ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sábado, 13 de janeiro de 2018

A ÉTICA CONVIVENCIAL


A ÉTICA CONVIVENCIAL

 Discurso pronunciado na abertura do fórum “A ÉTICA CONVIVENCIAL”, realizado no Tribunal Regional Federal de PE, sob a presidência da Exma sra. Desembargadora Margarida Cantarelli, em homenagem aos 100 anos do Rotary International,  nos dias 10 e 11 de março de 2005, pelo governador do Distrito 4500 do R.I. – Alberto Bittencourt.

Os palestrantes - Gustavo Krause, Alberto Bittencourt e Arli Melo Pedrosa, 
presidente do NACC - Núcleo de Apoio à Criança com Câncer.


            Como governador do Distrito 4500 do Rotary International, que congrega mais de 2.500 rotarianos e suas famílias em 92 Rotary Clubs dos estados de PE, PB e RN, rejubilo-me com este egrégio Tribunal Regional Federal, pela feliz iniciativa de promover este fórum de “Ética Convivencial”, como forma de reconhecimento e homenagem pelo transcurso do aniversário de 100 anos do Rotary International.
            Simplesmente o fato de ter chegado aos 100 anos de idade já é uma prova de sua importância para o mundo. Mas, quais foram as razões que  possibilitaram ao Rotary, celebrar agora “100 anos de sucessos” e lançar-se fortalecido no mundo, para realizar mais 100 anos de serviços? No meu entender, são quatro as principais razões da longevidade do Rotary.


Primeira razão da longevidade do Rotary:  voluntariado
            O Rotary é constituído por mais de 1,2 milhões de rotarianos distribuídos em 32.000 Rotary Clubs em 529 distritos, 166 países e uma região geográfica, a da Antártica, todos voluntários, líderes em seus segmentos profissionais, de conduta ética ilibada, reunidos com o objetivo maior de ajudar ao próximo. Esta é a primeira razão da longevidade do Rotary. A de que todos os rotarianos, sejam eles de que país forem, independente do credo religioso que professem, da ideologia política que abracem, da raça, da posição social, todos são dedicados e consagrados ao ideal de servir, ao trabalho em prol dos necessitados, a melhoria de condições de vida dos menos afortunados, não importa o país, não importa a região, não importa a comunidade. Onde houver sofrimento, onde houver fome, onde houver miséria, onde houver guerras, conflitos, cataclismas, violência, lá estarão sempre os rotarianos, eixos propulsores da solidariedade, da compreensão entre os povos, do amor ao próximo, do “dar de si, antes de pensar em si”.
            Por ser uma usina produtora do bem no mundo é que esta entidade chegou aos 100 anos de idade e celebra hoje o seu centenário. Mas não é essa a única razão.


Segunda razão da longevidade do Rotary:  companheirismo
Como podem os homens de bem, em meio a tantos percalços, tantas dificuldades, tantas ameaças, deixarem o aconchego de seus lares, o afago e o carinho de suas famílias, o conforto de suas residências, e se lançarem nas mais diversas atividades, colocando energias, seu tempo, seu dinheiro, em sacrifício muitas vezes de seus próprios negócios profissionais, em algo que a única remuneração é a consciência tranqüila  a satisfação individual, o sentimento de ter cumprido seu dever? Isso só é possível porque o Rotary pratica a filosofia da união, da comunhão de todos os homens, da integração das famílias rotárias, da mútua ajuda e da mútua cooperação, do não ao separatismo, não à divisão, não ao isolacionismo, não ao egoísmo ou egocentrismo, não à competição, não à vaidade cega pura e simples. É  essa a segunda razão da longevidade do Rotary. Ninguém pode negar a força da união e do companheirismo, a força do pensamento coletivo. Juntos, unidos, podemos realizar milagres, fazer muito mais do que cada um poderia fazer isoladamente. Juntos, constituímos uma sinergia que é a energia resultante do coletivo, muito maior do que a soma das energias dos seus componentes. Juntos, podemos multiplicar os pães, podemos mover montanhas, parodiando o musical o Homem de La Mancha, que conta a história de um cavaleiro andante que encontrou nas ruas uma prostituta, uma mulher, sem eira nem beira, sem passado, sem futuro, um reles instrumento nas mãos de todos os homens que passaram por sua vida. O cavaleiro viu nessa mulher as virtudes de uma deusa. Encontrou nela qualidades divinas, que passou a enaltecer, a exaltar, tornou-a sua verdadeira musa inspiradora. Deu-lhe o nome de Dulcinéa, a mulher dos seus sonhos. A dama, a princípio reagiu, afastou-se, não aceitou a nova condição, na visão daquele cavaleiro. Ele não desistiu. O tempo foi passando e ela foi incorporando aquele sentimento sublime. Aos poucos foi se erguendo da condição rasteira até aceitar a divina posição, assumir o papel de diva e assim chegou ao seu leito de morte. O homem de La Mancha então cantou a canção que nos inspira:

Juntos, podemos sonhar o sonho impossível,
Afastar a tristeza infinita,
Vencer o inimigo invencível
Chegar aonde nem os mais 
corajosos ousaram chegar.
           
