ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

BOLSAS ROTARY PELA PAZ MUNDIAL



BOLSAS ROTARY PELA PAZ MUNDIAL
Alberto Bittencourt

Para mais informações, contacte: rotarypeacecenters@rotary.org

Você gostaria de mudar o mundo? 

Gostaria de ganhar uma bolsa de estudos numa universidade de renome internacional com todas as despesas pagas? As despesas cobertas são: passagens aéreas, mensalidades e taxas escolares, hospedagem e alimentação, transporte local, despesas fortuitas e estágios. 

Então inscreva-se numa “Bolsas Rotary pela Paz Mundial”. 

As inscrições para bolsas no período 2022-23, estarão abertas a partir de 01 fevereiro, até o dia 01 de julho de 2021.

Candidate-se a uma das bolsas patrocinadas pela Fundação Rotária do Rotary International, em um dos oito Centros Rotary de Estudos Internacionais, existentes no mundo:

  1. Chulalongkorn University, Bangcoc, Tailândia.
  2. Makerere University - Uganda
  3. Duke University - Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA.
  4. University of North Carolina - Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA.
  5. International Christian University - Tóquio, Japão.
  6. University of Bradford - West Yorkshire, Reino Unido.
  7. Uppsala University, Suécia.
  8. University of Queensland, Brisbane, Austrália.

Você pode concorrer a dois tipos de bolsa:

·         um curso de mestrado, com duração de 15 a 24 meses;

·         um curso de aperfeiçoamento profissional em Paz e Resolução de Conflitos, com duração de um ano, que pode se realizar nos Centros Rotary da Tailândia ou de Uganda.

A Fundação Rotária seleciona anualmente, com base de mérito, a nível mundial, 50 bolsas de mestrado e 80 de aperfeiçoamento profissional, num total de 130 bolsas anuais. Oferece também um estágio, onde os bolsistas podem aplicar, na prática, os conhecimentos adquiridos no curso.

Os bolsistas do Rotary pela Paz Mundial são líderes que promovem a paz, a mútua cooperação entre homens e nações, a resolução de conflitos em todos os setores. Atuam nas áreas onde houver guerras, cataclismos, fome, miséria, doenças, no atendimento.

Os cursos abrangem relações internacionais, administração pública, desenvolvimento autossustentável, estudos da paz e resolução de conflitos, entre outros assuntos.

Após a conclusão, os ex-bolsistas trabalham em várias áreas: órgãos públicos governamentais; ONGs internacionais, como Médicos Sem Fronteiras; empresas de consultoria; Forças Armadas e em organizações internacionais, como o Banco Mundial, a Organização Internacional para as Migrações, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas (ONU), entre outras.

Os candidatos devem ter, além de excelentes habilidades de liderança, compromisso com a paz e compreensão mundial, demonstrado por intermédio de conquistas acadêmicas, profissionais e pessoais, e de participação em atividades de prestação de serviços comunitário.

Para o curso de mestrado são exigidos diploma universitário, proficiência em um segundo idioma e um mínimo de três anos de experiência na área, seja como voluntário, seja em empregos remunerados. A decisão final pela aceitação dos candidatos é da universidade escolhida.

Para o curso de aperfeiçoamento profissional são exigidos diploma de nível médio ou superior, proficiência em inglês e um mínimo de cinco anos de experiência em posição de responsabilidade. 

Não poderão candidatar-se: rotarianos; rotarianos honorários; funcionários de qualquer entidade rotária; cônjuges, descendentes diretos (filhos e netos) ou ascendentes (pais ou avós) de rotarianos; ex rotarianos que deram baixa do Rotary há menos de 36 meses, e seus parentes.

Sócios de Rotaract Clubs e pessoas deficientes podem e são incentivados a se inscreverem.

Para se inscrever, o candidato deve baixar na internet o formulário de inscrição, ou solicitar por e-mail junto a um Rotary Club.

Uma vez preenchido o formulário, anexar os documentos pedidos e enviar a inscrição a um dos Rotary Clubs locais até o dia 15 de maio de 2021. 

Desde que foram criados em 2002, os Centros Rotary pela Paz Mundial já formaram mais de 1400 bolsistas (alumni).

ATENÇÃO ROTARIANO!

A você, rotariano, cabe divulgar o programa, de modo a atrair candidatos de qualidade, com o perfil adequado, entre professores, advogados, militares e outros profissionais. 

Prepare um cartaz tamanho A3 e coloque nas salas de reuniões de escolas,  universidades e instituições. 

 

domingo, 4 de outubro de 2020

EDUCAÇÃO, DEVER DE TODOS

 

EDUCAÇÃO, DEVER DE TODOS 

EXCERTOS de palestra realizada 

Alberto Bittencourt

PARTE 1

Segundo um levantamento recente, publicado nos jornais de grande circulação de Pernambuco, apenas 4,6% das crianças termina a quarta série do ensino fundamental com os níveis mínimos de conhecimento, isto é, sabendo ler e escrever, e o que é mais importante, sabendo interpretar o texto que lê. Em aritmética, o índice é um pouco melhor chegando a 6% o percentual dos que chegam à 4ª série sabendo as quatro operações aritméticas. É uma vergonha nacional. É uma chaga, que apesar de todo o dinheiro investido, de tudo o que se gasta, não se consegue extirpar.

São professores desestimulados, professores que não ensinam, que faltam mais do que comparecem, que fingem ensinar, e ninguém cobra melhor desempenho, simplesmente porque ninguém avalia a sua produtividade, que é o aproveitamento escolar.

Há professores que se limitam a passar o tempo todo escrevendo tarefas e exercícios na “louza”, deixando os alunos só a copiar. E copiando apenas, ninguém aprende nada. Há professores que dão apenas o sinal de presença e sentam nas cadeiras e não há nada, absolutamente nada, que os faça levantar. Ali permanecem, a olhar para o infinito.

