ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

HOMENAGEM PÓSTUMA A ALUÍSIO DE FREITAS ALMEIDA.



 HOMENAGEM PÓSTUMA  A ALUÍSIO DE FREITAS ALMEIDA

Alberto Bittencourt - nov 2023 

                              ALUÍSIO DE FREITAS ALMEIDA


Sessão plenária realizada pelo Rotary Club do Recife –  Casa Amarela no dia 04 de dezembro de 2023.. 

Palavras do presidente da ABROL-PE, membro do Rotary Club do Recife - Boa  Viagem, Alberto de Freitas Brandão Bittencourt. 


Boa noite 


Agradeço, inicialmente, ao presidente do Rotary Club Recife-Casa Amarela, companheiro Marcos Gallo, a quem parabenizo pela organização desta homenagem em memória do nosso querido e  inesquecível  companheiro Aluísio de Freitas Almeida. 

Minha saudação também, emocionado, à Iêda, aqui presente. 

Vindos do Rio de Janeiro, eu, Helena e as duas filhas mais velhas, Annie e Simone, chegamos no Recife, em janeiro de 1972, transferido pelo Exército, após haver concluído  o curso do IME - Instituto Militar de Engenharia. Aqui no Recife, nasceram posteriormente, Cristiane e Bruno. 

Em 1987, há 36 anos, portanto, ingressei no Rotary Club do Recife -Boa Viagem.  Uma dos primeiros  casais que conhecemos e firmamos amizade, foi Aluísio e Ieda.  

Fiquei muito emocionado na missa de Sétimo Dia, celebrada na Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Matriz de Casa Forte pelo pároco, padre Fábio Paz, por dois motivos principais.  

O primeiro foi a leitura da carta escrita pelo filho, Aluísio Almeida Jr., contendo um histórico da vida de Aluísio.  Uma obra que a todos emocionou. Pedi ao Aluísio Jr. que me enviasse uma cópia, para constar do acervo documental da ABROL-PE (Academia Brasileira Rotaria de Letras - seção Pernambuco). 

No dia 10 de agosto passado, Aluísio tomou posse como acadêmico titular, fundador, ocupando a cadeira número 11, numa bela cerimônia realizada nos salões da APL, Academia Pernambucana de Letras.  

Eu lhe peço cópia dessa carta, Aluísio Jr, pois seu pai, continuará imortal, agora na condição de patrono da cadeira de número 11. 


Eu sempre me lembro de uma passagem do livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint Exupery. 

Diz o menino, ao despedir-se da raposa, lá no asteroide:   

— Eu vou partir. 

A raposa ficou triste, cativa que era da alegria e do sorriso do menino.

Ele repetiu: — eu vou embora e você vai perder. 

A raposa respondeu — eu não perderei. 

Ele repetiu: — Como não vai perder, se eu vou embora?

A raposa então falou: — Eu não vou perder porque tenho a beleza dos campos de trigo. 

Ela se referia à beleza dos cabelos dourados e cacheados do menino, semelhante à cor dos campos de trigo.  

Então, Aluísio não nos deixou.  Ele estará sempre presente, através de sua voz, de sua imagem, de sua lembrança, sempre viva, conosco, para todo o sempre.  


Aluísio foi o único rotariano deste distrito 4500 a ter servido como governador por duas vezes.  A primeira, em 2002-2003, escolhido pelos companheiros do distrito,  quando , nas colinas de Chã Grande, durante a Assembleia Distrital realizada no hotel Highlander, ele transmitiu a mensagem recebida do presidente Bhichai Rattakul, 

da Tailândia, “Plante Sementes do Amor”, lema do Rotary para aquele ano. 

A segunda vez em que Aluísio foi governador foi em 2007-08, para preencher a lacuna deixada por Dulcinéa Oliveira, falecida no mês de setembro de 2007, em pleno exercício  de governadoria do Distrito 4500,  vitimada por doença agressiva e falal. 

O presidente do RI era o canadense Wilfrid J. Wilkinson e o lema daquele ano era: “Rotary Compartilha”. 

Aluísio e Ieda não se furtaram ao chamamento do Rotary Casa Amarela, clube ao qual pertencia a governadora Dulcinéia   e do Distrito 4500. E você, Ieda, foi o anjo da guarda, a heroína e, por que não dizer o motor que levou Aluísio a novamente, deixar tudo de lado, aceitar  a governadoria do Distrito 4500, para se dedicar inteiramente ao Rotary. O que é, sem dúvida, um imenso sacrifício mas, aceito com fé e amor ao Rotary, tornou-se uma missão fácil e gratificante de ser conduzida com êxito, até o final. 


O lema do ano 2002-03 trazido por Aluísio na primeira governadoria, “Plante Sementes do Amor”, caiu  como uma luva na mão de Aluísio, posto que no sangue que corre em suas veias existe  o DNA do lavrador.  


                                                                 troféu "O LAVRADOR"



Guardo comigo o belíssimo troféu distribuído por Aluísio na conferência distrital, confeccionado em Gravatá, feito em alumínio fundido, representando um homem lavrando a terra.  Quaisquer que sejam as sementes, disse Aluísio, o lavrador sempre a planta com amor.  

Uma semente pode ser pequenina, às vezes preta e esférica, mas o lavrador sabe que dentro dela está a fonte da vida. 


Aluísio ainda completou, dizendo que, os homens recebem uma enxada de 3,5 libras enquanto que, para as  mulheres é dada uma enxada de 2,5 libras. Essa afirmação causou rebuliço em todos os presentes naquele auditório, no qual eu e Helena nos encontrávamos.  

Desde antes Aluísio e Ieda já eram alvo do nosso respeito e admiração.  Um casal perfeito porque um completa o outro, um não é um sem o outro, pois vocês dois foram e são um só. E continuam sendo, pois Aluísio está vivo, presente em nossos pensamentos, sentimentos e lembranças. 


