ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sábado, 16 de março de 2024

INTENÇÃO FOCADA

 

INTENÇÃO FOCADA

Alberto Bittencourt

 

Qualquer ação é uma sequência de estados físicos, mentais, emocionais e espirituais, a partir de um ou mais estímulos iniciais, até alcançar o objetivo pretendido.

A seqüência desses estados interiores do indivíduo, começa com o chamamento da atenção, que pode provocar interesse, despertar a vontade, passa pela decisão de realizar, seguida da intenção focada até terminar na ação propriamente dita.

A intenção focada é exatamente aquela atitude em que nos encontramos logo após a tomada da decisão e imediatamente antes da ação.

A intenção focada é o momento irreversível que precede à ação ou à consumação do ato.

A intenção focada é a atitude do arqueiro quando, tencionado o arco, contraídos os músculos, mobilizados os nervos, atenção direcionada para o alvo, concentração total, fração de segundo antes do disparo certeiro e preciso.

A intenção focada é o instante final que não admite retrocesso ou desistência.

A intenção focada é que ocupa o espaço, o intervalo, o interregno entre o estímulo e a reação. "Quem dominar esse espaço dominará o mundo", disse alguém.

O domínio do intervalo em que se situa a intenção focada é o que diferencia a pessoa reativa da proativa.

O reativo reage automaticamente aos estímulos.

O proativo age na direção do seu alvo, do seu objetivo superior na vida, tem uma intenção focada consciente, não permite que seu comportamento seja determinado por estímulos externos.

Contam uma pequena história, que reproduzo, em rápidas palavras, como

ilustração:

Um cidadão todos os dias pela manhã passava na banca de jornais para comprar o seu exemplar. Dirigia-se ao jornaleiro:

_ Bom dia, seu João. Lindo dia, não? Dê-me o de sempre. Obrigado, bom trabalho, Deus o abençoe. 

Seu João dava um muxoxo, virava a cara e invariavelmente o deixava sem resposta.

A cena se repetia todos os dias, até que um amigo, percebendo a situação,

perguntou:

_  Por que você é sempre cordial com alguém que não lhe tem a menor consideração? O cidadão respondeu:

_ Não vou deixar que o meu comportamento seja determinado pelo comportamento dos outros.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

O SERVIR ATRAVÉS DA PROFISSÃO



O SERVIR ATRAVÉS DA PROFISSÃO
ALBERTO BITTENCOURT – 09 de junho de 2015

Convenção Internacional do Rotary, em São Paulo -   
Palestra proferida no workshopp 
"Serviços Profissionais - Melhores Práticas". 
Baseada em palestra homônima de José Otávio Patrício de Carvalho.


SUMÁRIO

1 –    Introdução
2 –    Desenvolvimento
2.1 – Definição do Rotary.
2.2 – Objetivo da Av. Serviços Profissionais
2.3 – A Volta às Origens
2.4 – Declaração para Executivos e Profissionais Rotarianos.
2.5 – O Dar de Si Antes de Pensar em Si.
2.6 – Voluntários do Rotary e outros programas.
3 –    Aspectos do servir através da profissão
3.1 - Aspecto subjetivo
3.2 - Aspecto econômico social
3.3 – Aspecto ético e moral
3.4 – A Prova Quádrupla
4 –    Conclusão

X-X-X-X-X-X

1 – Introdução

O Rotary consagra o mês de janeiro de cada ano aos Serviços Profissionais. O tema Servir Através da Profissão  é extremamente importante para o movimento rotário, porquanto, é através da profissão que se constrói o progresso de uma nação. Porém, através da profissão, também pode se originar a corrupção e desvios de conduta que vemos estampados diariamente nos jornais e noticiários televisivos. 

Todos os rotarianos, sem exceção, já ingressam na instituição como profissionais, mas muito poucos encaram a profissão como forma de servir ao próximo, de modo livre e consciente. 

Após a instituição do PLC – Plano de Liderança de Clubes, que criou as cinco Comissões Executivas e deu um caráter filosófico e inspirativo às cinco Avenidas de Serviços, a maioria dos Rotary Clubs deixou de dar a devida importância e de executar os programas da Avenida de Serviços Profissionais, considerada a primeira avenida e o berço do Rotary. 

Paul Harris já dizia em sua autobiografia – “Meu Caminho para o Rotary”:

Cada rotariano é um elo de ligação entre o idealismo do Rotary e seu negócio ou profissão.

2 – Desenvolvimento

2.1 – DEFINIÇÃO DO ROTARY

O mandamento “servir através da profissão” está inserido no próprio conceito do Rotary:

O Rotary é uma organização de homens de negócios e profissões, unidos no mundo inteiro, que prestam serviços humanitários, fomentam um elevado padrão de ética em todas as profissões e ajudam a estabelecer a boa vontade e a paz no mundo. 

Diz-se que “é uma organização de homens de negócio e profissões”

Este é um pressuposto básico para sermos rotarianos, tanto que a classificação do rotariano, dada pela profissão, é um dos componentes imprescindíveis para a sua identificação no seio da instituição. Para que cada Rotary Club seja um extrato da sociedade, a diversidade de profissões é outro ponto importante, que vem desde a fundação, quando Paul Harris chamou seus três amigos, e fundou o Rotary, sendo cada um de uma categoria profissional. 

O segundo elemento do conceito – “Unidos no mundo inteiro” – concede o caráter universal do movimento, o congregar de forças em todo planeta para se atingir um objetivo comum, mediante a obediência às mesmas regras de procedimento. São mais de 1.200.000 profissionais de todo o mundo unidos numa engrenagem de serviço representada pelo símbolo da roda rotária.

Prossegue o conceito proclamando os objetivos básicos da instituição: “que prestam serviços humanitários”. Este é o móvel central do Rotary.

Organização de homens de negócios ou profissionais existem várias; de caráter universal, existem algumas. Entretanto, com o objetivo precípuo de prestar serviços humanitários, existem pouquíssimas organizações, as quais irão se distinguir uma das outras pela forma de servir.

O servir através da profissão, contudo, está condicionado pelo conceito do Rotary, posto que, deve o rotariano “fomentar um elevado padrão de ética em todas as profissões”.

Assim, a ação, por si só, será desprovida de valor, se o seu agente não preservar, e mais, fomentar, os princípios éticos profissionais, o que será visto mais adiante.

Por fim, o rotariano deverá visar, ainda, ao estabelecimento da boa vontade e da paz mundial sendo essa a alavanca da Avenida de Serviços Internacionais.

2.2 – OBJETIVO DA AVENIDA DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS

É o segundo objetivo do Rotary.

