ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sábado, 23 de junho de 2018

QUALIDADES TRANSFORMADORAS DO ROTARIANO





QUALIDADES TRANSFORMADORAS DO ROTARIANO
(Palestra realizada no RC João Pessoa – Sul, em 22/07/ 2008;
no RC Rio de Janeiro-Botafogo e no RC Recife-Casa Amarela em 15/10/2012)

O Rotary é uma reunião de pessoas.
O que o torna único, diferente, são as qualidades transformadoras de seus membros. Sem distinção de língua, raça, religião, classe social, há, entre eles traços comuns de força, inteligência, competência, dedicação e integridade que lhes conferem o poder de transformar o mundo, com vistas à construção da Nova Era de paz e amor.
São nove as principais qualidades transformadoras dos rotarianos:

1. Coerência
2. Foco
3. Consciência
4. Voluntariado
5. Liderança
6. Transparência
7. Participação
8. Trabalho em equipe
9. Ética.



                                  1. COERÊNCIA.

O Rotary é uma reunião de pessoas coerentes.
A coerência está no comportamento e nas atitudes do rotariano. A coerência significa não perder de vista os motivos que o trouxeram para o Rotary. Com o correr do tempo, muita gente vai se esquecendo por quê entrou no Rotary. Alguns nem mesmo se lembram para que continuam no Rotary. A coerência significa se manter fiel aos princípios e ideais rotários em todos os momentos da vida.
A coerência significa nunca se esquecer da Prova Quádrupla e aplicá-la sempre, em todas as situações.
Manter esses princípios é manter um relacionamento positivo com as pessoas. A cortesia, a educação, a palavra amiga, o trato afetivo, o acolhimento carinhoso, tudo isso faz parte da coerência rotária.
Um companheiro, qualquer que seja a idade, merece ser tratado com carinho, com amor, com afago.
Às vezes, um companheiro mais idoso pode ser até um pouco intransigente. Alguns acham que o Rotary de hoje não é igual ao Rotary de 40 anos atrás, outros dizem que já não se fabricam rotarianos como antigamente, mas é só entender que as pessoas mais idosas são naturalmente mais conservadoras. O idoso vai se sentir bem com a palavra amiga, com a atenção, com o abraço. Manter esse relacionamento cordial é manter a coerência dentro do Rotary.
A confiança, diz James Hunter, autor do livro O Monge e o Executivo, é a cola que une os relacionamentos. Você só pode adquirir confiança se conhecer, e só conhecerá se estiver presente, se freqüentar reuniões, atividades e eventos rotários. Por isso, a freqüência é tão importante. É a freqüência que faz com que uns confiem nos outros. Somente estando presente você estará sendo coerente com os princípios e ideais rotários.
Cabe ao presidente do clube estar vigilante para não deixar prosperar, qualquer sinal de incoerência. A incoerência é a palavra agressiva, sarcástica, desagregadora. Às vezes, de uma simples discordância pode se instalar a incoerência. Os pontos de incoerência precisam ser identificados para serem de pronto corrigidos.

                                        2. FOCO

O Rotary é uma reunião de pessoas focadas.
O rotariano mantém o foco no passado, ao se tornar guardião da história e das tradições rotárias. Ao se lembrar das razões que levaram Paul Harriis a reunir três amigos e fundar o Rotary.
O rotariano mantém o foco no presente, ao ter a consciência plena da grande obra que o Rotary executa no mundo. Ao conhecer e participar das ações de seu clube nas comunidades.
O rotariano mantém o foco no futuro, ao se fixar nas metas e objetivos do Rotary International,