Na missa de Sétimo Dia, celebrada na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a Matriz de Casa Forte, tive outra emoção, porque o celebrante, pároco padre Fábio Paz, durante o sermão, afirmou que Jesus Cristo, como ser humano era manso e humilde.  Imediatamente me veio à mente a imagem de Aluísio. Eu nunca vi Aluísio alterar a voz, se estressar em todos esses anos de amizade.  Para mim, Aluísio é o retrato do que o padre falou, referindo-se a Jesus Cristo.  Aluísio era e é uma pessoa mansa e humilde, podendo ser por vezes enérgico e afirmativo, como foi Jesus, ao expulsar os vendilhões do templo. 

Essa mensagem, do celebrante, calou profundamente no espírito de todos os presentes. 


Peço desculpas por Helena não estar presente. Para ela fica difícil sair ã noite, especialmente num dia como o de hoje, em que tivemos, na hora do almoço a confraternização da Casa da. Amizade dos cônjuges do Recife. 


Gostaria de completar, dizendo que, assim como os cabelos do Pequeno Príncipe estão imortalizados nos campos de trigo, Aluísio é imortal na ABROL-PE por tudo o que ele fez, pelas sementes que plantou,  sempre em terreno fértil.  Como diz a Bíblia, para plantar uma semente não  basta lançá-la no solo,  pois este pode ser pedregoso, árido, infértil e ela pode não prosperar.  

Aluísio em sua sua mensagem disse que o rotariano, ao lançar as sementes do amor, elas sempre vingarão,  

Aluísio disse que o lavrador não é apenas um semeador.  Ele é antes um cuidador, ele cuida para que ervas daninhas não sufoquem aquela plantinha, para que ela possa crescer, se desenvolver e se multiplicar. 

A palavra de Aluísio sempre foi nesse sentido.  



Eu lembro bem, no dia em que eu e Helena o visitamos na fazenda, em Mimoso, perto de Arcoverde, quando Aluísio nos chamou com alegria para  ver uma coisa lá fora. 

— Venham ver, olhem a beleza da flor de Mandacaru, disse com orgulho de lavrador. 

Realmente, lá estava, inteiramente desabrochada,  forte e brilhante, nascida no tronco do pé de Mandacarú, esplêndida, em toda a sua beleza natural. 

A flor de mandacaru é também chamada de “ Rainha da noite”. Ela vive apenas o espaço de uma noite.  Na noite de primavera, ela desabrocha ao entardecer  e  sucumbe ao amanhecer do dia seguinte.  

Simboliza a resistência e a tenacidade do sertanejo nordestino, ante as inconsistências da escassez de chuvas e da falta d’água. 



                                                                                    FLOR DE MANDACARU. 


Obrigado, Aluísio. Jamais esqueceremos tudo o que você nos ensinou.  

Que Deus o tenha para novas missões, guarde e conforte a sua família. 




Palavras de Ieda:

Alberto e Helena, posso afirmar que vocês também são nossos fiéis amigos, sempre foram .Agradeço essas belas palavras dirigidas ao meu amado Aluísio e lhes digo : palavras que saíram do coração de um amigo que tenho certeza de tudo que escreveu veio de dentro da nossa amizade.

Obrigada Alberto vou guardar para sempre tudo que você falou e guardarei em meu coração, como bem diz o Roberto Carlos amigos oara sempre.

Obrigada !!!

Ieda 

quinta-feira, 3 de junho de 2021

HIGIENE MENTAL


HIGIENE MENTAL

Alberto Bittencourt - Recife, agosto de 2012



Certa noite, em minha costumeira dificuldade de dormir, após ter dado mil voltas, para um lado e para o outro, tanto na cama como nos pensamentos, inquieto de corpo e alma, com a garganta ressequida, resolvo levantar para beber um gole d’água. Ao chegar à cozinha, lá estava ele, sentado à mesa, absorto na leitura de um livro. Sem mover a cabeça, levanta o olhar por cima dos óculos:

_ Que se passa com você, meu amigo?

_ Não consigo dormir. Não sei mais o que fazer.

O homem balança a cabeça para um lado e para o outro. Meu pensamento voa para o berço de minhas lembranças. Transporto-me de volta aos bancos escolares, Colégio Militar do Rio de Janeiro, 1954, primeira série ginasial, onze anos de idade. Estou diante do Professor Pastorino. Ele usa sempre uma bata branca, de óculos, nem gordo nem magro, andar e fala mansa. Era um dos poucos professores civis daquele educandário.


Carlos Juliano Torres Pastorino foi meu professor de latim, por três anos consecutivos, da primeira à terceira série. Foi um dos que mais marcou minha personalidade em formação. Desde logo tornou-se um substituto da imagem de meu pai, precocemente falecido.


Nasceu no Rio de Janeiro em 1910 e faleceu em Brasília, em 1980. Ordenou-se padre em Roma no ano de 1937, mas abandonou a batina diante da recusa do Papa Pio XII em receber o Mahatma Gandhi em seu traje habitual, raciocinando que o célebre pacifista indiano vestia-se como Jesus Cristo. Poliglota, lecionou latim, grego, espanhol e esperanto. Passou a estudar e praticar a religião espírita após receber de um colega professor do Colégio Pedro II, um exemplar de “O Livro dos Espíritos".


Foi um dos idealizadores e fundadores, em 1958, do Lar Fabiano de Cristo, entidade beneficente da CAPEMI – Caixa de Pecúlio dos Militares, que atende a mais de 8 mil crianças e suas famílias absolutamente carentes em diversos estados do Brasil.

No Recife, o Lar Fabiano de Cristo mantém, além da escola Rodolfo Aureliano, na Várzea, o Lar de Cáritas, situada no Jardim Piedade, municipio de Jaboatão dos Guararapes, creche que abriga mais de 300 crianças, à qual meu clube, o Rotary Club do Recife-Boa Viagem, assistiu com seis projetos de Subsídios Equivalentes da Fundação Rotária (*).

Naquela noite indormida, o Professor volta-se para mim e diz, quase num sussurro:

_ Meu amigo, você sabe para o que serve a noite?

