ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

MEUS DOIS AVÓS GENERAIS

 MEUS DOIS AVÓS GENERAIS. 

Alberto Bittencourt–2023



Nasci no dia 9 de novembro de 1942. 

Casei no dia 4 de julho de 1965 com a professorinha do estado da Guanabara, de ascendência francesa, Helena Seigneur Lezan, que adotou o nome de casada, Helena Lezan Bittencourt, com a qual completei 58 anos de matrimônio depois de dois de namoro. Ela me deu quatro filhos, três mulheres e um homem,  e oito netos. 

Sou filho de uma família de militares. Meus dois avós foram generais com missões relevantes neste país.  Meu pai, precocemente faleceu no dia 20 de novembro de 1954, aos 41 anos de idade, vítima de um edema pulmonar, naquele tempo fatal. Deixou minha mãe, ELYETTE, viúva aos 34 anos de idade, com três filhos. Eu, Alberto, mais velho, com doze anos recém completados no dia 09 de novembro. Um ano e oito meses depois chegou  o Cláudio, e em seguida a Elaine, completando a escadinha. 

Meu irmão Cláudio Bittencourt, chegou a coronel do Exército, da arma de Material Bélico, Os demais tios avós, primos, sobrinhos, eram, em sua maioria, militares, Oficiais do Exército.  


O general Amaro Soares Bittencourt, avô paterno, gaúcho, chegou na ativa ao posto máximo do EB, General de Exército, num tempo em que só havia 18 Generais de Exército no EB.  Desempenhou uma missão importantíssima organizando e montando a Comissão Mista Militar Brasil-Estados Unidos, sediada em Washington, capital, lá pelo ano de 1939-40 da qual foi o primeiro chefe. Negociou o suprimento de armas, munições e equipamentos  para o EB. Como militar, lutou contra vários movimentos sediciosos que se  insurgiram no sul do país, nos anos de 1924-25 (Paraná e Santa Catarina), e outros. Foi condecorado e  promovido a major por ato de bravura e risco de vida em campanha. 

Dedicou-se à criação e desenvolvimento dos Serviços de Transmissões do EB, precursor da arma de Comunicações e também foi pioneiro no radioamadorismo no Brasil. Posterior ao seu falecimento, após fazer um curso preparatório, prestei  prova e, aprovado, reivindiquei e recebi o mesmo indicativo de chamada dele: PY1AV - América Venezuela ou Antena Válvula, do qual muito me orgulhava, ao operar nos seus equipamentos, recebidos de herança. 

Durante a vida, sendo engenheiro militar, vovô Amaro chefiou e atuou na área técnica dos 1º e 2º Batalhões de Ferroviários responsáveis pela implantação no Brasil do TPS - Tronco Pincipal Sul, uma linha ferroviária que ligava São Paulo ao sul do país.  Desde tenente, recém casado, viveu no mato, em acampamentos militares no sul do país, para implantação das linhas férreas, num verdadeiro pioneirismo, inimaginável para os padrões atuais.  


Meu avô materno, General Antônio de Freitas Brandão, sergipano,  ( Meu nome completo é Alberto de Freitas Brandão Bittencourt), dedicou-se ao Material Bélico. Nos anos que precederam à Segunda GM, de 1933 à 1937, integrou uma importante Comissão de compras de armamentos na Europa. Fuzil Mause mod 1908, metralhadora Madsen, ponto 30, Canhões Krupp, 75 mm,  foram alguns dos armamentos e respectivas munições adquiridas por ele na Checoslováquia, Alemanha e Bélgica.  Com a ascensão do nazismo, a missão foi suspensa, devido à ameaça dos navios carregados de armas e munições serem postos a pique durante a travessia do oceano Atlântico. 

Vovô Brandão instalou e chefiou várias fábricas de armamentos no Brasil, entre as quais a Fábrica do Andaraí, no Rio, e criou os Parques de manutenção de equipamentos bélicos, como o do Parque Regional de Manutenção da 5ª Região Militar  em Curitiba, que leva o nome dele como patrono.


Ambos os avós foram agraciados como patronos de escolas públicas. A de Bento Gonçalves, RGS, inicialmente tinha o nome de GEGAB – Grupo Escolar General Amaro Bittencourt – depois passou a ser designada  EREMF – ESCOLA DE REFERÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL Gen Amaro Bittencourt.

