ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

CONSELHOS AO GOVERNADOR ASSISTENTE



CONSELHOS AO GOVERNADOR ASSISTENTE. 
Alberto Bittencourt - fev 2016




O Governador Assistente é a Chave Mestra da
administração do Distrito. Existem outras chaves,
mas a Chave Mestra é a que abre todas as portas. 




Estimado companheiro,

Inicialmente, receba meus mais efusivos parabéns por ter sido escolhido Governador Assistente. 
O governador eleito anteviu em sua pessoa um grande líder Rotário, com potencial para ser em pouco tempo Governador do Distrito. 
Deixo aqui os votos do maior sucesso, meus e da Helena. 
Aproveito para fazer algumas considerações: 
1) Considero muito importante seu comparecimento, aos Seminários de Treinamento Distritais, GATS, PETS, Equipe Distrital e Assembleia Distrital. A sua participação no GATS- Seminário de Treinamento de Governadores Assistentes - é obrigatória. Você não pode faltar. 

2) Participar do PETS- Seminário de Treinamento de Presidentes Eleitos, é também muito importante, pois ela vai lhe propiciar uma visão mais ampla do que é o Rotary, dos conceitos de liderança e das metas e objetivos dos clubes, do distrito e do Rotary. Você verá que os programas da Fundação Rotaria, do Desenvolvimento do QA, da Imagem Pública, precisam ser constantemente enfatizados. 

O rotariano deve se lembrar sempre da FR que vai completar 100 anos em 2017. Os programas do Seguro Solidário e Empresa Cidadã têm que ser estimulados constantemente. Muitos companheiros acham que não precisam contribuir para a FR, uma vez que já pagam as mensalidades, às vezes elevadas. Se é assim,  é o momento de sentar e rediscutir  custos. 

É fundamental buscar  ideias novas.
A prestação de serviços voluntários, requer três coisas principais:


Tempo, trabalho e dinheiro.
A realização de qualquer projeto demanda esses três itens: 
tempo, trabalho e dinheiro.

Todo mundo tem vergonha de pedir e ninguém quer meter a mão no bolso. No PETS é a oportunidade de se discutir tudo isso.  

3) Assembleia Distrital. Lá você aprenderá algo que não funciona  em muitos clubes. Refiro-me ao trabalho em equipe - das Comissões Executivas e das Avenidas de Serviços -. As comissões do clube têm que se reunir para planejamento e desenvolverem ações integradas às comissões distritais.

Lá você aprenderá as metas e ênfases do Presidente Eleito do Rotary, os objetivos e as premiações aos clubes que atingirem essas metas.

Lembre-se sempre que você será o representante do governador do Distrito, que, por sua vez representa o presidente mundial do Rotary.

Além de tudo, você terá oportunidade de conhecer e se integrar aos presidentes dos clubes de sua área e respectivas esposas. Planeje com eles a realização de pelo menos um seminário conjunto, chamado interclubes, escolhendo um tema de interesse. 

4) baixe no My Rotary o "Guia para lideres- governadores assistentes". Imprima e leia todo, antes do GATS. 
5) lembre-se: antes de tudo você está assumindo uma importante função como voluntário
O momento de um voluntário recusar qualquer missão é quando é convidado. Depois de aceita a função, tudo, tudo mesmo, inerente ás atribuições e responsabilidades desse cargo, torna-se obrigatório. Respondeu SIM ao convite, a partir daí tudo passa ser obrigação. Não é um favor que você estará prestando, nem vai depender de sua boa vontade. Aja como se fosse um funcionário contratado. 
Você sabe que em todos os outros países é com seriedade, disponibilidade e zelo que o voluntariado trabalha. 
Infelizmente, no Brasil, existe a figura do entupidor de função. Entupir uma função significa aceitar o cargo, assumir a missão para, em seguida, cruzar os braços e não fazer mais nada. Não faz e não deixa fazer porque ele está lá, entupindo a função. 
Caro Governador Assistente. 
Sua liderança será fundamental para o êxito do governador do distrito. Observe as máximas:

  • Um grande líder é aquele que nada teme, nem mesmo uma ideia nova. 
  • O verdadeiro líder pensa globalmente e age localmente.
  • O líder autêntico é aquele que pensa grande. Pensar grande é pensar no tempo dos outros, no tempo dos que virão depois de nós.