_ Para dormir, respondi.

_ Sim, mas existem dois modos de dormir. Dormir, para se recuperar das fadigas do dia, para repor as energias gastas, e dormir para enriquecer o espírito. A maior parte das pessoas conhece apenas as noites vazias do bem merecido repouso. São raros aqueles que usam a noite como fonte de inspiração. Ah, meu caro, se você soubesse os tesouros que a noite encerra...

Meu espírito se encanta: _Como assim?

Ele fecha o livro e me olha firmemente:

_ Sabe qual é a parte do corpo mais suja ao fim do dia? Não são as mãos, não são os pés. Não, não! É dentro das nossas cabeças que nós estamos mais sujos. Sabe por quê? Porque nós passamos todos os dias em permanente julgamento de nós mesmos. A todo instante nos anulamos, nos apequenamos, nos violentamos. Vivemos sob constante pressão, em permanente estado de culpa. Isso é o que nos suja, pois sabe quem é o autor de tudo isso? Nossa própria mente.

_Como então, prossegue o Professor, podemos dormir com serenidade, tendo tanta sujeira na mente? Meu caro aluno, para passar uma noite calma e bem dormida, é preciso antes fazer uma limpeza da mente, lavar a sujeira acumulada.

_Mas, Professor, como se faz essa limpeza?

_Ora, é simples. Assim como fazemos a higiene corporal, tomamos banho, limpamos e lavamos o corpo, devemos praticar a Higiene Mental, cuidar da mente, lavar a sujeira acumulada em nossos pensamentos.

_De que modo? Perguntei.

_Basta que, antes de dormir, você faça um balanço de seu dia, desde o instante em que acordou, pela manhã. Procure reviver os momentos mais agradáveis. Pense no que lhe fez mais feliz. Desse modo, você aliviará seu espírito da carga dos autojulgamentos e você, então, terá a alegria de saber o que você é e o que poderá ser realmente, em lugar de ficar se reprovando pelo que você não foi. Com o espírito mais leve, você dormirá a noite toda, como uma criança. Ah, a noite, se você soubesse como a vida interior é mais bela, mais fácil de ser vivida, justamente porque nela não há o medo nem a angustia da vida exterior. Para usufruir, basta praticar a Higiene Mental.

Era o professor Torres Pastorino, de volta das salas de aula.

No tempo de estudante, ele me indicou dois livros, considerados precursores da Higiene Mental. Ainda hoje os tenho, como preciosidades em minha biblioteca:

1. “Um Espírito que se Encontrou a si Mesmo” de Clifford W. Bars (1876-1943), escrito em 1908, ainda adotado em cursos de psicologia. Nele, o autor conta, em autobiografia, os sintomas que sentia até chegar à loucura, que o levou a ser internado por três anos em hospício, numa época em que os tratamentos eram irracionais e desumanos. Num surto, o autor atirou-se pela janela do terceiro andar. Machucou-se bastante, mas a recuperação física foi acompanhada pela recuperação mental. Curado, relatou no livro a experiência, dando origem à ciência da Higiene Mental. Clifford foi o fundador e presidente da Sociedade Americana de Higiene Mental.

2. “Roteiro da Saúde Mental” do prof. Emilio Mira y Lopes (1896-1964) editora José Olympio, escrito em 1956. Psicólogo e psiquiatra, escritor e conferencista, o autor lecionou em várias universidades pelo mundo e terminou no Brasil, onde faleceu.

Dono de voz clara, pausada e límpida, o Professor Pastorino, além de escritor e professor, era também radialista, jornalista, teatrólogo, escritor, historiador, filólogo, filósofo, poeta e compositor. Ele adotava o nome artístico de Carlos Juliano em seu programa na rádio Copacabana, no Rio de Janeiro, intitulado “Higiene Mental”, que eu ouvia diariamente.

Assim conduzia os pensamentos dos ouvintes:

_Pense num lugar tranquilo, à beira de um lago de águas claras e transparentes... ou,
_Pense numa época em que realmente você era feliz...  ou ainda:
_Mentalize uma onda de luz e amor, que vai crescendo e lhe envolvendo, transborda para seus parentes, amigos, e até para os dirigentes das nações, trazendo a paz e a harmonia...




Ainda hoje, nas reuniões semanais do Rotary Club do Recife-Boa Viagem, eu encontro com o professor Torres Pastorino. Por ocasião da Oração Rotária, é feita a leitura de uma mensagem, tirada ao acaso, de seu pequeno livro “Minutos de Sabedoria”. São mensagens de fé, esperança e amor, que nos enlevam o espírito, servem para nossa reflexão e crescimento que, durante anos foram apresentadas, nas diversas horas do dia, através do microfone da Rádio Copacabana. O livrinho pode ser encontrado junto aos caixas da maioria das livrarias do país, editado pela editora Vozes em 1960. Já vendeu mais de dez milhões de exemplares e continua vendendo.

Agradecido ao Professor, voltei para a cama e dormi feliz, até o dia amanhecer.



(*) Veja no link UMA HISTÓRIA DE AMOR, abaixo, o trabalho do Rotary Club do Recife_Boa Viagem com o Lar de Cáritas:


















terça-feira, 10 de novembro de 2020

QUEM NÃO CONHECE REINALDO OLIVEIRA?

QUEM NÃO CONHECE REINALDO DE OLIVEIRA?

Alberto Bittencourt - 2006

 


Quem não conhece o EGD Reinaldo da Rosa Borges de Oliveira, ou simplesmente Reinaldo Oliveira?

Trata-se, de um talento múltiplo facetado que vai do médico cirurgião afamado, passa pelo escritor festejado, contista, ensaísta e cronista, pelo ator, autor e diretor teatral, pelo músico, compositor e poeta para chegar ao showman, ao palestrante motivador, inspirador, ao orador âncora, imperdível nas reuniões rotárias.  

