ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sexta-feira, 26 de junho de 2020

A ÁGUIA E A GALINHA


A ÁGUIA E A GALINHA
(Parábola sobre as Novas Gerações)
Alberto Bittencourt - setembro de 2012







Leonardo Boff no livro “A Águia e a Galinha” relata uma das parábolas mais bonitas de autoria de James Aggrey:


"Um fazendeiro encontrou na floresta um filhote de águia. Recolheu, levou e colocou no galinheiro, junto com as galinhas, e começou a alimentar com milho e ração de galinha. O filhote foi crescendo no meio das galinhas, adquirindo seus hábitos, ciscando a terra como se fosse galinha, embora a águia fosse o rei/ rainha de todos os pássaros.

Cinco anos depois, ela tinha o comportamento de galinha, vivia como galinha, comia como galinha, inclusive cacarejava como galinha.

Um dia um naturalista passou pela fazenda e observando o galinheiro, disse: Esse pássaro aí não é uma galinha, é uma águia.

De fato, disse o fazendeiro, ela nasceu águia, mas hoje é uma galinha. Foi criada como galinha, vive como galinha e se comporta como galinha. Tem os hábitos de uma galinha.

Não, retrucou o naturalista. Ela é e sempre será  uma águia, pois tem o coração de águia e ninguém pode contrariar a sua natureza. Esse coração a fará um dia voar às alturas. Eu vou provar a você que ela é uma águia.

Não, não, insistiu o fazendeiro. Não é possível. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a  águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a, disse: Já que de fato você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia viu as galinhas no chão, pulou para junto delas e voltou a ciscar os grãos.

O fazendeiro comentou: eu não falei que era uma galinha? Ela não é mais águia, ela virou uma simples galinha!

Mas o naturalista tornou a insistir: Não, ela tem no coração a natureza da águia. Vamos leva-la para cima de casa e você vai ver que ela vai se tornar águia novamente.

Ele a levou para o telhado da casa e sussurrou-lhe: Águia, abra suas asas e voe! Mas quando a águia viu lá em baixo as galinhas no chão, pulou e voltou a ciscar no meio delas. 

O fazendeiro disse: Tá vendo só o que eu disse? Ela é e sempre será uma galinha.

Mas o naturalista não se conformou. Não, afirmou. Amanhã nós vamos lá no alto daquela montanha e você vai ver que ela não é uma galinha, é uma águia.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: Águia, já que você é  uma águia, já que você pertence  ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia tremia feito vara verde, mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.

Você é uma águia, voe! E a lançou contra o sol. Nesse momento a águia abriu as suas asas de quase três metros de envergadura, grasnou como as águias e ergueu-se soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou...voou... até confundir-se com o azul do firmamento."





Esta parábola  ilustra que nós temos o dever como rotarianos de resgatar nos homens a águia que existe dentro de cada um, para que eles não fiquem o resto de suas vidas a ciscar a terra feito galinhas, para que eles possam exercer a sua natureza divina e rica e desempenhem o seu verdadeiro papel na Terra.



Um jovem normal pode crescer num ambiente deturpado pela miséria, pela violência, pela marginalidade. É nosso dever, como rotarianos, trabalhar para libertar a águia que habita o coração desse jovem, para que ele possa ser liberto, atender ao chamado das alturas, voar em busca do sol, em lugar de passar a vida a ciscar a terra como as galinhas.





sexta-feira, 22 de junho de 2018

COMO ANDA O QUADRO ASSOCIATIVO DE SEU CLUBE





Alberto Bittencourt, durante o programa semanal ROTARY EM AÇÃO.
na ONE TV, canal 188 da NET