Importante:
Clique no link abaixo e leia o texto que escrevi sobre as atribuições do Governador Assistente, publicado na revista Rotary Brasil de setembro de 2004. 


http://albertobittencourt.blogspot.com.br/2013/05/o-governador-assistente.html


Estes são os meus conselhos. 
Abraços e sucesso. 

Alberto Bittencourt





O GOVERNADOR ASSISTENTE


O GOVERNADOR ASSISTENTE
Alberto Bittencourt
(Publicado na Revista Brasil Rotário de setembro de 2004)


 O Governador Assistente é a chave-mestra para a administração do distrito. Existem outras chaves, mas a chave-mestra é suficiente para abrir todas as portas.

É sempre oportuno discutir o papel do governador assistente. É importante refletir os motivos pelos quais o R.I. criou essa  função, saber o porquê de sua existência, a razão e a finalidade desse cargo  na estrutura distrital.
O governador assistente faz parte de um contexto chamado PLD – Plano de Liderança Distrital -, estabelecido a partir de 1996. O PLD congrega os principais líderes,  com potencial para exercerem a função de governador, afim de  assessorá-lo, ajudá-lo no desempenho de seu papel para que ele bem cumpra a missão que lhe foi confiada.
O governador assistente é o principal assessor do governador do distrito, porque está sempre junto aos clubes de sua área, presente no dia-a-dia de suas atividades, conhece seus programas, seus méritos, suas deficiências, suas dificuldades.
O governador assistente é o principal instrumento através do qual o governador executa a sua política de administração. É o principal veículo de comunicação entre o distrito e o clube.
O governador assistente ajuda os presidentes eleitos na definição das suas metas, antes mesmo de suas posses.
O governador assistente visita os clubes de sua área no mínimo uma vez por mês. Em todas as visitas, ele transmite  mensagens do governador. Ele nunca entra mudo e sai calado de uma reunião plenária. Ele é um líder. Todos querem ouvir sua voz, sua palavra de orientação, de apoio, de instrução, de esclarecimento. Querem saber notícias da governadoria, o que faz o governador distrital naquele momento, querem relembrar os programas, as metas  a serem perseguidas e atingidas pelo distrito, querem saber o que se espera do clube que visita.
O governador assistente usa a técnica da impregnação. A palavra impregnar vem de prego, preencher. Como o prego que aos poucos preenche o espaço na madeira, o governador assistente preenche a mente dos rotarianos com novas idéias. Sua missão é impregnar a consciência dos rotarianos para mudar as estruturas arcaicas, mortas, estagnadas, quebrar a rotina improdutiva, de forma a tornar o clube eficaz.
O governador assistente fornece ao governador do distrito informações atualizadas sobre os pontos fortes e fracos dos clubes. Ele conhece as  metas das quatro avenidas, monitora a performance dos clubes na prestação de serviços, promove o reconhecimento de  projetos e rotarianos que tenham se destacado, procura identificar líderes para servir em âmbito distrital.
O governador assistente identifica clubes que precisam de atenção especial. Ele tem um papel fundamental na recuperação daqueles em vias de extinção, ou de serem terminados por Rotary Internacional. Nos clubes com menos de 20 sócios, o governador assistente estimula o presidente e demais membros a iniciar uma campanha de aumento rápido do quadro social. Se o clube agoniza, ele se muda para esse clube, passa a freqüentar todas as suas reuniões plenárias. Junto com o presidente, visita profissionais qualificados da comunidade e procura trazê-los para dentro do Rotary, convida-os para integrar a maior ONG do mundo na busca da Paz e da Compreensão Mundial, lembrando que, quando uma estratégia não dá certo, mudar pode trazer resultados (ver parábola anexa). Se o clube está devendo ao R. I., estabelece com o presidente um cronograma de pagamento, trabalha intensamente até a sua recuperação total.
O governador assistente sabe tudo a respeito dos clubes de sua jurisdição. Ele nunca atrasa no envio dos relatórios ao governador. Se o clube tem dificuldades para informar a freqüência mensal, ele não descansa enquanto não regulariza esse fluxo de informações, a tempo de sair na Carta Mensal.
O governador assistente participa da assembléia de planejamento e preparação da visita oficial do governador. Ele transmite ao presidente e conselho diretor as diretrizes do governador. Ele analisa o programa da visita oficial, debate os problemas do clube. Os pontos de destaque, a serem ressaltados, são cuidadosamente examinados e discutidos antes da visita oficial. Enfim, ele tem a missão de preparar o terreno, estabelecer a “cabeça ponte”, que no jargão militar, abre os caminhos para a conquista do território, no caso, a visita do governador.
O governador assistente trabalha em prol da governadoria. Não apenas ajuda a estabelecer as metas do distrito, como também fornece dados ao governador eleito, na fase de planejamento, para escolha dos membros de sua equipe. Ele sempre representa o governador do distrito em assembléias de clubes, seminários, interclubes, onde quer que o governador não possa estar presente.
O governador assistente auxilia as comissões distritais. É o porta-voz dessas comissões na divulgação de seus programas. Difunde os editais de convocação para seminários, interclubes, reuniões distritais. Convoca os clubes a participarem de programas de intercâmbio de jovens, IGE, bolsas educacionais, voluntários de Rotary. Estimula os companheiros a fazerem projetos da Fundação Rotária. Auxilia a Comissão Distrital da Fundação Rotária na busca de parcerias. Acompanha o andamento dos projetos, empenha-se para  que os relatórios  sejam encaminhados no prazo correto.
O governador assistente ajuda a comissão distrital da família a alcançar seus objetivos de trazer a família do rotariano para dentro do Rotary. Incentiva visitas aos companheiros que se afastaram, às famílias dos companheiros falecidos, colabora nos programas de companheirismo.
O governador assistente é um baluarte dentro do distrito. Ele foi escolhido à dedo pelo governador. Ele é a chave-mestra para a administração do Distrito. Existem outras chaves, mas a chave-mestra é suficiente para abrir todas as portas.



