ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sábado, 30 de março de 2024

A MISSÃO DOS CONDORES

 A MISSÃO DOS CONDORES
Alberto Bittencourt 

FILME “UM PUNHADO DE BRAVOS” de 1945, estrelado por Errol Flynn

OBJETIVO DA MISSÃO:  Desativar uma estação de radar japonesa, instalada em Burma, país no Sudeste Asiático, também chamada de Birmânia, depois Myanmar.  

CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ASSISTIR UM TRECHO DO FILNE.  

https://www.dropbox.com/scl/fi/ya4sxyidr08837zewmqe9/Punhado-de-Bravos-maior.m4v?rlkey=i4bla6vtfc71vkrac04ndba9j&dl=0

O filme, disponível em DVD, retrata com precisão o que eram os primórdios do paraquedismo militar, no início da 2ª GM - 1941. 

O equipamento era um paraquedas modelo T-7 , depois substituído pelo modelo T-10. A aeronave era um C-47, versão militar do Douglas, DC-3. Essa aeronave foi substituída pelo C-82, e depois pelo C-119, ambos apelidados de vagões voadores 

Estes, por sua vez, deram lugar aos aviões C- 115,  Buffalo, canadense, e em seguida aos C- 130, Hércules, de fabricação americana, pela Locheed. usados para fins militares, como transporte de pessoal e de carga.  

Minha experiência vai só até o final dos anos sessenta.  

Este é o filme que melhor retrata a “missão dos condores” que encontrei. 

O tenente, comandante do pelotão, com o curso de  “Mestre de Saltos”, é sempre o primeiro a saltar, numa prova inconteste de liderança, que só o paraquedismo oferece. O último a saltar é, em geral, o sargento  mais graduado do pelotão. 

Uma vez no solo, recolhe-se o paraquedas, que é colocado numa bolsa para ser posteriormente enterrado e camuflado, como pode ser observado no filme.  

Uma vez reagrupados os soldados, parte-se para o cumprimento da missão, sob o comando e liderança do tenente paraquedista, comandante do pelotão.  

      — PREPARAR. .... LEVANTAR.... ENGANCHAR... VERIFICAR EQUIPAMENTO. !
      — 1 PRONTO, 2 PRONTO, .....
      — LUZ VERDE! 
     — Ã PORTA...     
     — HUM MIL, DOIS MIL, TRÊS MIL, QUATRO MIL... VELAME!!!  

        

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

O GENERAL R.O.

 O GENERAL R.O.

                                                           Alberto Bittencourt - 2024

                                                       Memórias de meu diário

Tivemos o privilégio e a honra de conhecer o Gen R.O. de perto.  Ele comandou o 2º. Batalhão Ferroviário, sediado em Rio Negro, Paraná, ao tempo em que meu pai, major Kelvin Ramos Bittencourt, era chefe do Escritório Técnico, de 1949 a 1952. Morávamos todos na Vila Militar, um correr de casas de madeira à frente do quartel, de 1949 a 1952.  

No Rio de Janeiro,  lembro  de ter acompanhado meus pais em visitas à casa onde moravam o general, a esposa Celeste e os filhos. Eles moravam numa casa confortável situada à rua Marechal Trompowiski, na Muda da Tijuca. onde, por coincidência,  também residiam meus sogros, Jean Yves Victor Lezan e Iracema Seigneur Lezan, que vim a conhecer mais tarde..  Eram visinhos e amigos. 

O casal Rodrigo Octávio e Celeste era apreciado e amado por todos quanto os conhecessem. Ouvi, diversas vezes, referências elogiosas a ambos, por parte de pessoas que não sabiam que eu os conhecia.     Uma vez foi numa parada militar, no dia 7 de setembro. Não lembro em que ano.  Estávamos num dos terraços do prédio do então Ministério da Guerra, à Av. Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, aguardando o início do desfile militar. Um grupo de convidados comentava sobre o casal, com referências sempre elogiosas quanto à liderança, atenção, disponibilidade, educação e postura refinada, demonstrando o quanto eles eram queridos e amados por toda a sociedade militar.  Podemos dizer, sem medo de errar que o casal Rodrigo Octávio e Celeste eram uma unanimidade em se tratando de pessoas humanas, justas, coerentes e amigas de todos. Não havia desafetos.  Constituíam um exemplo para todos.  Não eram prepotentes, vaidosos ou arrogantes. Pelo contrário, posso dizer que sempre foram humildes servidores da causa maior que era o Brasil e o EB. 

D. Celeste dizia que o marido era V.O. -Verde Oliva- até a alma. Certa vez ele se licenciou por um ano do EB, para atender ao convite de uma grande empresa multi nacional, se não me engano a Light, concessionária e distribuidora de energia elétrica no Rio de Janeiro e outros estados. Assumiu o cargo de diretor da empresa, com um salário bem elevado para os padrões do EB. Não deu outra. Terminado o período de licença, recusou os convites para continuar à frente da empresa e retornou para a caserna.  

R.O. sempre defendeu com rigor seus pontos de vista. Era um líder autêntico e verdadeiro. Durante a presidência de João Goulart, sendo coronel da ativa, levou 23 caronas na promoção a general, sem jamais arredar o pé.  Nunca abriu mão de suas convicções. A injustiça foi corrigida logo após a queda do presidente Jango, em 1964. 