Como escritor, é membro da Academia Pernambucana de Letras, do Conselho Estadual de Cultura, da Academia Pernambucana de Artes e Letras e de outras congêneres. Cronista, está presente todas as semanas nos jornais do Recife em colunas que tratam do quotidiano da vida e não raro do Rotary. Entre outras obras, é de sua autoria o premiado livro de contos “Manga Rosa”.

Do compositor destaco o excelente “Hino do Centenário do Rotary”, letra e  música de sua autoria, cujo ritmo vibrante explodiu no coração de todos os  rotarianos do  Brasil, na celebração do centenário do Rotary. Ainda dirige o fabuloso coral do Rotary Club do Recife-Casa Amarela que apresentou o hino em diversos Institutos e Conferências, Brasil afora.

Teatrólogo, é diretor do Teatro Valdemar de Oliveira, templo sagrado de seu grupo, o Teatro de Amadores de Pernambuco. Participou como ator e diretor de inúmeras  peças nacionais e estrangeiras, dentre elas, o vaudeville “Um Sábado em Trinta”, do pernambucano Luís Marinho, que há  mais de cinqüenta anos vem sendo exibida no Recife, desde os tempos de seu pai, o também médico, escritor e teatrólogo, saudoso Valdemar de Oliveira. Sempre com sucesso de público e de crítica, a casa permaneceu lotada todos os dias. Foi um dos atores do espetáculo da Paixão de Cristo, que eu me lembre, no papel de Herodes. De vez em quando o vemos na tv, fazendo comerciais em que o sucesso é garantido só por sua presença.

O showman Reinaldo de Oliveira é insuperável. Estão gravados para sempre em nossa memória os inesquecíveis “Reinaldo ao Vivo” ns. 1 e 2, espetáculos solo,  apresentados no teatro para angariar fundos para obras rotárias de seu clube. E as palestras sobre a história do frevo? Reinaldo é ao mesmo tempo o exímio dançarino ao ensinar técnicas difíceis, passos e malabarismos típicos e o instrumentista virtual a emitir apenas com a boca os sons variados da mais completa orquestra de frevo, enquanto, em mímica, representa o pistonista, o trompetista, o baterista e demais músicos.

Como médico cirurgião geral, Reinaldo está todas as manhãs em hospitais públicos salvando vidas, aliviando sofrimentos, transmitindo carinho e amor a não importa quem precise de sua ajuda e perícia. Como pessoa humana, nunca diz não, jamais recusa um convite, um pedido de ajuda, seja para o que for, seja aonde for.

Reinaldo tem no sangue o Rotary. Seu pai, Valdemar de Oliveira, fundador do Rotary Club do Recife, é lembrado a todo instante, como rotariano exemplar que foi. Seu irmão, Fernando de Oliveira é também rotariano. E, não obstante, é casado com a também rotariana, psicóloga, dona de extensa folha de serviços voluntários em prol de pacientes terminais do Hospital do Câncer de PE, a governadora indicada 2007-08 do Distrito  4500, nossa querida Dulcinéa de Oliveira.

Por termos tudo isso na pessoa de Reinaldo de Oliveira, podemos dizer, do Distrito 4500, sem medo de errar: “Eita, Distrito arretado!” 

sábado, 1 de agosto de 2020

NOVENTA ANOS DE IRACEMA SEIGNEUR LEZAN


NOVENTA ANOS DE IRACEMA SEIGNEUR LEZAN
 Alberto Bittencourt - abril de 2002.


IRACEMA, aos 92 anos, em Teresópolis



21 de abril de 2002, sexta-feira da Paixão, Teresópolis. A família reunida para comemorar os noventa anos de minha querida sogrinha, mãe da Helena, IRACEMA SEIGNEUR LEZAN.

Eu e Helena, Bruno e Millena viemos do Recife. Cris e João Victor de Salvador. Amanhã, sábado, haverá uma festa no sítio, hoje, pertencente à Eliane e Anníbal, que adquiririam a parte dos irmãos na herança. Todos os parentes, sobrinhos, primos, estarão presentes. Será um momento de reminiscências, tempo de homenagear, de agradecer à Deus por ter-nos dado a dádiva de usufruir de sua presença, de termos sua energia, de tê-la aqui conosco, alegre e saudável, a transmitir amor e felicidade. Noventa anos, uma longa estrada foi percorrida, uma estrada pavimentada de amor.
           
Tudo começou aqui mesmo em Teresópolis, anos quarenta. A família Seigneur costumava passar temporadas no Hotel Malibu. Num domingo a jovem professorinha passeava de bicicleta pela praça, quando aconteceu uma queda, não estou bem certo. O jovem engenheiro, chegado da França veio em socorro. Foi o destino que se cumpriu. A união das duas almas gêmeas que se encontraram. O futuro de alegrias e felicidades estava traçado. Vieram os filhos. As tarefas da mãe e da professora se conciliaram, se complementaram. Com energia, sem perder a ternura e o carinho, Iracema, como ninguém sabia conduzir a classe e a família. "Basta arregalar bem os olhos que os alunos ficam quietos", dizia às filhas professorandas. E assim foi.                                                             
Nos anos sessenta nós, agregados, chegamos. Eu e o Nilson. Anos Dourados. Os rapazes no Colégio Militar, as moças no Instituto de Educação. Antônio Cláudio no Colégio Militar já dava um bocado de alteração. Antônio, sob o regime militar é o mesmo que querer domesticar um lobo selvagem. Não dá, é simplesmente impossível. Terminou, como não poderia deixar de ser,  expulso a bem da disciplina, depois de mandar o General Comandante. praquele lugar.   Jean e Iracema procuravam levar tudo sempre na base do diálogo, do convencimento, da razão.

No terraço da casa da Marechal nós namoramos. Eu, Helena, Nilson e Denise. Às dez horas começavam a fechar as janelas, a luz piscava. Claro, não podia namorar no escuro, nem depois das dez.