COMO ANDA O QUADRO ASSOCIATIVO DE SEU CLUBE?
Alberto Bittencourt

Para responder a esta questão, procuremos entender primeiro o que é o quadro associativo.
Sabemos que não há limites de idade para ingresso no Rotary. Podem entrar pessoas jovens, maduras ou idosas. Há, porém, requisitos quanto às características comportamentais, no que se refere à reputação, caráter e vontade de servir.
Antes de tudo, é preciso considerar que o quadro associativo é um extrato da classe média, tal qual ela hoje se apresenta, com suas incoerências, suas dúvidas, seus conflitos, suas paixões.
Para traçar um esboço atual do quadro associativo, sigamos o pensamento de um filósofo moderno, o francês André Compte-Sponville.
Ele divide a sociedade em três faixas etárias, para as quais distingue três paixões clássicas principais:
      aos vinte anos, o amor;
      aos quarenta anos, a ambição;
      aos sessenta anos, a avareza.
É claro que existem os jovens avarentos, e os idosos generosos, mas esses são por ele considerados como exceção à regra geral.
Sponville ilustra essas paixões com uma historieta:

Um empresário pede a um funcionário para subir no telhado e fixar uma placa.
Se o funcionário tem sessenta anos, pergunta:
_O telhado é seguro?
O empresário repete a pergunta a outro funcionário, esse com quarenta e cinco anos. 
Ele responde:
_Quanto vou ganhar para subir no telhado? 
Se faz a mesma pergunta a um jovem de vinte e cinco anos de idade:
_Você pode subir no telhado?
Mal termina a frase, o jovem já está no telhado.

Existem muitos conceitos estereotipados. O fato é que os jovens são mais difíceis de atrair, enquanto os idosos são mais difíceis de motivar.
Para entender o quadro associativo, vamos nos fixar inicialmente na faixa etária dos idosos.
Sponville define a avareza, característica dos idosos, como sendo a paixão de guardar e o medo de perder.
A avareza cresce normalmente com ao avançar da idade, diz ele, porque o medo aumenta.
Os jovens sabem que as pessoas idosas se inquietam facilmente. Estas, no entanto, procuram apenas se preservar e, por isso, são mais conservadoras. 
Vem daí o que se convencionou chamar de conflito de gerações. Aliás, quem geralmente tem razão são os idosos.
Com a idade, todos os males se agravam. Se um idoso fica apenas esperando o tempo passar, vai falar só em doenças. O tema preferido são as mazelas. 

Por outro lado, pessoas ativas, melhoram. 
Tenho encontrado, no Rotary, amigos septuagenários que demonstram o quanto é falso o velho paradigma da velhice e da doença. Diria que essas pessoas mais crescem do que envelhecem, porque elas amam a juventude, enquanto outras na sua idade, só a temem ou invejam.

Faça chuva ou faça sol, minha amiga Nevinha, de Campina Grande, levanta-se todos os dias às 05h00, pega o carro, vai até o açude da cidade, onde, em marcha acelerada, dá quatro voltas, completando 5.000m. De volta para casa, faz uma hora de hidroginástica na piscina, com uma professora, a filha e a irmã, após o quê, toma café e parte para uma jornada de trabalho em seu escritório de contabilidade. Nevinha tem mais de 70 anos.
Para citar alguns outros, Eudes, Antonino, Reinaldo, o saudoso e centenário Mattinhos, são pessoas que têm a mesma coisa em comum: eles não se identificam com essas velhas imagens estereotipadas. Eles raramente falam da idade, mas evocam mais facilmente suas atividades, seus interesses, seus projetos para o futuro.

O velho paradigma da velhice e da doença cedeu lugar a uma nova consciência de que o ser humano é a única criatura na face da terra capaz de mudar a sua biologia pelo que pensa e pelo que sente. Um surto de depressão pode arrasar o sistema imunológico. Apaixonar-se, ao contrário, pode fortalece-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida. O desespero e a desesperança aumentam a incidência de ataques do coração e de câncer, encurtando a vida. O estresse libera um fluxo de hormônios destruidores.