A escola de Aracaju, Sergipe,  é a EREMF Gen Antônio de Freitas Brandão, situada no bairro do Farol.  

Meu avô Brandão foi interventor no estado de Sergipe, de 1945 a 49, nomeado pelo pres. Dutra.


Meu pai, KELVIN RAMOS BITTENCOURT, Oficial do Exército, da arma de Engenharia, formado na Escola Militar do Realengo, em 1933.  Graduou-se em 1941, engenheiro militar e civil pela ETE - Escola Técnica do Exército que, posteriormente, mudou o nome  para IME - INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA. Foi promovido “post morten”ao posto de General de Brigada.  


Recomendo a leitura do artigo publicado na Revista do Clube Militar de março de 1998, anexo, intitulado “ A Engenharia de Construção e o general Rodrigo Octávio” de autoria do coronel Rodrigo AJACE Moreira Barbosa, da qual extraio à pág. 20,  a referência ao nome do meu pai: 


“ Merece uma referência especial a plêiade de Engenheiros Militares do Batalhão, sob a firme liderança do Major Kelvin Ramos Bittencourt. Este, um técnico por formação e convicção, não se deixou atingir pela aparente maior importância dada aos deveres militares, em detrimento, às vezes, dos aspectos técnicos. Com sua visão arguta, percebeu que a mudança de comportamento militar da unidade acabaria por beneficiar o cumprimento das missões técnicas de construção. Com esta compreensão, liderou sua equipe de Engenheiro Militares, propiciando apoio irrestrito ao seu comandante, fato este que contribuiu para o sucesso invulgar do Batalhão, no afã do cumprimento de sua missão.”  


Eu e meu irmão Cláudio, seguimos a tradição familiar. Após cursarmos o CMRJ, Colégio Militar do Rio de Janeiro,   ingressamos na AMAN, onde nos formamos nos anos de 1963 e 1965. Sou da turma Sesquicentenário da Academia Militar que completou em dezembro de 2023, sessenta anos de formatura. 

Inicialmente servi no BESE, Batalhão Escola de Engenharia, o Batalhão Visconde de Taunay, uma unidade de elite, sediada na Vila Militar, no Rio de Janeiro. Em seguida, após rigoroso curso na área de estágio, em 1966, entrei para a tropa paraquedista, onde fiz o curso de Mestre de Saltos. De lá fui servir na AMAN, como oficial Instrutor do Curso de Engenharia.  Tive oportunidade de preparar e formar a primeira turma de cadetes paraquedistas militares do EB. 

Da AMAN ingressei no IME- Instituto Militar de Engenharia, tendo me formado engenheiro militar e civil em dezembro de 1971. Em 1972 cheguei no Recife. Servi na CRO/7 - Comissão de Obras da 7ª Região Militar, de onde, por concurso público ingressei no Quadro do Magistério do Exército, como professor de Matemática do CMR, Colégio Militar do Recife. Lá fiquei por seis anos, até ser reformado por motivo de saúde, no posto de major, em 1982. 


A partir dessa data, sendo eu Engenheiro e Helena Arquiteta, formada na UFPE, começamos a construir. Montamos uma empresa de Construções e Incorporações - a MASTER PROJETOS E OBRAS - Trabalhamos durante mais de trinta anos na construção de cerca de trinta edifícios de porte  na cidade do Recife e adjacências. Resolvemos encerrar as atividades da empresa quando o mercado se tornou inviável, os preços aviltados e a chegada de grandes empresas vindas do Sul do país.  


Este é um resumo de nossa vida. Só temos a agradecer a Deus pela família linda que eu e Helena constituímos e por nos permitir termos chegado até aqui, com amor, saúde e felicidades.  

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

ASSOCIATION ENFANTS DU BRÉSIL

 

ASSOCIATION ENFANTS DU BRÉSIL

Alberto Bittencourt -  ago 2006

 

Os suíços estão de volta. MONIQUE JOLY, presidente da Association Enfants du Brésil. Sediada em Neuchatel Suíça. LISA WUILLEMIN: tesoureira. WERNER KELLER, intérprete e CASSANDRE, jovem neta de Monique, chegaram há uma semana, decorridos dois anos de sua última viagem ao Brasil. Em todo esse tempo nunca se descuidaram das nossas crianças, com a mesma preocupação sempre de ajudar, de melhorar a qualidade de vida de seus filhos adotivos brasileiros.