Nos anos setenta, como Ministro do STM- Superior Tribunal Militar, condenou os excessos do regime militar. e pregou  a volta à normalidade democrática. Essa postura o fez ser preterido na presidência do STM, embora por direito de rodízio e antiguidade houvesse chegado a vez dele.  

Ao passar para a reserva, em 1979, o gen R.O. alugou em Manaus um pequeno avião, monomotor, com piloto, para um circuito de despedida pelas fronteiras e litoral do Brasil.  Fechou o perímetro completo do Brasil. 


A SURPRESA! 

Ao passar pelo Recife, num sábado pela manhã, R.O. bateu na porta de minha casa, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes. Estava sozinho, num carro alugado. O grande chefe, o líder inconteste da Engenharia Militar, o lendário R.O. protagonista da História do Brasil, veio se despedir, do filho do amigo, no que eu reputei ser uma grande homenagem ao meu pai. Foi atendido pela Helena, pois eu não estava em casa. Nossa casa situava-se aos fundos de um grande jardim, com muros altos. O general e Helena conversavam, sentados no jardim, quando, de repente, nosso cão de guarda, pastor alemão, de nome Lex, soltou-se do canil e avançou para o general. Helena, num impulso, abraçou-se com o cão e chamou o empregado, que o conduziu de volta ao canil. Já imaginou o susto?

Rodrigo (assim o chamava a esposa) e Celeste tinham dois filhos. Um casal:  Rodrigo Octávio Filho, apelidado de Duga e Roseli.  

Duga era capitão da Arma de Artilharia e casado com uma professora oriunda do Instituto de Educação. Morava num apartamento em predio tipo caixão, situado à mesma rua Mal. Trompowiski, visinho, janela com janela, da casa de meus sogros.  

Naqueles anos sessenta, eu era recém casado com Helena, servia como instrutor do Curso de Engenharia da AMAN e morava em Resende, Estado do Rio. A casa de meu sogro tinha um primeiro andar onde havia um quarto bem grande que servia de dormitório para as três filhas, enquanto solteiras. O rapaz, Antônio Cláudio dormia em um pequeno quarto separado. Havia apenas um banheiro em cima e outro no andar de baixo da casa. 

Certo dia Eliane, irmã mais nova da Helena, estudante de economia da PUC do Rio me prendeu no banheiro. O país vivia a época do movimento estudantil, antes do AI-5. Ela passou a chave pelo lado de fora de modo que eu não tinha como sair  sem ajuda dela. Dando para o apto vizinho, havia apenas um basculante emperrado, sempre aberto. 

Aí veio a chantagem: 

— Só abro a porta se você gritar três vezes e bem alto, (para que fosse ouvido pelo Duga): 

—ABAIXO A DITADURA!

Tentei negociar, mas não teve jeito. Tive que cumprir para poder sair do banheiro. Espero que o capitão não tenha ouvido.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

A ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO E O GEN RODRIGO OCTAVIO

 EVOCAÇÃO DE UM LÍDER



General Rodrigo Octávio Jordão Ramos



"Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia.  Muito mais difícil, porém, foi a de nossos antepassados em conquistá-la e mantê-la."  




A ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO  E O GENERAL RODRIGO OCTAVIO




Artigo de autoria do Cel Rodrigo Ajace Moreira Barbosa. Publicado na Revista do Clube Militar, do mês de Março de 1998 às págs. de 17 a 20.  


Em junho de 1949, ainda como 1º Tenente, fui transferido do Batalhão Escola de Engenharia no Rio de Janeiro, para o 2° Batalhão Ferroviário, localizado na cidade do Rio Negro, PR.  Naquela ocasião, tratava-se de uma novidade para a minha vida profissional, pois iria servir pela primeira vez em uma Unidade de Construção, engajada na execução de obras civis por delegação do antigo Ministério de Viação e Obras Públicas.  Como de praxe, procurei informar-me, tanto quanto possível, a cerca da nova unidade, inclusive a sua respectiva missão.  

Interessando-me com maior profundidade, a respeito do assunto de construção de estradas, tomei conhecimento de que o Exército, atento às suas responsabilidades atinentes à área de Segurança Nacional, havia realizado um reconhecimento terrestre, partindo da cidade de Rio Negro, PR, até atingir a cidade de Caxias, RS. Desse reconhecimento, surgiu a primeira ideia da nova ligação ferroviária, depois introduzida no “Plano Geral de Viação Nacional de 1934”, atingindo a cidade de Caxias no Rio Grande do Sul, com a denominação TM-7, Tronco Metropolitano 7, futuro Tronco Principal Sul, ligando o Rio de Janeiro a Rio Grande, RS, através de São Paulo - Engenheiro Bley -Rio Negro, Barra do Jacaré-Barreto-Pelotas.  


Em 11 de fevereiro de 1938, pelo Dec. Lei  Nº. 269, foi criado o 2°. Batalhão Ferroviário, com sede na cidade de Rio Negro e com a missão de construir o trecho Rio Negro – Caxias.  O Batalhão instalou-se em Rio Negro no dia 29 de julho de 1938, sob o comando do Cel. José Sérvulo Borja Buarque.  Este, imediatamente empenhou-se no cumprimento da missão da nova Unidade, iniciando as atividades de exploração pelo Vale do Rio da Lança, plantando a primeira estaca (estaca zero) na tangente imediata à saída  da ponte da Viação Paraná–Santa Catarina, na linha Mafra-São Francisco. 