Os anos mais férteis do ser humano, quando a mente está mais receptiva, mais capacitada ao aprendizado, são passados nas escolas do ensino fundamental. Está provado que, para que a criança possa traduzir o que aprendeu em aumento de produtividade, ela tem que ficar 6 anos na escola em constante aprendizado. Saber diferenciar um WC masculino de um feminino, ou identificar o ônibus pelo seu letreiro, não significa aumento de produtividade. Ensinar a raciocinar, saber distinguir o certo do errado, procurar métodos e soluções que lhe tragam mais rendimento no final do mês, isso sim, é aumento de produtividade.

Que se façam relatórios para serem encaminhados aos secretários de educação, com cópias para o diretor da escola, para os prefeitos e governadores e até para os jornais, televisão, tudo o que puder ser feito, inclusive os Ministérios Públicos e Tribunais de Contas.

Como rotarianos, proprietários de inúmeros prédios escolares, até em respeito à memória daqueles que nos antecederam, temos o dever de zelar permanentemente pela qualidade do ensino, de agir como fiscais, implacáveis, rigorosos, porque não há como tergiversar,  passar a mão por cima quando o produto são as crianças.

Cada rotariano tem o dever de zelar pela boa e correta educação das nossas crianças, nas escolas públicas, estaduais ou municipais. Nossa missão, nosso trabalho, é o de sermos fiscais, zeladores desse patrimônio universal que são os pequeninos, as crianças.

Que cada Rotary Club adote uma escola de sua comunidade! Que cada rotariano adote uma sala de aula. Que cada rotariano entre nas salas e fiscalize os professores. Entre para sentir na pele, vendo, vivendo e aprendendo.


PARTE 2

Companheiros, quero aqui ressaltar um dos nossos maiores problemas: a educação escolar. Acho que cada rotariano tem o dever de zelar pela boa e correta educação das nossas crianças, nas escolas públicas, sejam estaduais ou municipais.

Há muito tempo, mais de 30 anos, 25 Rotary Clubs do Distrito 4500, construíram escolas, escolas com salas de aulas feitas de cimento e tijolo, bem equipadas, que ainda hoje funcionam. São as Escolas Rotary. Há 25 Escolas Rotary em nosso Distrito. Deve haver centenas espalhadas Brasil afora, vale a pena fazer o levantamento. Todas construídas com a dedicação, trabalho, esforço, abnegação e sacrifício de incansáveis  companheiros, que nos antecederam em Rotary, os pioneiros de nossos clubes, que doaram os terrenos, que se esforçaram por edificar neles instalações, as melhores possíveis, para a educação de nossas crianças.

São prédios muito bem construídos, em terrenos excelentes, muito bem localizados, que eles conseguiram e doaram, para que o Rotary construísse essas escolas, numa época em que o Rotary mesmo é que tinha que prover os professores, os funcionários, o material didático.

Hoje, todas essas Escolas Rotary, estão conveniadas com as secretarias de educação estaduais ou municipais, que, além dos professores e do material didático, fornecem a merenda escolar,

Foi a forma de viabilizar essas escolas. O Rotary as entregou para as secretarias de educação e... lavou as mãos! Não é mais com o Rotary. Agora o problema é da Secretaria de Educação. Não interessa se funciona bem ou mal. O fardo foi tirado de nossas costas.

Eu visitei com Helena, todas as Escolas Rotary do Distrito 4500, além de outras assistidas pelos clubes. Verificamos em algumas delas que crianças chegam à quarta série do ensino fundamental e de lá saem sem saber ler, sem saber escrever, sem saber interpretar o que lêem, mal fazendo as quatro operações. Outras precisam de reformas urgentes no prédio e nas instalações. A secretaria de educação diz que nada pode fazer porque o prédio não é dela e o Rotary não concerta porque a escola está entregue ao município ou ao estado, não é com ele.

Em determinada escola do Recife, durante a visita oficial como governador, a Bandeira do Brasil foi hasteada ao som do hino do colégio, posto que nunca ensinaram às crianças o Hino Nacional.

Segundo denúncias da ONG Novo Mundo, que trabalha em escolas do ensino público fundamental, há educandários aqui no Recife, entre elas a escola poeta Manoel Bandeira, ali nos Coelhos, que são antros de marginalidade. Alguns alunos se organizam em gangues, e chegam até a ameaçar de morte, as pessoas que querem melhorar as condições de ensino e de educação. São bandidos que se organizam, chegou a esse ponto na escola chamada Escola do Poeta, com professores que deviam estar na cadeia porque não exercem o seu papel de mestres nem de educadores.

Também vimos Escolas Rotary exemplares, bem cuidadas, as crianças alegres, uniformizadas, orgulhosas ao cantarem o Hino Nacional, em que o ensino funciona magistralmente, sob as vistas e a atenção de rotarianos dedicados.

É preciso rever esses convênios que funcionam mal, cobrar responsabilidades, até o aluguel, se for o caso, por que não?

Eu pergunto: será que nós estamos agindo corretamente, deixando para lá?

O que é que nós podemos fazer? Eu sugiro o seguinte, mas é preciso que todos os companheiros participem: que o nosso clube de Rotary, como representante da sociedade civil organizada, como instituição de utilidade pública que é, como a maior ONG e de maior prestígio e credibilidade, mediante autorização, entre naquela escola, que um companheiro entre numa sala e procure assistir às aulas. Vá olhar, assistir, fique lá uma manhã, tome conhecimento do que se passa nas salas de aulas, se as professoras comparecem, se ensinam, procure sentir na pele os problemas. Só fazer uma visita, passando de passagem, meia hora, de nada adianta. É ficando dentro da sala de aula, verificando como se comportam aquelas professoras, como é que se comportam os alunos, só assim, só dessa maneira, nós podemos mudar alguma coisa. Somente indo lá, onde estão as crianças, vendo, vivendo e aprendendo, sentindo na pele, do contrário vai tudo continuar como dantes, no quartel de Abrantes.