A Associação Enfants du Brésil formada pelos pais adotivos de crianças brasileiras foi constituída num tempo em que adoções internacionais eram viáveis. Aí está um grande argumento contra aqueles que impedem ou dificultam essas adoções internacionais (nunca se provou nada quanto à denúncia de tráfico de órgãos).  Como se isso não bastasse, os pais adotivos na Europa ainda se preocupam em estender esse benefício às crianças que aqui ficaram que não tiveram a mesma oportunidade de seus filhos. Sou testemunha do quanto eles têm ajudado a creches, orfanatos, instituições e de uma coisa inconcebível para a nossa cultura: eles sempre os pais biológicos de seus filhos para dar alguma ajuda, para atender às suas necessidades imediatas.

Há um sem número de menores por eles apadrinhados, para cujas famílias eles remetem periodicamente certa quantia destinada a ajudar na educação, na saúde, na alimentação e no vestiário, em Pernambuco e na Paraíba.

Quando de sua última estada em nosso país, há 2 anos, conheceram Jaqueline, numa visita à favela do Bode, no Pina, conduzido pelas irmãs do Patronato N. Srª da Conceição, Jaqueline então com nove anos, foi-lhe apresentada como sendo uma pequena prostituta das ruas, juntamente com outras menores um pouco mais velhas. Que indignação! Que emoção! Uma verdadeira comoção tomou conta daquelas almas bondosas que se preocupam com o próximo, que amam sem restrições, incondicionalmente. Tiraram fotos, um boletim da Association foi dedicado à Jaqueline, artigos, cartas e mais cartas insistiam que o Patronato N. Sr.ª da Conceição a acolhesse, a tirasse das ruas. As irmãs que de início diziam que a família dela é que não permitia, terminaram por aceitá-la. Filha de pais separados, a mãe prostituta, o pai drogado, ex-presidiário, traficante, vivendo em extrema pobreza, Jaqueline, apadrinhada pela Association Enfants du Brésil, recebe através das irmãs certa importância em dinheiro para custear suas necessidades básicas, o que lhe possibilita estudar em escola particular, ter um plano de saúde, material escolar e roupas. Em apenas seis meses aprendeu a ler e a escrever. Dotada de uma inteligência privilegiada, uma vivacidade incomum, de um olhar esperto e matreiro, líder mesmo entre crianças mais velhas, Jaqueline começou a fazer progressos notáveis. Muito esperta, gosta de causar inveja nas outras crianças, dizendo que um dia vai para Europa, para a casa dos seus padrinhos, o que cria certo problema para as irmãs.

Mas, Monique Joly trouxe uma contribuição para a Instituição, resolveu também ajudar as demais crianças, a critério das irmãs, entregando-lhes substancial quantia.

Em seguida, fizeram questão de voltar à favela do Bode. Com dificuldade se equilibraram andando em tábuas velhas, mal pregadas, quase soltas, sobre palafitas na maré. Passaram por estreitos labirintos, apelidados “avenidas”, espremidos entre fétidos barracos. Entravam nos barracos, falavam com as pessoas, se indignaram que passados dois anos, desde a última vez que aqui estiveram nada, absolutamente nada foi feito para amenizar aquele quadro. Pelo contrário, a situação piorou e muito. O lixo se acumula sob as casas, por entre as palafitas, numa quantidade impressionante, nunca houve, por menor que fosse um serviço de limpeza, de remoção. Os esgotos são vertidos diretamente, “in natura” na maré. Só não grassa uma epidemia por verdadeiro milagre. Viram homens em pleno vigor físico na maior ociosidade, embriagados ou se embriagando pelas esquinas, uma tristeza. As irmãs foram o nosso passaporte. “Na paz de Deus” uma espécie de senha para obter o salvo conduto, poder ali andar com segurança.