            É o poder da união que faz o Rotary chegar aos 100 anos de sucesso e buscar mais cem anos de serviços.
            Para materializar a união, fomos buscar em La Fontaine, o símbolo para o nosso ano Rotário no distrito 4500: O FEIXE DE VARAS. Separadas, as varas são facilmente vencíveis, quebráveis, mas unidas, num feixe de varas, são impossíveis de derrotar, de serem quebradas. É o poder da união, a segunda razão da vitória, que fez o Rotary capitanear a maior campanha de saúde pública que já ocorreu em toda a história da humanidade: a da erradicação da poliomielite da face da terra.
            Sozinhos nunca chegaríamos a mobilizar tão grandes esforços, de gente, de recursos, para levar a vacinação, as duas gotinhas da vacina Sabin, a 2 bilhões de crianças, nos mais difíceis, inóspitos, recônditos recantos da terra. Em países da África e da Azia, do Oriente, há décadas conflagrados  por guerras fraticidas que já ceifaram milhões de vidas, que devoraram recursos humanos, e naturais insubstituíveis. Voluntários rotarianos lideraram milhões de outros voluntários, em mais de 20 milhões de horas de trabalho em campanhas e dias nacionais de imunização. Tréguas em conflitos, armistícios em guerras foram decretados, em territórios infestado de minas terrestres, contaminados por doenças como AIDS, tuberculose, malária, onde a ignorância, a miséria, a violência leva a inimagináveis preconceitos, como o de que a vacina produzia nas crianças a esterilização e transmitia a AIDS. Que o diga o EGD EUDES DE SOUZA LEÃO PINTO, nossa maior expressão na Campanha da Pólio Plus.
            Conseguimos superar isso tudo. Estamos em vias de bradar aos 4 ventos:  o mundo está livre da pólio!! Nunca mais uma criança vai morrer ou ficar aleijada, vítima da paralisia infantil. Por isso este meu grito, ao celebrar os 100 anos do Rotary, é celebrar a vida, é celebrar a saúde, é celebrar a paz. 
   Mas não é apenas isso. Os programas de alfabetização do Rotary, chamados Lighthouse levaram com sucesso, em muitas regiões do mundo a luz do saber, da leitura com interpretação do texto, dos conhecimentos básicos de aritmética  a milhões de crianças no mundo, em países como a Tailândia, em que os programas oficiais faziam com que as crianças saíssem das escolas como analfabetas funcionais, sem compreender o que liam, sem saber as mais elementares operações, muito parecido com o que ocorre entre nós, nas escolas públicas. Pois na Tailândia, país que primeiro adotou esse programa do Rotary, todas as crianças hoje, aprendem a ler e interpretar textos em poucos meses. Que o diga o EGD EDISON LIMA, que tanto lutou para implantar o programa em nossas escolas, e o seu êxito comprovado, em três escolas da rede municipal do Recife. O programa só não se estendeu a todas as escolas por razões políticas.
            No Brasil o programa Lighthouse está sendo implantado com êxito em Minas Gerais e algumas cidades isoladas, não tendo uma dimensão nacional apenas por injunções políticas.
Graças a Deus  uma mulher, uma líder, uma grande brasileira, agindo sob a inspiração de um grande herói nacional, está mudando a face da educação fundamental neste país. Refiro-me a Viviane Senna, a presidente do Instituto Ayrton Senna, que tanto honra e dignifica a memória de seu irmão, ao cumprir sua vontade, expressa antes de morrer precocemente nas pistas de Fórmula 1. São mais de 800.000 crianças nos projetos “Se Liga”e “Acelera”, plenamente alfabetizadas, em apenas 4 meses, nas mesmas escolas, nas mesmas instalações, com os mesmos meios, os mesmos professores, os mesmos alunos, funcionando onde o ensino regular não funciona. Por que? Motivação, capacitação, supervisão permanente, avaliação constante são a receita. Seriedade, patriotismo, amor, constituem os ingredientes.
            Rendo aqui, nas pessoas de Viviane Senna e também Zilda Arns com a Pastoral da Criança, minha homenagem à mulher brasileira.  Zilda Arns, mudando os índices de mortalidade infantil, alcançando mais de 1 milhão de crianças no Brasil, com a multi- mistura, o soro caseiro, os jogos educativos, e sobretudo os agentes familiares, mulheres voluntárias, que levam a orientação, a noção de higiene, a saúde para dentro dos lares os mais carentes e necessitados.