Em julho de 1949, ao chegar à sede do Batalhão, em Rio Negro, o mesmo encontrava-se desdobrado ao longo  dos 231 km, que constituíam sua missão de construção.  Apresentei-me ao sub-comandante da Unidade, Major Alipio Aires de Carvalho, que logo informou que seria o substituto do 1°. Tenente Cássio de Paula Freitas, Chefe da Turma de Locação, acampado há seis meses, devendo preparar-me o mais rápido possível para assumir meus novos encargos. Sem perda de tempo, desloquei-me com destino à ponta do serviço para encontrar o Tenente Cássio e substituí-lo.  Estava ingressando no mundo peculiar da Engenharia de Construção. 


As organizações da Arma de Engenharia engajadas nesses trabalhos de execução de obras civis eram os Batalhões Rodoviários, os Batalhões Ferroviários, e as Comissões Construtoras de Estradas de Rodagem.  Essas organizações haviam, ao longo do tempo, desenvolvido uma mentalidade especial, caracterizada, salvo algumas excessões, por ter, como ideia predominante, o entendimento de que executavam missões técnicas de construção e, por isso, o mais importante era a obtenção de eficiência técnica e rendimento da produção nas construções executadas, relegando a um segundo plano as características militares na sua postura e procedimentos.  Os efetivos militares daquelas organizações eram mais reduzidos e predominava a mão de obra civil.  Esses dois últimos fatores contribuíram para o desenvolvimento daquela mentalidade a que me referi. Eu mesmo, quando cheguei a Turma de Locação do 2°. Batalhão Ferroviário, usei vestuário que não se enquadrava nos padrões do Plano de Uniformes. 

Usei botas de borracha e de couro cru, chapéu de feltro do tipo australiano e algumas vezes blusão de couro ou camurça, com as insígnias do posto na gola). 


Terminada a minha incumbência de Locação, em dezembro de 1949, apresentei-me na sede do Batalhão.  Como era da tradição da Unidade, depois de passar um período no ”mato”, fui designado subalterno da Cia. de Comando e Serviços, na sede. 


Gozei um período de folga, junto de minha família, no Rio de Janeiro, antes de assumir as novas funções.  De regresso a Rio Negro, em princípios de 1950, encontrei a unidade em clima de grande expectativa, em virtude da notícia da designação do novo Comandante do Batalhão, Ten Cel Rodrigo Octávio Jordão Ramos, conhecido pela fama de ser oficial extremamente exigente.  Entre os oficiais circulavam informações de que o Ten Cel Rodrigo Octávio havia participado de estudo realizado no âmbito do Estado Maior do Exército, que concluiu ser absolutamente necessário imprimir maior rapidez na construção do Tronco Principal Sul, de modo a acelerar a sua conclusão, por necessidades imperiosas de Segurança Nacional. Daí decorreu a diretriz de atribuir caráter prioritário à construção do TPS que já contava com as seguintes unidades de Engenharia engajadas na sua construção e que se encontravam já sediadas na Região Sul do país: 


    • 2° Batalhão Ferroviário, em Rio Negro, PR.  

    • 2º Batalhão Rodoviário, em Lages, SC. 

    • 3° Batalhão Rodoviário, em Vacaria, RS. 

    • 1° Batalhão Ferroviário, em Bento Gonçalves, RS. 


Para executar os novos encargos, as unidades deviam  sofrer certa reorganização compatível com tais missões.  Ao novo Comandante do Batalhão, foi determinado promover a sua necessária estruturação, de modo a poder cumprir a missão recebida. 


Naquele período de tempo, chamou-me a atenção um grupo de oficiais que se revelavam muito atarefados.  Esse grupo era constituído pelos Capitães Fernando Allah Moreira Barbosa e Brasilio dos Santos Sobrinho, ambos com o curso de Estado Maior ( que haviam ingressado na ECEME como tenentes), coordenados pelo Major Alipio Aires de Carvalho, também oficial do Quadro de Estado Maior.  A esse seleto grupo veio juntar-se, posteriormente, o jovem capitão Júlio Murilo Ross, diplomado pelo Forte Belvoir, (USA) e especialista em Equipamentos Mecânicos.  Eles estavam, naquela circunstância, elaborando os PPI - Programas Padrão de Instrução, que serviriam de guias para a instrução militar dos novos contingentes a serem incorporados naquele ano e que visavam à necessidade de novos efetivos para atender à reorganização do Batalhão.  Esse grupo de militares era muito respeitado no Batalhão.  

Sentíamos todos que estávamos vivendo um clima da maior vitalidade na rotina de nossa unidade.  


E soou a hora da chegada do esperado novo Comandante!


