EDUCAÇÃO, DEVER DE TODOS
EXCERTOS de palestra realizada
PARTE 1
Segundo um levantamento recente, publicado nos
jornais de grande circulação de Pernambuco, apenas 4,6% das crianças termina a
quarta série do ensino fundamental com os níveis mínimos de conhecimento, isto
é, sabendo ler e escrever, e o que é mais importante, sabendo interpretar o
texto que lê. Em aritmética, o índice é um pouco melhor chegando a 6% o
percentual dos que chegam à 4ª série sabendo as quatro operações aritméticas. É
uma vergonha nacional. É uma chaga, que apesar de todo o dinheiro investido, de
tudo o que se gasta, não se consegue extirpar.
São professores desestimulados, professores que não
ensinam, que faltam mais do que comparecem, que fingem ensinar, e ninguém cobra
melhor desempenho, simplesmente porque ninguém avalia a sua produtividade, que
é o aproveitamento escolar.
Há professores que se limitam
a passar o tempo todo escrevendo tarefas e exercícios na “louza”, deixando os
alunos só a copiar. E copiando apenas, ninguém aprende nada. Há professores que
dão apenas o sinal de presença e sentam nas cadeiras e não há nada,
absolutamente nada, que os faça levantar. Ali permanecem, a olhar para o
infinito.
Os anos mais férteis do ser humano, quando a mente
está mais receptiva, mais capacitada ao aprendizado, são passados nas escolas
do ensino fundamental. Está provado que, para que a criança possa traduzir o
que aprendeu em aumento de produtividade, ela tem que ficar 6 anos na escola em
constante aprendizado. Saber diferenciar um WC masculino de um feminino, ou
identificar o ônibus pelo seu letreiro, não significa aumento de produtividade.
Ensinar a raciocinar, saber distinguir o certo do errado, procurar métodos e
soluções que lhe tragam mais rendimento no final do mês, isso sim, é aumento de
produtividade.
Que se façam relatórios para
serem encaminhados aos secretários de educação, com cópias para o diretor da
escola, para os prefeitos e governadores e até para os jornais, televisão, tudo
o que puder ser feito, inclusive os Ministérios Públicos e Tribunais de Contas.
Como rotarianos, proprietários de inúmeros prédios
escolares, até em respeito à memória daqueles que nos antecederam, temos o
dever de zelar permanentemente pela qualidade do ensino, de agir como fiscais,
implacáveis, rigorosos, porque não há como tergiversar, passar a mão por cima quando o produto são as
crianças.
Cada rotariano tem o dever de
zelar pela boa e correta educação das nossas crianças, nas escolas públicas,
estaduais ou municipais. Nossa missão, nosso
trabalho, é o de sermos fiscais, zeladores desse patrimônio universal que são
os pequeninos, as crianças.
Que cada Rotary Club adote
uma escola de sua comunidade! Que
cada rotariano adote uma sala de aula. Que cada rotariano entre nas salas e fiscalize
os professores. Entre para sentir na pele, vendo, vivendo e aprendendo.
PARTE 2
Companheiros,
quero aqui ressaltar um dos nossos maiores problemas: a educação escolar. Acho
que cada rotariano tem o dever de zelar pela boa e correta educação das nossas
crianças, nas escolas públicas, sejam estaduais ou municipais.
Há
muito tempo, mais de 30 anos, 25 Rotary Clubs do Distrito 4500, construíram
escolas, escolas com salas de aulas feitas de cimento e tijolo, bem equipadas,
que ainda hoje funcionam. São as Escolas Rotary. Há 25 Escolas Rotary
São
prédios muito bem construídos, em terrenos excelentes, muito bem localizados,
que eles conseguiram e doaram, para que o Rotary construísse essas escolas,
numa época em que o Rotary mesmo é que tinha que prover os professores, os
funcionários, o material didático.