Constatadas as deficiências ou irregularidades, o clube pode fazer um ofício ao Secretario de Educação com cópia para o diretor da escola, mandar para o Ministério Público, e até para imprensa, se entender, denunciando o que for necessário, pedindo providências. Do contrário, aquelas crianças vão continuar ciscando a terra, como galinhas, não vão se desenvolver, aprender a ganhar o pão de cada dia de maneira honesta, exercer o seu papel de águias, divinas, participando do mundo. Serão sempre galinhas a escavar a terra. E pior, muitas dela poderão ser aliciadas pela marginalidade, pelo tráfico de drogas, e serem levadas ao caminho da morte e da destruição.

Contudo, se nós estivermos lá dentro da escola, vendo, vivendo e aprendendo, então nós podemos fazer muito, em benefício de um número cada vez maior de crianças.

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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

DELINQUÊNCIA JUVENIL



DELINQUÊNCIA JUVENIL
Alberto Bittencourt - maio, 2014



Everton tem seis anos. Desde que veio ao mundo, habituou-se a ficar pelas ruas. Antes, nos braços de sua mãe. Depois, por ele mesmo, a esmolar. Finge tomar conta dos carros para receber uma moedinha qualquer que, no fim do dia, leva para ajudar a matar a fome da mãe e dos irmãos, pois a sua, por hora, está controlada, graças à caridade de muitas almas passantes.

Embora tenha sido matriculado na escola, lá só compareceu no primeiro dia.

Mora na favela de Santo Amaro, num barraco insalubre, mal cheiroso, quente no verão e frio no inverno ou à noite. A mãe, quando não está bêbada pela cachaça que ingere todos os dias, está cheia de crack. Nos momentos de lucidez, também ela vai para as ruas pedir esmolas para comprar mais droga.

Everton olha para as pessoas, as que vêm de carro para estacionar e lhe dão uma moeda, como se fossem seres do outro mundo – para ele, elas pertencem realmente a um outro mundo, lá bem distante, o Mundo dos Ricos. Ao cometer pequenos furtos, aproveitando quase sempre desleixos e descuidos próprios de quem tudo tem, de quem pouco valoriza seus objetos por excesso de possuídos, em sua concepção, o garoto acha que está apenas indo buscar o que lhe é devido.

Everton não tem nenhum amor no coração. Palavras como amor ao próximo, valor humano, bondade, respeito, educação, civilidade, são palavras nunca sentidas. Até hoje só conheceu o medo, medo de apanhar da mãe, medo dos espancamentos constantes, sem pretextos. O que preenche seu espírito é o ódio. O ódio por todos, mas principalmente pelas mulheres, como a mãe que o espanca. Ele tem lá dentro um oco enorme que precisa ser preenchido, precisa ser completado. É um oco do tamanho das suas entranhas, da sua fome, da sua falta de amor. Ele tem uma idéia fixa, recuperar tudo que a vida lhe deve, por tanto ter doado aos ricos.

Everton nunca recebeu nenhuma assistência desses órgãos do governo que existem para ajudá-lo, encarregados que são de garantir o bem estar da sociedade.

Everton é quase um bicho, vive por instinto e assim, vai sobrevivendo, a duras penas, na selva de pedra e asfalto, nas calçadas e ruas, de onde olha para muros e guaritas, tais como fortalezas proibidas. 

Aos quinze anos descobriu o uso da força e da violência para roubar. Aprendeu que os ricos não reagem, não resistem, vão logo entregando tudo o que têm. Everton se sente poderoso. O cidadão, sua vítima em potencial, fisica e moralmente desarmado, assustado, é um prato cheio para as mais desmedidas ambições. A omissão dasautoridades, a inércia, corrobora para respaldar esse sentimento de revolta no espírito de adolescentes como Everton e, nessa lógica, as vítimas que resistem devem ser punidas. Ele já puxou três vezes o gatilho, a arma apontada para o miserável que deu a partida no carro. Não quis ouvi-lo, então, merece morrer!

Everton é um pária, não está nas prioridades nem da Polícia, nem da Justiça.

Ele, nas ruas, sente-se rei.

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sexta-feira, 14 de agosto de 2020

DISCIPLINA


DISCIPLINA


Alberto Bittencourt - junho de 2018
                     

         
                            


A disciplina militar prestante,
Não se aprende, senhor, na fantasia,
Sonhando, imaginando ou estudando,
Senão vendo, tratando e pelejando

                                                                      Camões                                      


Os versos de Camões, apostos na pérgola sul do Conjunto Principal 1 da   AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras, são um chamamento e um lembrete do sagrado princípio da disciplina militar. Cunhada na Casa da Moeda, a placa de bronze foi inaugurada por ocasião da transferência da Escola Militar do Realengo para Resende, RJ. São as quatro últimas estrofes do Canto X dos Lusíadas, cujo teor original é o seguinte:


            De Phermião, philosopho elegante, 
            Vereis como Annibal escarnecia, 
             Quando das artes bellicas diante
             D’elle com larga voz tratava e lia. 
             A disciplina militar prestante
             Não se aprende senhor, na phantasia, 
             Sonhando, imaginando ou estudando;
             Senão vendo, tratando e pelejando.

               Luiz Vaz de Camões
               (Canto X, estrofe CLIII - Lusíadas)

A disciplina é base de toda organização militar. Compreende a disciplina externa e a disciplina interna. A primeira, significa o respeito aos superiores hierárquicos, obediência às leis, normas e regulamentos. A segunda, também chamada de auto disciplina, é a convicção de agir da forma correta. É o amor à Pátria, ao Exército, à Família.

Assim como a liderança, a disciplina só se aprende praticando.
Desde cedo, aprendi a dar valor aos conceitos de disciplina. Filho de família de militares, eu cursava a primeira série ginasial do CMRJ quando um ataque  do coração tirou a vida de meu pai. Tornei-me então aluno da categoria gratuito órfão. 

Costumo dizer que tudo o que sou devo ao Exército. Do Colégio Militar, fui para a AMAN, onde me formei em 1963, oficial da Arma de Engenharia, e depois cursei o IME – Instituto Militar de Engenharia, graduando-me em 1971, engenheiro militar, de Construções e Fortificações.