Os almoços dos domingos eram memoráveis. Inesquecíveis os quitutes da Adélia. Discussões acaloradas, temas geralmente políticos. O pivô das polêmicas era sempre a Eliane. Temperamento contestador, já despontava nela o espírito de liderança. Participava ativamente dos movimentos reivindicatórios de sua classe das professoras. "Contra o salário de fome", dizia um de seus manifestos. Sabiamente, o dr. Lezan ponderava que uma classe numerosa como a dos professores jamais teria um bom salário. Eliane incorporou o ensinamento e se tornou universitária.

Naquele tempo a família costumava passar as férias no saco de São Francisco. Lembro-me bem. Uma kombi recém-lançada substituíra o velho Ford dos anos quarenta. A partida para São Francisco era uma verdadeira epopéia. A Kombi entupida até o teto de gêneros, objetos, roupas, utensílios, só sobrava o lugar do motorista. A família ia na barca da Cantareira, enquanto ou Jean ou Iracema conduziam o veículo na barcaça de automóveis. Três horas na fila era o mínimo que esperavam para conseguir atravessar a baía de Guanabara. Bons tempos aqueles dos verões no saco de São Francisco. A bossa-nova despontava. A turma se reunia em torno de um violão, ao luar, a entoar as canções de sucesso internacional: "Desafinado", "A Barca", "Vento"... Em casa, a família se deslumbrava em torno de um Jean Lezan narrador de histórias do Velho Testamento. Incrível como ele conhecia em profundidade os assuntos da Bíblia. Iracema, profundamente religiosa se maravilhava, sentia um amor ainda maior, se é que isso fosse possível. Foi lá no saco que surgiram os grandes romances. Nilson/Denise, Paulinho/Maira. Ali consolidou-se o meu amor por Helena. Antonio Cláudio saiu incólume para sorte de Cristina, apesar do assédio constante, explícito, das menininhas da região. Todas queriam namora-lo, com incentivo das respectivas mães. Acho que Antonio Cláudio soube tirar bom proveito.
Vieram os casamentos, os netos. São Francisco ficou para trás. Foi substituído pelo sítio de Teresópolis.

Nesses tempos do Movimento Estudantil, do AI-5, a Universitária Eliane tornou-se a representante na família da esquerda revolucionária armada, cujo mentor era um certo frei, colega de classe, irmão jesuíta, chamado Tony. Uma vez, eu, tenente do Exército Brasileiro, fui trancado pela Eliane no banheiro da Marechal, e ela só abriu depois que eu gritei três vezes: "ABAIXO A DITADURA!"  E vizinho morava um capitão da linha dura, que ela queria que me ouvisse gritar.

Eliane carregava no fusquinha da família, panfletos subversivos correndo um sério risco. O dr. Lezan chamou para uma conversa:
 "Minha filha, eu sou estrangeiro, o carro está em meu nome, se a pegam com esses panfletos, além de você ser presa, eu posso ser deportado do Brasil".
Parece que prevaleceu a razão.

Eu fui morar em Resende e Nilson em Petrópolis. Depois fomos para o Recife, em janeiro de 1972. Orgulho-me de dizer, que, graças a Deus, nesses 31 anos de Nordeste nunca deixamos de vir ao Rio, pelo menos duas vezes por ano. Vieram os netos, os bisnetos. Todos impregnados desse amor transbordante, irradiante que emana do coração de Iracema. Todos levamos a sua marca, a marca da solidariedade, do amor ao próximo, da profunda devoção e amor a Deus, do trabalho na igreja, em prol dos menos favorecidos. Todos recebemos a força da sua fé, da sua religiosidade. Creio que aí está o segredo da sua juventude. É o trabalho voluntário, a prestação de serviço, a mão estendida, sempre disposta a ajudar, a amparar, não importa a quem. É a solidariedade, a compaixão, a amizade, a devoção à Deus, à igreja, a família. Está provado cientificamente, isso rejuvenesce. Aí está o segredo de sua juventude aos 90 anos, com a energia e o vigor de uma fortaleza, a lucidez de um sábio conselheiro, o raciocínio claro, límpido, a memória intacta.

Descobri o segredo da felicidade olhando para Iracema, observando suas atitudes, seu estado perene de alegria. Lembro-me da história, que li num livro sobre a felicidade, intitulado: "Le Bonheur, Désespérément" de André Conte Sponville.
Dizia ele que um discípulo perguntou a Buda:
"Mestre, como é possível que esses milhares de fiéis, que nada possuem a não ser a roupa do corpo que mais parecem trapos, que mendigam o dia inteiro por um grão de arroz, como é possível que essas pessoas sejam felizes?
E Buda respondeu:
"Essas pessoas, que nada possuem a não ser restos de roupas, que mendigam o dia todo por um grão de arroz, essas pessoas não têm nenhuma esperança quanto ao futuro, tampouco vivem das reminiscências do passado, e por isso elas são felizes".
É o exemplo de vida, a lição que recebemos de você, Iracema. Você não se atém às lembranças idas e vividas, não vive presa às recordações felizes, não tem erros do passado para ficar se lamentando. Para você os erros do passado, se é que os houve, são oportunidades de aprendizado. Tampouco você vive de expectativas do futuro. Você vive para o momento presente, para o aqui e agora. Você desfruta de cada segundo da vida, com plenitude, com intensidade. Esse é o segredo da sua felicidade, é a lição de vida que você nos dá.

Reverenciamos neste momento a memória de todos os entes queridos que passaram por nossas vidas, deixaram tantas saudades e que certamente, também estarão aqui, unidos num só pensamento de saudação e agradecimento.

 

 

                               




ELYETTE, MINHA MÃE

ELYETTE, MINHA MÃE. 
 Alberto Bittencourt, abril de 2014 


Minha mãe, em outubro de 1991


HOJE, dia 31 de março de 2014, seria dia do aniversário de minha mãe, Elyette de Freitas Brandão BIttencourt . Nascida no ano de 1920, estaria completando 94 anos de Idade. 