                                3. CONSCIÊNCIA

O Rotary é uma reunião de pessoas conscientes.
A consciência, no sentido filosófico, é a percepção de que se faz parte de um todo, de que não é um ser isolado, não é um ser compartimentado, mas que é uno com o planeta, com a vida, com o universo, com Deus, com as pessoas que nos cercam.
Ter consciência em Rotary, é saber que se faz parte de uma grande obra, de uma grande missão. Ter a consciência rotaria, é saber-se uno com o Rotary, com os ideais e a filosofia rotaria, com a missão do Rotary.
Ter a consciência rotaria, significa dizer: Eu sou Rotary! Rotary sou eu! Porque no seu dia a dia, em todos os minutos, o verdadeiro rotariano se confunde com a grande obra.
Ter a consciência rotaria é ter a consciência de que o Rotary está mudando o mundo, está construindo a paz e a compreensão entre homens e nações.
É saber que o simples fato de comparecer a um evento do Rotary, significa estar colaborando para mudar o mundo.
O rotariano consciente conhece as metas e sonhos de seu clube. Está sintonizado com os programas e objetivos de seu presidente. Ele lê o que estiver ao seu alcance para se sintonizar com os programas e objetivos do Rotary International e do presidente do RI.
O rotariano consciente, tem uma visão holística do Rotary. Uma visão holística é ver o Rotary no seu conjunto, na plenitude de sua obra. É conhecer Rotary em profundidade.
O rotariano consciente enxerga o Rotary no seu conjunto. Ele conhece em profundidade todo esse trabalho que o Rotary vem fazendo há mais de cem anos no mundo inteiro.

                                  4. VOLUNTARIADO.

O Rotary é uma reunião de voluntários.
Voluntários são pessoas que se entregam de corpo e alma a uma causa superior. Os voluntários do Rotary defendem a paz, a harmonia entre homens e nações. Eles enfrentam de peito aberto as maiores dificuldades. Eles nunca desistem, eles abraçam a prestação de serviço de forma desinteressada, com o único objetivo de ajudar o próximo. Por sua livre e espontânea vontade eles querem mudar a vida das crianças, dos doentes, dos idosos, das comunidades. O rotariano voluntário tem o perfil da pessoa solidária, da pessoa que sabe viver harmonicamente em comunidade, que é líder no trabalho, na família, na escola.
Os Voluntários do Rotary muitas vezes deixam de lado seus interesses particulares para trabalhar em favor do próximo. Sacrificam horas de lazer, momentos de repouso, para trabalhar pela comunidade, pelos mais carentes. O voluntário do Rotary doa de seu dinheiro, de sua energia, de seu tempo, para aliviar o sofrimento de quem precisa, para diminuir a miséria, a exploração, a injustiça social.
O Voluntário do Rotary é um paladino do bem contra o mal. Ele está presente nos conflitos, nas catástrofes, nos desastres, nas guerras, na defesa dos mais fracos, dos desprotegidos. O Voluntário do Rotary está vencendo a guerra para eliminar da Terra o terrível vírus da paralisia infantil. Ele emprega todas as suas energias para acabar com a chaga do analfabetismo, com a ignorância funcional. Ele luta contra as drogas, contra a corrupção, contra a violência urbana, contra os acidentes de trânsito, contra as mortes por armas de fogo. O Voluntário do Rotary é um arauto da paz.
Ele faz tudo isso, sem nada cobrar. Sua única recompensa é a satisfação do dever cumprido, seu maior interesse é a alegria de lutar por um mundo melhor. Sua única arma é a do amor incondicional, da compaixão, da doação de si próprio sem olhar a quem.
Os Voluntários do Rotary não têm limites de idade, nem de sexo, nem de cor, nem de classe social. Podem ser aposentados, mas continuam trabalhando em museus, bibliotecas, sítios históricos, hospitais, escolas, em centros de recuperação. Eles trabalham na administração, nas enfermarias, nas salas de aula, com a maior seriedade, como se empregados fossem, com dedicação, com amor, cumprindo inclusive com a carga horária que se comprometeram a dar.
Nas cidades, eles colaboram com o poder público, eles cobram ações administrativas, eles orientam às comunidades no sentido de encaminhar seus pleitos, dirigir um ofício, pedir providências.
Quando necessário, o Voluntário Rotariano sabe fazer pressão contra os desmandos das autoridades, contra a corrupção, contra a inércia e a improbidade administrativa.
Por tudo isso o Voluntário Rotariano é um ser superior. Ele é recebido nos gabinetes das autoridades, dos presidentes das maiores corporações, seja para pedir uma doação, seja para cobrar uma intervenção. Ele entra sempre como vencedor, ele nunca entra como pedinte. Por isso ele fala de igual para igual. Quando ele propõe parceria em algum projeto, ele não está apenas pedindo dinheiro. Ele está propondo um investimento social. Ele tem credibilidade porque não está pedindo em causa própria, mas para uma causa nobre. Ele tem a autoridade moral de quem está ali trabalhando por um mundo melhor.