O PÁTIO TENENTE MOURA - PTM






O pátio de formaturas do Conjunto Principal da AMAN tinha o nome de Pátio Tenente Moura, comumente chamado pelos cadetes de PTM. Sendo quase desconhecido o Tenente Moura, resolveram mudar o nome do Pátio para Pátio Marechal Mascarenhas de Morais. A cadetada imediatamente o batizou como P3M, por analogia com PTM e sonoridade parecida. Posteriormente, o antigo nome foi restabelecido.  Nesse pátio, o PTM, diariamente o corpo de cadetes realiza sua formatura matinal, nas frias manhãs da  cidade de Resende.
Ao som da banda militar, os desfiles se realizam sob a frase, afixada no alto do Pavilhão Principal, de forma a ser bem visível pela tropa em marcha:

Cadetes, ides comandar, aprendei a obedecer.

A frase sintetiza todo uma filosofia de ensino e aprendizagem. Associa-se à outra frase, que está sempre aposta nas reuniões de Treinamento de Governadores eleitos do Rotary.

Entre para aprender, saia para servir.

Assim como obedecer está para comandar,
aprender está para servir.
quem obedece, está servindo;
quem serve está aprendendo.
Tudo implica em disciplina.

COLÉGIOS MILITARES

Quando eu era menino, as mães de meus colegas de rua, olhavam-me naquele incômodo uniforme de brim caqui e vermelho, túnica abotoada até o pescoço e quepe, com uma ponta de inveja. Elas diziam que estudar no Colégio Militar era um raro privilégio pelas seguintes razões:

  • qualidade de ensino
  • prestação de serviço militar – reservista de 2ª categoria
  • disciplina
Sendo que esta última era, sem dúvida, a mais importante.

A disciplina do corpo docente sempre foi uma característica dos Colégios Militares.
Mais tarde verificou-se o valor da disciplina, pelos resultados das provas do ENEM em que os Colégios Militares do Brasil figuram sempre nos primeiros lugares, de Norte a Sul. 

Se hoje eu posso dizer que sei escrever graças ao que aprendi no Colégio Militar do Rio de Janeiro.
Desde a quinta série do curso ginasial, até a terceira série científica, hoje Ensino 
Fundamental 2 e Ensino Médio, havia a tarefa semanal de fazer uma redação. Nas aulas, nas provas de português, em casa. Todas as redações eram corrigidas em detalhe por professores bem motivados, que assinalavam erros, gramaticais, ortográficos, de concordância e outros. No final davam o grau, variando de zero a dez.

Como não aprender a escrever? Quando vejo hoje faculdades de direito ou de jornalismo em que os alunos nunca ou raramente escrevem, e dali saem semi-analfabetos, ou quase analfabetos funcionais em termos de linguagem, dou valor ao ensino que recebi do Exercito por professores militares da melhor competência.

Mas não foi apenas em português – Nas ciências exatas também o ensino era levado muito a sério. Ciências Naturais, Física, Química, Matemática, Descritiva, era preciso realmente estudar, praticar, fazer exercícios e tarefas. Que diferença para o que se vê hoje em dia, principalmente no ensino público, em que professores inescrupulosos entram em greve, por dois ou três meses, insuflados por sindicalistas interesseiros, na busca de novas conquistas trabalhistas ou melhores salários.

Por isso, a minha geração os militares tanto prezam a disciplina.


AMAN - ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

Ao chegar à AMAN, os novos cadetes, vindos de todos os recantos do Brasil, de origens bem diversas, posto que alguns vieram dos diversos Colégios Militares, outros das Escolas Preparatórias e havia ainda os oriundos do meio civil, dos vários estados do Brasil.  Para homogeneizar o grupo, a primeira semana era dedicada à ordem unida. Seis horas por dia, sendo as duas outras reservadas para educação física. O efetivo, em torno de 300 ou mais alunos por turma, era dividido em pelotões, cada um sob o comando de um tenente. Assim ficávamos horas e horas marchando no pátio de cimento, sob um sol às vezes escaldante, no início sem banda, a tropa evoluindo ao comando da voz do tenente. 

Naquele momento, as individualidades eram sufocadas pelo coletivo. Quarenta jovens perfeitamente sincronizados, em que o movimento de cada um era o movimento do todo, em que cada aluno deixava de ser um e passava a ser uno. E cada um queria que o seu pelotão fosse o melhor. Ninguém podia errar, para não comprometer o conjunto. E a tropa evoluía quase que sozinha, reagindo aos comandos da voz com precisão e automatismo.

Assim, quando o todo passa a vigorar sobre a individualidade, quando o conjunto, o coletivo passa a ser mais importante que a unidade, o objetivo é alcançado. Mesmo sincronizados os movimentos ao final de horas e horas de treinamento intenso, não se podia relaxar. Havia que se manter a sinergia. 

Atingindo o que se chama, na tropa de Espírito de Corpo, não se podia, em momento algum esmorecer, pois o Espírito de Corpo, assim como a disciplina militar prestante têm que ser praticadas diariamente, em todos os instantes, a todo momento, sob pena de se diluir no tempo e no espaço. 

Pode parecer difícil, para quem de fora observa, mas para o soldado ou o cadete, que vivencia, que está dentro do contexto, torna-se fácil. Ele se adapta perfeitamente à esse novo modo de vida e passa a se alimentar dele e a alimentá-lo, para ter sucesso e viver.

O Espírito de Corpo no Exército, tem que ser levado até as últimas  conseqüências. Ninguém pode titubear ou ser fraco ante o inimigo, no inferno da guerra. Se o treinamento tiver sido falho, se o Espírito de Corpo não prevalecer, o foco pode ser desviado para outros objetivos, por outros agentes, para causas não tão nobres.

Para tanto, há que se treinar, preparar, ensinar, aprender. Um jovem de 20 e poucos anos, colocado com poder na mão, em território hostil, se não estiver muito bem preparado, pode perder o foco dos objetivos mais nobres da missão que recebeu e se deixar levar pelas paixões que se entrelaçam.

