aqui, vinda do mais profundo âmago daquele ser em prantos, tinha a força da própria vida, a certeza do futuro, a fé na volta do filho desviado. 
-Ele me viu, ele sabe que estou aqui-, significa como é importante para aquela mãe estar lá, simplesmente, na eterna esperança, sem cenas, sem dramas, a dor recolhida ao coração.

Esta é uma história verdadeira. Como tantas outras,  expressa a solidariedade, o amor, a compreensão.
Faz-me lembrar a sabedoria das tribos zulus, da África do Sul. Eles se saúdam de um modo peculiar, nos encontros e nas despedidas, como quem diz olá, ou até logo.
À saudação -sawa bona, que, literalmente quer dizer -te vejo, corresponde uma resposta, -sikhona, que, também literalmente, significa -estou aqui.
Para os zulus, -te vejo, significa:
-eu respeito você, eu valorizo você, você é importante para mim.
E a resposta -estou aqui significa: 
-eu existo para você, pode contar comigo, eu estou disponível para servi-lo.
Portanto, -eu vejo vocês. Nós vemos vocês. Estamos contentes por vocês estarem aqui.

Sawa bona  -  Sikhona.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

CULTURA DA PAZ E NÃO VIOLÊNCIA

Cultura da Paz e Não Violência

CULTURA DA PAZ E NÃO VIOLÊNCIA. 

Alberto Bittencourt – fevereiro de 2017 

Ante o crescimento dos índices de violência em todos os níveis de atividade humana no Brasil, o Estado tem se mostrado incompetente. Não conseguiu controlar o aumento desenfreado da criminalidade. As capitais do nordeste se tornaram as campeãs em mortes por homicídios por armas de fogo. Basta verificar o Mapa da Violência para constatar.

Mata-se mais no Brasil que na Síria.
Entre 2011 e 2015, tivemos no Brasil 278.834 mortes violentas.
Nesse mesmo período, o número de mortes violentas na Síria foi de 256.000. 


Como se vê no noticiário internacional, o Brasil è campeão mundial de mortes por armas de fogo.

Somente no ano de 2015, o Brasil registrou, em números absolutos:

  • 58.467 assassinatos 
  • 45.460 estupros 
  • 110.000 armas ilegais apreendidas. 
Em números relativos, os índices dos estados do nordeste do Brasil são os mais elevados. Os três estados mais violentos do Brasil são:
  • Sergipe: 57,3 mortes violentas a cada cem mil habitantes. 
  • Alagoas: 50,8 / cem mil 
  • RGN:       48,6 / cem mil. 
E esses números vêm crescendo. 


80% das vítimas dos homicídios praticados no BRASIL são: 
  • Jovens, 
  • entre 15 e 24 anos de idade. 
  • Do sexo masculino 
  • Cor parda ou Negra. 
  • Pobres 
Tal constatação configura que vivemos no Brasil uma verdadeira guerra civil não declarada. Esses números só não causam uma comoção mundial, porque as mortes ocorrem distribuídas ao longo do ano, de forma isolada, não concentrada. Por isso não são destaques da mídia internacional.

Pesquisas levantaram que 76% da população vive premida pelo medo. 

Os governos,  pressionados pelo clamor de uma população refém da criminalidade, lançam a cada ano, um Plano Nacional de Segurança, com esse mesmo nome que, de nada adianta.

São mais de 30 anos de descaso no Brasil com a segurança pública, eclodindo agora na crise do sistema penitenciário e nos motins dos policiais militares estaduais.

Para uma população carcerária de 600 mil apenados, temos um déficit de 250 mil vagas.


Os governos brasileiros falam apenas em repressão da criminalidade. 

Agora mesmo, o governo destinou R$ 778 milhões para a compra de armas e equipamentos para as polícias e construção de novos presídios.

Considerando que apenas 5% dos crimes Investigados chegam às barras dos tribunais, fala-se em aumento das penalidades, redução da maioridade penal, agilização da Justiça, diminuição da impunidade.

Tudo isso é necessário, mas ninguém fala da prevenção.

Está provado que a repressão só fez aumentar a criminalidade.
Uma Política Social Preventiva inclui a educação e a geração de emprego, prioritariamente.
Dois terços dos jovens brasileiros estão desempregados. O jovem que não estuda nem trabalha é facilmente aliciado pela criminalidade.

A prevencão é o que fazemos, o Rotary e seus parceiros. Será e sempre foi o fóco de nossas Ações.

