UMA HISTÓRIA DE AMOR
Alberto Bittencourt - 2012
Minha
relação com o Rotary Club do Recife – Boa Viagem teve início no mês de junho de
1987, pelas mãos dos companheiros Caio Nogueira e Corsino Dantas, sendo este
último o meu padrinho. Essa data representou um marco importante em minha vida,
pois a partir daí fui vivendo e aprendendo um novo conceito comportamental e
relacional, baseado na amizade, na solidariedade e na ética.
Comecei
participando das diversas comissões do clube, até chegar ao ano de 1996-97, em
que fui presidente. Jamais esquecerei aqueles três dias de treinamento, em maio
de 1996, quando o governador eleito, Arnaldo Neto Gaspar, realizou o PETS –
Seminário de Treinamento de Presidentes Eleitos – no hotel Ocean Palace, um
resort cinco estrelas de sua propriedade, localizado na Via Costeira de Natal.
Reuniu a quase totalidade dos 90 presidentes eleitos e esposas para
capacitá-los por meio de palestras, grupos de discussão e, ao mesmo tempo,
promover a integração entre eles.
Foi
ali que ouvi, pela primeira vez, a expressão: Subsídios Equivalentes da
Fundação Rotária. O governador eleito explicou:
_Você identifica uma entidade, faz um projeto,
coloca mil dólares, arranja um clube parceiro do exterior que coloque outros
mil dólares e a Fundação Rotária então dobra, colocando mais dois mil
dólares. Em resumo, você coloca mil
dólares e recebe quatro mil, finalizou Arnaldo Gaspar.
Os
detalhes foram apresentados pelo saudoso ex-governador Emerson Loureiro Jatobá,
então presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotária.
No
fim do encontro, o governador eleito assim exortava a todos os presidentes:
_Quero!
E repetia:
_Quero
que cada clube do meu distrito faça pelo menos um projeto de Subsídios
Equivalentes!
Saí
bastante motivado. Recebi a presidência do RC Boa Viagem das mãos do presidente
Jones Figueiredo Alves.
Ao
assumir, lancei o mote O FEIXE DE VARAS, inspirado na célebre fábula de La
Fontaine, “O ancião e seus três filhos”, simbolizando a força da união:
Não
pretendemos ser o melhor,
Tampouco
queremos ser o maior.
Mas o Boa
Viagem, creiam todos,
É forte e
unido como um...
FEIXE DE
VARAS.
Todos
os boletins do clube passaram a ostentar o mote,
sempre lido nas reuniões plenárias. O protocolo então dava uma parada antes do
final. Era a vez da plateia em peso completar, uníssona, num brado alto e
vibrante: FEIXE DE VARAS!
Em
sua gestão Jones havia criado os dois clubes de jovens, o Rotaract e o Interact
Clubs, o primeiro sob a coordenação da companheira Vânia Amorim e o segundo da
companheira Maria Ednice. Bastante atuantes, os jovens identificaram, no ano de
1995, uma creche no Jardim Piedade, município de Jaboatão dos Guararapes,
chamada Lar de Cáritas, em condições de muita pobreza e necessidade. Sob a
direção de uma abnegada senhora, Vera Lúcia Martins, a creche abrigava cerca de
duzentas crianças, metade das quais lá passava o dia enquanto as mães iam
trabalhar e a outra metade dormia no local. Havia mães que só apareciam de
tempos em tempos. A creche funcionava num barraco caindo aos pedaços, em local
de difícil acesso, ao lado de uma lagoa infecta. As crianças viviam espalhadas
pelo chão, chafurdando na lama, sem refeitório nem instalações adequadas.
. |
Na
presidência, ponderei inicialmente se concentraria os esforços no Lar de
Cáritas ou se continuaria no trabalho tradicional do clube, em prol do
Patronato N. Sra. da Conceição. Estando este último já estruturado, optei pelo
primeiro.
A
minha providência inicial foi chamar Emerson Jatobá para uma palestra sobre o
tema de Subsídios Equivalentes. Ele deu várias alternativas para arranjar o
indispensável patrocínio internacional. Disse que um ex-governador do D.4570,
Rio de Janeiro, Yutaka Okumura, enviara pelos Correios 50 cartas-propostas a
clubes do exterior, tendo recebido apenas duas respostas. Não titubeei.
Escolhi, aleatoriamente, no Official Directory, 160 Rotary Clubes dos Estados
Unidos e do Canadá, com mais de 120 membros. Enviei cartas de uma folha apenas,
sem entrar em detalhes, propondo parceria para um projeto em favor de crianças
carentes. Era o mês de agosto de 1996. Ainda não existia a internet e eu sabia
que o tempo conspirava contra, pois os clubes ricos recebiam muitos pedidos de
ajuda, principalmente da Índia e do México. Quando chegasse o mês de outubro,
certamente eles já teriam comprometido os recursos. Recebi cinco respostas, duas informando que
os fundos estavam esgotados e três solicitando mais informações.
Sendo
empresário, construtor e incorporador imobiliário, com uma empresa em pleno
funcionamento, tendo como preocupação principal a administração dos meus empreendimentos,
não sobrava tempo para tocar esses projetos. Recorri, então, à ajuda de minha
filha Annie, proprietária das escolas de idiomas YÁZIGI, que me indicou a
professora Susan Clarke, de nacionalidade inglesa, para me assessorar. Susan
logo se identificou com os ideais e objetivos do Rotary e abraçou a causa com
entusiasmo. A chegada de Susan facilitou enormemente a comunicação com os
clubes parceiros. Desenvolvemos três projetos de Subsídios Equivalentes, em
prol do Lar de Cáritas:
· Uma cozinha industrial, com o RC de Edmonton,
Canadá
· Uma lavandaria industrial, com o RC de Eureka, EUA
· Um veículo VW, tipo Kombi, com o RC Calgary,
Canadá.
Esses
três projetos perfaziam o valor total de sessenta mil dólares, cabendo ao nosso
clube, portanto, a contrapartida da quarta parte, ou seja, quinze mil dólares.
A
meta agora seria arranjar essa importância, que teria que ser enviada à
Fundação Rotária quando da aprovação dos projetos.
O
presidente Jones, que me antecedeu, organizara, no fim de seu mandato, um
leilão de objetos de arte no Mar Hotel. Ousadamente ele adquirira um veículo VW
Gol para rifar. Chegou a afirmar que pagaria do próprio bolso caso não
conseguisse vender os bilhetes. Mas o sucesso foi total. Ele ainda me repassou
um saldo de mais de cinco mil dólares, num tempo em que o real engatinhava e a
paridade era 1x1.
Precisando
completar os recursos, instituí um Consórcio Paul Harris, baseado na
experiência exitosa do RC Casa Amarela. Pedro Sampaio, ex-presidente daquele
clube, levou-me o modelo dos estatutos e do edital. Após um ano de trabalho, em
junho de 1997, ao transmitir a presidência do Boa Viagem para meu sucessor,
companheiro Joel Muricy, entreguei os quinze títulos Paul Harris de
reconhecimento, recebendo em menos de dois meses os recursos de sessenta mil
dólares para implantação dos projetos no Lar de Cáritas.
Jun/1997 - A entrega dos quinze títulos Paul Harris
O ano de minha presidência ainda me reservaria muitas alegrias, contando com a ajuda dos rotarianos e esposas. O saudoso companheiro Manoel Martins de Oliveira, presidente da Avenida de Serviços Internos, instituiu a “Medalha do Ouro da Frequência”. Naquele tempo, não existia a recuperação virtual, e o prazo era de 8 dias antes e 8 dias depois. No dia seguinte à plenária, Manoel já telefonava para todos os faltosos. Certa vez um deles atendeu da Bahia:
_
Estou aqui me recuperando de uma enfermidade.
Manoel foi incisivo:
_ Já que está se recuperando, não se esqueça de recuperar
também a falta à reunião plenária...
Assim era o comp. Manoel. Como resultado, conseguimos
frequência 100% em seis meses do ano de minha presidência e figurar no Quadro
de Honra do Distrito, com mais de 90%, nos outros seis meses. No fim de meu
mandato entregamos o diploma de “Honra ao Mérito Florisval Silvestre Neto” aos
companheiros 100% de frequência no ano rotário, em número bastante expressivo.
Florisval era um companheiro em todos os sentidos cem por
cento. Sócio fundador e terceiro presidente do clube, havia falecido no ano
anterior. Era casado com Gracinha Silvestre, que logo tornou-se companheira.
Ele era entusiasta do programa da Pólio Plus. Nos Dias Nacionais de Vacinação,
participava voluntariamente das reuniões preparatórias e de planejamento na
Secretaria Estadual de Saúde e, durante as campanhas, distribuía os companheiros
do Boa Viagem, filhos e parentes, pelos postos de vacinação da zona sul.
Passava o dia percorrendo esses postos com o intuito de colaborar e dar o seu
apoio. Gostava muito de minha filha, Cristiane, que, aos quatorze anos, passava
o sábado inteiro vacinando no posto de saúde do Pina, tendo sido, inclusive,
objeto de reportagem pelo Jornal do Comércio.
Fev /1990 - Cristiane, dois rotarianos,
argentino e uruguaio,
da Campanha Pólio Plus para a América Latina, eu e Florisval, em reunião de avaliação . |
2000 – Obras concluídas.
Na primeira foto: Salas de aula.
Na segunda: jardins, play ground e galpão.
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Susan Clarke teve uma ideia
genial para conseguir o engajamento de turistas estrangeiros na época do
carnaval, nos anos de 1997 e 1998. Bolou um folder intitulado: Let’s take a look behind the mask, que
significa “Vamos dar uma olhada por trás da máscara”. O texto, ilustrado por
fotos, conclamava os turistas a conhecerem a realidade de nossas crianças, a
triste realidade por trás da máscara da folia, da alegria, do carnaval. Os
jovens do Rotaract e do Interact se encarregaram de distribuí-lo nos hotéis de
Piedade e Boa Viagem. Fizemos algumas parcerias internacionais, cumprindo
destacar:
- Association Enfants du Brésil, (Associação Crianças do Brasil), sediada em Neuchâtel, Suíça, uma associação formada pelos pais adotivos de crianças brasileiras, desejosos de estender algum benefício às crianças que aqui ficaram e que não tiveram a mesma sorte das suas. É presidida pela sra. Monique Joly. Traz sempre ajuda e conforto à dezenas de famílias e entidades.
- Stichting Straatkinderen
Brazilië, (Fundação dos Menores de Rua do Brasil), sediada em Breda,
Holanda, cujo representante, Paul Heinrich Steverink vinha anualmente ao
Brasil, trazendo ajuda e projetos para nossas crianças.
- Kiwanis Club de Zürich- Höngg,
um clube de serviços semelhante ao Rotary, sendo Felix Kristinger nosso
parceiro e amigo. Vem sempre ao Recife na época do carnaval e nunca
esquece de nossas crianças. Trocou três vezes a Kombi por outras mais
novas, doou recursos para a construção de um centro de informática e do
ambulatório médico.
- Associação dos funcionários da EDF – Eletricité de France, representada por nosso amigo Michel Jaillet. Um grande benfeitor, um idealista que não mede esforços para melhorar as condições das creches.
A ajuda proporcionadas por essas instituições transformou o Lar de
Cáritas numa creche de primeiro mundo, numa pérola dentro de um mar de miséria,
de insalubridade:
- O terreno vizinho, uma lagoa
infecta, foi comprado e aterrado. Os barracos da vizinhança foram aos
poucos sendo comprados e demolidos, dando lugar a novas e modernas
construções.
- Foram construídas oito salas de
aula, berçário, secretaria, enfermaria, banheiros, ampla e moderna
cozinha, uma lavanderia industrial, em prédio de dois pavimentos.
- Com recursos recebidos da EDF,
foi construído um castelo d’água, uma fossa séptica, um filtro anaeróbico
e tubulado o efluente para um canal, a cerca de 600m de distância. Eles
também doaram uma instalação completa de água quente por energia solar,
para a cozinha, berçário e banheiros.
- A Association Enfants du Brésil resolveu o problema da falta d’água, com a perfuração de um poço tubular com 150m de profundidade.
Em todos esses trabalhos, uma figura despontou como grande amigo,
incansável, dono de imenso coração e profundo amor pelas crianças. Era o representante da Association Enfants du
Brésil, Marcos Antonio Mendes de Sena, recém chegado da Suiça. Ele, de pronto
acreditou no projeto, o que facilitou muito as ligações com os suíços.
Nos anos seguintes, novas ações foram realizadas. Como mais de 80% das crianças não podiam
freqüentar escolas por não terem registro de nascimento. Em novembro de
1997, o Rotary Boa Viagem, com a ajuda de Fernando Cerqueira, levou o Cartório
de Registro Civil para dentro da creche. Todas as crianças da comunidade, em
número superior a 300, com menos de 12 anos de idade, receberam suas certidões.
Além disso, o Rotary Club do Recife-Boa Viagem e o Lar de Cáritas
firmaram convênio com a CAPEMI através de seu braço assistencial, o Lar Fabiano
de Cristo, para cobertura das despesas operacionais, como o pagamento de
salários das educadoras e auxiliares, fornecimento de cinco refeições diárias
para as crianças, doação de cesta básica para as famílias e funcionários,
fornecimento de uniformes e pagamento de despesas diversas como luz, gás, etc.