                                   5. LIDERANÇA.

O Rotary é uma reunião de líderes.
Rotarianos foram escolhidos por suas qualidades de liderança, de profissionais, de executivos, de professores, de homens de negócios, de líderes que são nas comunidades.
A liderança é uma qualidade inata que todos trazem dentro de si. É preciso apenas desenvolve-la, praticá-la. O Rotary é o lugar onde se tem as melhores condições de se praticar a liderança. Rotarianos têm oportunidades de desenvolver a liderança em seus clubes, assumindo as funções de presidente de clube, de presidente de comissões, de líderes nas diversas funções. O rotariano pode desenvolver as suas qualidades de orador, usando a tribuna do clube. Ele tem o boletim do clube à sua disposição para desenvolver as qualidades de escritor, para colocar suas mensagens, suas opiniões. Todo rotariano é líder, porque tem condições excelentes para desenvolver essa liderança.
Para tanto, basta que ele proceda como líder, fale como líder, aja como líder. Lide com os problemas da mesma maneira que um líder, tome as atitudes que um líder tomaria em qualquer situação. Viva como vive um líder, pense como pensa um líder. Enfrente a vida tal qual um líder a enfrentaria.

                                    6. TRANSPARÊNCIA

O Rotary é uma reunião de pessoas transparentes.
Outra característica transformadora do rotariano é a transparência, seja como presidente de clube, seja na condução de um projeto. Ninguém é dono do clube, nem de projeto. Tudo em Rotary é transparente. O Rotary não é fechado, ele é antes de tudo, aberto, ele quer mostrar para a sociedade o que faz.
O presidente do Centenário de RI, Glenn Estess, disse que o Rotary não tem nada a esconder. Não tem códigos, nem senhas, nem sinais secretos, tudo em Rotary é aberto e transparente, para ser compartilhado com a humanidade.
O Rotary hoje procura se mostrar, mostrar o que faz, inclusive para aqueles que nos observam, que não são rotarianos. Coloca suas ações no rádio, na televisão, na mídia. O mais importante não é o rotariano pagar à mídia. O mais importante é o rotariano mostrar o que faz. Levar para o seu trabalho, para a sua família, para os seus círculos de amizade a informação de que o Rotary está eliminando a paralisia infantil da face da Terra.
Se uma pessoa lhe perguntar: quem é você, com esse distintivo na lapela? Você prontamente vai responder com orgulho: sou rotariano, eu estou mudando o mundo.

                              7. PARTICIPAÇÃO

O Rotary é uma reunião de pessoas participativas.
O rotariano participa de todos os eventos rotários, dentro e fora do seu clube. Ele está sempre disponível para o trabalho.
A participação é conseqüência da motivação. O rotariano é um ser participativo e para tanto, ele está permanentemente motivado. Ele conhece, não apenas os detalhes de sua função, mas também as dos companheiros. Ele está sempre motivando para que todos participem com interesse das atividades e dos programas do Rotary. Que não apenas participem, mas que sugiram programas, tragam idéias novas, tragam propostas diferentes, até para mudar a rotina das plenárias rotarias, O rotariano busca sempre meios de que os companheiros, na sua totalidade se envolvam nas atividades do clube.

                          8. TRABALHO EM EQUIPE

O Rotary é uma reunião de pessoas que trabalham em equipe.
O Rotary é diferente de qualquer outra agremiação de pessoas, porque aqui elas trabalham em equipe, sob a liderança maior do presidente do clube. No trabalho de equipe, o presidente delega e cada um executa a sua função, com dedicação e seriedade. O presidente instrui, supre os meios, avalia e premia, são etapas da delegação. O presidente é o motor que impulsiona os trabalhos das equipes. Essa é a oitava e talvez a mais importante característica transformadora do rotariano.


                         9. ÉTICA

O Rotary é uma reunião de pessoas que têm a ética como um princípio que nao pode ter fim. Ele a pratica em suas relações profissionais, familiares e sociais. Ele tem sempre presente, em tudo o que fala,  pensa e faz, os quatro quesitos da Prova Quádrupla Rotária: 

      É a verdade?
      É justo para todos os interessados?
      Trará boa vontade e melhores amizades?
      Será benéfico para todos os interessados?