Percebemos todos os integrantes do 2°. Batalhão Ferroviário, o sopro de renovação que estava por acontecer.  O novo Comandante estabeleceu um prazo de trinta dias para que os oficiais e graduados providenciassem o uso correto do vestuário, de acordo com o Plano de Uniformes.  Logo foi instituída a parada matinal formal, com revista de tropa e o canto do Hino Nacional, seguida do desfile militar.  Iniciou-se a adoção de uma postura em que as atividades militares passaram a ter importância principal na vida diária da Unidade. A instrução militar cresceu de importância, pois era necessária à formação do novo contingente a ser incorporado, visando atender as necessidades de preenchimento dos claros existentes nos efetivos do Batalhão.  Observe-se que na apreciação do resultado de inspeções realizadas, pelo comando da 5ª. Região Militar, o 2º.  Batalhão Ferroviário obteve resultados excepcionais na instrução dos contingentes incorporados.   Essa “militarização” foi acompanhada de ações que buscavam aumentar-lhe a eficiência operativa no cumprimento da missão de construção, sua atividade fim.  A nova mentalidade foi cultivado com tal esmero que, em lugar da antiga organização, o que se viu foi uma unidade “guerreira”, cheia de entusiasmo contagiante, na busca da melhor execução de suas obrigações.  Esse elã e essa crença foram incorporados à vida diária da unidade. 


Tento traduzir o grau desse entusiasmo, mencionando o refrão da Canção do Batalhão. (Letra do Capitão Euler Ribeiro de Couto. Música de Ernesto Togo Guedes) :


Salve o nosso incontido e temerário, 

Segundo Batalhão Ferroviário.


O desempenho exemplar que passou a ter o 2º Batalhão Ferroviário serviu de estímulo às outras unidades engajadas na construção do TPS que, reorganizadas, adotaram a mesma postura em face das missões que lhes cabiam executar. 


Em procedimento aos sucessos alcançados, em 1951, o Batalhão recebeu a denominação honrosa de “Batalhão Mauá” como justa homenagem a Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o Visconde de Mauá, empresário dinâmico, industrial e financista brasileiro. Recordo-me do orgulho com que usávamos o distintivo de braço, ostentando as Armas do eminente Visconde de Mauá. 


Ainda no ano de 1951, durante o segundo governo de Getúlio Vargas, o Batalhão recebeu a visita do Vice Presidente da Republica, joão Café Filho (1899-1970), o qual percorreu os canteiros de trabalho das obras de grande porte do Batalhão, tais como túneis, viadutos e pontes. Tal foi a impressão favorável causada pelas obras executadas e em execução que, ao se despedir, o sr. Café Filho manifestou o desejo, como bom nordestino que era, de ver instaladas Unidades de Engenharia no Nordeste, que fossem basicamente, destinadas a promover o desenvolvimento da Região, com o mesmo entusiasmo e competência demonstradas pelo Batalhão de Rio Negro. Mais tarde, quando Café Filho assumiu a Presidência da República, em consequência do suicídio do Presidente Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, pode realizar aquele seu desejo. Efetivamente, por Decreto de 19 de janeiro de 1955 foram criados, no Nordeste, as seguintes unidades de Engenharia de Construção: 


   • 1º Batalhão Rodoviário, em Caicó, RN. 

   • 3° Batalhão Rodoviário, em Campina Grande, PB. 

   • 4° Batalhão Ferroviário, em Crateus, CE. 

  

Logo em seguida foi criado o 1º Grupamento de Engenharia, em João Pessoa, PB, com o objetivo de enquadrar essas novas Unidades de Engenharia.  


A missão dessas Unidades no Nordeste era muito complexa, pois se destinavam, especialmente, à execução de obras de rodoferroviarias, obras contra as secas e atividades sociais de amparo aos flagelados, vítimas das calamidades cíclicas das secas


Rodrigo Octávio, já promovido a Coronel, foi o grande inspirador da criação dessas Unidades. Para a formação dos seus quadros,obteve a cooperação de vários oficiais e graduados que serviram no 2°. Batalhão Ferroviário e na experiência das unidades que se encontravam engajadas na construção do TPS. Dessa forma conseguiu levar para o Nordeste o mesmo entusiasmo e correção no cumprimento do dever, características marcantes do 2º. Batalhão Ferroviário, que passaram também a ser evidentes no desempenho das Unidades de Construção  do Nordeste. 


No início da década de 60, o Cel Rodrigo Octávio comandou, com o brilhantismo de sempre, o Batalhão Ferroviário de Bento Gonçalves, RS. Foi a segundo Unidade de Engenharia de Construção a comandar e que, também, encontrava-se engajada na construção do TPS. 

Mais tarde, no fim da década de 60, já como General  Cmt do CMA, em Manaus, com a costumeira determinação, Rodrigo Octávio estimulou a criação e instalação do 2º Grupamento de Engenharia, na capital do Amazonas, quando procurou consolidar e transmitir os fundamentos da conduta militar, nas unidades que o 2°. Grupamento de Engenharia passou a enquadrar. 


Hoje pode-se dizer ter sido tão marcante o Comando do Ten Cel Rodrigo Octávio no 2º Batalhão Ferroviário, com as consequentes repercussões na notável atuação da Engenharia de Construção e mesmo na Arma de Engenharia, como um todo dentro do Exército, que ouso afirmar que a história da Engenharia de Construção se divide em dois períodos bem distintos, antes e depois do Comando do Ten Cel Rodrigo Octávio em Rio Negro.  

Os militares de Engenharia que pertenceram aos efetivos do Batalhão Mauá daquela época foram testemunhas e personagens da revolução que se processou na Arma de Engenharia.  