O CEGO E O PUBLICITÁRIO  
(Parábola para reflexão).

Um cego estava sentado na calçada. A seus pés, um boné. Ao lado, um pedaço de madeira. Nela, a súplica escrita em giz branco: “Por favor, ajude-me. Sou cego”.
Um publicitário passou lá. Viu as poucas moedas. Pegou o cartaz, virou-o e escreveu outro anúncio. Recolocou-o no lugar e foi-se embora. À tarde, voltou ao local. Reparou no montão de moedas. O cego, reconhecendo as passadas, perguntou:
_O que você escreveu?
_Exatamente o seu apelo. Mas com outras palavras: “ Hoje é primavera em Paris. Mas não posso vê-la”.

Moral da História: 
Quando uma estratégia não dá certo, mudar as palavras pode trazer recompensas.



terça-feira, 8 de setembro de 2020

LUÍS VICENTE GIAY

 



LUIS VICENTE GIAY

 Por Alberto Bittencourt - em 12 set 2020


 



 

A Família Rotária mundial chora a morte do grande líder.

Luís Vicente Giay faleceu no sábado, dia 29 de agosto de 2020, na cidade de Buenos Aires, aos 82 anos de idade, completados dia 04 de agosto. Contador Público Nacional, ingressou no Rotary Club de Arrecifes, sua cidade natal, aos 22 anos de idade, mantendo-se como associado ao longo de 60 anos. Foi Presidente do clube no período 1971-72, Governador do Distrito 4880 em 1974-75, Diretor do Rotary International entre 1987 e 1989 e Presidente do Rotary International no período 1996-97, tendo sido até o momento,  o único argentino a chegar a esse honroso cargo.  Entre as funções exercidas foi diretor-tesoureiro do Rotary International em 1989, curador da Fundação Rotária de 1990 a 1993.

 

Seu lema presidencial era "Construir o futuro com ação e visão".

Presidiu a Fundação Rotária por dois períodos: 2001-02 e 2006-07. Durante seu mandato na Fundação Rotária, assinou o acordo com a Fundação Bill e Melinda Gates para erradicar a poliomielite em todo o mundo.

 

Como presidente do Rotary International, Giay foi recebido por personalidades e líderes mundiais, incluindo o Papa João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá e Nelson Mandela.  Ele visitou grande parte dos países onde o Rotary tem clubes. Como representante das Nações Unidas, atuou como mediador em Chipre entre rotarianos da Grécia e Turquia.