Minha mãe parecia uma pessoa frágil, física e psicologicamente. No entanto, possuía uma fortaleza interior impressionante, e sempre conseguia o que queria. Utilizava com maestria as ferramentas de que dispunha: a aparente fragilidade e uma certa dose de chantagem afetiva. Nenhum filho a contrariava. Todos a amavam intensamente. Tínhamos extremos cuidados com ela. Éramos felizes. 

O que minha mãe mais procurava preservar era a união da família que ela sempre defendeu e pregou. Com o passar dos anos, depois que os filhos cresceram e casaram, ela ficou morando sozinha. Vendeu dois apartamentos e comprou outro, em Ipanema. 

Em 1998, aos 78 anos, sofreu uma queda na rua e fraturou a bacia. Ela já estava bem fragilizada. Um medicamento anti-inflamatório causou-lhe perfuração do estômago, acarretando uma infecção generalizada. Após passar 30 dias na UTI, em coma induzida, tomando antibióticos de última geração, ela, afinal, teve alta, mas nunca mais voltou a ser a mesma. No ano 2000, realizou o grande sonho: comemorar os oitenta anos com uma festa, reunindo toda a família. Foi na sede do Clube Militar da Lagoa. Depois foi ficando cada dia mais frágil. Ainda comemorou os noventa anos com outra festa, mas já não era a mesma. 

O Mal de Alzheimer, incipiente, começava a mostrar seus efeitos. Passou a morar com a Elaine e o Sérgio, onde sempre recebeu todo o conforto, carinho e amor da família. 

 Apesar da viuvez precoce, aos 34 anos de idade, pois meu pai Kelvin morrera em 1954, aos 41 anos, ela foi feliz. Conseguiu realizar todos os seus sonhos, formar e casar os filhos: Elaine como professora do Instituto de Educação, e eu e o Claudio como Oficiais do Exército. Na visão dela, estavam todos garantidos para o futuro. Tinha a mais plena razão. 

Saímos de casa cedo, para cursar a AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras . Depois de formado, eu ainda morei em casa, na rua Clóvis Bevilaqua, por um ano e meio, antes de casar com a Helena. O apartamento 202 do edifício Querência, de quadro pavimentos, sobre pilotis, tinha um elevador e dois apartamentos por andar. Olívia, nossa colaboradora doméstica, ainda viva, morou todos esses anos conosco. Ela limpava a casa, fazia a comida, lavava e passava os uniformes pesados de brim caqui do CMRJ, Colegio Militar do Rio de Janeiro, e deixava o uniforme de normalista da Elaine um brinco, com as saias de azul marinho plissadas e as camisas brancas de mangas compridas impecáveis. 

Nunca vi minha mãe brigar com ninguém. Era sempre aquele jeitinho manso, delicado. Usava dessa habilidade, para conseguir as coisas. O dinheiro, embora contado, nunca chegou a constituir problema. Ela recebia a pensão de viúva de Général de Brigada de meu pai, à qual depois foi acrescida de um terço da pensão de meu avô Brandão, também General de Brigada. Graças ao Exército, ela pode nos dar uma vida digna e equilibrada até o fim. 

 Agradecemos a Deus ter permitido à Elaine e ao Sérgio cuidarem dela. Dado o carinho e o conforto que ela merecia. De alma pura e sem maldade, Elyette nunca foi enganada nem maltratada. Dedicou-se integralmente aos filhos e nunca cogitou de novo relacionamento. Ainda teve oportunidade de fazer algumas excursões turísticas pelo mundo. Conheceu a China, a Rússia nos tempos da guerra fria, foi à Disneyworld, sempre em grupos de excursão organizados por sua amiga Terezinha, agente de viagens. . 

Em 1973, aos cinquenta e três anos, fez uma cirurgia plástica que lhe mudou um pouco o formato do rosto, mas a rejuvenesceu, o quê a fazia feliz. Rejuvenesceu também, depois, quando precisou extrair todos os dentes. Estavam com abcessos nas raizes. Ela ficou outra pessoa. Muito melhor. O resto de sua vida era preenchido com rotina, à qual se adaptou perfeitamente.


REPRESENTANTE DO PRESIDENTE DO RI

Em 2012, recebi uma importante missão do Rotary International: a de representar o presidente mundial numa Conferência Distrital. Uma honraria muito desejada e esperada por todos os Rotarianos que um dia foram governadores de distrito. 

Infelizmente tive que declinar da missão. Minha mãe, que já vinha doente, faleceu na véspera do evento, no Rio de Janeiro. Segue abaixo a carta que enviei ao governador e companheiros do distrito onde iria representar o presidente. 

 CARTA AO GOVENADOR DO DISTRITO 4710

De: Alberto Bittencourt 

Quarta-feira, 25 de Abril de 2012 

Assunto: Representante do Presidente do RI.

 QUERIDOS AMIGOS

Estamos, Helena e eu, absolutamente constrangidos em informar que, infelizmente não poderemos exercer a honrosa missão de representar o presidente de RI, Kalyan Banerjee e esposa Binota na Conferência do Distrito 4710, dias 27 a 29 de abril de 2012, na cidade de Arapongas, PR. 

Minha mãe, Elyette, 92, encontra-se em estado terminal numa UTI hospitalar no Rio de Janeiro. O estado de saúde dela agravou-se após a internação há uma semana, motivada por infecção urinária e desidratação. O que parecia ser coisa simples, complicou-se. Após uma parada cardíaca, os rins e outros órgãos entraram em falência, os membros gangrenaram, sem que se pudesse tomar mais nenhuma medida. O desenlace é inevitável. 

Embora habitemos no Recife há 40 anos, as origens minha e da Helena estão no Rio de Janeiro, onde nos encontramos neste momento. Aqui, no Rio, residem nossas mães, irmãos e cunhados, além de uma filha e dois netinhos. Em 1954, com a morte de meu pai, aos 41 anos de idade, minha mãe ficou viúva com apenas 34 anos, e 3 filhos pequenos, dos quais eu era o mais velho, com 12 anos recém completados. Durante toda a vida ela dedicou-se à nossa criação e educação. Superou inúmeras dificuldades, inclusive financeiras. 