Esse período de serviço no 2º. Batalhão Ferroviário nos permitiu absorver alguns fundamentos do comportamento militar daquele Chefe que constituíam o arcabouço do seu notável desempenho de comando. Vejamos alguns de seus lemas: 


  • A missão que ele cumpria, no momento, era a mais importante da face da terra.
  • Nunca se deve dizer que uma tarefa não pode ser executada, antes de tentar realizá-la com todo empenho.  
  • Quando chegarmos ao limite de nossa capacidade física ou intelectual, ainda assim, podemos solicitar de nós mesmos um esforço adicional. Esse sobre-esforço adicional será dado se o desejarmos com toda a nossa vontade. 
  • As coisas difíceis podem ser efetivadas agora e as impossíveis no tempo imediato. 


Ao desempenhar as funções de Prefeito da sede do Batalhão, identifiquei uma outra maneira de administrar do Ten Cel Rodrigo Octávio. Nunca conseguia, por maior que fosse o meu esforço, “estar em dia” com as tarefas que dele recebia.  Estava permanentemente “devendo alguma coisa”... Isso representava outra característica da sua forma de comandar: exigia da equipe o desempenho máximo e cobrava, permanentemente, os resultados das missões que atribuía a cada um.  Os resultados altamente positivos que alcançava eram evidentes para qualquer observador que analisasse o desempenho do 2º. Batalhão Ferroviário.  


A série de experiências proporcionadas no tempo de serviço no Batalhão Mauá, leva-me a concluir que os numerosos fatos e acontecimentos ocorridos em Rio Negro, tiveram como principal catalizador aquele brilhante chefe.  Digno de registro era o expressivo número de oficiais briosos que se estimulavam mutuamente pelo exemplo do chefe, formando um grupo de alta qualificação constituído por oficiais de Estado Maior e Engenheiros Militares diplomados pela Escola Técnica do Exército (atual Instituto Militar de Engenharia). 


Merece uma referência especial a plêiade de Engenheiros Militares do Batalhão, sob a firme liderança do Major Kelvin Ramos Bittencourt. Este, um técnico por formação e convicção, não se deixou atingir pela aparente maior importância dada aos deveres militares, em detrimento, às vezes, dos aspectos técnicos. Com sua visão arguta, percebeu que a mudança de comportamento militar da unidade acabaria por beneficiar o cumprimento das missões técnicas de construção. Com esta compreensão, liderou sua equipe de Engenheiro Militares, propiciando apoio irrestrito ao seu comandante, fato este que contribuiu para o sucesso invulgar do Batalhão, no afã do cumprimento de sua missão.


Desejo ressaltar, igualmente, o quanto é importante para os oficiais mais jovens ter um comandante que chefie e lidere seus oficiais e demais componentes de sua tropa.  Este fato concorre para a formação de um profissional competente, além de estimular os oficiais mais antigos a transmitir aos mais jovens os ensinamentos que decorrem do exercício do comando. 


Tive oportunidade de servir, posteriormente, mais amadurecido, com o General Rodrigo Octávio, várias vezes, como no EMFA, no Conselho Nacional de Transportes e no Ministério de Viação e Obras Públicas (gestão do Marechal Juarez Távora). Nesses repetidos contatos profissionais consolidei a admiração por aquele destacado chefe militar. 


Não se deve esquecer, finalmente, que Rodrigo Octávio Jordão Ramos (1910-1980) foi promovido a General de Brigada em 25 de julho de 1964 e atingiu o topo da hierarquia militar, como General de Exército em 25 de novembro de 1970. 


Exerceu as altas funções de: 

   –  Ministro da Viação e Obras Públicas (1955);

   –  Chefe do Departamento de Produção e Obras Publica (1970);

   – Comandante da Escola. Superior de Guerra (1971);

   – Chefe do Departamento Geral de Serviços (1972-73);

   –  Ministro do Superior Tribunal Militar  (1973 - 79);


Faleceu no dia 6 de julho de 1980, dois dias antes de completar 70 anos de idade.  


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

MEUS DOIS AVÓS GENERAIS

 MEUS DOIS AVÓS GENERAIS. 

Alberto Bittencourt–2023



Nasci no dia 9 de novembro de 1942. 

Casei no dia 4 de julho de 1965 com a professorinha do estado da Guanabara, de ascendência francesa, Helena Seigneur Lezan, que adotou o nome de casada, Helena Lezan Bittencourt, com a qual completei 58 anos de matrimônio depois de dois de namoro. Ela me deu quatro filhos, três mulheres e um homem,  e oito netos. 

Sou filho de uma família de militares. Meus dois avós foram generais com missões relevantes neste país.  Meu pai, precocemente faleceu no dia 20 de novembro de 1954, aos 41 anos de idade, vítima de um edema pulmonar, naquele tempo fatal. Deixou minha mãe, ELYETTE, viúva aos 34 anos de idade, com três filhos. Eu, Alberto, mais velho, com doze anos recém completados no dia 09 de novembro. Um ano e oito meses depois chegou  o Cláudio, e em seguida a Elaine, completando a escadinha. 

Meu irmão Cláudio Bittencourt, chegou a coronel do Exército, da arma de Material Bélico, Os demais tios avós, primos, sobrinhos, eram, em sua maioria, militares, Oficiais do Exército.  


