TORCIDAS EM FÚRIA.
Alberto Bittencourt- 13 set 2016
As cenas foram dantescas. Dezenas de jovens munidos de pedaços de pau, a se agredirem mutuamente nas ruas, antes da realização da partida de futebol , de um desses clássico das multidões.
O chefe de uma das torcidas foi literalmente massacrado, já caído por terra, indefeso, atacado por torcedores rivais, até com pá, chutes, pisoes e porretes. Foi internado em estado grave. Escapou por um tris. Podia ter morrido.
Toda a barbárie foi filmada. Os autores da chacina foram identificados, protagonistas da violência. Os "de maior" já estão presos, recolhidos, enquanto os "de menor" foram aprisionados nas Funases. A partir daí passarão a contar com a assistência integral do estado: casa, comida e até mesada. Dentro em pouco estarão de volta às ruas, onde continuarão a praticar atos de barbarismo.
O chefe de uma das torcidas, cinicamente vestindo a camisa do clube de futebol, assinou no hospital um Termo de Responsabilidade, para poder voltas às ruas, em liberdade. Que se passa na cabeça dele? Teria medo de ser assassinado, caso permanecesse no hospital? Ou pretende exercer o papel de vingador e acionar os asseclas na cruel missão de dar o troco aos algozes? Ninguém sabe a quem interessa toda essa guerra das torcidas organizadas, na verdade, gangues a tudo dispostas.
Ontem, a torcida de um clube saiu em motos na direção do principal estádio de futebol da cidade. Eram mais de 400. Para quê? Qual a finalidade de todo esse aparato?
Quem são esses jovens, anônimos, que não estudam , não trabalham, tampouco têm oportunidades na vida? Desprovidos de ideal, nem mesmo aspiram a uma vida útil e produtiva. Tampouco são tocados pela crença, pela fé num Deus superior, o quê, pelo menos os afastaria da violência.
Antes eram os bailes Funks, o objeto das investidas dessas gangues.
Antes ainda, num carnaval fora de época, quem não lembra do bloco Balança Rolha?
Uma turba enfurecida baixou da periferia, em ataque contra os foliões protegidos pelos cordões de isolamento. Os que puderam pagar o abadá, viraram alvos da raiva e do ódio dos que nada tinham. Foram as manchetes daquele tempo.
O que faltou nesse Brasil que não deu certo?
Apenas uma coisa: EDUCAÇÃO.
Se a eles tivesse sido dada alguma educação de qualidade, em escolas bem instaladas, com professores motivados, provavelmente eles hoje teriam outras metas e objetivos na vida.
Não me refiro a essa educação de fachada, em que os professores fingem ensinar, os alunos fingem aprender e os pais fingem acreditar. E o aluno, termina o curso, se não evadiu-se antes, como analfabeto funcional, mal sabendo assinar o próprio nome. Frequentou escolas, mas não conseguiu aprender.
É a dura realidade do nossos ensino público, que se contrapõe à propaganda oficial de Escola de Referência, ou Ensino Integral. É uma lástima e uma tragédia ao mesmo tempo. A maioria daqueles jovens, sem outras oportunidades, vai se meter com traficantes, com drogas, e não passará dos vinte e quatro anos de vida. As estatísticas estão aí para confirmar. Uma pena .
Vivemos em permanente crise. Ou será que a crise neste país é apenas crise de autoridade? Se for, basta mostrar aos vândalos, aos baderneiros, onde está a autoridade, de verdade: "escreveu, não leu, o pai comeu". É isso aí, bicho.
Presumivelmente a grande maioria dos jovens das torcidas organizadas dos clubes de futebol pertencem à chamada periferia. Vivem em favelas, moram em barracos insalubres, num meio deturpado pela pobreza, pela fome, pela doença, pela violência, desprovidos de água, de esgoto, do mínimo razoavelmente tolerável. Vivem e habitam em condições sub humanas e sub normais. Cresceram ao Deus dará, abandonados à própria sorte. A maioria, filhos de mães adolescentes, desconhece o pai.
Nos momentos de conflitos, quando se juntam em bandos, ou gangues, surgem os aproveitadores, a quem interessa o acirramento dos ânimos. São os integrantes dos chamados movimentos sociais, e outros, vivandeiros do caos, da barbárie, cultores da anarquia, do quanto pior melhor. É a triste realidade do Brasil do futuro.
NOTA: A partir de 2020 as torcidas organizadas levantaram a falsa bandeira da defesa da democracia, se autodenominaram "antifas", e partiram para o vandalismo.
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