A Avenida de Serviços Profissionais do Rotary, antes comemorada no mês de outubro de cada ano e que, a partir de 2015-16 passa a ser comemorada no mês de janeiro, visa:

Estimular e promover o reconhecimento do mérito de toda a ocupação útil e a difusão das normas de ética profissional.

Estimular e promover o reconhecimento não significa uma simples postura subjetiva, passiva. Implica antes numa atitude objetiva, pragmática, altruística, em suma, em servir.

A regra reconhecer o mérito de toda ocupação útil. 

Para nós a ocupação útil, aqui entendida como atividade profissional, a ser reconhecida e valorizada, pressupõe um conteúdo ético. Assim, o serviço do varredor de rua, o gari, enquanto preserva a saúde da população e a estética das cidades, constitui uma ocupação útil que deve ser estimulada; também o serviço de um cientista que pesquisa novos caminhos para a saúde e o bem da humanidade, constitui para o Rotary mais um exemplo de ocupação útil que deve ser estimulada. 

Em contrapartida o tráfico de drogas, apesar de ser uma ocupação, não será útil para a humanidade, pelo que deve ser desestimulada. Um advogado que se dedica ao serviço de proteger e acobertar quadrilhas de delinquentes, apesar de ser uma ocupação, não é útil do ponto de vista moral, e, por conseguinte rotário. E se o dinheiro dos honorários provier da corrupção? O que dizer do médico que prescreve próteses e medicamentos, nem sempre os mais indicados, em troca de favores dos laboratórios? Ou do engenheiro que coloca materiais de qualidade inferior para obter maiores lucros? E da relação promíscua entre empresários e gestores públicos? Ou do juiz quando deixa de ser imparcial? A lista é longa e vai desde o cidadão comum até a cúpula de governos.

2.3 - A VOLTA ÀS ORIGENS: 

No dia 23 de fevereiro de 1905, quando o Rotary foi criado, aqueles quatro profissionais e homens de negócios reuniram-se com dois objetivos principais: companheirismo e mútua ajuda profissional. A prestação de serviços só viria a ser adotada alguns anos depois. A Volta às Origens, que hoje se preconiza, é exatamente no sentido de que prevaleça uma relação de confiança nos negócios entre rotarianos que, em igualdade de condições, passariam a ter preferência nos contratos, reconhecendo a condição de solidários no serviço ao próximo. 

Entretanto, algumas pessoas ingressam no Rotary com a intenção de tirar vantagem ou proveito dos relacionamentos e pensando em obter lucros profissionais. 

Cito como exemplo um caso verídico, ocorrido em minha cidade. Um companheiro, presidente de um Rotary Club, foi à Caixa Econômica solicitar empréstimo. O gerente, que era também companheiro do mesmo clube, verificou que o cadastro do cliente não permitia. O presidente apelou para a condição de rotariano e conseguiu que o gerente se responsabilizasse pessoalmente pela concessão do empréstimo. Resultado: quem teve que pagar foi o gerente, para não ser demitido da Caixa. Em consequência ambos deixaram o Rotary: um por falta de princípios e outro por desilusão.

2.4 – DECLARAÇÃO PARA EXECUTIVOS E PROFISSIONAIS ROTARIANOS

O item 8 da Declaração procura evitar essa prática. Entretanto, é preciso analisar cada caso individualmente , antes de se fazer um juízo de valor que pode ser equivocado. 

Não procurar obter de um rotariano, nem lhe outorgar, privilégios ou vantagens que não sejam normalmente concedidos em um relacionamento comercial ou profissional.

2.5 – O DAR DE SI ANTES DE PENSAR EM SI.

Servir através da profissão, não poderá ser um ato egoísta, visando a recompensas. É antes, um servir altruísta, pois sendo voluntário, o rotariano pratica o lema do Rotary: Dar de si antes de pensar em si.

Por outro lado, servir sem pensar no aspecto profissional, decerto levará a pensar que Rotary é, apenas, mais um clube de filantropia, uma associação de benemerência voltada para amparar creches, asilos e orfanatos. Decerto que essas são atividades nobres que devem ser estimuladas e aplaudidas e que constituem modos de atuação da Avenida de Serviços à Comunidade. Contudo, inúmeras instituições já se propõem a isso.

Rotary faz tudo isso, mas faz muito mais. Para praticar a caridade não precisamos estar no Rotary. Para enfiar a mão no bolso e dar uma esmola, quase sempre tirada do supérfluo, não precisamos ser rotarianos.

O Dar de si, antes de pensar em si é antes, a doação de algo tirado do coração, é um esforço contínuo, uma renúncia, e, principalmente, a eterna vigilância de servir no dia a dia. 

Podemos, assim, dizer, sem medo de afrontar os princípios rotários, que o servir através da profissão é a mais difícil forma de servir, mas é a que distingue o rotariano do filantropo.

Cabe-nos, neste momento, indagar:
  • O que posso fazer no meu trabalho para melhor servir aos outros?

2.6 – VOLUNTÁRIOS DE ROTARY E OUTROS PROGRAMAS

Com tantos cataclismos naturais ocorrendo no mundo, terremotos, enchentes, deslizamentos, tornados, tsunamis, erupções vulcânicas, uma maneira de servir através da profissão é como Voluntário do Rotary. Engenheiros, arquitetos, urbanistas, médicos, enfermeiros, jornalistas, nunca foram tão necessários. Anos depois as cidades e vilas, continuam arrasadas, com vias de acesso precárias, sem suprimento de água ou energia. Trabalhar como voluntário na reconstrução de casas, escolas, ou hospitais, ou em campanhas de vacinação, é uma das mais nobres maneiras de servir à humanidade através da profissão. 

Além deste, o Rotary oferece inúmeras outros programas de serviços profissionais: RYLAs, Grupos de Companheirismo, Rotarianos em Ação, Intercâmbios da Amizade, Equipes de Formação Profissional, Programas Vocacionais para Jovens entre outros, oferecem oportunidades de Servir Através da Profissão.

3 – Aspectos do Servir Através da Profissão 

3.1 - ASPECTO SUBJETIVO.

Sabemos todos que o exercício profissional é encarado precipuamente como a única forma de sobrevivência do homem. 

O açodamento cada vez maior, principalmente nas grandes cidades, as dificuldades econômicas, as complexidades crescentes decorrentes do desenvolvimento, tudo isso tende a materializar cada vez mais os objetivos do trabalho. 

A simples consciência da importância de cada atividade para os outros e para a comunidade constitui o primeiro passo para o servir. A consciência de que outras pessoas vão se beneficiar daquilo que estamos fazendo é imprescindível para que o homem valorize mais a si próprio, valorize mais a sua profissão e, em consequência, seja compelido a fazer melhor aquilo que lhe é proposto.