Para preservar a autoridade do uniforme que veste, da missão que recebeu ele não pode perder de vista os objetivos maiores do serviço que presta.
Isso explica os excessos e desvios que por vezes são praticados por militares durante as guerras. Eles deixaram de se considerar unos com o todo, com o coletivo e foram aliciados pelas paixões exacerbadas.

O que fazer? Todo excesso deve ser punido exemplarmente . Não  pode comprometer o sucesso da missão, mas deve evitar que fatos indesejados aconteçam. Deve-se inclusive verificar se os mesmos foram devidamente instruídos a respeito da nobreza da missão que lhes cabe desempenhar. Qual o papel de cada um, qual a razão da tarefa a se desincumbir, os tipos de procedimentos em cada caso, as consequências passíveis de ocorrerem. 

O que fazer em casos de desarticulação, individual ou coletiva? O emprego das armas deve ser muito bem estudado, porque, em se tratando de vidas humanas, nenhuma missão é menor ou secundária.  Quando o meio em que se vai atuar é diferente do meio em que se está habituado, há que se manter a qualquer custo a ordem, disciplina, o respeito à autoridade. 

Quando as pessoas se consideram vítimas do estado, algoses da sociedade, submissas ao poder paralelo dos traficantes, ante a omissão e o descaso dos poderes constituídos, tudo pode acontecer.




CASTRO ALVES.


"Não cora o livro de ombrear co'o sabre

E nem cora o sabre de chamá-lo irmão."

Castro Alves

 

Esta frase, está escrita na pérgola da AMAN- Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, Estado do Rio.

Nela, Castro Alves reporta-se à compatibilidade entre as ações militares / esportivas e as intelectuais.

Comprovei a veracidade de tal assertiva durante o meu curso de formação de Oficial do Exército.

Na AMAN os mais brilhantes alunos na parte intelectual são também os mais destacados atletas na parte esportiva.

Uma comprovação da máxima aposta no muro do campo de futebol do CMRJ – Colégio Militar do Rio de Janeiro:

MENS SANA IN CORPORE SANO




sexta-feira, 31 de julho de 2020

DESENVOLVER O HÁBITO DE CONTAR ESTÓRIAS 




Tirei de meu diário o texto a seguir, escrito em 2014. Coloco como sugestão às escolas e professores nos dias de hoje. Nas escolas bilíngues, o que menos importa são as legendas em inglês, posto que a partir das gravuras é que os pais devem inventar as estórias e contar para os filhos que as reproduzirão nas salas de aulas. Fica a sugestão. Vamos adotar essa prática para ver o resultado?

DESENVOLVER O HÁBITO DE CONTAR ESTÓRIAS. 
Alberto Bittencourt - março de 2014

 Toda criança pequena gosta de ouvir estórias.  Entretanto, o antigo hábito da mamãe contar uma estória para o filho na hora de dormir, parece-me, está desaparecendo do quotidiano das famílias.  Nos tempos atuais, o fato da esposa ter que trabalhar para ajudar no sustento da casa, faz com que ela chegue cansada e estressada ao fim do dia. E aí não sobra tempo, nem energia, nem ao menos um pouco de paciência, para sentar ao lado das crianças, dar asas à imaginação inventar um personagem, criar um enredo, tecer uma trama, por mais simples que seja para, com voz suave e doce, na penumbra do quarto, fazer o sono chegar e a criança adormecer.  Infelizmente tal hábito está praticamente abolido nas relações familiares, o que é uma pena. Deveria ser cultivado e incentivado por país, mestres e educadores, nas escolas do ensino fundamental.

Lembro de ter lido em algum lugar onde havia uma escola que incentivava tal prática.  A professora entregava a um aluno escolhido um livro. Era um livro simples, com fotos e gravuras e poucas legendas, apenas o essencial. O aluno levava o livro para casa.  A tarefa era pedir à mamãe para contar a estória do livro. Como a maioria dos pais nessas escolas públicas e do interior eram analfabetos, ele deveria inventar a narrativa,  a partir das  gravuras do livro. Assim se estimulava a imaginação do pai ou da mãe e o contato, a aproximação a criação de um canal de comunicação entre pai, ou mãe e filho. 

Estabelecia-se então um elo que jamais seria quebrado, um elo de amor, de aceitação de um e do outro, certamente um elo transformador que teria enorme influência na formação da personalidade e no caráter daquela criança.  Seu futuro estaria sendo moldado  no contato, na comunicação, na solidariedade e no amor. A criança jamais esqueceria desses momentos, uma imagem que guardaria para o resto de sua vida.  Aí está um papel da maior importância desempenhado por uma pequena escola do interior.  As crianças ficavam loucas para levarem os livros para casa. 

No dia seguinte, caberia à criança contar para a classe a estória que ouvira de sua mãe.  Um estímulo para o cérebro, para a mente, para a imaginação criativa da mãe e do filho.   Eis uma prática que todas as escolas deveriam adotar. Haveria menos violência no mundo, não tenho a menor dúvida, se a prática fosse disseminada. Os adultos seriam mais humanos, mais amorosos, menos frios, e mais calorosos, mais amigos e mais solidários, porque a semente do amor fora plantada no coração das crianças na sua infância.

Nos dias atuais é mais fácil entregar um celular a cada filho. Eles se isolam num mundo virtual e deixa-se de cultivar o hábito da leitura crítica e da escrita criativa.


CONTANDO ESTÓRIAS PARA DORMIR

Mais, mais, conta outra, mais uma, exige a criança, apoiada no travesseiro, as mãos espalmadas  sobre a cama.  A mãe tem que rapidamente inventar uma outra estória improvisada que faça sua filha dormir.  Ela mistura os personagens dos irmãos Grimm, com outros inspirados nos desenhos animados, formando uma fábula simpática, com um ensinamento moral no fim.  A mamadeira cai para um lado, os pés se aquietam, os olhos começam a fechar. A criança enfim dorme. Vitória da mãe.
Fora do quarto a esperam muitas horas de trabalho doméstico.  Lavar a louça, colocar o feijão de molho. Pelo menos a criança dormiu.