Ao aplicar estes quatro quesitos, o rotariano estará agindo com bom senso, seriedade, equilíbrio e praticando o bem.


                                    

sexta-feira, 22 de junho de 2018

COMO ANDA O QUADRO ASSOCIATIVO DE SEU CLUBE





Alberto Bittencourt, durante o programa semanal ROTARY EM AÇÃO.
na ONE TV, canal 188 da NET


COMO ANDA O QUADRO ASSOCIATIVO DE SEU CLUBE?
Alberto Bittencourt

Para responder a esta questão, procuremos entender primeiro o que é o quadro associativo.
Sabemos que não há limites de idade para ingresso no Rotary. Podem entrar pessoas jovens, maduras ou idosas. Há, porém, requisitos quanto às características comportamentais, no que se refere à reputação, caráter e vontade de servir.
Antes de tudo, é preciso considerar que o quadro associativo é um extrato da classe média, tal qual ela hoje se apresenta, com suas incoerências, suas dúvidas, seus conflitos, suas paixões.
Para traçar um esboço atual do quadro associativo, sigamos o pensamento de um filósofo moderno, o francês André Compte-Sponville.
Ele divide a sociedade em três faixas etárias, para as quais distingue três paixões clássicas principais:
      aos vinte anos, o amor;
      aos quarenta anos, a ambição;
      aos sessenta anos, a avareza.
É claro que existem os jovens avarentos, e os idosos generosos, mas esses são por ele considerados como exceção à regra geral.
Sponville ilustra essas paixões com uma historieta:

Um empresário pede a um funcionário para subir no telhado e fixar uma placa.
Se o funcionário tem sessenta anos, pergunta:
_O telhado é seguro?
O empresário repete a pergunta a outro funcionário, esse com quarenta e cinco anos. 
Ele responde:
_Quanto vou ganhar para subir no telhado? 
Se faz a mesma pergunta a um jovem de vinte e cinco anos de idade:
_Você pode subir no telhado?
Mal termina a frase, o jovem já está no telhado.

Existem muitos conceitos estereotipados. O fato é que os jovens são mais difíceis de atrair, enquanto os idosos são mais difíceis de motivar.
Para entender o quadro associativo, vamos nos fixar inicialmente na faixa etária dos idosos.
Sponville define a avareza, característica dos idosos, como sendo a paixão de guardar e o medo de perder.
A avareza cresce normalmente com ao avançar da idade, diz ele, porque o medo aumenta.
Os jovens sabem que as pessoas idosas se inquietam facilmente. Estas, no entanto, procuram apenas se preservar e, por isso, são mais conservadoras. 
Vem daí o que se convencionou chamar de conflito de gerações. Aliás, quem geralmente tem razão são os idosos.
Com a idade, todos os males se agravam. Se um idoso fica apenas esperando o tempo passar, vai falar só em doenças. O tema preferido são as mazelas. 

Por outro lado, pessoas ativas, melhoram. 
Tenho encontrado, no Rotary, amigos septuagenários que demonstram o quanto é falso o velho paradigma da velhice e da doença. Diria que essas pessoas mais crescem do que envelhecem, porque elas amam a juventude, enquanto outras na sua idade, só a temem ou invejam.

Faça chuva ou faça sol, minha amiga Nevinha, de Campina Grande, levanta-se todos os dias às 05h00, pega o carro, vai até o açude da cidade, onde, em marcha acelerada, dá quatro voltas, completando 5.000m. De volta para casa, faz uma hora de hidroginástica na piscina, com uma professora, a filha e a irmã, após o quê, toma café e parte para uma jornada de trabalho em seu escritório de contabilidade. Nevinha tem mais de 70 anos.
Para citar alguns outros, Eudes, Antonino, Reinaldo, o saudoso e centenário Mattinhos, são pessoas que têm a mesma coisa em comum: eles não se identificam com essas velhas imagens estereotipadas. Eles raramente falam da idade, mas evocam mais facilmente suas atividades, seus interesses, seus projetos para o futuro.