Terceira razão da longevidade do Rotary: 
flexibilidade
A terceira razão da longevidade do Rotary é que se trata de um clube dinâmico e flexível, que nunca fica estacionado no mesmo lugar, que se movimenta, que muda, que se adapta aos novos tempos, às novas idéias, às mudanças que permeiam a sociedade e se torna parte dessas mudanças. Por isso ele é chamado de “Movimento”.  Movimento Rotário.
Disse Paul Harris, nosso fundador: Este é um mundo que muda, e nós temos que aprender a mudar com ele. A história do Rotary será escrita muitas vezes.
É esta a terceira razão pela qual Rotary chegou aos 100 anos. A capacidade de se adaptar ao longo dos tempos. Por isso, o símbolo do movimento rotário é a famosa roda dentada, que sugere movimentos. Os 24 dentes correspondem às 24 horas do dia. Para que possa ser movimentada, ela possui um pequeno rasgo no centro, denominado “chaveta”. Imaginamos que nessa chaveta se encaixa o ressalto de um eixo propulsor para movimentá-la que é o verdadeiro rotariano.
É o rotariano, o eixo propulsor que move a roda dentada, sempre que leva ajuda à uma criança, educação, ensino profissionalizante aos jovens, sempre que tira um menino(a) das ruas, quando leva apoio e carinho aos idosos, alegria e tratamentos aos deficientes, fé e esperança às comunidades. Graças a esse movimento, a essa capacidade de adaptação, é que a mulher entrou em Rotary. Mas ainda  são muito poucas, apenas 12% no Brasil. Não podemos deixá-los de lado. Não podemos prescindir de sua ajuda. O mundo precisa de vocês, cada vez mais.
O editorial do Jornal do Comércio de hoje, traz uma notícia aterradora. Um dado uma pesquisa da UNESCO que constatou que de 1982 a 2002, subiu de 30 para 54 por 100 mil habitantes o número de assassinatos anuais de jovens entre 15 e 24 anos no Brasil, na sua maioria por armas de fogo. Significa que se antes, tínhamos 50 mil vítimas por ano, hoje temos 100 mil. Um verdadeiro genocídio. A população masculina neste país está sendo dizimada, a tal ponto, que, segundo o IBGE, mudou o perfil populacional do País, reduzindo o número de homens em relação ao de mulheres. É uma situação, diz o texto, similar à de um País em guerra, quando a grande mortalidade de homens jovens altera o equilíbrio numérico entre os sexos. E em conseqüência, os costumes são alterados. São as guerras entre grupos de traficantes, são os embates com a polícia, numa sociedade em que as opções de vida honesta são poucas. Onde permeia o desemprego onde a juventude se afunda na miséria, na falta de oportunidades.
Nos últimos 10 anos, 500.000 pessoas foram assassinadas neste país. Quase 10 vezes mais do que em 10 anos de guerra do Vietnan, quando  morreram 58.000 soldados americanos. Mata-se mais neste país que nos EUA, que é considerado um povo armado. Mata-se mais neste país que na China, com 1,3 bilhões de habitantes. Mata-se mais neste país que na Índia, que tem 1 bilhão de habitantes.
Não podemos nos conformar. Não temos o direito de ficar omissos ou indiferentes. 
Os homens do bem são tímidos, os homens do mal são ousados. Quatro homens do mal trocam 2 olhares e formam uma quadrilha. Os homens do bem ficam conjeturando, enrolados em burocracia, fazendo discursos, citando estatísticas, mas esquecendo tudo quando termina o evento. Nós temos que levar adiante tudo o que aqui se apregoa.
 Que saiamos deste fórum com um projeto de Paz, com linhas de ação traçadas e bem definidas, e que não deixemos se apagar a idéia. Temos que manter viva na lembrança tudo o que aqui se discutir. 



Quarta razão da longevidade do Rotary:  
ética
Mas, senhores e senhoras, este fórum não se refere apenas aos excluídos, às populações miseráveis, aos marginais. Este fórum é dirigido principalmente ao homem que freqüentou escola, que teve instrução, que aprendeu a distinguir entre o bem e o mal.
É dirigido ao homem de nível universitário, ao profissional de carreira, ao executivo, empresário, juízes, políticos, banqueiros gestores do bem público e a todos aqueles que usam colarinho branco, ostentam anel de grau no dedo, e que vemos todos os dias envolvidos em escândalos de corrupção na televisão. Por isso este fórum sobre a Ética é tão importante.
E esta é finalmente a quarta razão da longevidade do Rotary:
     A Ética, um princípio que não pode ter fim. 
Desde que o Rotary é Rotary, sempre se pautou na conduta dos rotarianos pelos mais elevados princípios da ética. E por isso ele chegou aos 100 anos.

Felicidades, e que Deus nos abençoe.

Assista até o fim o vídeo da trilha sonora do musical "O Homem de La Mancha", nas vozes de Paulo Autran, Maria Betânia e Elvis Presley. Clique nas 4 setas do canto inferior direito para ver em tela cheia. 


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