Para agir preventivamente, minha proposta, é instituir neste ano do Centenário da Fundação Rotária, Subsídios Globais, no valor mínimo de 30 mil dólares cada, para, em parceria com as Prefeituras Municipais, atuar nas turmas das Escolas Municipais de Ensino Fundamental 2, de forma a implantar uma Cultura de Paz e Não Violência, paralela à grade curricular básica do Ministério da Educação.

Assim, conseguiremos alcançar a faixa etária de 11 a 15 anos, em que os jovens, de ambos os sexos, encontram-se mais vulneráveis à violência e ao risco de serem cooptados pela criminalidade. 

Esse é um trabalho de médio prazo. Tem que alcançar todo o corpo docente e discente, incluir uma política de melhoria do rendimento e aproveitamento escolar, de valorização dos professores e de monitoramento e avaliação dos resultados.

O projeto terá duração de dois a três anos. Empregará metodologia de dinâmicas de grupo, discussões dirigidas, colóquios, com participação interativa, em reuniões que poderão ser bimensais, contando com facilitadores especializados, terapeutas, psicólogos, psiquiatras, médicos, pedagogos, professores, todos profissionais contratados, incluindo o fornecimento de alimentação, camisetas alusivas ao projeto, .

Nosso propósito é ensinar a esses jovens e, por extensão às famílias, os valores humanos de ética e civilidade, de paz e não violência, de forma a que eles possam se desenvolver com dignidade, como chefes de família dedicados e aprendam a ganhar o pão de cada dia de forma honesta.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

VISITA AO SÍTIO "CRISTO LIBERTA"


VISITA AO SÍTIO CRISTO LIBERTA
Alberto Bittencourt
Sexta-feira, 15 de junho de 2012









Conheci, na quarta-feira, dia 13 de junho de 2012, o Professor Lupércio Carlos Nascimento, homem humilde, de gestos calmos e atitude ponderada. Olhando assim, à primeira vista, ninguém dá nada por ele. Quem poderia imaginar, sem o conhecer de perto, que aquele ser, de aparência modesta, é na realidade, um verdadeiro gigante. Por trás da figura franzina, da voz baixa e fala mansa, se esconde uma pessoa dinâmica, relativamente jovem, capaz de abraçar uma causa, de empreender uma obra humanitária sem tamanho, de grandes proporções. 



Como cheguei até ele? Através da Helena, que precisava encontrar uma instituição séria que oferecesse tratamento para jovens quimicamente dependentes. Um local onde eles pudessem ficar internados por períodos de pelo menos seis meses, afastados do meio em que viviam e, principalmente, do flagelo do crack. Assim, perguntando a uns e a outros, chegamos ao Professor Lupércio. 



Foi no Sítio “Cristo Liberta” que ficou internado Rômulo, 36 anos, um jovem problemático, que não conseguiu completar os estudos, sem qualificação profissional que lhe garantisse um salário mais digno. Certa vez ele nos confessou que andava loucão, pelas ruas do Recife, em busca da pedra. Para conseguir dinheiro, começou roubando o que podia na casa de seus próprios pais. Depois, passou a praticar pequenos furtos como descuidista, até entrar em um apartamento vizinho no prédio em que morava e furtar uma sofisticada câmera fotográfica. 

Na certeza de quem fora o autor, as vítimas bateram à porta de seus pais e ameaçaram dar queixa na polícia se não lhes devolvessem o objeto surrupiado. Foi um duro golpe para o casal, já com idades avançadas e com a saúde enfraquecida, que, embora desconfiassem do envolvimento do filho com drogas, fingiam nada saber, no intuito de poder ajudá-lo. Enquanto a mãe se acabava de chorar, o pai agiu com a energia necessária. Conseguiu se comunicar com Rômulo pelo telefone e foi bem claro: Se você não devolver o objeto surrupiado, vai para a cadeia. 

Assim, na busca de um centro de tratamento que isolasse o jovem do meio em que vivia e das drogas, chegamos ao Professor Lupércio. Rômulo aceitou ficar internado por seis meses e hoje, decorridos mais de um ano, parece ter se libertado do vício. Trabalha como motorista e consegue se sustentar 

Após minha palestra sobre drogas para as mães na Associação dos Moradores do Chié, a convite de Albertina Farias, presidente do E-Club D-4500, A presidente do NRDC e da Associação, Conceição, pediu-me socorro para outra mãe em desespero como o filho. 