Esse despertar da consciência, irá, decerto, transformar nossa profissão de uma maneira de ganhar a vida em uma maneira de viver a vida.

É importante, pois, periodicamente, fazermos uma introspecção, frente à nossa mesa de trabalho e refletir:
  • Qual a importância deste meu trabalho para a comunidade?
  • Como os outros irão se beneficiar desta minha atividade?
  • Será que, dentro dessa importância do meu trabalho para os outros, estou fazendo bem o meu mister? 
3.2 – ASPECTO ECONÔMICO–SOCIAL.

Esse é um aspecto objetivo do servir, de inquestionável importância, mas que não constitui o núcleo de preocupação do rotariano.

Do ponto de vista econômico-social, os homens, através de suas atividades profissionais são responsáveis pela produção de riqueza e, em consequência promovem o atendimento das necessidades básicas da sociedade. 

O rotariano deverá ter a consciência de que exerce uma atividade produtiva e que essa atividade é importante e imprescindível para o desenvolvimento social. Entretanto, o mais importante, é a forma como se exerce essa profissão. O que o distingue é a preocupação de servir às pessoas, individualmente consideradas, ou mais precisamente, àquelas pessoas com as quais se convive, a exemplo de subordinados, chefes, colegas, clientes, fornecedores, órgãos de classe, concorrentes e outros. 

3.3 – ASPECTO ÉTICO E MORAL.

Esse é o aspecto de maior relevância do tema ora abordado, e a viga mestra dos serviços profissionais.

Ressalta-se, em primeiro lugar, que a sociedade aprende o que venha a ser Rotary mediante a análise comportamental do rotariano. Daí asseverar-se que o rotariano é a vitrine do Rotary.

O rotariano deve ser um elemento de transformação da sociedade e para tanto deve ser um exemplo vivo daquilo a que se propõe. 

Enquanto a ética é um conceito filosófico que busca fundamentar o comportamento humano, a moral é um conjunto de regras que regulam esse mesmo comportamento.

A evolução e a diversidade da natureza humana fez coexistirem duas morais: a moral permanente e a moral mutável. 

A moral mutável depende não só dos costumes, das tradições, da cultura de povos e nações, mas também dos interesses de grupos, classes e categorias sociais. 

São conflitantes a moral do empresário, que visa o lucro, e a moral do sindicalista, que procura o aumento de salário. 

Existem as morais das várias profissões: dos médicos, dos advogados, dos comerciantes, dos catadores de lixo, entre outras. 

Existem sistemas morais que permanecem inalterados por séculos como a poligamia entre os árabes e a monogamia das culturas ocidentais. 

Existem outros que evoluem como as que se referem ao meio ambiente, onde a moral dos conservacionistas passou a sobrepujar a dos progressistas. 

As maiores mudanças, nos últimos 50 anos, ocorreram no campo sexual. A homoafetividade, antes considerada imoral, passou a ser normal para uns, e o fim do mundo para outros.

Todas essas morais têm de estar a serviço da ética.

Essa moral mutável no tempo e no espaço não impediu a eclosão dos conflitos, das divergências, das guerras. 

Surgiu um novo conceito de moral. Um conceito de moral permanente, sem a qual nenhuma grande civilização teria sido construída, sem a qual o desenvolvimento da vida em sociedade não teria sido possível. 

O novo conceito de moral, permanente, não é apenas um conjunto de regras e proibições, mas a consideração em primeiro lugar, dos direitos e interesses do outro. 

A moral não existe para nos impedir de agir, mas para nos impedir de fazer o mal, de fazer sofrer, de humilhar, de oprimir, de explorar, de subjugar. 

A moral não é contra o prazer, que é um bem, mas contra o egoísmo, que é um mal. 

Em resumo, a moral permanente é um conjunto de valores que regulam o comportamento humano, a fim de que este não prejudique nem interfira nos direitos e interesses do outro. 

3.4 – A PROVA QUÁDRUPLA

Com relação à ética profissional, Herbert Taylor em 1932 legou a todos nós a PROVA QUÁDRUPLA, a qual não podemos chamar de um código de ética, mas sim, de uma reflexão, de uma auto-avaliação.

A “Prova Quádrupla” é de uma simplicidade enorme no seu enunciado, facilitando o seu entendimento. Não é um código complicado, cheio de artigos, parágrafos e itens, com palavras difíceis. É de uma objetividade singular. Devemos aplicá-la, em nosso dia a dia, em tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos:
  1. É Verdade?
  2. É justo para todos os interessados?
  3. Criará Boa Vontade e Melhores Amizades?
  4. Será Benéfico para todos os Interessados?
O rotariano não precisa de Conselhos de Ética para julgar os seus passos. Não há necessidade de ninguém apontar-lhe erros, pois, ele mesmo, pela aplicação da “Prova Quádrupla” em sua vida, se autoanalisa. E jamais o homem poderá fugir de si mesmo.

4 - Conclusão

Companheiros, devemos nos preocupar, hoje, com a apatia, com a omissão, com a indiferença e com a acomodação que estão imobilizando os homens.

É terrível ouvirmos de pessoas que nos são queridas e próximas a assertiva:

O que adianta sermos bons, espalhar a boa vontade e a Justiça, servir, se a sociedade continua egoísta, hipócrita e má, se os governantes continuarão insensíveis, incompetentes e locupletando-se do Poder?

Essa postura somente contribui para o agravamento da crise econômica, moral e social.

Deverá haver, sobretudo na vida profissional e na vida econômica, um conjunto de reações sadias, de movimentos saudáveis. O Rotary nos compele a isso.

Transportando esse pensamento para servir através da profissão, temos a consciência de que, mesmo sem a expectativa de solucionar todos os problemas, deveremos fazer a nossa parte, na certeza de que minoraremos, ao menos, o sentimento coletivo negativo e colaboraremos para o resgate parcial dos valores sociais positivos. 

Para concluir, vale repetir a frase de Paul Harris, dita em 1912: 

De todas as mil e uma maneiras que o homem pode escolher para ser útil à sociedade, sem dúvida, as mais viáveis e, na maioria dos casos as mais eficientes, serão aquelas no âmbito de suas próprias ocupações.



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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

COMPETITIVIDADE X SOLIDARIEDADE


Competitividade x Solidariedade

Alberto Bittencourt - out 2008


Dois caçadores, um americano e um japonês, se perdem na savana. Exaustos, sentam-se em um tronco e com os pés doloridos pelo cansaço tiram os sapatos. Nisso, ouvem apavorados o rugido de um leão, certamente faminto.
O caçador japonês imediatamente começa a vestir o sapato e é interpelado pelo americano:
-É inútil calçar o sapato, companheiro. Você acredita que pode correr mais rápido que um leão faminto?
Resposta do japonês:
- Que leão que nada. Estou pensando que posso correr mais rápido que você...