A que ponto chegou o nosso querido Brasil. Enquanto isso, nós, classe média, ricos e remediados, vivemos numa ilusão, como se nada disso existisse. Quantos de nós já penetraram no âmago de uma favela? Quantos já adentramos num barraco feito de restos de madeira? papelão e plástico, chão de terra batida ou de tábuas velhas, por sobre a maré? Quantos de nós sentimos o odor da sujeira, do lixo, da falta de higiene, da promiscuidade em que aquela gente vive? Quantos conhecemos essa realidade abandonada, escondida, esquecida do nosso Brasil? Só nos lembramos quando a violência penetra a soleira de nossas casas, golpeia nossas famílias, nessa guerra social não declarada.

É preciso que um grupo de suíços, vindo de longe, de um país rico, onde tudo já está construído, onde todos têm escolas, alimentos, saúde, chegue para abrir nosso olhos, para nos fazer conscientes das sombras, das trevas que existem em nossos próprios quintais.

O LAR DE CÁRITAS é outra instituição desde o início de sua existência assistida pela Association Enfants du Brésil, lá os suíços viram a fossa e o filtro anaeróbico construídos a a partir de sua ajuda financeira. Pediram que façamos um orçamento para a construção de um espaço para jogos e recreação e de um castelo d’água em concreto armado, se preocupam com a melhoria das salas de aula e outros detalhes. Há algum tempo pagam o salário da enfermeira NANCY, contratada para cuidar dos bebês e das crianças. Dão o mesmo suporte para outras instituições da Paraíba que se ocupam em tirar os menores da rua e a lhes dar alguma iniciação profissionalizante.

Que nos sirva de exemplo o espírito altruístico de compaixão e solidariedade humana destes senhores que vêm de outra cultura, movidos unicamente pela força do amor, trazendo o que há de melhor em si, em prol de um Brasil mais humano, mais justo. Enquanto houver uma só criança necessitada, sem amor, eles estarão presentes, sem jamais esmorecer, mesmo tendo sofrido alguns revezes, o que lhes causou enorme decepção. Foi o caso de uma senhora no Janga, em Paulista, depositária de sua confiança que se apoderou do dinheiro, de cerca de quinze mil reais, destinados a famílias carentes. Foi o caso do Lar de Cáritas Bom Pastor, em João Pessoa, que teve suas contas bancárias arrestadas pela justiça para pagamento de dívidas, levando treze mil reais que a Association enviara para benefício das crianças, foi o caso do container enviado da Suíça com 20m3 e 6 toneladas de doações, contendo material escolar, roupas, material médico hospitalar, máquinas de costura, brinquedos, que levou dois anos para ser liberado pela alfândega só o sendo depois da intervenção do presidente da CNBB. Eles continuam ajudando com a mesma alegria, a mesma dedicação. Não podemos esquecer de JEAN PIERRE NAUDON E CLAUDY, que ficaram na Suíça, dois pilares dessa instituição humanitária.

Sejam bem-vindos nossos benfeitores que alegram o Brasil como segunda pátria, que amam nossa terra, nosso povo, nossas cidades, que se encantam com as belezas das nossas praias, do nosso clima, que se apaixonam pela riqueza da nossa cultura, que são cativos da amizade, do calor humano, do nosso povo, que amam nossa terra, nosso povo, que adoram nossa cultura, que são cativos da amizade, do calor humano, do nosso povo, que adotam nossas crianças. Muito obrigado, que Deus os abençoe.

Contem conosco.

 


quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

HOMENAGEM PÓSTUMA A ALUÍSIO DE FREITAS ALMEIDA.



 HOMENAGEM PÓSTUMA  A ALUÍSIO DE FREITAS ALMEIDA

Alberto Bittencourt - nov 2023 

                              ALUÍSIO DE FREITAS ALMEIDA


Sessão plenária realizada pelo Rotary Club do Recife –  Casa Amarela no dia 04 de dezembro de 2023.. 

Palavras do presidente da ABROL-PE, membro do Rotary Club do Recife - Boa  Viagem, Alberto de Freitas Brandão Bittencourt. 


Boa noite 


Agradeço, inicialmente, ao presidente do Rotary Club Recife-Casa Amarela, companheiro Marcos Gallo, a quem parabenizo pela organização desta homenagem em memória do nosso querido e  inesquecível  companheiro Aluísio de Freitas Almeida. 