O médico psiquiatra francês, radicado nos Estados Unidos e precocemente falecido, vítima de câncer no cérebro, David Servan-Schriber, cita em sua obra uma pesquisa realizada na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, quanto à 
Influência dos estereótipos culturais no funcionamento intelectual e físico dos idosos.
Segundo a pesquisa, a professora Becca Levy, em seu laboratório, mediu a memória, o modo de andar, a coerência cardíaca de pessoas com mais de 65 anos.
Em seguida, ela mostrou na tela de um computador, palavras que apareciam tão rapidamente que o cérebro não tinha tempo de registrar de modo consciente. De imediato, ela repetiu os testes. Após palavras de alto astral, como sabedoria, amizade, amor, solidariedade, verificou que a coerência cardíaca e a  memória melhoravam nitidamente e as pessoas passavam a andar mais rápido. Ao contrário, após palavras de declínio, como doença, queda, perda, constatou que a memória piorava, a coerência cardíaca se degradava e eles andavam mais lentamente. 
Eis a razão pela qual devemos acolher nossos companheiros mais idosos com um carinho especial. Um sorriso, uma palavra de apoio, um gesto afável, um abraço, um elogio, certamente irá reacender no coração deles a chama do verdadeiro rotariano que sempre foram. Para entendê-los, basta se colocar no lugar deles. É este o primeiro passo para revigorar o quadro associativo de nossos clubes. E você estará praticando um grande bem.

Tenho presenciado em Rotary, companheiros veteranos, serem tratados com intolerância e discriminação por outros companheiros mais jovens, a ponto de se sentirem tão mal que acabam deixando o clube onde, por mais de 40 anos conviveram, com participação, dedicação e trabalho. Saem deprimidos, ressentidos, o que lhes causa tremendo mal.

Em geral, pessoas idosas são conservadoras, têm opiniões arraigadas, são avessos a inovações, intransigentes quanto às normas e regulamentos. Para esses companheiros, o Rotary de hoje deve ser igual ao de trinta anos ou quarenta anos passados.
A mensagem, é que devemos compreendê-los e tratá-los carinhosamente, reconhecendo neles a experiência e o trabalho de toda uma vida.
Discriminá-los, nunca. Ao contrário, chamá-los para o nosso lado, para estarem presentes, vivenciarem junto conosco as atividades do clube, partilharem nossas alegrias e tristezas, a fim de que se sintam úteis, prestigiados e respeitados.  
Ao meu ver, esse é o primeiro passo para o soerguimento de um Rotary Club.  



quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

PALESTRA : A PROVA QUÁDRUPLA

PALESTRA : A PROVA QUÁDRUPLA
Alberto Bittencourt
(Palestra realizada no Rotary Clube do Recife, no dia  07 de abril de 2005)