Minha mãe jamais pensou em casar-se novamente. Toda a sua vida se resumia nos três filhos. Sua história e seu exemplo sempre foram o nosso guia. Por sermos uma família incompleta, ela nos ensinou que o nosso maior patrimônio residia justamente na união da família. Ela nos deu a base moral e espiritual que balizou nosso comportamento desde a infância, passando pela adolescência, até hoje. Com sua bênção crescemos, casamos, lhe demos netos e bisnetos e podemos dizer que, com ela, desfrutamos de muito amor e felicidade. 

Sabemos, Helena e eu, da responsabilidade de bem corresponder à confiança que nos foi depositada pelo presidente Banerjee e Binota. Tendo sido governador do Distrito 4500 no ano do Centenário do Rotary, 2004-05, há muito esperava por este momento, para a qual me preparei com afinco e antecedência. Lamentamos muitíssimo o que aconteceu e pedimos a compreensão de todos os nossos amigos e companheiros. Resta-nos, apenas, rogar a Deus por minha mãe ELYETTE. 

Obrigado. 

 Alberto Bittencourt 

segunda-feira, 6 de julho de 2020

PAULO MACEDO - UM AMIGO

PAULO MACEDO, um amigo. 
Alberto Bittencourt – 05 jul 2020 
  


Recebi, com muita tristeza a notícia do falecimento do rotariano,  companheiro e amigo, Paulo Macedo, aos 88 anos de idade, na cidade de Natal, onde morava. Cearense de nascimento, Paulo mudou-se para o Rio Grande do Norte em 1950, onde construiu uma carreira de sucessos.

Nascido a 29 de dezembro de 1931, Paulo tomou posse no Rotary Club de Natal-Alecrim dia 03 de dezembro de 1963.  Em 01 mar 1977 fundou e transferiu-se para o Rotary Club de Natal-Sul tendo sido seu presidente por quatro mandatos, inclusive no ano do Centenário do Rotary, 2004-05, em que fui governador do Distrito 4500.

Companheiro 100% durante 57 anos,  Paulo sempre teve acendrado amor ao Rotary, ao qual dedicava largos espaços  em suas colunas nos jornais e na TV.

Tive a honra de ser por ele entrevistado por vinte minutos em seu programa de entrevistas, na TV Ponta Negra, integrante da rede SBT de TV, denominado Sala Vip. Helena foi alvo de bela homenagem em sua coluna social no jornal Diário de Natal, onde Paulo foi colunista social por mais de 40 anos, e mantinha a crônica diária Vida em Sociedade.

Em minha visita oficial como governador, ao RC Natal-Sul, visitamos o Marco Rotário do Centenário, de inauguração recente. Á noite, a reunião festiva promovida por Paulo Macedo, contou com as presenças da governadora do estado, Wilma de Faria, do arcebispo de Natal e de outras autoridades.

Paulo Macedo, e seu governador assistente do ano do centenário, José Liderzio Ferreira de Vasconcelos, e sua Lucy, sempre dedicaram especial atenção à mim e Helena. Fiz diversas palestras em seu clube, seja na posse de novos associados, seja em temas como Planejamento Estratégico e outros. Eu e Helena somos muito gratos a esses dois rotarianos exemplares, tendo sido Paulo, fundador de quatro Rotary Clubs no estado.

Por ocasião do lançamento de meu livro “Ajudando a Construir a Paz”, em 2005, Paulo Macedo franqueou os salões da Academia Norte-Riograndense de Letras, da qual era vice-presidente para uma bonita festa, com a presença de expressivos nomes e lideranças do meio literário e rotário, além de outras autoridades estaduais e municipais.

Em homenagem e reconhecimento pelo seu trabalho de Imagem Pública do Rotary, Paulo Macedo foi agraciado durante a minha Conferência Distrital com o troféu FEIXE DE VARAS e recebeu do Rotary International um expressivo diploma de Honra ao Mérito, assinado pelo presidente Glenn Estess.

Como jornalista, foi pioneiro no setor automotivo. Mantinha duas páginas no Jornal da Tarde sobre sua velha paixão, o automobilismo, como também uma coluna na revista Foco Nordeste.  Decano do colunismo social, Paulo Macedo era profundo conhecedor da natureza humana e da vida na cidade de Natal. Em ambas dedicava largos espaços ao Rotary. Paulo Macedo tinha outro programa na rádio Poty, que sempre abria com a mesa de bate-papo Tea for Two.

Paulo Macedo era um homem de comunicações com larga atuação na imprensa oral, escrita e televisada. Era membro da UBE-RN, União Brasileira de Escritores, regional do Rio Grande do Norte, vice-presidente da Academia Norte–Riograndense de Letras, membro do Conselho Estadual de Cultura, e diplomado pela Escola Superior de Guerra, no RJ.

Dotado de singular inteligência, ninguém detinha tantas honrarias nem recebera tantas distinções quanto ele. Foi condecorado pelas três Forças Armadas - Exército, Marinha e Aeronáutica. Possuía títulos de cidadão honorário de 158 municípios do RGN, inclusive Natal,  faltando apenas 9 para fechar o estado.  Era imortal em dezenas de academias de letras e artes espalhadas pelo Brasil afora. 

Visitou 62 países no mundo e escreveu 25 livros, sendo o primeiro com tiragem de 30 mil exemplares, intitulado "Memória Contemporânea". Paulo Macedo foi casado duas vezes, deixa três filhos.

Esse era Paulo Macedo, um amigo, um rotariano, que deixará eternas saudades e fará muita falta. Que Deus o guarde em uma de suas moradas e conforte seus familiares.


domingo, 28 de junho de 2020

DUAS MULHERES E AS NOVAS GERAÇÕES


DUAS MULHERES E AS NOVAS GERAÇÕES

Alberto Bittencourt
Escrito em março de 2006, antes do terremoto
que devastou o Haiti e vitimou nossa Zilda Arns.