Malgrado a pressão da vida moderna e os problemas de moradia, muitos pais antigamente contavam estórias aos seus filhos na hora de dormir. Alguns liam contos, enquanto outros os inventavam, ou evocavam os que escutaram em suas infâncias.  Os filmes de vídeo e os filmes de Disney trouxeram novas situações e novas personagens para contar.  Não é de se estranhar que Tom e Jerry tenham se tornado amigos nessas estórias, ou que Harry Potter seja vítima de uma maçã envenenada.
O esperado é que as pálpebras fiquem mais pesadas e o sono chegue o mais rápido possível.

 Há alguns dias, um amigo me contou que a filha lhe pedira para contar uma nova estória.
Uma estória, papai, que não está nos livros.
O pai, fatigado de uma jornada de trabalho, incapaz de inventar uma nova ficção, decidiu contar sua própria rotina. Começou assim:
Era uma vez um homem que levantava todos os dias às seis horas da manhã.
Enquanto ia falando, os olhos de sua filhinha revelavam expectativa.
Ele ia comprar o pão para o café e, em seguida, partia para o trabalho.  O ônibus às vezes passava dentro do horário, às vezes atrasava.
 Um pequeno sinal de impaciência começava a se esboçar na fisionomia da pequena. Mas ele continuava:
No fim do mês ele recebia um salário que dava apenas para pagar a conta de eletricidade, comprar um pouco de alimento, para garantir a sobrevivência.
Um muxoxo de frustração interrompeu a monótona narrativa.
Papai, eu quero uma estória onde são os bons que ganham.

Outro amigo contou-me que a filha de cinco anos lhe pediu para contar uma historia de princesas.
Ele perguntou:
De quais princesas você gosta mais?
A menina respondeu:
Eu gosto das que desmaiam...


terça-feira, 28 de julho de 2020

TORCIDAS EM FÚRIA.

TORCIDAS EM FÚRIA

Alberto Bittencourt- 13 set 2016 



As cenas foram dantescas. Dezenas de jovens munidos de pedaços de pau, a se agredirem mutuamente nas ruas, antes da realização da partida de futebol , de um desses clássico das multidões.

O chefe de uma das torcidas foi literalmente massacrado, já caído por terra, indefeso, atacado por torcedores rivais, até com pá, chutes, pisoes e porretes. Foi internado em estado grave. Escapou por um tris. Podia ter morrido.

Toda a barbárie foi filmada. Os autores da chacina foram identificados, protagonistas da violência. Os "de maior" já estão presos, recolhidos, enquanto os "de menor" foram aprisionados nas Funases. A partir daí passarão a contar com a assistência integral do estado: casa, comida e até mesada. Dentro em pouco estarão de volta às ruas, onde continuarão a praticar atos de barbarismo.

O chefe de uma das torcidas, cinicamente vestindo a camisa do clube de futebol, assinou no hospital um Termo de Responsabilidade, para poder voltas às ruas, em liberdade. Que se passa na cabeça dele? Teria medo de ser assassinado, caso permanecesse no hospital? Ou pretende exercer o papel de vingador e acionar os asseclas na cruel missão de dar o troco aos algozes? Ninguém sabe a quem interessa toda essa guerra das torcidas organizadas, na verdade, gangues a tudo dispostas.

Ontem, a torcida de um clube saiu em motos na direção do principal estádio de futebol da cidade. Eram mais de 400. Para quê? Qual a finalidade de todo esse aparato?

Quem são esses jovens, anônimos, que não estudam , não trabalham, tampouco têm oportunidades na vida? Desprovidos de ideal, nem mesmo aspiram a uma vida útil e produtiva. Tampouco são tocados pela crença, pela fé num Deus superior, o quê, pelo menos os afastaria da violência.

Antes eram os bailes Funks, o objeto das investidas dessas gangues.

Antes ainda, num carnaval fora de época, quem não lembra do bloco Balança Rolha?
Uma turba enfurecida baixou da periferia, em ataque contra os foliões protegidos pelos cordões de isolamento. Os que puderam pagar o abadá, viraram alvos da raiva e do ódio dos que nada tinham. Foram as manchetes daquele tempo.

O que faltou nesse Brasil que não deu certo?

Apenas uma coisa: EDUCAÇÃO.

Se a eles tivesse sido dada alguma educação de qualidade, em escolas bem instaladas, com professores motivados, provavelmente eles hoje teriam outras metas e objetivos na vida.

Não me refiro a essa educação de fachada, em que os professores fingem ensinar, os alunos fingem aprender e os pais fingem acreditar. E o aluno, termina o curso, se não evadiu-se antes, como analfabeto funcional, mal sabendo assinar o próprio nome. Frequentou escolas, mas não conseguiu aprender.

É a dura realidade do nossos ensino público, que se contrapõe à propaganda oficial de Escola de Referência, ou Ensino Integral. É uma lástima e uma tragédia ao mesmo tempo. A maioria daqueles jovens, sem outras oportunidades, vai se meter com traficantes, com drogas, e não passará dos vinte e quatro anos de vida. As estatísticas estão aí para confirmar. Uma pena .

Vivemos em permanente crise. Ou será que a crise neste país é apenas crise de autoridade? Se for, basta mostrar aos vândalos, aos baderneiros, onde está a autoridade, de verdade: "escreveu, não leu, o pai comeu". É isso aí, bicho.

Presumivelmente a grande maioria dos jovens das torcidas organizadas dos clubes de futebol pertencem à chamada periferia. Vivem em favelas, moram em barracos insalubres, num meio deturpado pela pobreza, pela fome, pela doença, pela violência, desprovidos de água, de esgoto, do mínimo razoavelmente tolerável. Vivem e habitam em condições sub humanas e sub normais. Cresceram ao Deus dará, abandonados à própria sorte. A maioria, filhos de mães adolescentes, desconhece o pai.