O velho paradigma da velhice e da doença cedeu lugar a uma nova consciência de que o ser humano é a única criatura na face da terra capaz de mudar a sua biologia pelo que pensa e pelo que sente. Um surto de depressão pode arrasar o sistema imunológico. Apaixonar-se, ao contrário, pode fortalece-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida. O desespero e a desesperança aumentam a incidência de ataques do coração e de câncer, encurtando a vida. O estresse libera um fluxo de hormônios destruidores.

O médico psiquiatra francês, radicado nos Estados Unidos e precocemente falecido, vítima de câncer no cérebro, David Servan-Schriber, cita em sua obra uma pesquisa realizada na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, quanto à 
Influência dos estereótipos culturais no funcionamento intelectual e físico dos idosos.
Segundo a pesquisa, a professora Becca Levy, em seu laboratório, mediu a memória, o modo de andar, a coerência cardíaca de pessoas com mais de 65 anos.
Em seguida, ela mostrou na tela de um computador, palavras que apareciam tão rapidamente que o cérebro não tinha tempo de registrar de modo consciente. De imediato, ela repetiu os testes. Após palavras de alto astral, como sabedoria, amizade, amor, solidariedade, verificou que a coerência cardíaca e a  memória melhoravam nitidamente e as pessoas passavam a andar mais rápido. Ao contrário, após palavras de declínio, como doença, queda, perda, constatou que a memória piorava, a coerência cardíaca se degradava e eles andavam mais lentamente. 
Eis a razão pela qual devemos acolher nossos companheiros mais idosos com um carinho especial. Um sorriso, uma palavra de apoio, um gesto afável, um abraço, um elogio, certamente irá reacender no coração deles a chama do verdadeiro rotariano que sempre foram. Para entendê-los, basta se colocar no lugar deles. É este o primeiro passo para revigorar o quadro associativo de nossos clubes. E você estará praticando um grande bem.

Tenho presenciado em Rotary, companheiros veteranos, serem tratados com intolerância e discriminação por outros companheiros mais jovens, a ponto de se sentirem tão mal que acabam deixando o clube onde, por mais de 40 anos conviveram, com participação, dedicação e trabalho. Saem deprimidos, ressentidos, o que lhes causa tremendo mal.

Em geral, pessoas idosas são conservadoras, têm opiniões arraigadas, são avessos a inovações, intransigentes quanto às normas e regulamentos. Para esses companheiros, o Rotary de hoje deve ser igual ao de trinta anos ou quarenta anos passados.
A mensagem, é que devemos compreendê-los e tratá-los carinhosamente, reconhecendo neles a experiência e o trabalho de toda uma vida.
Discriminá-los, nunca. Ao contrário, chamá-los para o nosso lado, para estarem presentes, vivenciarem junto conosco as atividades do clube, partilharem nossas alegrias e tristezas, a fim de que se sintam úteis, prestigiados e respeitados.  
Ao meu ver, esse é o primeiro passo para o soerguimento de um Rotary Club.  



segunda-feira, 18 de junho de 2018

Manutenção da Paz, Imposição da Paz e Construção da Paz




Manutenção da Paz, Imposição da Paz e Construção da Paz

Alberto Bittencourt - 2013





Existe uma diferença entre os conceitos de Manutenção da Paz, Imposição da Paz e Construção da Paz.

a) MANUTENSÃO DA PAZ
As Forças internacionais da Paz, das Nações Unidas, como a Minustrah do Haiti, têm a função de manter a paz e são exercidas através do Conselho de Segurança da ONU.
O Brasil tem por tradição integrar essas forças internacionais de paz desde a guerra do Yon Kypur, entre Israel e os países árabes, quando foi instituída a Força da Paz de Suez. São Domingos, na América Central, e o Timor Leste, na Ásia, foram outras nações que receberam soldados brasileiros integrantes das Forças de Paz da ONU. Graças à atuação dessas forças, foram e estão sendo devolvidas à Paz regiões cheias de conflitos, de tensões, sejam de origem étnicas, políticas ou religiosas. A eficiência dessas intervenções tem evitado que os conflitos se prolonguem no tempo e se expandam causando aumento do sofrimento de populações civis, gerando levas de refugiados e de pessoas desabrigadas, acomodadas em acampamentos.

b) IMPOSIÇÃO DA PAZ.
Sempre que há um conflito e uma ameaça à paz internacional, como ocorreu na guerra da Bósnia e da Líbia, e no Oriente Médio, uma coligação de países, muitas vezes sob liderança da ONU, exerce o seu poderio bélico para encerrar os conflitos e impor a paz.

c)  CONSTRUÇÃO DA PAZ
Por outro lado, a Construção da Paz envolve um conceito inteiramente diferente.
É prevenção de conflitos a longo prazo, um assunto muito mais complexo. Às vezes, é fácil tomar atitudes bélicas para manter a paz. Para construir a paz, nem sempre é uma decisão simples.