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O Rotary foi fundado em 1905 numa época em que a palavra empenhada tinha um valor muito forte. O que prevalecia, acima dos contratos  escritos e assinados, era o acordo de cavalheiros, garantido  apenas pelo fio do bigode. O que se dizia "apalavrado" era sagrado, seu cumprimento, uma questão de honra.  Era esse o código de ética em vigor   naquela Chicago conturbada pela corrupção e pela violência do gangsterismo.
Os primeiros códigos sobre ética remontam às origens da civilização,  à Grécia antiga.
Faltam-me  formação, cultura,  conhecimentos, para discorrer teorias sobre ética. A ética que tem sido objeto de tantos tratados, de tantos códigos, a ética que se tornou inclusive uma palavra eclética, abrangente.
Frei Beto identificou algumas éticas com as quais  devemos nos preocupar: a ética da alimentação, num mundo dominado por múltiplas opressões; a ética da justiça, nessa realidade estruturalmente injusta; a ética da gratuidade, nesta cultura mercantilista, onde impera o interesse e o negócio; a ética da compaixão, num mundo marcado pela dor de tantas vítimas; a ética da acolhida, já que há tantas exclusões à nossa volta; a ética da solidariedade, numa sociedade fortemente competitiva; a ética da vida,  num mundo ameaçado pela violência, pelos sinais de morte, na natureza e nos povos. São muitas  as éticas, todas elas visando, a harmonia, a  universalidade, a excelência ou a perfexibilidade,  nos disse Frei Beto.
Na minha formação de Oficial do Exército, aprendi a respeitar um código de ética que é o Regulamento Militar. O que está escrito no regulamento deve ser cumprido fielmente, do contrário o transgressor recebe punição, podendo até ir para a cadeia. Essa é a minha formação de militar.
Os rotarianos têm seus comportamentos baseados no Estatuto e no Regimento Interno do Rotary Internacional que  completou agora cem anos de idade. 
Uma das razões da longevidade do Rotary é justamente a ética. Em questões de ética o Rotary é inflexível, imutável. O Rotary de hoje é igual ao de 1905, quando foi fundado por Paul Harris. A ética em Rotary é um princípio que não pode ter fim, e é graças aos seus elevados padrões de ética, que o Rotary  certamente  chegou aos 100 anos, e aspira alcançar mais cem anos de sucesso, chegar ao seu segundo século de existência.
O primeiro código de ética rotário data de 1915. A Prova Quádrupla foi criada em 1932, ano em que a economia americana se recuperava do crash da bolsa de valores de Nova York A companhia de panelas dirigida por Herbert Taylor estava em situação difícil, quando conseguiu, através de uma mudança na sua filosofia, de uma mudança do seu relacionamento com os empregados, com seus clientes, com seus fornecedores, reverter a situação, e se tornar uma multinacional forte, importante, acompanhando a recuperação da economia americana, se  inserindo dentro dessa recuperação.
Em 1943, uma resolução do Conselho Diretor do Rotary International adotou a Prova Quádrupla como um código de comportamento. Em 1954-1955, quando Herbert Taylor foi presidente do Rotary International, ele doou ao Rotary os direitos autorais da Prova Quádrupla, e ela se tornou então definitivamente a ética rotária.
Mas eu não afirmo que a Prova Quádrupla seja um código, nem um tratado de ética. A Prova Quádrupla, é apenas uma reflexão, é um teste, é uma indagação, é um questionamento sobre o que nós pensamos, dizemos e fazemos, não é nada mais do que isso.
Eu comparo muito a simplicidade da Prova Quádrupla, face à complexidade dos códigos de ética, comparando uma jangada, a um   transatlântico. Uma jangada é simples e perfeita, não afunda. Leva o pescador, horas e horas a alto mar, para ganhar o seu sustento. Pode passar uma tsunami por cima que ela continua a flutuar. Já o maior transatlântico, o mais perfeito, como se dizia ser o Titanic, em 1912, um navio impossível de afundar, afirmavam os engenheiros, não passou da primeira viagem. Eles tinham tanta certeza que o Titanic jamais afundaria, que o número de lugares dos botes salva-vidas,  comportava apenas 1/3 dos passageiros e  tripulação. Resultaram do naufrágio 1.500 mortos e 750 pessoas salvas. 
A  Prova Quádrupla, é como a jangada, fácil, simples, não tem nada dos tratados complexos, porque quanto mais complexo é um tratado, mais difícil ele se torna de ser aplicado.