Consegui marcar reunião com o prof Lupércio no Centro de Triagem, situado no terminal de Rio Doce. Compareceram Conceição e Avelino, da Comunidade do Chié. Numa ampla casa, toda branca e de esquina, lê-se pintado no muro: Tratamento de Dependentes Químicos Professor Lupércio. Com portas e janelas bem abertas, ali é feita a triagem, etapa preliminar do internamento. É aonde chegam as pessoas que querem e precisam se tratar, geralmente acompanhadas por parentes e voluntários ajudantes. No meio estava o Professor Lupércio, recebendo gêneros e doações, entrevistando pessoas, dirigindo os trabalhos. Esse extraordinário personagem ainda mantém em Rio Doce mais duas casas chamadas Núcleos de Saúde, destinadas a acolher as pessoas que, vindas do interior, necessitam de tratamento médico e não têm onde morar aqui na capital. 

Dali, com mais dois carros e uma kombi, formamos uma comitiva de voluntários e dependentes, um dos quais cadeirante e, carregados de malas, materiais e alimentos, dirigimo-nos ao sítio aonde funciona o Centro de Tratamento “Cristo Liberta”, em Igarassu. 

Amplo e muito arborizado, lá encontramos cerca de setenta jovens em processo de desintoxicação, chamados simplesmente de alunos. Sendo a quarta-feira um dia livre, sem atividades de trabalho, quando lá chegamos, por volta das 15h30min, todos estavam no campo de futebol, organizados em diversos times, para um torneio rápido. O gramado bem verde, plano e uniforme indicava um campo de boa qualidade. 

No sítio, cercado de árvores frutíferas, existe a casa central onde ficam os escritórios e alojamento dos gerentes e diretores. No entorno há outras construções que abrigam alojamentos dos alunos, em camas beliches. Os próprios alunos estão construindo uma cozinha e um refeitório. No momento, a obra se encontra paralisada por falta de material, infelizmente. 





Nos demais dias da semana, a rotina é pesada. Às seis da manhã toca a alvorada, literalmente, em regime militar, com o toque de corneta reproduzido por uma gravação, porém não menos eficaz. Após o café, vem a atividade física, o culto religioso e depois, cada um vai executar sua tarefa: uns cuidam da horta e das plantações, outros dos animais – há cavalos, patos, galinhas caipiras e um açude com peixes. Os encarregados da cozinha preparam a comida, em um fogão improvisado, à lenha. Após o almoço, sinalizado pelo toque de rancho, as atividades continuam. Ao fim da tarde, outro culto (evangélico), avisado pelo toque de reunir, precede a hora do banho, às 18 horas. Depois vem o jantar, seguido do horário do silêncio, às 21 horas, quando todos se preparam para dormir. Não há médicos nem enfermeiros, tampouco são ministrados remédios. A cura se dá pelo despertar no jovem da vontade de se livrar da dependência e pelo afastamento do seu ambiente anterior. E tudo, tudo isso de graça, sem um centavo de custo.




Como se pode observar, a disciplina é rígida. Todos os volumes que chegam são minuciosamente revistados para evitar a entrada de drogas. Telefones celulares são mantidos desligados e na TV, somente é permitido assistir programas esportivos.

O Centro vive de doações e contribuições espontâneas. As necessidades são muitas, mas nada parece desanimar esse homem simples, trabalhando com gente pobre, em lugares de pouca importância, mas fazendo uma obra extraordinária. 



segunda-feira, 27 de abril de 2015

LIDERANÇA PELA PAZ_RYLA


RYLA 
NA ESCOLA MUNICIPAL DE TEMPO INTEGRAL BARTOLOMEU GUSMÃO, 
em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, PE;
promovido pelo 
ROTARY CLUB DO  RECIFE - BOA VIAGEM
25 de abril de 2015

































































Vejam o e-mail que recebemos da gestora da escola Municipal Bartolomeu de Gusmão, Sra. Maria Zacarias: 



Bom dia D.Helena e Sr. Alberto, 

Agradeço o SEMINÁRIO maravilhoso que foi proporcionado pelo, ROTARY CLUBE BOA VIAGEM com a vivência do RYLA na Escola Municipal em Tempo Integral Bartolomeu de Gusmão, neste sábado 25/04/2015. 

Tudo foi além das expectativas, as palestras, as orientações, o pessoal de apoio, a valorização da escola e dos nossos estudantes, o material didático o lanche enfim, nos amamos tudo que vivemos neste dia.
Um abraço, Maria Zacarias. ( 88089041)

Que lindo! Ficamos felizes!

Slides da palestra de Alberto Bittencourt no RYLA da Escola Municipal de Tempo Integral, Bartolomeu de Gusmão, bairro de Piedade, municipio de Jaboatão dos Guararapes. em 25 de abril de 2015: