ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sábado, 6 de janeiro de 2018

ENSAIO SOBRE O MEDO





ENSAIO SOBRE O MEDO

Alberto Bittencourt

"O GRITO" Pintura de /Edvard Munch


Como entender e definir esse sentimento tão abstrato que é o medo?
O que realmente significa o "sentir medo"?

Será possível controlar, impedir que apareça ou subjugar o sentimento, já que as causas do medo são geralmente incontroláveis. Será o medo apenas consequência de alguma coisa, de um fato ou acontecimento? O que será melhor, esconder o medo ou simplesmente sufocá-lo, deixá-lo embutido em nosso ser, ou encará-lo, abri-lo para o mundo ou para as pessoas que nos cercam? 

A meu ver, os tímidos, os introvertidos, os ditos fechados, ou mesmo os recalcados, os complexados, esses tendem a esconder o medo, procuram sufocar o sentimento do medo. 

Os mais extrovertidos, de temperamento mais aberto, mais comunicativos, esses tendem a se expor mais, a pescar o que lhes vai interiormente, inclusive o medo. Estarei certo com tais afirmações? Não sei responder. O que eu tenho a mais plena certeza é que o medo é um sentimento mortificante. Comparo com uma espada transpassada no plexo solar, aquela região logo abaixo do coração e acima do diafragma, onde se situa o centro nervoso que comanda todas as reações, todas as emoções, sejam elas positivas ou negativas. É uma espada que nos atravessa e nos vai matando aos poucos. 

Viver assim, assolado pelo medo, de forma contínua e constante, de noite e de dia, ao dormir e acordar, sempre com a sensação da espada que penetra nossas entranhas, que, aos poucos, vai nos dilacerando, arrebentando tudo o que encontra. Certamente, trará mais rapidamente a hora de nossa morte. 

Como podemos vencer o medo, sem vencer as causas que lhe originaram? Como vencer o medo, se as causas desse medo não mais dependem da gente, são incontroláveis, constantes e opressoras? teria o medo a mesma imagem da morte, uma sombra negra, coberta dos pés à cabeça, segurando uma foice ameaçadora, a nos perseguir de perto?

Receio, medo e pânico são as três manifestações do medo. O Pânico é a manifestação extrema. Paralisa os membros, o cérebro, os músculos. A pessoa perde o controle de si e da situação. Suas reações fogem ao controle, indo da apatia total ao histerismo irracional. Pode ser uma doença – a Síndrome do Pânico. Nesse caso, a pessoa acometida pode desencadear uma crise a partir de situações normais e corriqueiras. É comum dizermos que determinada pessoa desenvolveu a síndrome do pânico. Acredito mais que seja uma deterioração dos sentidos e emoções individuais, que vão gradativamente degenerando as células nervosas e dando lugar ao comportamento desajustado.

A psiquiatria, através de quimioterápicos, pode ajudar na cura de pacientes com esse mal que, em essência, é um doença depressiva. Mas é diferente do medo. 

O medo pode ser individual ou coletivo. No caso dos índios Sinagua Farmers, o medo coletivo os paralisou, os impediu de lutar, de enfrentar o desconhecido. Uma pessoa pode ter medo do futuro, simplesmente medo do que possa advir, às vezes, das consequências de acontecimentos e procedimentos anteriores. Medo das consequências de atos ou decisões errôneas, tomadas anteriormente. Esse medo pode ser paralisante, inibidor, pode até impedir que a pessoa desenvolva plenamente suas potencialidades. Nesse caso, eu pergunto : Como fazer para vencer esse sentimento, para superar e afastar essa espada transfixiante ? 

Para mim, o medo é uma espécie de depressão, causada pelo medo de viver situações desgastantes, conflitantes. Vontade de morrer, para que tudo se acabe. Morrer para não precisar passar por tristezas e dificuldades, uma atitude extremamente egoísta. Tal atitude provocará uma consequência drástica, acarretará em morte. Uma morte, mesmo natural, provocada por um câncer, na vida dos que nos amam ou dependem de nós, ou mais provavelmente levando a nós mesmos, à morte. 

Acredito que várias técnicas, envolvendo a meditação, a elevação do espírito, o desenvolvimento de uma fé interior, têm o poder de resgatar o indivíduo para seu retorno à vida. A partir daí, atividades físicas podem fortalecer nosso espírito e empurrar para longe esse sentimento do medo. Mesmo extinguindo suas causas, você nunca conseguirá acabar com ele, mas poderá afastá-lo o suficiente para que ele não mais o afete. Você esquecerá do medo, esquecerá que ele existe e poderá viver sua própria vida. E, quanto mais você viver a vida em sua plenitude, mais o sentimento do medo terá interposto à sua frente, um escudo, uma barreira que por seu estilo de vida se interporá ao medo.

É dessa maneira que devemos enfrentar nossos inimigos, nossos medos. Assim, ao invés de apenas os deixarmos de lado, fingindo para nós mesmos que nada está acontecendo, devemos enfrentá-los, reconhecendo-os, olhando dentro de nossos olhos, lutando contra eles e fazendo prevalecer nossas vontades. 

Não se acomode na mediocridade dos fracos e medrosos, como os índios Sinagua Farmers, lute, se antecipe busque de todos os meios um jeito de reverter a situação. Esqueça o passado e não tenha medo do futuro. Erga a cabeça e viva o momento presente, com energia, com fé, com esperança. Mostre que você está vivo, que não morreu e nem morrerá. 

"Procurei a felicidade e não encontrei. Ela estava logo ali, depois do medo". 

Se os índios Sinagua Farmers tivessem tido a coragem de enfrentar o medo, teriam encontrado a felicidade.




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