Se alguém disser aqui para vocês que vai falar sobre a Prova Quádrupla, porque tem anos de  estudo e pesquisas sobre códigos de ética, pode ter certeza de que ele não vai falar sobre a Prova Quádrupla, porque a Prova Quádrupla, é apenas uma reflexão, são apenas quatro perguntas.
Nós diríamos que a Prova Quádrupla pode ser comparada a quatro peneiras de malhas diferentes. Tudo que pensamos, dizemos ou fazemos,  colocamos na primeira peneira: "É a verdade?" Passou, cai  na segunda peneira de malhas mais estreitas:  "É justo para todos os interessados?" Passou nessa peneira, vem a terceira peneira: "Criará boa vontade e melhores amizades?" Passou nessa, vem a quarta e última peneira:  "Será benéfico para todos interessados?". Passou nas quatro peneiras, pode fazer, pode aplicar. 
Uma vez em uma visita, uma companheira, presidente de clube me perguntou o seguinte: "governador, aqui no clube há uma proposta para atrair novos sócios, jovens profissionais, que estão no início da carreira, ainda sem poder se comprometer com uma mensalidade mais elevada, de adotarmos  durante dois ou três anos para novos sócios, uma mensalidade mais barata, metade da mensalidade em vigor no clube. É legal, é lícito fazer isso?"  Eu pensei, e disse para a presidente: "aplique a Prova Quádrupla: _É justo para todos os interessados?"  Ela pensou e respondeu: "não é." "Então, se não passa na segunda peneira, não aplique."
Uma vez perguntei a um  comandante como fazer para não cometer uma injustiça, ele respondeu apenas o seguinte: basta ter  bom senso, se tiver bom senso não cometerá injustiça.
Se nós levarmos a Prova Quádrupla para todas as nossas ações, para nosso trabalho, nossas relações familiares, relações comerciais, nós teremos a certeza de estarmos agindo corretamente.
A primeira pergunta da Prova Quádrupla: "É a verdade?" "Quid est veritas?", perguntou Pilatos, " O que é a verdade?" A questão é simples, não admite discussão. Ou é verdade ou não é verdade.
A gente ouve por aí qualificações sobre a verdade. Já chegaram até a  proclamar a "verdade verdadeira",   como se a verdade pudesse não ser verdadeira.
"Verdade insofismável". Toda verdade é insofismável,  não existe verdade sofismável.
 "Verdade inquestionável". Toda verdade é inquestionável, ou  ela é verdade, ou não é.
"Verdade absoluta", como se existisse uma verdade relativa. Toda  verdade é  sempre única, exclusiva, absoluta, não é como aquela música que .diz: "mamãe estou ligeiramente grávida". Ou está grávida, ou não está, assim é a verdade. Ou é verdade, ou não é.
Agora, existem certos profissionais que não aceitam  a Prova Quádrupla, porque  não pautam sua conduta pela verdade, como por exemplo, um mau político, para o qual a verdade muitas vezes é deturpada em favor de seus interesses eleitorais. Já dizia o falecido senador  Roberto Campos: "em política o que interessa não é o fato mas a versão". Muitas vezes um dirigente de órgão público, um ordenador de despesas que malversa os fundos públicos, esse não  comunga com a Prova Quádrupla, já no seu primeiro quesito, porque honestidade é sinônimo de verdade.   Desonestidade não é  verdade, a desonestidade não se coaduna com a Prova Quádrupla. A verdade é uma só. Para algum advogado militante, muitas vezes, a verdade é a do cliente que o contratou. Seu trabalho é fazer prevalecer uma interpretação, ainda que contrarie a Prova Quádrupla
O segundo quesito, a segunda peneira, "É justo para todos os  interessados?" Eu encaro a justiça como uma coisa que deva ser sempre objetiva, e não subjetiva. Eu encaro a justiça como uma relação de causa e efeito. Se determinado assunto é justo, tem que ser justo para todos os interessados. Se você considera a justiça como algo subjetivo, como algo que não seja  uma relação de causa e efeito, o que é justo para um, poderá não ser justo para outros. O que era justo para Hitler não era justo para os povos perseguidos, o que é justo perante  a ótica de Busch não é justo  para  a ONU que não apoiou a invasão do Iraque. O que era justo para os ingleses no tempo de Gandhi, não era justo para  os indianos. A Prova Quádrupla, nos diz: tem que ser justo para todos os interessados. Foi o caso da pergunta da mensalidade que citei, todos os interessados quem são? são os rotarianos daquele clube. Essa pergunta passa a ser objetiva, deixa de ser subjetiva, passa a ser uma relação de causa e efeito.