Em 2002, com novos aportes de recursos pela Association Enfants du
Brésil, em comemoração aos seus 10 anos de existência, duas casas
vizinhas e um templo evangélico foram adquiridos, demolidos, as áreas aterradas
e nos locais construídos um galpão com um grande salão para reuniões, festas,
espetáculos, uma quadra poli-esportiva além de um play ground com amplo jardim
e dependências
Novos projetos
de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária foram concretizados, a saber:
- Doação e instalação de um gabinete odontológico, em nova parceria com o RC de Eureka, Ca, USA
- Colocação de gás combustível no
veículo Kombi, em outra parceria com o RC de Edmonton, CA
- Doação de equipamentos diversos, como bebedouros, freezer, fax, computador, telefone sem fio, e outros, também com o RC de Edmonton.
Para operar o gabinete odontológico e o ambulatório médico, foi
firmado convênio com a Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Jaboatão
dos Guararapes, que fornece os profissionais de saúde, os quais atendem não
apenas às crianças, mas aos familiares e moradores das redondezas.
Como as crianças não podem mais pernoitar na creche, a lavanderia
industrial ficou ociosa. Por conseguinte, seus equipamentos foram transferidos
para o Abrigo Cristo Redentor, órgão assistencial para idosos, do Rotary Club
do Recife, numa parceria de mútua cooperação entre os dois Rotary Clubs
As ONGs suíças costumavam enviar jovens voluntárias para trabalhar
em caráter temporário com as crianças. Eram professoras, psicólogas,
fisioterapeutas, profissionais ou estudantes, que ensinavam música, danças, trabalhos
manuais, inglês, recreação. Elas ocupavam um apartamento próximo ou ficavam
hospedadas em casas de companheiros, geralmente por períodos de seis meses a um
ano. Lembro bem de Catharine Hengrave, Veronique Jörg e Sandra Tetarati, jovens
vindas da Suiça. Elas ficaram impressionadas com o nível de miséria das
famílias e decidiram fazer algo. De volta à Suíça, juntaram economias e
enviaram a quantia de US$ 15.000 para melhorar as condições subumanas dos
barracos em que viviam. Com ajuda da presidente Vera e da secretária D. Alci, coordenei
a aplicação desses recursos. Selecionamos as famílias mais carentes e fizemos
pequenos melhoramentos em seus barracos, tais como cimentação do piso, troca do
telhado, substituição de plástico e restos de tábuas por compensados, além da
construção de sanitários. Tudo devidamente documentado, fotografado e prestado
contas.
Mar/1998_ Voluntárias
suíças prestam serviço no Lar de Cáritas.
Sentadas: Veronique, Catherine e
Sandra.
Em pé: Marcos Sena e Joel Muricy
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Outra ação
realizada sob a bandeira do nosso querido Boa Viagem, já no ano de 1998, foi a
parceria com o Rotary Club de Pont Audemer, França. Eu havia representado um
casal de rotarianos desse clube em processo de adoção infantil. Infelizmente,
mesmo com todas as habilitações e credenciais aprovadas, tanto na França quanto
no Brasil, a burocracia aqui instalada, fruto de denúncias nunca comprovadas de
comércio de órgãos, acarretara o bloqueio pela justiça brasileira das adoções
internacionais. Após quase dois anos de luta, o casal terminou adotando duas
gêmeas vietnamitas. Mesmo assim, para manifestar seu agradecimento, propôs
confeccionar 15.000 cartões de Natal, com motivos de desenhos das crianças de
nossas creches. Eles venderiam a metade na França e nos enviariam a outra
metade para venda aqui, sendo a totalidade da renda destinada às nossas
crianças. Selecionamos 10 desenhos, dos quais eles escolheram 4. Vendidos a um
dólar o cartão, recebemos ao final, cerca de R$ 15.000, aplicados integralmente
no Lar de Cáritas.
Dezembro de 1998 – Cartões de Natal com desenhos das crianças,
confeccinados pelo RC de Pont Audemer, França.
confeccinados pelo RC de Pont Audemer, França.
O diretor
Hipólito Ferreira, disse certa vez, que o trabalho do rotariano é coroado pelo
relacionamento e pelas amizades internacionais que conquista. Em 1998 fui convidado pelo comp. Russ Mann,
do Rotary Club de Edmonton, província de Alberta, Canadá, nosso parceiro nos
diversos projetos, para participar do Congresso Internacional de Voluntários –
International Congress for Volunteer Effort – a se realizar naquela cidade, com
todas as despesas pagas. Lá fomos, eu, Helena e Susan. Ficamos oito dias
hospedados na casa de Russ e Johane. O Canadá é um país com longa tradição de
serviço voluntário. 80% de sua população presta algum tipo de trabalho, seja na
escola, nas comunidades, em instituições públicas e beneficentes. O Congresso reuniu
mais de 2500 delegados do mundo inteiro. Fizemos ainda uma apresentação na
plenária do RC Edmonton para cerca de 260 associados, sobre os trabalhos do RC
Boa Viagem e o Lar de Caritas.