A anedota ilustra, de forma singela, o que no mundo das empresas é chamado de competitividade, ou concorrência, hoje cada vez mais acirrada. Uma empresa, ao chegar ao mercado, não chega apenas para competir, para disputar clientes, chega para destruir a concorrência.
Para as empresas a concorrência virou questão de vida ou morte. Todos têm de estar preparados. Para disputar um mercado há que ser o melhor, oferecer melhor produto, pelo menor preço, com maior qualidade.
Já no Rotary é diferente. Aqui a competitividade, que divide e separa, dá lugar à mutua cooperação, que soma e une, à solidariedade, ao amor.
Enquanto as empresas, por seu turno, trabalham em função de três objetivos principais: produto, cliente e lucro, no Rotary as metas visam atingir: pessoas, pessoas e pessoas.
1.  As pessoas à que ajudamos, as beneficiárias de nossos projetos e de nossas ações são nossos clientes finais, ou público alvo. A elas dedicamos nossa solidariedade e amor.
2.  As pessoas que ombreiam conosco, comungam nossos objetivos e metas, os companheiros membros da Família Rotária, são nossos clientes internos, ou público interno. A esses devemos oferecer um ambiente saudável de companheirismo e amizade.
3.  As pessoas que nos observam, são nossos clientes externos ou público externo. Cabe-nos fazer com que conheçam nossas ações, divulgar Rotary, dar-lhe visibilidade.
Segundo pesquisas, três coisas motivam um empregado a não sair de uma empresa: Em primeiro lugar as perspectivas de futuro; em seguida vem o ambiente de trabalho; por último, o salário.
No Rotary, não há perspectivas de futuro, ninguém espera fazer carreira, obter promoções, receber maior fatia de poder ou de autoridade. Tampouco no Rotary existe salário. O rotariano é antes de tudo um voluntário. Ele paga para trabalhar.
Duas coisas apenas mantêm o rotariano em seu clube: o ambiente de companheirismo e a prestação de serviço.
O ambiente deve ser o mais agradável possível. Um ambiente que dê prazer somente pelo simples prazer de estar lá, entre os companheiros. Um ambiente que envolva as famílias, do qual todos participem com a maior alegria.
Outro fator que prende o rotariano, que o faz ficar ligado ao seu clube é o envolvimento nos serviços. Quanto mais engajado estiver alguém nos trabalhos do clube, quanto mais ele permanecer ligado, atuante, mais rotariano ele será, maior nível de responsabilidades ele assumirá.
A maior recompensa é justamente a satisfação do dever cumprido, a consciência tranqüila de haver feito a sua parte, a consciência de haver trabalhado para mudar o Brasil, para mudar o mundo.












sexta-feira, 26 de junho de 2020

CIVISMO, CIVILIDADE, CIVILIZAÇÃO






CIVISMO, CIVILIDADE, CIVILIZAÇÃO

Alberto Bittencourt - novembro de 2012

Meu avô, que foi quem me criou, sempre dizia: "Os princípios de cidadania se aprendem e se praticam desde cedo, em casa, na escola, na sociedade".

Ele me ensinou, pelo exemplo, a respeitar o próximo, a seguir limites e regras do convívio social, a ter disciplina comigo mesmo.

De origem humilde, o general Amaro Bittencourt galgou os mais altos postos da carreira militar, desprovido de ambições pessoais, mas eivado de amor à Pátria, ao Exército, à Família. Em homenagem e agradecimento aos brasileiros de sua extirpe, para quem a prática da cidadania é algo normal e natural, dedico o presente artigo.

Alberto Bittencourt


Os princípios da cidadania constituem o conjunto dos direitos e deveres do homem. Eles formam o que se chama de cidadão. É onde a política se distancia da ética ou moral.

O que é ser cidadão? É ser membro de um Estado, ou de uma sociedade politicamente organizada. O cidadão participa do poder soberano do Estado, o que lhe confere direitos específicos e se mantém submisso a esse mesmo Estado, o que lhe confere deveres específicos.

Os deveres do cidadão se apóiam no tripé: civismo, civilidade, civilização.

Civismo é aquilo que cada um de nós deve ao Estado ou ao povo soberano do qual fazemos parte. O civismo está entre os mais importantes deveres do cidadão. Significa não apenas se submeter à lei, que é o mínimo que se poderia exigir, mas ainda zelar pela sua elaboração, pela sua aplicação, pela sua proteção. Todo cidadão deve lutar democraticamente para transformá-la caso a julgue má ou injusta. é o que se chama de civismo.

Civilidade é outra coisa: ela implica em se submeter às mínimas regras do convívio social. Está mais ligada à moral e à ética do que à política, o que a faz ser tão necessária. Ela não bastaria ao civismo, mas o civismo sem a civilidade, não seria senão uma abstração.

Civilização, aqui empregada no sentido de polidez, boas maneiras ou boa educação, se refere ao relacionamento entre indivíduos. Está ao lado do refinamento, da distinção, do comportamento cortês e atencioso. Ser uma pessoa respeitosa, responsável e uma companhia agradável é dever do ser civilizado. A polidez se situa nos encontros, é mais uma conduta moral que coloca o egoísmo no seu devido lugar,

Em resumo:

Civismo é o que se deve ao Estado, isto é, à sociedade politicamente organizada.

Civilidade é o que se deve à coletividade, a quem vive no Estado.

Polidez é o que se deve ao indivíduo.

Os deveres do cidadão nunca foram tão vilipendiados como nos dias de hoje:

_ O civismo necessita ser urgentemente restaurado.

_A palavra civilidade está cada vez mais rara.

_A falta de polidez se expande com grande velocidade.

São males de nossa época, sintomas de uma sociedade doente.

A falta de civismo é negar o estado de direito, pode ir do delito ao crime.

A falta de civilidade ou incivilidade é uma distorção comportamental. é negar os outros, negar a sociedade.

A falta de polidez ou impolidez não é senão a falta de educação. é no fundo a negação de si mesmo.

Enquanto a impolidez se expressa pela falta (de atenção, de respeito, de delicadeza, de educação), a incivilidade se expressa pelo excesso (de egoísmo, de vaidade, de violência, de brutalidade, de egocentrismo).

Exemplos:

_Fraudar o fisco é falta de   civismo.

_Insultar o fiscal é falta de civilidade.

_Deixar de transmitir um recado é falta de polidez.

_Perturbar os vizinhos com um som ensurdecedor é falta de civilidade.

