ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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domingo, 31 de maio de 2020

ÁGUAS DO JUCAZINHO


ÁGUAS DO JUCAZINHO
Alberto Bittencourt - 2005

Dizem os futurologistas que a água potável será, neste Terceiro Milênio, a maior riqueza do planeta,  tanto ou quanto é o petróleo nos dias de hoje, vindo a constituir-se, por conseguinte, numa permanente fonte de conflitos entre povos e nações.
Não é sem fortes razões que a CNBB, em 2004, estabeleceu como tema da Campanha da Fraternidade,    Água, Fonte de Vida”, e que o presidente Glenn Estess manteve “Recursos Hídricos” como uma das quatro ênfases de sua presidência.
Realizamos, no Distrito 4500, em 2005, ano do centenário, três Seminários Interclubes centrados nos Recursos Hídricos, o primeiro deles patrocinado pelo Rotary Club de Surubim, sob o título “Águas do Jucazinho”, os demais pelos Rotary Clubs de Pesqueira e de Afogados da Ingazeira. Todos contaram com a excelente participação do presidente da COMPESA, dr. Luís Gonzaga Perazzo.
A barragem de Jucazinho está localizada no município de Surubim e é o terceiro maior reservatório de água do estado de Pernambuco.

Milhões de crianças morrem no mundo todo dia por falta de água potável e de saneamento. O Brasil, por deter um terço das reservas mundiais, pode se considerar um país privilegiado nesse aspecto.
Mas o povo precisa ser educado para preservar as fontes, os rios, as cascatas, os mananciais que alimentam cidades e vilas. Não são apenas os esgotos despejados “in natura” nas fontes de vida, mas lixos, restos de comida, garrafas “pet” vazias, plásticos e até móveis, mobílias, geladeiras, fogões, de tudo encontramos a poluir pequenos riachos, canais ou córregos que cortam aglomerados urbanos.
O programa “Preserve o Planeta Terra”, instituído no Rotary International pelo saudoso ex-presidente, Paulo Viriato Correia da Costa,  visa educar o povo e conscientizá-lo para a preservação dos recursos naturais, de modo a legar às gerações futuras um mundo melhor e mais humano. Somente a educação, por meio de campanhas contínuas e sistemáticas pode ensinar o homem a cuidar do meio ambiente, a fazer  reverter a situação de poluição e degradação dos recursos naturais.
Percorremos, eu e Helena, como governador do Centenário do Rotary, os quatro cantos do distrito 4500. Cidades que, para nós, eram apenas pontos no mapa e nada mais, cidades cujas distâncias ao Recife se nos afiguravam abissais, hoje conhecemos como as palmas de nossas mãos. Os abismos se esvaíram em estradas, percorridas com a maior alegria.
Testemunhamos em nossas primeiras visitas ao semiárido nordestino, o termo de um ano de excepcional pluviosidade, os açudes sangrando, as barragens transbordantes, a textura  forte e brilhante de uma vegetação de  diferentes tons de verde, a terra regurgitante de vida.
Ao voltarmos, seis meses depois, outro quadro se nos afrontou. Deparamos com o nordeste sofrido, das chuvas mal distribuídas, das frentes de trabalho, das crianças subnutridas, do gado esquálido, das carcaças, dos leitos secos, da paisagem  espinhenta, cinzenta e choca, do solo gretado clamante por água.
Tristeza! Nada ou quase nada vimos de horticultura, nem mesmo às margens das poucas águas que restavam. Encontramos apenas capim e mato rasteiro, vastas extensões de terra estéril. Imaginem se produzissem hortaliças, verduras, frutas, cereais, tubérculos, vagens.  Quando veremos neste  Brasil corroído, o homem dominar a natureza, vergar o clima, transformar realidades como, alhures, nos desertos de Nevada nos EUA, e de Neguev em Israel, onde os Kibuts, fazendas agrícolas coletivas esbanjam alta produtividade.
Mas nem tudo está perdido. Algo mudou. Em muitas cidades deste Nordeste, os produtos orgânicos freqüentam as prateleiras dos supermercados. Já existem as feirinhas orgânicas, diretamente do produtor ao consumidor.
A agricultura orgânica se  afirma como uma possível redenção para países cujo desenvolvimento se encontra atrelado aos grilhões de uma dívida externa impagável e tirana. Enquanto a agricultura convencional não compete com os subsídios dos países desenvolvidos, os produtos orgânicos não têm preço. Todos querem e pagam mais caro, na certeza de que estão adquirindo alimentos sem agrotóxicos, sem fertilizantes, sem defensivos químicos. O mundo tem sede e fome de produtos orgânicos devidamente certificados e qualificados.
Vimos muitas coisas belas e bonitas no sertão Nordestino. O pólo  hortofrutícola e granjeiro do Vale do São Francisco é de uma  realidade esfuziante. Nas capitais consome-se frutas, manga, melão, uvas e vinho da melhor qualidade,  também exportados para Europa e outros continentes.
Há ainda as cisternas, as mandalas, as barragens subterrâneas, as estufas, os poços para irrigação, a pesca artesanal em nossos rios e lagos, frutos de projetos de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária, iniciativas de muitos Rotary Clubs, tais como Recife- Largo da Paz, Recife-Setúbal, Cajazeiras, João Pessoa Norte e Sul, Caruaru, Campina Grande e outros.
Hoje somos felizes, mesmo porque já se divisa uma mudança nos hábitos alimentares seculares do nordestino. Da carne de sol, macaxeira, farinha e feijão verde, o sertanejo parte para o  consumo frutas, legumes e verduras, o que há algum tempo atrás era simplesmente inimaginável.