Nos momentos de conflitos, quando se juntam em bandos, ou gangues, surgem os aproveitadores, a quem interessa o acirramento dos ânimos. São os integrantes dos chamados movimentos sociais,  e outros, vivandeiros do caos, da barbárie, cultores da anarquia, do quanto pior melhor. É a triste realidade do Brasil do futuro.

NOTA: A partir de 2020 as torcidas organizadas levantaram a falsa bandeira da defesa da democracia, se autodenominaram "antifas", e partiram para o vandalismo.

domingo, 28 de junho de 2020

EDUCAÇÃO, DEVER DE TODOS


EDUCAÇÃO, DEVER DE  TODOS

Alberto Bittencourt

(EXCERTOS de palestra realizada em set 2007)

Companheiros, quero aqui ressaltar um dos nossos maiores problemas: a educação escolar. Acho que cada rotariano tem o dever de zelar pela boa e correta educação das nossas crianças, nas escolas públicas, sejam estaduais ou municipais.

Há muito tempo, mais de 30 anos, 25 Rotary Clubs do Distrito 4500, construíram escolas, escolas com salas de aulas feitas de cimento e tijolo, bem equipadas, que ainda hoje funcionam. São as Rotary. Há 25 Escolas Rotary em nosso Distrito. Deve haver centenas espalhadas Brasil afora, vale a pena fazer o levantamento. Todas construídas com a dedicação, trabalho, esforço, abnegação e sacrifício de incansáveis  companheiros, que nos antecederam em Rotary, os pioneiros de nossos clubes, que doaram os terrenos, que se esforçaram por edificar neles instalações, as melhores possíveis, para a educação de nossas crianças.

São prédios muito bem construídos, em terrenos excelentes, muito bem localizados, que eles conseguiram e doaram, para que o Rotary construísse essas escolas, numa época em que o Rotary mesmo é que tinha que prover os professores, os funcionários, o material didático.

Hoje, todas essas Escolas Rotary, estão conveniadas com as secretarias de educação estaduais ou municipais, que, além dos professores e do material didático, fornecem a merenda escolar,

Foi a forma de viabilizar essas escolas. O Rotary as entregou para as secretarias de educação e... lavou as mãos! Não é mais com o Rotary. Agora o problema é da Secretaria de Educação. Não interessa se funciona bem ou mal. O fardo foi tirado de nossas costas.

Eu visitei com Helena, todas as Escolas Rotary do Distrito 4500, além de outras assistidas pelos clubes. Verificamos em algumas delas que crianças chegam à quarta série do ensino fundamental e de lá saem sem saber ler, sem saber escrever, sem saber interpretar o que lêem, mal fazendo as quatro operações. Outras precisam de reformas urgentes no prédio e nas instalações. A secretaria de educação diz que nada pode fazer porque o prédio não é dela e o Rotary não concerta porque a escola está entregue ao município ou ao estado, não é com ele.

Em determinada escola do Recife, durante a visita oficial como governador, a Bandeira do Brasil foi hasteada ao som do hino do colégio, posto que nunca ensinaram às crianças o Hino Nacional.

Segundo denúncias da ONG Novo Mundo, que trabalha em escolas do ensino público fundamental, há educandários aqui no Recife que são antros de marginalidade. Alguns alunos se organizam em gangues, e chegam até a ameaçar de morte, as pessoas que querem melhorar as condições de ensino e de educação. São bandidos que se organizam, chegou a esse ponto, com professores que deviam estar na cadeia por não exercerem o seu papel de mestres nem de educadores.

Também vimos Escolas Rotary exemplares, bem cuidadas, as crianças alegres, uniformizadas, orgulhosas ao cantarem o Hino Nacional, em que o ensino funciona magistralmente, sob as vistas e a atenção de rotarianos dedicados.

É preciso rever esses convênios que funcionam mal, cobrar responsabilidades, até o aluguel, se for o caso, por que não?

Eu pergunto: será que nós estamos agindo corretamente, deixando para lá?

O que é que nós podemos fazer? Eu sugiro o seguinte, mas é preciso que todos os companheiros participem: que o nosso clube de Rotary, como representante da sociedade civil organizada, como instituição de utilidade pública que é, como a maior ONG e de maior prestígio e credibilidade, mediante autorização, entre naquela escola, que um companheiro entre numa sala e procure assistir às aulas. Vá olhar, assistir, fique lá uma manhã, tome conhecimento do que se passa nas salas de aulas, se as professoras comparecem, se ensinam, procure sentir na pele os problemas. Só fazer uma visita, passando de passagem, meia hora, de nada adianta. É ficando dentro da sala de aula, verificando como se comportam aquelas professoras, como é que se comportam os alunos, só assim, só dessa maneira, nós podemos mudar alguma coisa. Somente indo lá, onde estão as crianças, vendo, vivendo e aprendendo, sentindo na pele, do contrário vai tudo continuar como dantes, no quartel de Abrantes.

Constatadas as deficiências ou irregularidades, o clube pode fazer um ofício ao Secretario de Educação com cópia para o diretor da escola, mandar para o Ministério Público, e até para imprensa, se entender, denunciando o que for necessário, pedindo providências. Do contrário, aquelas crianças vão continuar ciscando a terra, como galinhas, não vão se desenvolver, aprender a ganhar o pão de cada dia de maneira honesta, exercer o seu papel de águias, divinas, participando do mundo. Serão sempre galinhas a escavar a terra. E pior, muitas dela poderão ser aliciadas pela marginalidade, pelo tráfico de drogas, e serem levadas ao caminho da morte e da destruição.

Contudo, se nós estivermos lá dentro da escola, vendo, vivendo e aprendendo, então nós podemos fazer muito, em benefício de um número cada vez maior de crianças.







DUAS MULHERES E AS NOVAS GERAÇÕES


DUAS MULHERES E AS NOVAS GERAÇÕES

Alberto Bittencourt
Escrito em março de 2006, antes do terremoto
que devastou o Haiti e vitimou nossa Zilda Arns.