_Falar aos berros no celular dentro do elevador é falta de civilidade.

_Não se desculpar quando involuntariamente se esbarra em alguém é falta de polidez.

_Furar a fila de espera é falta de civilidade.

_Deixar de dizer "por favor" ou "obrigado" é falta de polidez.

_Avançar o carro pelo acostamento ou estacionar em locais reservados aos idosos é falta de civilidade.

_Estacionar o carro prendendo outros carros é falta de civilidade.

_Não respeitar os professores é falta de civilidade.

_Adquirir produtos contrabandeados ou pirateados é falta de civismo.

Vê-se que as fronteiras dos deveres da cidadania são tênues. Todas têm em comum deixar de manifestar o respeito que uns devem aos outros. Todas ultrapassam os limites do comportamento ético e responsável.

Civismo, civilidade, civilização: três deveres, três maneiras de viver em coletividade. Eles são muito necessários. É o que se chama, ou se resume como cidadania.

É na cidadania onde se encontram os direitos e deveres do homem. é na cidadania que se forma a base da civilização de hoje. O contrário da cidadania é a barbárie.

MOSTRE QUE VOCÊ SE INTERESSA






MOSTRE QUE VOCÊ SE INTERESSA
Resoluções de Ano Novo 
Alberto Bittencourt - De meu diário, em dezembro de 2007

Dentre minhas resoluções para este novo ano, a mais importante, será mostrar realmente meu interesse pelos amigos e parentes, os que me são caros.

Às vezes, um simples telefonema pode fazer uma grande diferença. Não basta pensar neles apenas, nem simplesmente responder convencionalmente a um e-mail, é preciso mostrar que me interesso. O saudoso companheiro José Christóvam Guerra, do Rotary Club do Recife-Boa Viagem, dizia: a distância nunca separa amigos que se interessam. É uma grande verdade. É a única forma de manter os laços apertados, aquecidos com amizade, com calor humano, com sentimentos de afeto. É abrir o coração e mostrar nosso amor e respeito, para isso, é preciso tomar a iniciativa, partir em direção aos amigos, à família. Foram tantos os que nos telefonaram, de muitos, a gente nem esperava o gesto carinhoso, a atenção. Se eu pudesse ainda escrever uma mensagem de Natal, eu diria: Mostre que você se interessa, parodiando o lema antigo de Rotary: "Mostre que Rotary se interessa."

Mostrar aos amigos que você se interessa por eles, significa que, mesmo os seus planos, podem ser modificados em favor de cada um deles, que você está disponível para ajudá-los, que eles podem contar com você, com sua atenção, com sua abundância e com o seu tempo. Que prova maior de amizade pode haver do que você mudar sua rotina, alterar seus planos, parar o que estava fazendo, enfim, mudar sua vida para ajudar e atender um amigo? Tenham a certeza de que este gesto, mesmo que pequeno, fará uma enorme diferença – faz com que você se torne realmente um amigo.

A verdadeira amizade vem da alma, do interior de cada ser, lá do coração. É o encontro de dois espíritos afins que se afinam em pensamentos, sentimentos e vontades. A verdadeira amizade independe da razão, vem lá de dentro do nosso eu, superior, sensível e divino.

Nós crescemos junto com nossas amizades, a cada gesto de interesse, de carinho. Em pouco tempo vemos transbordar nosso sentimento e vai envolvendo todos aqueles que nos rodeiam, como uma onda luminosa que emana de nosso coração. 

Mostre que você se interessa, pelos planos, pelas metas e objetivos do outro, mostre que você é parte deles, só assim você realmente fará parte do grupo. Mostre que nossa passagem em suas vidas não foi em vão, deixou uma marca profunda, uma esteira de alegria, que nós os conquistamos e somos responsáveis por essa conquista, tal qual o Pequeno Príncipe. Nada é mais importante que os amigos e a família que Deus colocou em nosso caminho. É este o nosso verdadeiro patrimônio, que devemos manter e revigorar, que devemos demonstrar que sempre podem contar conosco, com nosso apoio e com nossa amizade.

Fica aqui registrada minha mais forte resolução para 2007: Mostrar que me interesso pelos amigos e pessoas que amo. Será que ainda dá tempo?  


segunda-feira, 18 de maio de 2020

POLÍTICA SANITÁRIA OU POLÍTICA PARTIDÁRIA?

POLÍTICA SANITÁRIA OU POLÍTICA PARTIDÁRIA?
Alberto Bittencourt - 18 maio 2020

Só mesmo no Brasil. É o único país democrático do mundo em que a política partidária prevalece sobre a política sanitária.
Quantas vidas poderiam ter sido salvas se esse protocolo tão simples tivesse sido adotado há pelo menos dois meses.
Um porteiro aqui do meu prédio começou com sintomas de gripe.
Sendo eu o síndico, recomendei que ficasse em casa até a cura. Vitamina C e cama, disse, repetindo o slogan escutado desde os tempos de criança. Em uma semana ele estava de volta se dizendo em perfeita saúde. Com mais dez dias os sintomas da gripe voltaram e ele pediu dispensa novamente. Voltou com doze dias.
_ O que fez para se curar? Perguntei.
_ Muita vitamina C, canja de galinha e mingau de cachorro.
_ ?
_ Um mingau a base de gemas de ovos e outros ingredientes que se toma quente.
Eu então mandei que ele procurasse um posto de saúde para fazer o teste da covid-19, mesmo já tendo superado os sintomas da gripe.
_ É gratuito e o resultado sai em meia hora, disse-lhe pelo que já tinha lido em algum lugar. Ele foi e retornou dizendo que o testara positivo.
_o médico me mandou ficar mais uma semana em casa e disse que depois eu poderia voltar a trabalhar.
_ Não prescreveu nenhum medicamento? Não recomendou quarentena?
_ Não sr. Ele disse que não precisava, já que não tenho mais os sintomas. Disse que só voltasse no posto se tivesse falta de ar.
_Interessante, pensei. Mas ele tem o vírus. Pode sair contaminando todo mundo por aí.
Na realidade os postos de saúde aqui em Pernambuco não estão aparelhados e o protocolo do SUS não prevê aplicação de nenhum medicamento aos primeiros sintomas. Somente quando o quadro se agravar e o paciente apresentar falta de ar.
Foi preciso uma pressão enorme dos médicos que fizeram um abaixo assinado com mais de duas mil assinaturas para que começassem a rever esse protocolo.
Para o atual governo do estado, a política partidária é mais importante que a política sanitária. Pouco interessam as vidas, só a velha prática importa.
Tal só acontece nos governos socialistas e populistas, que são extremamente autoritários e totalitários. Nem nos chamados “anos de chumbo”, da fase mais pesada dos governos militares se viu tamanha arbitrariedade, principalmente em Pernambuco e São Paulo.

domingo, 29 de março de 2020

FALIMENTOS OU FALECIMENTOS?

