ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sábado, 6 de janeiro de 2018

A PROVA QUÁDRUPLA



A PROVA QUÁDRUPLA
Alberto Bittencourt





O Rotary foi fundado em 1905 numa época em que a palavra empenhada tinha um valor muito forte. O que prevalecia, acima dos contratos escritos e assinados, era o acordo de cavalheiros, com a única garantia do fio de bigode. O que se dizia "apalavrado" era sagrado, seu cumprimento, questão de honra. Era o código de ética em vigor numa Chicago conturbada pela corrupção e pela violência.

Uma das razões da longevidade do Rotary é justamente a ética. Em questões de ética o Rotary é inflexível, imutável. O Rotary de hoje é igual ao de 1905, quando foi fundado por Paul Harris. A ética em Rotary é um princípio que não pode ter fim, e é graças aos seus elevados padrões de ética, que o Rotary ultrapassou os 100 anos, e aspira alcançar mais cem anos de sucesso, chegar ao seu segundo século de existência.

A Prova Quádrupla Rotária foi concebida em 1932, quando a economia americana ensaiava se recuperar da quebra da bolsa de valores de Nova York, ocorrida em 1929. Seu criador foi Herbert Taylor, presidente de uma fábrica de panelas de alumínio. A companhia estava em situação pré-falimentar, quando, através da aplicação dos quatro quesitos, Herbert Taylor promoveu uma mudança no relacionamento com empregados, clientes, fornecedores. A situação se reverteu e a empresa tornou-se uma multinacional forte, importante, acompanhando a recuperação da economia americana, se inserindo dentro dessa recuperação.

Não podemos afirmar que a Prova Quádrupla seja um código ou tratado de ética, pois se trata apenas de uma reflexão, uma indagação, um questionamento sobre o que nós pensamos, dizemos e fazemos, nada mais do que isso.
A Prova Quádrupla está para um código de ética assim como uma jangada está para um transatlântico. Uma jangada, na sua simplicidade, é perfeita, não afunda, pode passar um tsunami que ela continua a flutuar. Já o maior transatlântico, o mais perfeito, como se dizia ser o Titanic em 1912, um navio impossível de afundar, não passou da primeira viagem.
A simplicidade da Prova Quádrupla é como a jangada, fácil, simples, não tem nada a ver com tratados complexos, porque quanto mais complexo é um tratado, mais difícil de ser aplicado.

A Prova Quádrupla pode ser comparada a quatro peneiras de malhas diferentes.
Pega-se “Tudo o que pensamos, dizemos e fazemos” e coloca-se na primeira peneira: “É a verdade?” Pergunta simples, que não admite discussão.
A gente ouve por aí, qualificações sobre a verdade. Já chegaram até a dizer: ”verdade verdadeira”. Toda verdade é sempre inquestionável, insofismável, não é como aquela música: “mamãe estou ligeiramente grávida”. Ou está não está. Assim é a verdade. Ou é verdade, ou não é, não existem meias-verdades.
Agora, existem profissionais que não aceitam a Prova Quádrupla, porque não consideram a verdade como essencial. Por exemplo, um mau político, para o qual a verdade muitas vezes é deturpada em favor de seus interesses eleitorais. Um gestor que malversa fundos públicos não comunga com a Prova Quádrupla, já no seu primeiro quesito, porque honestidade é sinônimo de verdade.
Porém, a verdade absoluta mesmo, essa só pertence a Deus, pois que a nossa percepção, limitada pelos cinco sentidos, nos permite conhecer apenas uma parte relativa dos mistérios da vida.

Passou na primeira peneira, vem a segunda peneira, de malhas mais estreitas: “É justo para todos os interessados?”. Eu encaro a justiça como uma coisa que deva ser sempre objetiva, uma relação de causa e efeito. Se é justo em determinado assunto, tem de ser justo para todos os interessados. Se você considera a justiça como algo subjetivo, como algo que não seja uma relação de causa e efeito, o que é justo para uns, poderá não ser para outros. O que era justo para Hitler não era justo para os povos perseguidos, o que era justo para os ingleses no tempo de Gandhi, não era justo para os indianos.

Depois dessa peneira, vem a terceira peneira: “Criará boa vontade e melhores amizades?” Aí está a essência do Rotary: a solidariedade, a mútua cooperação, o companheirismo. Tudo o que nós fazemos deve somar. A solidariedade une, a desarmonia, o desentendimento, separam. Tudo o que gera divisão não está de acordo com a Prova Quádrupla.

Por fim, vem a quarta e última peneira: “Será benéfico para todos interessados?” Essa é a finalidade do Rotary: gerar o bem.
Numa sociedade em que prevalece o egoísmo, o egocentrismo da lei de Gerson "sou brasileiro, gosto de levar vantagem em tudo", cada um quer tirar proveito maior, vantagem maior, não importando os meios, lícitos ou ilícitos. Não é isso que a Prova Quádrupla prescreve.

Passou nas quatro peneiras, pode fazer, pode aplicar. Se levarmos a Prova Quádrupla para todas as nossas ações, no trabalho, nas relações familiares, nas relações comerciais, teremos a certeza de estarmos sempre agindo corretamente.







3 comentários:

ADALBERTO ARRUDA SILVA disse...

Prezado ALBERTO:
Parabens pelo recente artigo sobre Prova Quádrupla, que é um dos assuntos que tenho estudado em Rotary, e sobre o que tenho arriscado alguns comentários que diria de sentido aditivo.
Gostei das suas afirmações de que o cuidado do Rotary com ética é uma das razões (fortíssimas, sem dúvida) da sua longevidade. Como também da imagem das "peneiras" e da "jangada", para sublinhar o conteúdo abrangente, sintético e a segurança da PQ.
Recordo debate que tivemos no RC Brum, coordenado pelo nosso dileto e distinto Mario Antonino, há cerca de dois anos, sobre a Prova Quádrupla.
Naquele ensejo defendia que nossa valíosíssima PQ, que foi feita para servir de paradigma de ética empresarial em 1932, deveria ser explicitada de forma mais ampla na atualidade, para incluir não só os "shareholders " e os "stakeholders" das empresas, mas também, e é isso que lhe falta hoje, de forma explícita, os interesses de toda a humanidade ("the whole humanity"). Para isso defendi que o Conselho de Legislaçao do RI, deveria estudar a possibilidade e conveniância de
se aditar no segundo e quarto item da PQ essas referências abrindo o
conceito da Prova.
Veja, pex, o caso "É justo para todos os interessados",. Não só para os interessados diretos, mas, para toda a humanidade se dirá hoje com mais pertinência que em 1932 nos Estados Unido.
Como sabemos, hoje exige-se das empresas (e das pessoas físicas, por que não?, por exemplo, comportamentos e compromissos
explícitos com o meio ambiente e também a RSC - Responsabilidade
Social das Empresas.
Quem sabe poderíamos debater isso em algum momento ainda neste mês em que tratamos de Serviços Profissionais?
Sempre ao dispor do amigo. Cordialmente.
ADALBERTO ARRUDA

JOSE HATERAS disse...

Meu Caro Copanheiro EGD, Alberto Bittencourt.
Agradeço as seus e-mails (03) sobre seus TEXTOS com relação à PROVA QUADRUPLA.
Parabéns estimado Comp EGD, pelo seu permanente interesse por tudo que diz respeiro ao Rotary, nossa Secular Instituição.
Um Grande Abraço
José Háteras
EGD 99/00 D. 4490

Montador de móveis Francisco Beltrão pr disse...

Interessante,exclarecedor.