Os orçamentos dos países destinam bilhões de dólares para garantir o aparato militar, sob o pretexto de Manutenção da Paz. Há toda uma estrutura industrial bélica sob o pretexto de exercer o poder dissuasório. Afirmam os belicistas que a manutenção do aparato bélico, da capacidade de destruição, tem a finalidade de desencorajar as pretensões belicosas de vizinhos, assim como a conhecida expressão: Si vis pacem, para bellum - Se queres a Paz, prepara-te para a guerra. Com esta idéia, surgem algumas “operações de manutenção da paz” que geram investimentos que ultrapassam US$ 2 bilhões.

Em contrapartida, não se consegue US$30 milhões para operações de Construção da Paz. Construir a paz é empreender uma ação preventiva. Acontece, porém, que essas ações preventivas não trazem consigo nem a glória, nem o reconhecimento para quem as executa.

Condecoram-se os generais que vencem as batalhas, mas os realmente importantes são os que evitam a eclosão das guerras. Só estamos acostumados com os resultados concretos, que aparecem nos jornais e na TV, então, se nada acontece, e é exatamente isso que desejamos, aí ninguém reconhece que o fato se deve ao trabalho contínuo, permanente, feito nos bastidores, em pequenas doses e muito abrangentes. É o que fazem os rotarianos no mundo inteiro.   

Há um ditado sul africano, Zulu, que diz:

Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças maravilhosas.

Esses são os verdadeiros pacifistas, ou construtores da paz.

A Construção da Paz é um estado da sociedade para qual todo cidadão contribui, a cada instante, na família, na escola, no trabalho, nos parlamentos, nos bares. As possibilidades de paz precisam ser construídas diariamente. A cultura da paz se constrói dia a dia, com justiça, dignidade, igualdade e solidariedade. 

Construir a Paz não significa reparar os danos, mas sim evitar que eles se produzam. Isso só é possível com a participação da sociedade civil nessa tarefa e que cada indivíduo se ocupe dela pessoalmente.

Para a Manutenção da Paz no Oriente Médio, foram investidos US$150 bilhões, enquanto que, para Construir a Paz no mesmo Oriente Médio, nem um centésimo disso foi aplicado. Isto porque Construir a Paz não é um ato de serviço, mas sim uma ação de servir, preventiva, que não traz lucros nem gera dividendos imediatos, posto que ela é uma ação para o futuro, quase invisível e seus efeitos só são percebidos a longo prazo.

“A Paz através do Servir”, versão brasileira do lema do presidente Sakuji Tanaka, 2012-13, Peace Through Service, significa construir a paz. É a prevenção, o trabalho contínuo, diuturno, de mudança das condições de vida das pessoas, de aliviar o sofrimento dos oprimidos, dos excluídos, de diminuir as diferenças sociais através da educação, da valorização do homem, do ensino de comportamentos úteis, da prática indiscriminada do bem.

Segundo Paul Harris expressou no livro de sua autoria, Esta Era Rotária, escrito em 1935: a Imposição da Paz não é um serviço, pois, sob o pretexto da busca da paz, emprega a força, o poderio bélico e a violência. Visa antes satisfazer aos interesses belicosos e expansionistas dos dirigentes das nações.

A Manutenção da Paz pode ser considerada um serviço, para evitar o retorno dos conflitos e da violência.

A Construção da Paz é o que fazem os rotarianos do mundo inteiro, através de seus programas humanitários e educativos. É ação de servir.

Estes são meus pensamentos a respeito dos dois substantivos – Servir e Serviço - usados nas versões, brasileira e portuguesa, do lema do presidente Sakuji, Peace Through Service, lembrando sempre que:

 O servir constitui a essência da filosofia e do ideal do Rotary.