Hoje,
todas essas Escolas Rotary, estão conveniadas com as secretarias de educação
estaduais ou municipais, que, além dos professores e do material didático,
fornecem a merenda escolar,
Foi
a forma de viabilizar essas escolas. O Rotary as entregou para as secretarias
de educação e... lavou as mãos! Não é mais com o Rotary. Agora o problema é da
Secretaria de Educação. Não interessa se funciona bem ou mal. O fardo foi
tirado de nossas costas.
Eu
visitei com Helena, todas as Escolas Rotary do Distrito 4500, além de outras
assistidas pelos clubes. Verificamos em algumas delas que crianças chegam à
quarta série do ensino fundamental e de lá saem sem saber ler, sem saber
escrever, sem saber interpretar o que lêem, mal fazendo as quatro operações.
Outras precisam de reformas urgentes no prédio e nas instalações. A secretaria
de educação diz que nada pode fazer porque o prédio não é dela e o Rotary não
concerta porque a escola está entregue ao município ou ao estado, não é com
ele.
Em
determinada escola do Recife, durante a visita oficial como governador, a
Bandeira do Brasil foi hasteada ao som do hino do colégio, posto que nunca
ensinaram às crianças o Hino Nacional.
Segundo
denúncias da ONG Novo Mundo, que trabalha em escolas do ensino público
fundamental, há educandários aqui no Recife, entre elas a escola poeta Manoel
Bandeira, ali nos Coelhos, que são antros de marginalidade. Alguns alunos se
organizam em gangues, e chegam até a ameaçar de morte, as pessoas que querem
melhorar as condições de ensino e de educação. São bandidos que se organizam,
chegou a esse ponto na escola chamada Escola do Poeta, com professores que
deviam estar na cadeia porque não exercem o seu papel de mestres nem de
educadores.
Também
vimos Escolas Rotary exemplares, bem cuidadas, as crianças alegres,
uniformizadas, orgulhosas ao cantarem o Hino Nacional, em que o ensino funciona
magistralmente, sob as vistas e a atenção de rotarianos dedicados.
É
preciso rever esses convênios que funcionam mal, cobrar responsabilidades, até
o aluguel, se for o caso, por que não?
Eu
pergunto: será que nós estamos agindo corretamente, deixando para lá?
O
que é que nós podemos fazer? Eu sugiro o seguinte, mas é preciso que todos os
companheiros participem: que o nosso clube de Rotary, como representante da
sociedade civil organizada, como instituição de utilidade pública que é, como a
maior ONG e de maior prestígio e credibilidade, mediante autorização, entre
naquela escola, que um companheiro entre numa sala e procure assistir às aulas.
Vá olhar, assistir, fique lá uma manhã, tome conhecimento do que se passa nas
salas de aulas, se as professoras comparecem, se ensinam, procure sentir na
pele os problemas. Só fazer uma visita, passando de passagem, meia hora, de
nada adianta. É ficando dentro da sala de aula, verificando como se comportam
aquelas professoras, como é que se comportam os alunos, só assim, só dessa
maneira, nós podemos mudar alguma coisa. Somente indo lá, onde estão as
crianças, vendo, vivendo e aprendendo, sentindo na pele, do contrário vai tudo
continuar como dantes, no quartel de Abrantes.
Constatadas
as deficiências ou irregularidades, o clube pode fazer um ofício ao Secretario
de Educação com cópia para o diretor da escola, mandar para o Ministério
Público, e até para imprensa, se entender, denunciando o que for necessário,
pedindo providências. Do contrário, aquelas crianças vão continuar ciscando a
terra, como galinhas, não vão se desenvolver, aprender a ganhar o pão de cada
dia de maneira honesta, exercer o seu papel de águias, divinas, participando do
mundo. Serão sempre galinhas a escavar a terra. E pior, muitas dela poderão ser
aliciadas pela marginalidade, pelo tráfico de drogas, e serem levadas ao
caminho da morte e da destruição.
Contudo,
se nós estivermos lá dentro da escola, vendo, vivendo e aprendendo,
então nós podemos fazer muito, em benefício de um número cada vez maior de
crianças.
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