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sábado, 30 de maio de 2020

VISITA À PIRAPAMA





VISITA À PIRAPAMA

Alberto Bittencourt
Publicado no boletim do RCR Boa Viagem a 09 de dezembro de 1994.

O Rotary Club do Recife-Boa Viagem,  por iniciativa do comp. VICENTE GOUVEIA,  e a convite da Construtora Norberto Odebrecht, visitou, dia 3 do corrente, as obras do SISTEMA DE PRODUÇÃO DE ÁGUA DE PIRAPAMA.
Às 09h30, um ônibus com ar condicionado, uísque, água de coco, comandado pelo relações públicas da empresa, conduzia a animada turma do Boa Viagem.
Em pouco tempo a comitiva chegou ao canteiro de obras, situado no município do Cabo, onde foi recebida por uma equipe de técnicos e engenheiros. Os escritórios da obra, têm posição privilegiada, no topo de um morro, de onde se desfruta de magnífica visão da planície litorânea.
De um mirante panorâmico, divisa-se em primeiro plano as obras iniciadas da ETA (Estação de tratamento d`água) seguida do verde da zona da mata até o mar, com o perfil dos edifícios recifenses contornando o horizonte e mais para direita, o porto de Suape.
Naquele local recebemos uma explanação acerca do empreendimento. Informou-nos o engenheiro da Odebrecht que a produção atual de água que abastece o grande Recife, é de 9,5 a 10m3/seg,  para uma demanda de 13m3/seg, o que significa um déficit diário de 3m3/seg. a conseqüência é que a região metropolitana vive permanentemente num racionamento crônico, o que acarreta uma distribuição de água em rodízio de zonas e de horários.
O sistema PIRAPAMA prevê uma implantação gradual, iniciando com uma produção de 5,6m3/seg, até atingir 14,6m3/ seg, o que praticamente dobrará a produção atual, resolvendo o problema de abastecimento de água a longo prazo.
Entretanto, para essa produção inicial de 5,6m3/seg, são necessários recursos de 200 milhões de dólares, que, por serem escassos, estão muito difíceis de serem obtidos. Torna-se necessária a mobilização conjunta de todas as classes e categorias sociais. À título de comparação, o engenheiro citou que só a construção da Linha Vermelha no Rio, consumiu recursos 24 vezes maiores que esses.
Para suprir a necessidade imediata do consumo, projetou-se uma etapa menor, intermediária, de 3m3/seg, cujas obras compreenderiam a construção de barragem (já iniciada), com capacidade para 61 milhões de m3, uma estação elevatória, uma adutora de água bruta, a conclusão da ETA, e uma linha adutora de água tratada que se ligará à distribuição já existente.
Há dois pedidos de financiamento em andamento na CEF, utilizando recursos do FGTS, já aprovados. Devem ser liberados até junho/95 cerca de 130 milhões de dólares, suficientes para a produção dos 3m3/seg de água tratada.
Além das obras da ETA, já iniciadas, em outro local do município do Cabo, onde se situa a barragem, já estão concluídos os trabalhos de construção da galeria que desviará as águas da calha do rio e a torre de tomada d`água. O total dos recursos aplicados até aqui é de 70 milhões de dólares, oriundos CEF (FGTS) com a contrapartida do estado em cerca de 10 a 15%.
O sistema PIRAPAMA, leva a vantagem de ser abastecido por rios perenes (Pirapama, Ipojuca, Serinhaém), de vazão estável mesmo durante os períodos de seca, o que não acontece com os rios que abastecem a barragem de TAPACURÁ. Esta, apesar de ter uma capacidade de reservação de 94 milhões de m3 chega a secar durante a estiagem prolongada.
Outra vantagem é a localização estratégica do sistema, pela grande economia de energia que proporcionará quando em funcionamento, já que a distribuição d`água será toda por gravidade..
Após a exposição, os visitantes foram brindados com farto lanche de variados salgadinhos, uísque do melhor, água de coco e refrigerantes.
E como não bastasse, a comitiva foi conduzida a seguir para O ALFREDÃO, restaurante de Escada, famoso pelo PITÚ e pela PITUZADA, especialidades da casa. Tudo por conta da Odebrecht.
O entusiasmo da comitiva a levou a assumir o compromisso de conseguir um manifesto de todos os presidentes de clubes do Rotary ao governo do Estado e á Vice-Presidência da República, com o objetivo de pressionar para obtenção dos recursos necessários. Vamos arregaçar as mangas. O Nordeste não pode ficar para trás.