ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A SAGA DA ERRADICAÇÃO DA POLIO

 A SAGA DA ERRADICAÇÃO DA PÓLIO

Alberto Bittencourt - escrito em 2016 

Coordenador do Programa END POLIO NOW para a Zona 22 B, anos 2015-2017 


A saga da erradicação da pólio no mundo é uma história muito bonita e cheia de episódios emocionantes.


1 - INTRODUÇÃO


Para entender a mudança no esquema de vacinação anti-polio, veja o seguinte;

Ao longo dos anos, as duas gotinhas da vacina oral sofreram perda de eficácia, frente a um pólio vírus selvagem mutante e cada vez mais resistente. Hoje, a OMS programou a substituição progressiva no mundo, até 2019, de toda vacina oral pela injetável e aumentou a meta de cobertura das campanhas vacinais de 85% para 95%. No Brasil, o programa anual de vacinação de crianças até cinco anos inclui cinco doses, sendo três doses injetáveis e duas de reforço orais. A vacina injetável foi criada em 1950 pelo cientista americano Jonas Salk e homologada pela OMS  em 1955. Inocula o vírus da pólio inativado, ou morto. É produzida através de células do fígado do macaco Rhesus, da África. No princípio os macacos precisavam ser sacrificados, hoje não mais. Tem 100% de eficácia  e é absolutamente segura. O problema é o custo. Enquanto uma dose da vacina oral custa US$ 0,60, a da vacina injetável custa US$ 9,00


Pior: a vacina oral, que inocula o vírus atenuado,  além de ter perdido a eficácia que era de 100%, ainda provoca um tipo de poliomielite - (paralisia assimétrica flácida aguda )  por um denominado "Vírus circulante derivado da vacina oral". Os casos são mascarados pelas autoridades, que classificam como encefalite ou Síndrome de Guillain Barret. Mas já ocorreram recentemente inúmeros desses casos no Brasil (SP, RJ, RGS entre outros estados) e no mundo, principalmente em regiões de baixa cobertura vacinal e de maior pobreza. Tal realidade não pode ser divulgada abertamente  para não afugentar o povo das campanhas.

Lembro que as duas gotinhas foram responsáveis pela grande queda do número de casos no mundo, de mais de 500 mil em 1950 até os poucos de hoje. Eram ministradas por voluntários e o Rotary teve um papel preponderante nessas campanhas que iniciaram no Brasil em 1985, após Sabin ter denunciado na imprensa internacional que os governos militares estavam omitindo a ocorrência de polio no país, dando por erradicado o vírus, quando havia milhares de infectados mascarados com nomes de outras doenças.


A FR doou em 1986 um crédito de 6 milhões de dólares ao governo Sarney para compra de vacinas durante cinco anos.  Em três anos o Brasil acabou com a doença. Hoje as campanhas de vacinação são feitas por técnicos. Não aceitam mais voluntários leigos como no início.

O papel do Rotary é de trabalhar para que a cobertura vacinal alcance 100% do universo de crianças (mínimo de 95%).

E arranjar doadores e contribuições  para a Campanha da Pólio, que pode ser através de pessoas fisicas (FR) ou jurídicas (Programa Empresas Cidadãs da ABTRF).


2 - OBSERVAÇÕES


1. Na África há um ano não ocorria nenhum caso de pólio. Acabam de registrar três casos provocados pelo pólio vírus selvagem tipo 1, o único ainda existente, pois os tipos 2 e3 já foram erradicados do mundo.

2. Cada caso de pólio que aparece, corresponde a 200 pessoas infectadas, portadoras assintomáticas, que transmitem a doença pelas feses mas não manifestam os sintomas.

3. A OMS adiou a meta de erradicação da pólio no mundo de 2018 para 2019. A cada ano significam gastos de mais 1,250 bilhão de dólares. O Rotary e seus aliados, como Bill Gates e outros, contribui historicamente com 10% desse montante. O restante é provido por governos de países  e outras entidades integrantes da "Iniciativa Global para Eliminação da Pólio". A meta de arrecadação do Rotary para 2016 é de 45 milhões de dólares, aí incluindo os FDUCs distritais. Quando o Rotary completar esse montante, Bill Gates entrará com 90 milhões de dólares.

4. As campanhas de vacinação na Índia são injetáveis e mensais, dadas as condições de miséria e insalubridade de grande parte da população.

5. A Fundação Rotaria solicita a todos os distritos que  doem pelo menos 20% de seu FDUC anual para o Fundo Pólioplus. Não é do saldo, mas do que entrou no ano, fruto das contribuições de três anos anteriores.
5.1) Ao meu ver a denominação Fundo PólioPlus também é equivocada, pois Fundo é lugar para acumular dinheiro com determinado fim. No caso da pólio o dinheiro é para imediata aplicação. Não é para acumular
5.2)  Toda e qualquer contribuição financeira do Brasil fica aqui mesmo. Não sai do país, pois tal geraria 35 % de alíquota de imposto. É apenas contabilizada.


 3 - IMPORTANTE

A campanha de marketing  do Rotary - Falta só isso, -  focada apenas nas duas gotinhas, transmite a ideia de que o problema está praticamente resolvido, o que não condiz com a realidade.

Quando dizemos que o caminho está 99,9% percorrido, todo mundo tende a relaxar, a achar que o problema está resolvido e fica difícil motivar novos doadores. Na verdade os 0,1% que ainda persistem, constituem a trilha mais difícil de percorrer.


O Rotary tem a seu cargo não deixar esmorecer uma luta que envolve:

a) questões políticas dos Talibãs que, a despeito de todos os esforços do governo paquistanês, sequestram e matam vacinadores na fronteira do Paquistão com o Afganistao.

b) questões sociais, fruto da ignorância das populações mais atrasadas que consideram que a vacina esteriliza as crianças, provoca a doença e é instrumento do imperialismo norte americano.

c) A perda de eficiência da vacina oral e o altíssimo custo das vacinas injetáveis, mais de dez vezes superior, o que é de difícil explicação

d) A deficiência na vigilância, em países como o Brasil e outros, para monitorar casos suspeitos. Os currículos das faculdades de medicina do país aboliram o estudo da paralisia flácida aguda assimétrica - poliomielite. Os médicos não sabem diagnosticar e confundem com a Síndrome de Guillain Barré.

E) vinte ou trinta anos depois de contraírem a pólio, as pessoas vitimadas  voltam a ter os mesmos sintomas neurológicos, musculares, de dores e sofrimentos. É o que se chama de "Síndrome do Pós Polio". Os hospitais não estão aparelhados par atender, pois não se trata apenas de casos para fisioterapia. As pessoas acometidas fundaram no mundo inteiro um tipo de associação chamada  "Associação dos Portadores da Síndrome do Pos Pólio", visando chamar atenção das autoridades para o problema.


NÃO PERCAM AS MINHA PALESTRAS SOBRE A PÓLIO.

TENHO PEDIDO UM TEMPO DE 50 min NOS SEMINÁRIOS com mais dez minutos para debates.

Obrigado por me dar oportunidade de falar essas coisas.

Abraços

Alberto

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