FALIMENTOS OU FALECIMENTOS?
ECONOMIA X SAÚDE.
Alberto Bittencourt
É impossível encontrar o ponto de equilíbrio. Para o primeiro existem remédios. Para o segundo, não tem jeito.
O debacle da economia, assim como as mortes causadas pelo covid-19, acarretarão danos irreversíveis, tais como fome, desemprego, violência, doenças e, em consequência, mais sofrimentos e mais mortes por causas diversas.
Pagamos o preço de séculos de descasos em questões como educação, segurança, saúde, saneamento, água potável, favelização, desigualdades, corrupção, ética e, principalmente, pelos privilégios de uma classe oligárquica dominante que, desde antanho se locupletou no poder, para ser cada vez mais rica, às expensas de um povo sofrido, explorado, violentado.
Ao término desta epidemia, com o vírus sob controle, além das mortes físicas e das mortes de micro, pequenas e médias empresas, terá, talvez, iniciado um período de recessão econômica de dimensões e consequências imprevisíveis.
Não tenho dúvidas de que, resilientes, renasceremos para uma nova era, para um novo ciclo histórico de paz, de crescimento e de desenvolvimento.
Acredito que estamos a caminho de uma mudança cultural ampla, advinda dos dois grandes choques heterodoxos que vivemos no momento: a Lava-jato e o Corona vírus.
Essa mudança será tanto mais definitiva quanto mais natural seja. Não advinda de uma ruptura institucional, mas de um novo comportamento e de uma nova postura cultural e ética do povo, sem deixar espaço para aproveitadores e hipócritas, sempre à espreita para abocanhar o melhor naco.
Que desses dois choques a sociedade emerja criativa, no sentido de exigir mudanças radicais, com a erradicação das práticas nocivas que tanto mal fizeram a este país. Que se extingam órgãos e cargos públicos desnecessários, mordomias exacerbadas, compadrios, afilhadismos, conchavos abusivos do poder.
Que o compromisso dos gestores e representantes do povo seja, única e exclusivamente, com a seriedade e com o futuro da nação brasileira.
Assim espero.
AMÉM.

sábado, 26 de janeiro de 2019

OS PONTOS CRÍTICOS DO ROTARY 25/10/2011


OS PONTOS CRÍTICOS DO ROTARY

Alberto Bittencourt
(Trecho de palestra e debate apresentado na REPRESE dos clubes do Grande Recife, em outubro de 2011)




Companheiros.


Sinto que o Rotary de hoje possui quatro grandes pontos críticos.


São eles os pontos que mais têm atraído as atenções, mais têm sido abordados e enfatizados pelos dirigentes rotários de todos os níveis. É onde o Rotary mais tem concentrando as suas ações. É com esses pontos críticos que o Rotary vem se preocupando nos últimos tempos. Eles são constantemente temas de conferências distritais, seminários, fóruns.
Por que são pontos críticos? Porque mesmo com todo o esforço despendido, com todos os programas e recursos empregados, não se consegue eliminá-los, resolvê-los, nem mesmo abrandá-los.

Eles são críticos, porque apesar de tudo o que se fez e se faz, continuam desafiadores, intangíveis. Na minha opinião, o Rotary de hoje depende da resolução desses quatro pontos críticos.

Somente a você, rotariano e a ninguém mais, cabe a missão de levantar e identificar esses pontos críticos do Rotary, para estudá-los, compreendê-los e, finalmente, agir, no sentido de eliminá-los, para que o Rotary volte a crescer, livre, pujante, dinâmico, realizador, eficiente e eficaz.

São eles:

PRIMEIRO PONTO CRÍTICO:
Imagem Pública (visibilidade, transparência)


O primeiro ponto crítico é, sem dúvida, a imagem pública. 
Apesar de toda uma mudança de concepção, na prática o esforço despendido não tem surtido o efeito esperado. O Rotary precisa aparecer mais. O que percebemos é que o Rotary tem uma visibilidade muito limitada aí fora. Tudo o que fazemos hoje em nossos clubes, todo o trabalho dos rotarianos, seja nas creches, nos centros de apoio a deficientes, nas comunidades, tem tido uma repercussão muito restrita, muito limitada, entre o público que nos observa. De maneira geral, os rotarianos se omitem na divulgação dos feitos de seus clubes. Eles não repassam à mídia qualquer tipo de matéria. Bastaria uma pequena lauda com fotos, em linguagem bem atrativa, com a descrição dos trabalhos e do envolvimento do Clube. 
Precisamos criar mecanismos em nossos clubes, envolvendo os associados neste trabalho importantíssimo para a transparência do Rotary, principalmente, porque esta é a melhor forma de atrair futuros companheiros para nossas fileiras. Nossos clubes falham neste quesito, apesar da prioridade que o Rotary vem dando à Imagem Pública, transformando-a em uma das mais importantes ênfases presidenciais de RI nos últimos anos.


SEGUNDO PONTO CRÍTICO: 
Inovação. (Mudança, flexibilidade)

James Hunt, autor do livro "O Monge e o Executivo" disse: O cúmulo da insanidade é tentar obter resultados diferentes e continuar fazendo a mesma coisa, do mesmo jeito, sempre.

O segundo ponto crítico do Rotary, ao meu ver, é a inovação, que hoje também é uma das ênfases presidenciais em 2011-2012, trazida pelo Presidente Kalyan Banerjee. Inovação se consegue levando para nossos clubes a mudança de paradigmas e a quebra da rotina massacrante. O Rotary tem mudado bastante nesses últimos quinze anos. Ele fez uma verdadeira revolução, em se tratando de inovação.

Começou antes do ano 2000, criando o PLD (Plano de Liderança Distrital), o PLC (Plano de Liderança de Clube), e o Planejamento Estratégico. Somente estes três itens representaram uma enorme transformação em Rotary. Foram mecanismos muito úteis para barrar o marasmo e a acomodação que tomava conta dos clubes, que impedia o seu desenvolvimento. Seus resultados ainda não foram sentidos inteiramente, mas o principal benefício foi a continuidade das ações, das metas e objetivos, que passaram a ser de curto, médio e longo prazo.

O PLD trouxe uma profunda mudança nos distritos rotários, com a criação e estruturação das funções do Instrutor Distrital, dos Governadores Assistentes, dando uma ênfase especial aos Treinamentos, como PETS, GATS, Equipe Distrital, além do Seminário de Capacitação e dos Seminários da Fundação Rotária, Imagem Pública e Desenvolvimento do Rotary.