O dia 08 de março de cada ano é consagrado como Dia Internacional da Mulher. Gostaria de render uma homenagem à mulher brasileira. Faço-o, na pessoa de duas líderes femininas que estão fazendo a maior diferença em nosso querido Brasil. São duas mulheres merecedoras dos maiores encômios, das maiores reverências. Duas mulheres que, pelo exemplo, pelo comportamento, pelas ações, dão uma prova contundente de que é possível resgatar as crianças da encruzilhada da vida, mostrar-lhes o caminho do bem, dar-lhes a tão sonhada oportunidade de crescer com dignidade, para que, no futuro, possam ganhar a vida de maneira honesta.  
Refiro-me a Viviane Senna e Zilda Arns.
Viviane Senna, a presidente do Instituto Ayrton Senna, está mudando a face do ensino público no Brasil. 
Zilda Arns, organizadora e coordenadora da Pastoral da Criança, já reduziu em mais de 40% os índices de mortalidade infantil no país. 
Em 2004-05, quando fui governador do Centenário, percorri, com Helena, as obras dos 92 Rotary Clubs do nosso Distrito 4500. Testemunhamos nas escolas Rotary do interior nordestino o alcance do trabalho dessas duas mulheres.  
Viviane Senna gerencia e aplica na melhoria do ensino fundamental das Escolas Públicas o legado de Ayrton Senna, nosso tri-campeão mundial de Fórmula 1, o herói que projetou o nome do Brasil para as gerações do mundo inteiro.  
O Instituto Ayrton Senna, com os programas "Se Liga" e   "Acelera Brasil" já beneficiou mais de 3 milhões de crianças, com recursos aplicados de cerca de 36 milhões de dólares em 500 cidades brasileiras, em 24 estados da federação.  
Ayrton Senna, neste 21 de março de 2006, completaria 46 anos de idade. Todo o país chorou naquele trágico 1. de maio de 1994, no circuito de Ímola. Mas o homem que tanto orgulho trouxe a todos nós brasileiros, não nos deixou. Está mais vivo do que nunca, presente no Brasil inteiro. Pouco antes do acidente fatal, ele havia confiado à sua irmã, o desejo de empreender uma obra de longo alcance pelas crianças desfavorecidas.  
Viviane Senna, mãe de três crianças, que, dois anos após a morte do irmão, perdera também tragicamente o marido num acidente de moto, sufocou a depressão. Em lugar de se fechar em seu mundo, resolveu consagrar a vida às crianças carentes, fazer a vontade de seu irmão.  
Dentro do programa "Se Liga", do Instituto Ayrton Senna, crianças em poucos meses aprendem a ler, interpretar textos, escrever, fazer as operações aritméticas básicas. No "Acelera Brasil" as que ficavam marcando passo, defasadas de 2 a 4 anos em relação à idade, em apenas 1 ano se recuperam, passam a ter um progresso rápido.
O Instituto Ayrton Senna já firmou convênio com cinco estados brasileiros, entre eles Pernambuco.   Os resultados obtidos pela atuação inovadora e eficaz são reconhecidos pela UNESCO.
Viviane Senna adquiriu tal competência em matéria de desenvolvimento humano, que o presidente Lula quis fazer dela um de seus ministros, mas Viviane prefere agir fora da burocracia, em total liberdade.
Agora pergunto: Por que a educação funciona com o Instituto Ayrton Senna e não funciona com o chamado Ensino Regular das Escolas Públicas?   Se ambos utilizam os mesmos professores, as mesmas instalações, as mesmas crianças , os mesmos meios, por que o Ensino Público não consegue fazer o mesmo ?  
A receita nós sabemos:
1.     capacitação,adequada,
2.     supervisão permanente,
3.     avaliação constante.
4.     motivação elevada. 
Os ingredientes, nem sempre estão disponíveis:
1.     seriedade,
2.     patriotismo,
3.     amor
4.     dedicação.  
Zilda Arns, com as voluntárias da Pastoral da Criança, já salvou a vida de mais de 2 milhões de crianças. Ela ensina e fornece alimentação alternativa, transmite cuidados essenciais, como o soro caseiro, dá noções de higiene às mães e filhos, promove inúmeras atividades educativas e de recreação. Eu e Helena provamos da multimistura, das maravilhosas receitas, tão simples, nutritivas, saborosas, na base de cascas de melancia e outras frutas.  
Os resultados da Pastoral da Criança tornaram Zilda Arns merecedora de concorrer ao Prêmio Nobel da Paz em 2001, indicada que foi, pelo governo brasileiro.
Uma coisa devemos refletir: o programa de Zilda Arns tem a participação ativa, constante, dedicada, de mais de 250.000 voluntários, a maioria mulheres. Elas estão presentes, trabalhando, ensinando às mães e às crianças a forma correta de se alimentar, de preparar e aplicar o soro caseiro, os cuidados a ter com a higiene pessoal. Elas estão mudando as condições de vida daquelas famílias.
Agora, outra pergunta para reflexão: Como é que Zilda Arns consegue mobilizar mais de 250.000 voluntários para um trabalho permanente e constante e nós, do Rotary Club, temos às vezes a maior dificuldade em conseguir 10 minutos que seja, de um companheiro? Os   250.000 voluntários da Pastoral da Criança estão lá, dando seu tempo, sua energia, sem receber nada em troca. 
O comunicador e motivador, comp César Romão em magnífica palestra-show no Instituto Rotário de Cuiabá, nos deu a resposta: porque Zilda Arns transformou a missão em que acreditava e na qual mergulhou, numa CAUSA.  Ela abraçou, defendeu, lutou por essa CAUSA e com isso ela foi seguida por uma legião de voluntários. Se nós não transformarmos o nosso Rotary numa CAUSA igual a essa, nós vamos permanecer marcando passo, sem sair do lugar, completou César Romão.
Então, companheiros, as luzes se acendem, a esperança está de volta.
Registro assim, nas pessoas de Viviane Senna e Zilda Arns a minha homenagem à mulher brasileira pelo transcurso do seu Dia Internacional da Mulher.