A terceira peneira: "Gerará boa vontade e melhores amizades?" Nessa pergunta reside a finalidade do Rotary: a solidariedade, o companheirismo. Tudo que nós fazemos deve somar. A solidariedade, a mútua-ajuda unem, a competição divide, a não ser a competição de um jogo de futebol de salão, uma brincadeira, um gincana, mas o que compete separa, por isso não está de acordo com a Prova Quádrupla.
A quarta peneira, "Será benéfico para todos os interessados?". Gerar o bem é também finalidade do Rotary.
Gandhi, uma vez, foi à presença do Vice-Rei da Índia, manifestar seu protesto contra o imposto sobre o sal, recém instituído. O sal, em certas regiões da Índia, é uma coisa que se colhe facilmente na praia. A coroa  Britânica lançara um imposto sobre o sal. Gandhi compareceu à frente do Vice-Rei e disse: "vim participar a V. Excia. que vou iniciar um movimento contra o imposto do sal". Aí foi embora. Chegou na praia, pegou uma tigela de sal e começou a caminhar.  Juntou-se o primeiro, juntou-se outro, outro, e em pouco tempo tinha se formado uma multidão de 10 mil pessoas marchando silenciosamente com Gandhi, pacificamente em direção ao palácio.   Logo depois o Vice-Rei, revogou o imposto do sal, porque ele não era benéfico para população.
O imposto que o governo lance, pode ser benéfico para o governo mas pode não ser benéfico para quem paga, como os aposentados por exemplo. Por isso  tem que ser benéfico para todos os interessados.
 Numa sociedade em que o egoísmo prevalece, o egocentrismo é expresso na lei de Gerson, da qual o então maior meia- armador do mundo, tri-campeão mundial de futebol em 1970, não tem culpa, pois foi uma propaganda de cigarro que fez na televisão: "como sou brasileiro, gosto de levar vantagem em tudo". Essa lei prevalece nas relações, cada um quer tirar proveito maior, vantagem maior, mas não é isso que a Prova Quádrupla prescreve.
Então companheiros, a ética da Prova Quádrupla  também prescreve o comportamento de cada um dentro de seu clube. Quando nós tomamos posse,  assumimos como rotarianos o compromisso  de pagar em dia as mensalidades, freqüentar o clube, ou recuperar as faltas através de visitas de a outro clube, de inclusive assumir uma posição de liderança, como a de presidente uma vez chegado o momento. Se a gente se nega a isso e alguns clubes têm grande dificuldades em escolher seus dirigentes, estamos despresando a Prova Quádrupla, pois quando colocamos o distintivo  nos comprometemos a um dia aceitar a presidência ou qualquer outro cargo para o qual fôssemos convocados.
Já disse um diretor do Rotary Internacional, que a oportunidade de dizer não é  uma só, é quando se é convidado para ser rotariano. Aí pode dizer não. A partir do momento em que ele se torna rotariano, a sua obrigação é dizer sim a todas as convocações,  a todos os chamamentos  de trabalho, a todos compromissos de servir.  Se alguém aceitou assumir uma função qualquer que seja, no clube, no distrito, se aceitou a função, não pode depois se escusar, dizer não, ou fazer corpo mole, ou pior ainda, resistência passiva. No momento em que ele aceitou aquele compromisso,  passa a ser uma obrigação. Muita gente  dentro do nosso próprio relacionamento não cumpre isso.
Eu comparo a nossa Prova Quádrupla a um mantra. Vocês sabem que as filosofias orientais, nas meditações, repetem durante milênios palavras sagradas que se tornam pela sua força,  palavras que captam, concentram uma energia muito forte. São os mantras. Eu sugiro aqui a todos vocês  que tenham a Prova Quádrupla, como mantras. Se você repetir 500 vezes: “é verdade,” você nunca vai cometer nenhuma ação que não seja verdadeira. Se você repetir 500 vezes em pensamento: “é justo para todos os interessados”, você nunca fará uma injustiça. Se você repetir:  “criará  boa vontade e melhores amizades” 500 vezes, você sempre agirá assim, se você repetir nas suas meditações: “é benéfico par todos os interessados” você jamais vai fazer alguma coisa que não seja benéfico, e aí você terá se tornado um verdadeiro rotariano, um pacifista  como foram Gandhi, Paul Harris e  tantos outros mestres pacifistas.

Obrigado presidente por essa oportunidade, eu espero ter transmitido meu ponto de vista. 


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