Nunca
esquecemos, nem deixamos de apoiar, durante todo esse tempo, nosso tradicional
aliado, o Patronato N. Sra. da Conceição. Sediado no Pina, em plena favela do
Bode, dirigido pelas irmãs de caridade da Ordem do “Instituto Social das
Medianeiras da Paz”, o ISMEP, com sede na Bahia, abriga cerca de 150 crianças em dois turnos,
alternativamente com o ensino fundamental. A história do nosso querido Boa
Viagem, desde a fundação em 1982, está ligada à do Patronato. Lá está afixada
uma placa, datada de 1985, atestando que nosso clube realizou naquele ano a
troca de todas as tubulações de esgotos sanitários e pluviais da instituição.
José Corsino Dantas, quando foi presidente, em 1993-94, ali fez construir um
pavilhão, denominado Florisval Silvestre Neto. Além disso, o clube sempre
manteve no local uma escola de datilografia, com vinte máquinas de escrever,
inclusive pagando manutenção e instrutores. Duas vezes por ano, ali se formavam
turmas de datilógrafos que eram inseridos no mercado de trabalho, através de
empresas de companheiros. Compareci a várias dessas formaturas, com entrega de
diplomas, em momentos de intensa vibração e emoção.
Com o advento
da informática, mudou o interesse dos jovens. A escola de datilografia foi
substituída por uma escola de informática, denominada José Christóvam Guerra em
homenagem ao companheiro recentemente falecido. Os recursos foram financiados
por um novo projeto de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária, em parceria
com o RC de Edmonton, através de nosso amigo Russ Mann, que veio do Canadá para
a inauguração. Foram doados dez computadores, cinco impressoras, TV, filmadora,
todo o mobiliário e outros equipamentos, além de realizada a reforma das
instalações físicas.
Jan/1988 - As irmãs de
caridade Anatília e Zena, recebem de minhas mãos e de Evaldo Amorim o
cheque para instalação da sala de informática JOSÉ CHRISTÓVAM GUERRA,
no Patronato N Sra. da Conceição. |
Sempre
mantivemos uma relação de estreita amizade com as irmãs de caridade diretoras
do Patronato, especialmente Anatília e Zena. Quando elas se desligaram da ordem
ISMEP e partiram para um trabalho independente, começando do zero, não
vacilamos em apoiá-las. As duas operosas irmãs fundaram o CRVV – Centro de
Recuperação e Valorização da Vida, ali mesmo, no Pina e levaram com elas o
Projeto Criança Urgente. A Association Enfants Du Brésil, AEB, assumiu
inicialmente todas as despesas de alugueis, instrutores, funcionários, alimentação.
Começaram com 50 crianças. Posteriormente a AEB adquiriu e doou as duas casas
onde hoje estudam cerca de 150 crianças. O CRVV participa ainda da educação de
adolescentes e adultos, através de convênios com a Prefeitura da Cidade do
Recife, como o PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil e o EJA –
Educação de Jovens e Adultos.
Posso dizer,
sem medo de errar, que o Rotary Club do Recife – Boa Viagem foi o trampolim que
me permitiu alçar vôos mais altos no Distrito 4500 e no Rotary International.
Após ter exercido a presidência, a convite de Emerson Jatobá, fui de 1997 a
2000, presidente da Sub-comissão Distrital de Subsídios e de 2000 a 2003,
presidente da Comissão Distrital da Fundação Rotária. Durante esses seis anos
aprovamos e concretizamos no nosso Distrito, 105 projetos de Subsídios
Equivalentes, no valor total de quase dois milhões de dólares. Fui líder do IGE
– 2002, na Califórnia e Nevada, EUA e governador do Centenário, no ano 2004-05.
Por tudo o que aprendi, tudo o que colhi, por tudo o que vivi, eu só tenho a
dizer:
MUITO OBRIGADO, QUERIDO ROTARY CLUB DO RECIFE - BOA VIAGEM, O
FEIXE DE VARAS.
Alberto de Freitas Brandão Bittencourt
Presidente
do RC do Recife – Boa Viagem, 1996/97
Governador do Centenário, 2004-05