O general Amaro Soares Bittencourt, avô paterno, gaúcho, chegou na ativa ao posto máximo do EB, General de Exército, num tempo em que só havia 18 Generais de Exército no EB.  Desempenhou uma missão importantíssima organizando e montando a Comissão Mista Militar Brasil-Estados Unidos, sediada em Washington, capital, lá pelo ano de 1939-40 da qual foi o primeiro chefe. Negociou o suprimento de armas, munições e equipamentos  para o EB. Como militar, lutou contra vários movimentos sediciosos que se  insurgiram no sul do país, nos anos de 1924-25 (Paraná e Santa Catarina), e outros. Foi condecorado e  promovido a major por ato de bravura e risco de vida em campanha. 

Dedicou-se à criação e desenvolvimento dos Serviços de Transmissões do EB, precursor da arma de Comunicações e também foi pioneiro no radioamadorismo no Brasil. Posterior ao seu falecimento, após fazer um curso preparatório, prestei  prova e, aprovado, reivindiquei e recebi o mesmo indicativo de chamada dele: PY1AV - América Venezuela ou Antena Válvula, do qual muito me orgulhava, ao operar nos seus equipamentos, recebidos de herança. 

Durante a vida, sendo engenheiro militar, vovô Amaro chefiou e atuou na área técnica dos 1º e 2º Batalhões de Ferroviários responsáveis pela implantação no Brasil do TPS - Tronco Pincipal Sul, uma linha ferroviária que ligava São Paulo ao sul do país.  Desde tenente, recém casado, viveu no mato, em acampamentos militares no sul do país, para implantação das linhas férreas, num verdadeiro pioneirismo, inimaginável para os padrões atuais.  


Meu avô materno, General Antônio de Freitas Brandão, sergipano,  ( Meu nome completo é Alberto de Freitas Brandão Bittencourt), dedicou-se ao Material Bélico. Nos anos que precederam à Segunda GM, de 1933 à 1937, integrou uma importante Comissão de compras de armamentos na Europa. Fuzil Mause mod 1908, metralhadora Madsen, ponto 30, Canhões Krupp, 75 mm,  foram alguns dos armamentos e respectivas munições adquiridas por ele na Checoslováquia, Alemanha e Bélgica.  Com a ascensão do nazismo, a missão foi suspensa, devido à ameaça dos navios carregados de armas e munições serem postos a pique durante a travessia do oceano Atlântico. 

Vovô Brandão instalou e chefiou várias fábricas de armamentos no Brasil, entre as quais a Fábrica do Andaraí, no Rio, e criou os Parques de manutenção de equipamentos bélicos, como o do Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar  em Curitiba, que leva o nome dele como patrono.


Ambos os avós foram agraciados como patronos de escolas públicas. A de Bento Gonçalves, RGS, inicialmente tinha o nome de GEGAB – Grupo Escolar General Amaro Bittencourt – depois passou a ser designada  EREMF – ESCOLA DE REFERÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL Gen Amaro Bittencourt.

A escola de Aracaju, Sergipe,  é a EREMF Gen Antônio de Freitas Brandão, situada no bairro do Farol.  

Meu avô Brandão foi interventor no estado de Sergipe, de 1945 a 49, nomeado pelo pres. Dutra.


Meu pai, KELVIN RAMOS BITTENCOURT, Oficial do Exército, da arma de Engenharia, formado na Escola Militar do Realengo, em 1933.  Graduou-se em 1941, engenheiro militar e civil pela ETE - Escola Técnica do Exército que, posteriormente, mudou o nome  para IME - INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA. Foi promovido “post morten”ao posto de General de Brigada.  


Recomendo a leitura do artigo publicado na Revista do Clube Militar de março de 1998, anexo, intitulado “ A Engenharia de Construção e o general Rodrigo Octávio” de autoria do coronel Rodrigo AJACE Moreira Barbosa, da qual extraio à pág. 20,  a referência ao nome do meu pai: 


“ Merece uma referência especial a plêiade de Engenheiros Militares do Batalhão, sob a firme liderança do Major Kelvin Ramos Bittencourt. Este, um técnico por formação e convicção, não se deixou atingir pela aparente maior importância dada aos deveres militares, em detrimento, às vezes, dos aspectos técnicos. Com sua visão arguta, percebeu que a mudança de comportamento militar da unidade acabaria por beneficiar o cumprimento das missões técnicas de construção. Com esta compreensão, liderou sua equipe de Engenheiro Militares, propiciando apoio irrestrito ao seu comandante, fato este que contribuiu para o sucesso invulgar do Batalhão, no afã do cumprimento de sua missão.”  


Eu e meu irmão Cláudio, seguimos a tradição familiar. Após cursarmos o CMRJ, Colégio Militar do Rio de Janeiro,   ingressamos na AMAN, onde nos formamos nos anos de 1963 e 1965. Sou da turma Sesquicentenário da Academia Militar que completou em dezembro de 2023, sessenta anos de formatura. 

Inicialmente servi no BESE, Batalhão Escola de Engenharia, o Batalhão Visconde de Taunay, uma unidade de elite, sediada na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Em seguida, após rigoroso curso na área de estágio, em 1966, entrei para a tropa paraquedista, onde fiz o curso de Mestre de Saltos. De lá fui servir na AMAN, como oficial Instrutor do Curso de Engenharia.  Tive oportunidade de preparar e formar a primeira turma de cadetes paraquedistas militares do EB. 