Na Fundação Rotária, o Plano Visão do Futuro também representa uma tremenda reformulação em seus programas, métodos e ações.

Ainda há muito a melhorar como, por exemplo, a pouca profundidade na abordagem dos seminários, devido à exiguidade do tempo disponível, pois, são geralmente feitos em conjunto. Apesar de realizados em várias cidades do Distrito 4500, falta avaliar e divulgar os resultados desses treinamentos. Qual foi efetivamente o alcance das informações recebidas, que mudanças acarretaram e qual foi o resultado das ações daí advindas?

Treinamento e capacitação são hoje fatores determinantes de sucesso.

O próprio PLC já sofreu mudanças em 2010, com a criação da Quinta Avenida de Serviços, dedicada Às Novas Gerações, de suma importância para o futuro do Rotary.

No Distrito 4.500, o meu clube, o RC do Recife-Boa Viagem fez parte do Programa Piloto de Rotary chamado Inovação e Flexibilidade. Foram apenas duzentos clubes no mundo inteiro e somente dois no Brasil. 
O que um clube de Rotary pode fazer dentro deste programa Inovação e Flexibilidade? Ele pode virar pelo avesso coisas que sempre foram sagradas em Rotary, como o Estatuto do Clube, antes só alterado mediante proposta aprovada no Conselho de Legislação e submetida à votação pelos delegados votantes dos clubes do mundo, de 3 em 3 anos. Como clube piloto deste programa, o RC Recife-Boa Viagem pode tentar novas experiências, buscar novos paradigmas, novas formas de se reunir e de agir, desde que, claro, fazendo os devidos relatórios.

Então, companheiros, uma das preocupações de RI é justamente a mudança para acompanhar as transformações da vida moderna.

Quando falamos em mudanças, nos referimos a transformações, não apenas a melhorias. A melhoria é como tornar um gato magro num gato gordo e bonito, mas ele continuará sendo sempre um gato. A transformação significa tornar o gato magro em um tigre, o que é radicalmente diferente. Essas transformações ainda precisam atingir a todos os clubes, com todos os associados trabalhando em conjunto, cada qual em sua comissão, fazendo com que as metas e objetivos sejam realmente alcançados e avaliados.


TERCEIRO PONTO CRÍTICO: 
Liderança (Integração, participação)

O terceiro ponto crítico em Rotary é a formação de novos líderes. Nunca o Rotary foi tão carente de lideranças. Se olharmos para nossos líderes, eles são, desde muito, aqueles de sempre, os mesmos. Nossos clubes precisam de líderes para mobilizar o quadro associativo. São esses líderes que integram os rotarianos dentro do clube, que fazem uns interagirem com os outros, que fazem com que todos participem e se envolvam nos programas, do clube e do Rotary. Assim, o Rotary depende dos líderes, precisa de lideres, são os líderes os responsáveis pelo dinamismo, pela pujança do clube e do Quadro Associativo.

Onde estão os novos líderes dos clubes? Eles deveriam estar presentes e alertas, incentivando e levando os companheiros para o caminho proposto pelo PLC, para que o clube cresça e alcance suas metas.

Onde estão os novos líderes? Eles estão fazendo muita, muita falta mesmo, nos clubes, nos Distritos e até em Rotary International.
A verdadeira liderança é aquela que forma novos líderes para abraçar e seguir seus ideais. É assim no Rotary.


A formação de novos líderes começa em nossos clubes, com a convocação de companheiros para trabalhos e apresentações, para palestras e exposições. O que muito ajuda na preparação e divulgação destas novas lideranças são as reuniões conjuntas de dois ou mais clubes, os interclubes temáticos e o intercâmbio de rotarianos em reuniões plenárias e palestras em outros clubes.


QUARTO PONTO CRÍTICO. 
Seriedade. (Comprometimento, ética)

Quando eu digo seriedade, eu falo em Comprometimento e Ética, e quando falo em Ética, falo em Prova Quádrupla.

Não é a totalidade, graças a Deus, mas podemos ter a certeza que para muitos dos rotarianos, falta seriedade com os compromissos rotários.

O que é seriedade? Seriedade é não ficar acomodado, não empurrar com a barriga as obrigações para com o grupo, nem os compromissos que, como rotariano assumiu.
Quem não tem seriedade, quem não vê o Rotary com seriedade, não comparece às reuniões, não assume funções e quando as tem, não se empenha no trabalho, não faz jus ao distintivo, nem ao título de rotariano.

CONCLUSÃO:

Esses Quatro Pontos Críticos aparecem nitidamente quando se faz uma análise a partir dos problemas que nossos clubes enfrentam. Eles precisam vencer e superar estes Quatro Pontos Críticos, para que nossa associação volte a crescer numericamente e possa produzir ações cada vez mais importantes para a humanidade.
Acredito que os CENTROS DE ESTUDOS ROTÁRIOS dos Distritos possam dar uma efetiva colaboração nesse sentido.
Precisamos fazer alguma coisa, começando dentro de nossa casa, para depois, fortalecidos e unidos como um FEIXE DE VARAS, defender um BRASIL cada vez melhor, alegre e feliz.


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Alberto Bittencourt
E mail: abitt9@gmail.com
Blog: http://albertobittencourt.blogspot.com
Rotary Club do Recife-Boa Viagem; D-4500
Governador do Centenário 2004/05
Classificação: engenharia civil
Tel cel: +55 (81) 98844-8129
Tel res: +55 (81) 3204-1752o

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ETICA E VOLUNTARIADO


ÉTICA E VOLUNTARIADO
Alberto  Bittencourt





Meu amigo Sergio integra uma dessas associações humanitárias que, todas as noites, distribui uma tigela de sopa quente e nutritiva a moradores de rua. Concentra suas atividades na rua do Imperador, uma artéria de grande movimento no centro do Recife, bem perto da majestosa e imperial sede do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Ali, cerca de 40 pessoas, entre idosos e crianças, há décadas vive nas calçadas. Moram debaixo das marquises, dormem na frieza do cimento forrado com um pedaços de papelão. Tiram o sustento como flanelinhas, convivem com a sujeira, com a falta de higiene, ficam ao relento, sem a menor proteção. Mas não querem sair dessa situação. 

Há alguns anos, a ABCC- Associação Beneficente Criança Cidadã, fundada pelo desembargador Nildo Nery dos Santos no início do ano 2000, numa iniciativa louvável, conseguiu removê-los. Numa área cedida pela prefeitura, fez construir cerca de 20 casas que foram doadas para aquelas famílias, na esperança de lhes dar condições dignas de existência. Junto com as casas, as famílias receberam material de higiene, alimentação, instrução, cuidados médicos e tiveram os filhos matriculados na escola. A Orquestra Criança Cidadã dos Meninos do Coque, que encanta o mundo, é cria da ABCC.