Resumindo sua experiência como presidente, disse que, para ele o mais importante foi ver os rotarianos trabalhando ao redor do mundo.

 

Atualmente, ele estava no Conselho de Ex-Presidentes Internacionais do Rotary, no Comitê de Extensão Rotária de Cuba e Antártica, e foi presidente do comitê "Áreas de Revisão de Interesse" da Fundação Rotária.

 

Giay era casado com Celia Elena Cruz de Giay, professora, escritora, compositora, jornalista e rotariana que serviu ao Rotary como Governadora Distrital em 2005-06 e como Diretora do Rotary International em 2013-15. O líder do Rotary deixou quatro filhos e sete netos. Todos os membros de sua família são Colaboradores Paul Harris  da Fundação Rotária.

 

São palavras do grande líder do Rotary:

 

  • A diferença entre o político e o rotariano é que o político torna privados fundos que são públicos, enquanto o rotariano torna públicos fundos que são privados.
  • Eu os estimulo a cuidar do Rotary pelo que é, uma pedra preciosa real, uma joia. Para que todos cuidem dele, apoiando-o, divulgando-o, fazendo-o crescer e fazendo-o melhorar a cada dia". Esta foi uma de suas frases favoritas.

 

Como presidente do Rotary International, ele deu ênfase  à Família Rotária; estruturou os programas do Rotary Pró Juventude, na época chamado Novas Gerações; priorizou a transparência e o compartilhamento dos ideais e programas Rotários.

 

Sobre a juventude, assim falou Giay:

  • Que nossas ações sejam voltadas para as personalidades em formação, para os caracteres a serem amalgamados.
  • Para tanto, torna-se necessário trabalhar junto com as Novas Gerações, escutá-las, compreendê-las, apoiá-las, educá-las, com vistas à construção de um mundo melhor e mais humano para todos.
  • É nossa missão capacitar os jovens a defender os valores de Paz e Compreensão como essenciais para uma vida plena e útil.

 

Com o Plano Visão do Futuro,". Giay reestruturou os programas de Subsídios da Fundação Rotária. Para divulga-lo percorreu continentes, realizou palestras e seminários, conscientizou rotarianos mundo afora.

 

Suas palestras eram sempre requisitadas, inovadoras, motivadoras.

O grande líder Giay deixa uma obra inolvidável, uma chama que jamais se apagará. Sem dúvida, ele soube elevar o nome do Rotary aos píncaros da gloria.

Sentiremos muito sua  falta. Que Deus o acolha em suas moradas,  conforte e proteja a esposa Célia, filhos e familiares.

Muito obrigado, Giay. A Família Rotária jamais o esquecerá.

 

HOMENAGEM DO DISTRITO 4500

 

 

Numa iniciativa do diretor Mário de Oliveira Antonino, com o apoio do governador do Distrito 4500, Emídio Vasco Leitão da Cunha, os Rotary Clubs do Recife - Largo da Paz e do Recife - Casa Amarela, uniram-se numa homenagem póstuma à memória de Luís Vicente Giay.

O celebrante, pároco Fábio da Paz Queiros, oficiou no dia 03 de setembro, às 19h30 na Igreja Matriz de Casa Forte, em Recife, PE, Missa de Sétimo Dia pela alma de nosso grande líder.

Na ocasião, Mário Antonino fez a leitura da mensagem enviada por Célia Giay para todos os rotarianos, a seguir transcrita:

 

 

 

MENSAGEM DA CELIA GIAY

 

Em 29 de agosto de 2020.




 

Escrevo estas linhas com o coração desamparado pela perda de Luis, o grande ser humano com quem compartilhei 56 anos de minha vida e que foi meu amor, meu professor, meu amigo, meu conselheiro e o pai exemplar de nossos quatro filhos maravilhosos.

 

E faço isso para agradecer a todos aqueles que compartilham suas mensagens e palavras de conforto. Quero dizer o quanto lamento que as circunstâncias em que vivemos não me tenham permitido dar a Luis o abraço sem fim que eu gostaria, neste momento de triste despedida.