Minha saudação também, emocionado, à Iêda, aqui presente. 

Vindos do Rio de Janeiro, eu, Helena e as duas filhas mais velhas, Annie e Simone, chegamos no Recife, em janeiro de 1972, transferido pelo Exército, após haver concluído  o curso do IME - Instituto Militar de Engenharia. Aqui no Recife, nasceram posteriormente, Cristiane e Bruno. 

Em 1987, há 36 anos, portanto, ingressei no Rotary Club do Recife -Boa Viagem.  Uma dos primeiros  casais que conhecemos e firmamos amizade, foi Aluísio e Ieda.  

Fiquei muito emocionado na missa de Sétimo Dia, celebrada na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Matriz de Casa Forte pelo pároco, padre Fábio Paz, por dois motivos principais.  

O primeiro foi a leitura da carta escrita pelo filho, Aluísio Almeida Jr., contendo um histórico da vida de Aluísio.  Uma obra que a todos emocionou. Pedi ao Aluísio Jr. que me enviasse uma cópia, para constar do acervo documental da ABROL-PE (Academia Brasileira Rotaria de Letras - seção Pernambuco). 

No dia 10 de agosto passado, Aluísio tomou posse como acadêmico titular, fundador, ocupando a cadeira número 11, numa bela cerimônia realizada nos salões da APL, Academia Pernambucana de Letras.  

Eu lhe peço cópia dessa carta, Aluísio Jr, pois seu pai, continuará imortal, agora na condição de patrono da cadeira de número 11. 


Eu sempre me lembro de uma passagem do livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint Exupery. 

Diz o menino, ao despedir-se da raposa, lá no asteroide:   

— Eu vou partir. 

A raposa ficou triste, cativa que era da alegria e do sorriso do menino.

Ele repetiu: — eu vou embora e você vai perder. 

A raposa respondeu — eu não perderei. 

Ele repetiu: — Como não vai perder, se eu vou embora?

A raposa então falou: — Eu não vou perder porque tenho a beleza dos campos de trigo. 

Ela se referia à beleza dos cabelos dourados e cacheados do menino, semelhante à cor dos campos de trigo.  

Então, Aluísio não nos deixou.  Ele estará sempre presente, através de sua voz, de sua imagem, de sua lembrança, sempre viva, conosco, para todo o sempre.  


Aluísio foi o único rotariano deste distrito 4500 a ter servido como governador por duas vezes.  A primeira, em 2002-2003, escolhido pelos companheiros do distrito,  quando , nas colinas de Chã Grande, durante a Assembleia Distrital realizada no hotel Highlander, ele transmitiu a mensagem recebida do presidente Bhichai Rattakul, 

da Tailândia, “Plante Sementes do Amor”, lema do Rotary para aquele ano. 

A segunda vez em que Aluísio foi governador foi em 2007-08, para preencher a lacuna deixada por Dulcinéa Oliveira, falecida no mês de setembro de 2007, em pleno exercício  de governadoria do Distrito 4500,  vitimada por doença agressiva e falal. 

O presidente do RI era o canadense Wilfrid J. Wilkinson e o lema daquele ano era: “Rotary Compartilha”. 

Aluísio e Ieda não se furtaram ao chamamento do Rotary Casa Amarela, clube ao qual pertencia a governadora Dulcinéia   e do Distrito 4500. E você, Ieda, foi o anjo da guarda, a heroína e, por que não dizer o motor que levou Aluísio a novamente, deixar tudo de lado, aceitar  a governadoria do Distrito 4500, para se dedicar inteiramente ao Rotary. O que é, sem dúvida, um imenso sacrifício mas, aceito com fé e amor ao Rotary, tornou-se uma missão fácil e gratificante de ser conduzida com êxito, até o final. 


O lema do ano 2002-03 trazido por Aluísio na primeira governadoria, “Plante Sementes do Amor”, caiu  como uma luva na mão de Aluísio, posto que no sangue que corre em suas veias existe  o DNA do lavrador.  


                                                                 troféu "O LAVRADOR"



Guardo comigo o belíssimo troféu distribuído por Aluísio na conferência distrital, confeccionado em Gravatá, feito em alumínio fundido, representando um homem lavrando a terra.  Quaisquer que sejam as sementes, disse Aluísio, o lavrador sempre a planta com amor.  