Da AMAN ingressei no IME- Instituto Militar de Engenharia, tendo me formado engenheiro militar e civil em dezembro de 1971. Em 1972 cheguei no Recife. Servi na CRO/7 - Comissão de Obras da 7ª Região Militar, de onde, por concurso público ingressei no Quadro do Magistério do Exército, como professor de Matemática do CMR, Colégio Militar do Recife. Lá fiquei por seis anos, até ser reformado por motivo de saúde, no posto de major, em 1982. 


A partir dessa data, sendo eu Engenheiro e Helena Arquiteta, formada na UFPE, começamos a construir. Montamos uma empresa de Construções e Incorporações - a MASTER PROJETOS E OBRAS - Trabalhamos durante mais de trinta anos na construção de cerca de trinta edifícios de porte  na cidade do Recife e adjacências. Resolvemos encerrar as atividades da empresa quando o mercado se tornou inviável, os preços aviltados e a chegada de grandes empresas vindas do Sul do país.  


Este é um resumo de nossa vida. Só temos a agradecer a Deus pela família linda que eu e Helena constituímos e por nos permitir termos chegado até aqui, com amor, saúde e felicidades.  

sábado, 15 de julho de 2023

SOU OFICIAL DO EXÉRCITO, COM MUITA HONRA

  SOU OFICIAL DO EXÉRCITO, COM MUITA HONRA  

Alberto Bittencourt - 08 nov 2019  


Era eu 2ºtenente, recém formado,  quando eclodiu o movimento militar que, com apoio do povo e premido pela mídia pôs o presidente João Goulart para correr.

Em março de 1964 fiquei 45 dias de prontidão, isto é, dentro do quartel, pronto para a guerra. Naqueles dias tensos, assistia  pela TV o governo do Jango conduzir o país em direção a uma ditadura sindicalista.  As tropas aquarteladas na Vila Militar no então estado da Guanabara, sob o comando de generais leais ao governo do Jango, deslocaram-se  para enfrentar em Barra Mansa, tropas revolucionárias que vinham de Minas e São Paulo.

Recém formado oficial pela AMAN, eu servia no Batalhão Escola de Engenharia - BESE, o Batalhao Visconde de Taunay. Recebera este a missão, felizmente não concretizada, de destruir uma ponte sobre o Rio Paraíba para impedir o avanço das tropas que se aproximavam.

Meu irmão Claudio, cadete da Academia Militar das Agulhas Negras,  estava do outro lado. Por pouco não houve um confronto fratricida no Brasil.

Fui aluno do Colégio Militar do Rio de Janeiro e professor do Colégio Militar do Recife, instituições que primam pela disciplina e cultivam a ordem e o amor à pátria.

Minha família é toda de militares: meu pai, meus tios, meus avós.  Foram eles que nos ensinaram os princípios que norteiam as  vidas de seus descendentes,  até hoje. 

Ambos os avós são patronos de escolas públicas: a EREM General Amaro Bittencourt (avô paterno) em Bento Gonçalves, RS e a EREF General Antônio de Freitas Brandão, (avô materno) em Aracaju, SE. 

Meu nome completo é Alberto de Freitas Brandão Bittencourt. 

Vovô Brandão dizia que não se podia separar o sobrenome Freitas Brandão, por ser o nome da família, originária do estado de Sergipe. Como só teve filhas mulheres, e sendo ele o único filho homem, o sobrenome vai desaparecer. Ele foi interventor do estado de Sergipe, nomeado pelo presidente Dutra em 1945. 

Vovô Amaro era gaúcho, natural da cidade de Santo Amaro, nascido em 1885. Seu nome original era Amaro Soares Bittencourt Azambuja. Ao sentar praça no Exército, cortaram o último sobrenome, por considerá-lo comprido demais. A família Azambuja queria que ele resgatasse o sobrenome nos filhos, mas minha avó Olga, nascida no Rio, filha de pais portugueses, não deixou. Achava o nome Bittencourt mais bonito.

Minhas convicções vêm do berço, ensinada por meus pais, através do exemplo de minha família. Não são fruto de influências midiáticas de ultra direita, como já ouvi de alguém.

Dizer que os governos petistas melhoraram a educação é FAKE.

Através do Rotary entramos nas escolas públicas e vemos o descalabro que é o ensino público que forma analfabetos funcionais, que mal sabem assinar o nome. Convivo com esses alunos, como voluntário através dos programas do Rotary. São milhões de jovens que não sabem interpretar uma linha do que leem, não conseguem assistir filmes legendados, não sabem fazer contas de multiplicar ou dividir. Desconhecem o que seja percentagem ou fração. Apesar de formados no ensino médio, nem mesmo sabem ler as horas num relogio analógico, de ponteiros.  Não terão oportunidade de ganhar o pão de cada dia de forma honesta, a não ser como faxineiros, serventes na construção civil ou na agricultura.

Entrei em favelas infectas, com esgoto a céu aberto, sem água encanada, em barracos imundos, quentes, insalubres, mal cheirosos. 

Vi uma mãe jogar-se drogada sobre um leito em que dormiam três crianças, matando a mais nova por asfixia.

Vi famílias disputando alimentos com ratos e urubus nos lixões, numa visão do inferno.

Só quem pode  dizer que conhece a miséria é quem já sentiu o cheiro da miséria.

