ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O TEMPO VAI PASSANDO

O TEMPO VAI PASSANDO. - 

Alberto Bittencourt. - 31 de Março de 2014  fl 26/14


Incrível como o tempo vai passando sem que a gente se dê conta. Amanhã já é dia 1° de abril de 2014. Cinquenta anos são passados daqueles dias intensos em que vivi a Revolução de 31 de março de 1964.

Aos vinte e um anos de idade, completados em novembro, recém formado Aspirante a Oficial do Exército, eu me apresentara em fevereiro  no BESE - Batalhão Escola de Engenharia - unidade modelo, integrante do GUEs - Grupamento de Unidades Escolas. Tratava-se o G UES, de um conjunto de tropas, cuja finalidade era dar apoio aos capitães alunos da EsAO - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Essas unidades escola realizavam demonstrações práticas no terreno, como complemento às aulas teóricas nos bancos escolares.

Os alunos do Curso de Engenharia da EsAO recebiam instrução teórica, nos bancos escolares, sobre as diversas matérias. Por exemplo, a construção de pontes de equipagem. Aprendiam a calcular o material, a dimensionar o número de caminhões de transporte, as equipes para as manobras de montagem e, em seguida, iam assistir na prática a teoria que haviam estudado. Essas manobras eram um eterno sacrifício para nós, soldados de engenharia - os pontoneiros. 

O trabalho era árduo e demandava tempo. Com quinze dias de antecedência já começávamos a carregar as viaturas com a ponte B4A1. E que viaturas! Eram caminhões Dodge, antigos, sem direção hidráulica, sem ar condicionado, sem sincronização nas marchas, o que exigia do motorista, dupla debreagem. Os motores quase estrebuchavam na subida da serra das Araras, a 10 km/h, na via Dutra, rodovia Rio-São Paulo. Na cabine, o calor era insuportável. Devia chegar a 60° C. Enquanto os caminhões se arrastavam, o barulho que saia do motor, para quem sentava na boleia, era ensurdecedor, chegava às raias do infernal. Coisa para macho, mesmo. 

Cada viatura transportava um pontão B4A1, com remos e material salva-vidas. 

Viajávamos em comboio, a uma velocidade máxima de 45 km/h. Chegados ao local do lançamento da ponte, às margens do rio Guandu, desce todo o material, para organizar o canteiro de trabalho. Tudo era muito bem planejado. O material ficava arrumado, disposto de modo estratégico para a montagem da ponte. Primeiro os pontões de ferro eram lançados manualmente na água, sob a voz de comando dos chefes das equipes de seis pontoneiros cada: 

AO BRAÇO...FIRME!

Depois entravam as turmas das vigotas, das talas de junção, dos parafusos.  

Enquanto isso a turma das amarras ficava à margem, enrolando e desenrolando amarras e era alvo de gozação pelos demais. Até o sol raiar. 

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