 

Revejo a nossa vida e só a gratidão surge na minha alma, pelo privilégio de ter partilhado a vida com um homem excepcional, pelos seus valores, pela sua conduta e pelo seu coração generoso. Um homem que mais do que honrou a vida e deu ao Rotary 61 anos de vida para servir ao próximo.

 

Sei com certeza que o Luís viverá para sempre em mim, nos nossos filhos, noras e netos, e que desde onde estiver cuidará de todos nós. Ele transcendeu na paz e no amor ao lado de Deus, e seu espírito nos acompanha e nos fortalece.

 

Partilho as suas palavras na homenagem que lhe foi feita em vida durante o nosso último Zone Institute, em outubro de 2019, e que reflete a qualidade de ser humano que o Luís foi, está e estará na memória e no coração de quem teve o privilégio de conhecê-lo e desfrutar de sua amizade.

 

Caro Luis, meu amor ... descanse em paz.

 

Celia



segunda-feira, 7 de setembro de 2020

DELINQUÊNCIA JUVENIL



DELINQUÊNCIA JUVENIL
Alberto Bittencourt - maio, 2014



Everton tem seis anos. Desde que veio ao mundo, habituou-se a ficar pelas ruas. Antes, nos braços de sua mãe. Depois, por ele mesmo, a esmolar. Finge tomar conta dos carros para receber uma moedinha qualquer que, no fim do dia, leva para ajudar a matar a fome da mãe e dos irmãos, pois a sua, por hora, está controlada, graças à caridade de muitas almas passantes.

Embora tenha sido matriculado na escola, lá só compareceu no primeiro dia.

Mora na favela de Santo Amaro, num barraco insalubre, mal cheiroso, quente no verão e frio no inverno ou à noite. A mãe, quando não está bêbada pela cachaça que ingere todos os dias, está cheia de crack. Nos momentos de lucidez, também ela vai para as ruas pedir esmolas para comprar mais droga.

Everton olha para as pessoas, as que vêm de carro para estacionar e lhe dão uma moeda, como se fossem seres do outro mundo – para ele, elas pertencem realmente a um outro mundo, lá bem distante, o Mundo dos Ricos. Ao cometer pequenos furtos, aproveitando quase sempre desleixos e descuidos próprios de quem tudo tem, de quem pouco valoriza seus objetos por excesso de possuídos, em sua concepção, o garoto acha que está apenas indo buscar o que lhe é devido.

Everton não tem nenhum amor no coração. Palavras como amor ao próximo, valor humano, bondade, respeito, educação, civilidade, são palavras nunca sentidas. Até hoje só conheceu o medo, medo de apanhar da mãe, medo dos espancamentos constantes, sem pretextos. O que preenche seu espírito é o ódio. O ódio por todos, mas principalmente pelas mulheres, como a mãe que o espanca. Ele tem lá dentro um oco enorme que precisa ser preenchido, precisa ser completado. É um oco do tamanho das suas entranhas, da sua fome, da sua falta de amor. Ele tem uma idéia fixa, recuperar tudo que a vida lhe deve, por tanto ter doado aos ricos.

Everton nunca recebeu nenhuma assistência desses órgãos do governo que existem para ajudá-lo, encarregados que são de garantir o bem estar da sociedade.

Everton é quase um bicho, vive por instinto e assim, vai sobrevivendo, a duras penas, na selva de pedra e asfalto, nas calçadas e ruas, de onde olha para muros e guaritas, tais como fortalezas proibidas. 

Aos quinze anos descobriu o uso da força e da violência para roubar. Aprendeu que os ricos não reagem, não resistem, vão logo entregando tudo o que têm. Everton se sente poderoso. O cidadão, sua vítima em potencial, fisica e moralmente desarmado, assustado, é um prato cheio para as mais desmedidas ambições. A omissão dasautoridades, a inércia, corrobora para respaldar esse sentimento de revolta no espírito de adolescentes como Everton e, nessa lógica, as vítimas que resistem devem ser punidas. Ele já puxou três vezes o gatilho, a arma apontada para o miserável que deu a partida no carro. Não quis ouvi-lo, então, merece morrer!

Everton é um pária, não está nas prioridades nem da Polícia, nem da Justiça.

Ele, nas ruas, sente-se rei.

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