Uma semente pode ser pequenina, às vezes preta e esférica, mas o lavrador sabe que dentro dela está a fonte da vida. 


Aluísio ainda completou, dizendo que, os homens recebem uma enxada de 3,5 libras enquanto que, para as  mulheres é dada uma enxada de 2,5 libras. Essa afirmação causou rebuliço em todos os presentes naquele auditório, no qual eu e Helena nos encontrávamos.  

Desde antes Aluísio e Ieda já eram alvo do nosso respeito e admiração.  Um casal perfeito porque um completa o outro, um não é um sem o outro, pois vocês dois foram e são um só. E continuam sendo, pois Aluísio está vivo, presente em nossos pensamentos, sentimentos e lembranças. 


Na missa de Sétimo Dia, celebrada na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a Matriz de Casa Forte, tive outra emoção, porque o celebrante, pároco padre Fábio Paz, durante o sermão, afirmou que Jesus Cristo, como ser humano era manso e humilde.  Imediatamente me veio à mente a imagem de Aluísio. Eu nunca vi Aluísio alterar a voz, se estressar em todos esses anos de amizade.  Para mim, Aluísio é o retrato do que o padre falou, referindo-se a Jesus Cristo.  Aluísio era e é uma pessoa mansa e humilde, podendo ser por vezes enérgico e afirmativo, como foi Jesus, ao expulsar os vendilhões do templo. 

Essa mensagem, do celebrante, calou profundamente no espírito de todos os presentes. 


Peço desculpas por Helena não estar presente. Para ela fica difícil sair ã noite, especialmente num dia como o de hoje, em que tivemos, na hora do almoço a confraternização da Casa da. Amizade dos cônjuges do Recife. 


Gostaria de completar, dizendo que, assim como os cabelos do Pequeno Príncipe estão imortalizados nos campos de trigo, Aluísio é imortal na ABROL-PE por tudo o que ele fez, pelas sementes que plantou,  sempre em terreno fértil.  Como diz a Bíblia, para plantar uma semente não  basta lançá-la no solo,  pois este pode ser pedregoso, árido, infértil e ela pode não prosperar.  

Aluísio em sua sua mensagem disse que o rotariano, ao lançar as sementes do amor, elas sempre vingarão,  

Aluísio disse que o lavrador não é apenas um semeador.  Ele é antes um cuidador, ele cuida para que ervas daninhas não sufoquem aquela plantinha, para que ela possa crescer, se desenvolver e se multiplicar. 

A palavra de Aluísio sempre foi nesse sentido.  



Eu lembro bem, no dia em que eu e Helena o visitamos na fazenda, em Mimoso, perto de Arcoverde, quando Aluísio nos chamou com alegria para  ver uma coisa lá fora. 

— Venham ver, olhem a beleza da flor de Mandacaru, disse com orgulho de lavrador. 

Realmente, lá estava, inteiramente desabrochada,  forte e brilhante, nascida no tronco do pé de Mandacarú, esplêndida, em toda a sua beleza natural. 

A flor de mandacaru é também chamada de “ Rainha da noite”. Ela vive apenas o espaço de uma noite.  Na noite de primavera, ela desabrocha ao entardecer  e  sucumbe ao amanhecer do dia seguinte.  

Simboliza a resistência e a tenacidade do sertanejo nordestino, ante as inconsistências da escassez de chuvas e da falta d’água. 



                                                                                    FLOR DE MANDACARU. 


Obrigado, Aluísio. Jamais esqueceremos tudo o que você nos ensinou.  

Que Deus o tenha para novas missões, guarde e conforte a sua família. 




Palavras de Ieda:

Alberto e Helena, posso afirmar que vocês também são nossos fiéis amigos, sempre foram .Agradeço essas belas palavras dirigidas ao meu amado Aluísio e lhes digo : palavras que saíram do coração de um amigo que tenho certeza de tudo que escreveu veio de dentro da nossa amizade.

Obrigada Alberto vou guardar para sempre tudo que você falou e guardarei em meu coração, como bem diz o Roberto Carlos amigos oara sempre.

Obrigada !!!

Ieda