As esquerdas sabem que mentem. Mas fazem da mentira a sua verdade. Desqualificam e agridem quem delas diverge. Por isso são chamadas de esquerdopatas, mistura de esquerdista com psicopata.

Tenho medo. Vejo que estamos novamente à beira de uma guerra fratricida. Por culpa das esquerdas que não aceitam o princípio democrático da alternância do poder. As esquerdas perderam em 2018.  Esquerdistas não passam de desocupados que acampam nas calçadas na tentativa de ressuscitar movimentos como o Ocupe Estelita, alheios aos mais de doze milhões de  chefes de família que fazem fila nas mesmas calçadas, em busca de emprego. Alheios aos doentes que jazem nos corredores dos hospitais à espera de um leito. Alheios aos jovens que morrem aos borbotões nos embates entre facções criminosas ou em confrontos com a polícia.

Agora vão ter que trabalhar.

Acabou a mamata.

terça-feira, 20 de junho de 2023

O PODER MODERADOR DO EXÉRCITO AO LONGO DA HISTÓRIA


                    O PODER MODERADOR DO EXÉRCITO                                       AO LONGO DA HISTÓRIA                                       Alberto Bittencourt - junho de 2023     

Comentários em referência aos textos abaixo:

1 - NAÇÃO & EXÉRCITO - palestra de Gilberto Freire pronunciada na ECEME, em data de 15 nov 1948
2 - E AGORA, BRASIL? Artigo de CRISTOVAM BUARQUE junho de 2023


Cristovam Buarque, engenheiro mecânico, economista, educador, professor universitário, e político brasileiro, sem dizer uma só vez o nome de Gilberto Freire, cita repetidas vezes a metáfora da Casa Grande e da Senzala, ao referir-se à dicotomia do Brasil dividido entre riqueza e pobreza. Dicotomia essa que  faz deste país uma Belindia, usando o termo cunhado pelo economista Edmar Bacha. Ou ainda a Mirabiseria, mistura das terras - Mirabilândia, terra dos sonhos,  e Miséria, expressões de minha própria autoria.


Buarque, ao se referir à formidável migração dos campos para as cidades, ocorrida no Brasil em trinta anos, de 1950 a 1980, que elevou a a taxa de urbanização de 30% para 80%, enquanto na Europa e outros continentes esse fenômeno levou cem anos, esqueceu-se de dizer que os centros urbanos, transformados em megalópoles, não estavam aparelhados para absorver tão grande fluxo de pessoas, sendo essa a principal causa da violência urbana, chegada a patamares de 60 mil mortes por armas de fogo ao ano no  Brasil e há décadas estacionada  no patamar de 40 - 50 mil homicídios anuais.


No que se refere à participação do Exército na história do Brasil, Buarque demonstra uma visão limitada e estreita,  ao reduzi-la apenas aos  21 anos de ditadura militar.

Plasmado nas hostes dos cambalachos petistas, Buarque deturpa a verdade dos fatos, omite a realidade do progresso que fez o Brasil saltar nesses 21 anos de governos militares, do 40° lugar para o 10 lugar   na  economia mundial.


Ao referir-se a Caxias, o político esquece que devemos ao grande general, cognominado “O Pacificador” a unidade territorial brasileira, enquanto a América Latina se fragmentava em diversas republiquetas.


Gilberto Freire reconheceu, em memorável conferência proferida na ECEME, nos idos de 1948, há 75 anos, portanto, o poder moderador do Exército, exercido ao longo da história do Brasil. Só que na época da conferência, ainda não existia  a expressão  - “poder moderador “ . FREIRE chamou de “Força de Coordenação de Contrários” . Ou “Coordenador de Tendências Diversas”. (pag18)


Buarque finge não saber que uma nação onde não vigoram  a lei e a ordem, não se sustenta.

Em lugar de bloquear uma trajetória populista e pseudo desenvolvimentista, a deposição de Jango interrompeu a anarquia,  caminho aberto para a ditadura comunista que se prenunciava.


Voltando à conferência de Gilberto Freire, ao se recusar a ser um mero “capitão do mato”, ou seja, um sub-exército,  caçador de escravos fugitivos, o Exército Brasileiro assumiu a responsabilidade de ser o coordenador pacífico, ciente de que “O Brasil somos todos nós”,  ao contrário ao ordenador violento e arbitrário representado pela autocracia hoje  vigente, do poder judiciário.


Cada vez que um dos ministros togados, atropela a Constituição e proclama uma decisão monocrática, o Brasil retorna aos tempos do absolutismo monárquico, de Luís XIV, rei francês que proclamou a célebre frase: “L’État c’est moi”. 


Esquecem esses mesmos autocratas, que: 


A justiça é uma faca de dois gumes. Haverá um momento em que cortará a mão que a empunha


Significa que a história é farta em comprovar que o ódio e a violência  atraem ódio e violência. Então, as cabeças coroadas voltarão a rolar, como ocorreu na Revolução Francesa.. 


Contra essa anarquia, o Exército Brasileiro se insurgiu em 15 de novembro de 1889. Proclamou a República  e impôs a ordem.


Para finalizar, inspirado no Mestre de Apipucos, afirmo, (pag 28), sem medo de errar que


Uma Nação desorganizada não é sadia. É antes, uma nação doente.

O Exército Brasileiro é a única força organizada capaz de se contrapor à anarquia dos costumes, da moral, da ética.