O sonho de ver a rua do Imperador sem miséria, contudo, durou pouco. Novas famílias logo se instalaram nas mesmas calçadas.

Dia desses, encontrei com Sergio. Como sempre, ele apregoou os benefícios do que considera ser sua missão de alimentar os pobres. 

_ Você não faz ideia de como nos faz verdadeiramente bem, trabalhar desinteressadamente em favor dos mais necessitados. Doar uma parcela de nosso tempo, dinheiro e energia para aquelas pessoas, remoça, dá mais disposição, mais alegria na vida. 

Sergio é adepto de filosofias orientais. Ele acredita que os atos de caridade geram créditos que um dia nos libertarão da roda de nascimentos e mortes, quando então teremos alcançado o plano espiritual mais elevado. 

_ Mas é claro, meu amigo, respondi ao Sergio. É impossível doar sem receber algo em troca, mesmo quando se trata dos pobres. Afinal, não está na Oração de São Francisco que é dando que se recebe? 

A frase causou impacto em Sergio. 

_ Você está enganado, disse ele. Meu objetivo é aliviar o sofrimento dessas pessoas. A caridade é um fim em si. A recompensa, nesta ou em outra vida, é consequência. 

_ Pois vou lhe mostrar que não é possível dar sem receber nada em troca, disse eu. Costumo doar roupas velhas, objetos usados que não me servem mais, para o bazar da irmã Anatília. Ela dirige uma instituição denominada CRVV- Centro de Revitalização e Valorização da Vida, no bairro do Pina, que cuida de 150 crianças, em horário complementar ao da escola. O bazar revende de tudo, a um preço quase simbólico. Cada cabide de roupa, por exemplo, custa R$ 3,00 em média. O dinheiro apurado paga a funcionária encarregada e ainda ajuda no custeio da instituição. 

_ Em casa, vez por outra, eu e Helena fazemos uma limpeza em nossos armários, em benefício do CRVV. Nenhuma daquelas crianças sabe que somos nós os benfeitores. Nada recebemos em troca das doações.

Sergio retrucou:

_ Bem, qualquer ação tem que ser totalmente anônima, para não correr o risco de gerar agradecimentos, de se tornar um favor. Ao me contar isso, você se tornou credor de minha admiração. Receba os meus parabéns e minhas congratulações, em troca de sua doação desinteressada. 

A pequena história mostra como são tênues os limites éticos do voluntariado.

Eu e Helena integramos o Rotary International, a maior rede de voluntários do mundo. Pertencemos ao Rotary Club do Recife-Boa Viagem. Tivemos oportunidade de conhecer o IAVE – International Association for Volunteer Effort ao participarmos como convidados de uma conferência mundial realizada no ano de 1998 na cidade de Edmonton, Canada, a convite do Rotary Club de Edmonton, parceiro internacional do nosso clube em diversos projetos humanitários. 

O IAVE foi fundado no ano de 1970, por um grupo de idealistas que encontrou no serviço voluntário um meio de conectar nações e culturas. A organização cresceu e hoje possui representações em mais de 70 países, a maior parte em desenvolvimento. O objetivo único do IAVE é promover, fortalecer e celebrar o crescimento do voluntariado no mundo inteiro. As conferências mundiais ocorrem de dois em dois anos.

A partir daí, eu e Helena temos acompanhado diversos movimentos internacionais de voluntários que congregam pessoas interessadas nos trabalhos comunitários. 

O Canadá é seguramente o país mais desenvolvido no mundo nesse campo. Lá, 80% de sua população desempenha algum tipo de trabalho voluntário. 

Outro exemplo são os Departamentos de Bombeiros americanos. Há cidades dos Estados Unidos em que 100% do efetivo é voluntário, outras, em que 100% é profissional e há as que adotam um sistema misto.

Os firefighters voluntários nada recebem de remuneração. Têm alto senso de responsabilidade, encaram o trabalho com a mesma dedicação dos servidores profissionais. Desempenham sua missão com o maior afinco, tanto no que diz respeito ao cumprimento do horário, quanto no zelo pelos materiais, pois operam sofisticadas e complexas viaturas e equipamentos com a maior seriedade.

Em todos os museus e centros históricos americanos que visitamos, havia sempre a presença marcante de voluntários, geralmente pessoas idosas, aposentadas, que trabalhavam como guias ou na administração.

Aprendemos que a palavra voluntário tem uma conotação, um peso, uma responsabilidade enorme.

Aprendemos que a oportunidade de se dizer não, é apenas quando se é convidado. Uma vez aceito o convite para qualquer missão, para qualquer função, para membro de qualquer organização, então tudo passa a ser obrigação. A partir desse momento, o encargo, a missão, o trabalho deixa de ser voluntário e passa a ser um compromisso assumido. O voluntário cumpre horários com seriedade, como qualquer funcionário que tenha de bater o ponto. 

No Brasil, a cultura do voluntariado ainda é incipiente. Muitas vezes o voluntário brasileiro dá a impressão de estar prestando um favor. Não quer ter obrigação de horário, compromisso de tempo, acha que pode trabalhar quando quiser e bem entender. É comum a figura do voluntário que entope a função. Sabem o que é na linguagem popular, entupir uma função? Pois o entupidor de função é a pessoa que aceita a missão, aceita o encargo, porém a partir daí não faz mais nada. Não faz e nem deixa fazer. Tampouco se pode recorrer a outra pessoa para ajudar, pois ele está lá entupindo a função, com os braços cruzados, fazendo resistência passiva, sem cumprir sua obrigação de voluntário. O que ele almeja é o reconhecimento, o status, os elogios e as homenagens. Para ele, o egocentrismo e a vaidade estão acima de tudo. 

A ONU decretou o ano de 2001 como o Ano Internacional do Voluntário e adotou a Declaração Universal do Voluntariado, uma espécie de Código de Ética que estabelece uma série de deveres e de procedimentos do voluntário para com: a sociedade, o meio ambiente, o público alvo, os outros voluntários, a própria entidade e em catástrofes naturais. 

A Declaração Universal do Voluntariado visa estabelecer uma cultura do voluntariado, baseada na formação técnica indispensável e, principalmente, na ética, para dar continuidade e sustentabilidade às ações voluntárias. 

O voluntariado preenche a lacuna deixada pelo Estado nas questões sociais. Integra as chamadas organizações do terceiro setor. 

Podemos dizer que, se não fossem os voluntários, o mundo seria um verdadeiro caos.


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