O dia 08 de março de cada ano é consagrado como Dia Internacional da Mulher. Gostaria de render uma homenagem à mulher brasileira. Faço-o, na pessoa de duas líderes femininas que estão fazendo a maior diferença em nosso querido Brasil. São duas mulheres merecedoras dos maiores encômios, das maiores reverências. Duas mulheres que, pelo exemplo, pelo comportamento, pelas ações, dão uma prova contundente de que é possível resgatar as crianças da encruzilhada da vida, mostrar-lhes o caminho do bem, dar-lhes a tão sonhada oportunidade de crescer com dignidade, para que, no futuro, possam ganhar a vida de maneira honesta.  
Refiro-me a Viviane Senna e Zilda Arns.
Viviane Senna, a presidente do Instituto Ayrton Senna, está mudando a face do ensino público no Brasil. 
Zilda Arns, organizadora e coordenadora da Pastoral da Criança, já reduziu em mais de 40% os índices de mortalidade infantil no país. 
Em 2004-05, quando fui governador do Centenário, percorri, com Helena, as obras dos 92 Rotary Clubs do nosso Distrito 4500. Testemunhamos nas escolas Rotary do interior nordestino o alcance do trabalho dessas duas mulheres.  
Viviane Senna gerencia e aplica na melhoria do ensino fundamental das Escolas Públicas o legado de Ayrton Senna, nosso tri-campeão mundial de Fórmula 1, o herói que projetou o nome do Brasil para as gerações do mundo inteiro.  
O Instituto Ayrton Senna, com os programas "Se Liga" e   "Acelera Brasil" já beneficiou mais de 3 milhões de crianças, com recursos aplicados de cerca de 36 milhões de dólares em 500 cidades brasileiras, em 24 estados da federação.  
Ayrton Senna, neste 21 de março de 2006, completaria 46 anos de idade. Todo o país chorou naquele trágico 1. de maio de 1994, no circuito de Ímola. Mas o homem que tanto orgulho trouxe a todos nós brasileiros, não nos deixou. Está mais vivo do que nunca, presente no Brasil inteiro. Pouco antes do acidente fatal, ele havia confiado à sua irmã, o desejo de empreender uma obra de longo alcance pelas crianças desfavorecidas.  
Viviane Senna, mãe de três crianças, que, dois anos após a morte do irmão, perdera também tragicamente o marido num acidente de moto, sufocou a depressão. Em lugar de se fechar em seu mundo, resolveu consagrar a vida às crianças carentes, fazer a vontade de seu irmão.  
Dentro do programa "Se Liga", do Instituto Ayrton Senna, crianças em poucos meses aprendem a ler, interpretar textos, escrever, fazer as operações aritméticas básicas. No "Acelera Brasil" as que ficavam marcando passo, defasadas de 2 a 4 anos em relação à idade, em apenas 1 ano se recuperam, passam a ter um progresso rápido.
O Instituto Ayrton Senna já firmou convênio com cinco estados brasileiros, entre eles Pernambuco.   Os resultados obtidos pela atuação inovadora e eficaz são reconhecidos pela UNESCO.
Viviane Senna adquiriu tal competência em matéria de desenvolvimento humano, que o presidente Lula quis fazer dela um de seus ministros, mas Viviane prefere agir fora da burocracia, em total liberdade.
Agora pergunto: Por que a educação funciona com o Instituto Ayrton Senna e não funciona com o chamado Ensino Regular das Escolas Públicas?   Se ambos utilizam os mesmos professores, as mesmas instalações, as mesmas crianças , os mesmos meios, por que o Ensino Público não consegue fazer o mesmo ?  
A receita nós sabemos:
1.     capacitação,adequada,
2.     supervisão permanente,
3.     avaliação constante.
4.     motivação elevada. 
Os ingredientes, nem sempre estão disponíveis:
1.     seriedade,
2.     patriotismo,
3.     amor
4.     dedicação.  
Zilda Arns, com as voluntárias da Pastoral da Criança, já salvou a vida de mais de 2 milhões de crianças. Ela ensina e fornece alimentação alternativa, transmite cuidados essenciais, como o soro caseiro, dá noções de higiene às mães e filhos, promove inúmeras atividades educativas e de recreação. Eu e Helena provamos da multimistura, das maravilhosas receitas, tão simples, nutritivas, saborosas, na base de cascas de melancia e outras frutas.  
Os resultados da Pastoral da Criança tornaram Zilda Arns merecedora de concorrer ao Prêmio Nobel da Paz em 2001, indicada que foi, pelo governo brasileiro.
Uma coisa devemos refletir: o programa de Zilda Arns tem a participação ativa, constante, dedicada, de mais de 250.000 voluntários, a maioria mulheres. Elas estão presentes, trabalhando, ensinando às mães e às crianças a forma correta de se alimentar, de preparar e aplicar o soro caseiro, os cuidados a ter com a higiene pessoal. Elas estão mudando as condições de vida daquelas famílias.
Agora, outra pergunta para reflexão: Como é que Zilda Arns consegue mobilizar mais de 250.000 voluntários para um trabalho permanente e constante e nós, do Rotary Club, temos às vezes a maior dificuldade em conseguir 10 minutos que seja, de um companheiro? Os   250.000 voluntários da Pastoral da Criança estão lá, dando seu tempo, sua energia, sem receber nada em troca. 
O comunicador e motivador, comp César Romão em magnífica palestra-show no Instituto Rotário de Cuiabá, nos deu a resposta: porque Zilda Arns transformou a missão em que acreditava e na qual mergulhou, numa CAUSA.  Ela abraçou, defendeu, lutou por essa CAUSA e com isso ela foi seguida por uma legião de voluntários. Se nós não transformarmos o nosso Rotary numa CAUSA igual a essa, nós vamos permanecer marcando passo, sem sair do lugar, completou César Romão.
Então, companheiros, as luzes se acendem, a esperança está de volta.
Registro assim, nas pessoas de Viviane Senna e Zilda Arns a minha homenagem à mulher brasileira pelo transcurso do seu Dia Internacional da Mulher.