ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sexta-feira, 21 de junho de 2024

CARTA DO CORONEL CESAR REIS

Carta do coronel Cesar Reis. 

Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 2023. 

Meu caro Alberto.

Ass: O Prof Torres Pastorino



Muita paz!

Ao receber o livro que você generosamente me enviou, vi imediatamente que temos muito em comum. Também fui rotariano. Quando servia em Três Corações, os companheiros tiveram a bondade de me convidar. Naquele tempo, idos dos anos 60 do século passado, fazíamos parte do distrito 459. Conheci as propostas, participei das ações sociais, conheci cidadãos de excelente nível. Foi um tempo bom. Com minha transferência para a EsAO e subsequentes tarefas, perdi o contato. O Rotary foi tempo importante em minha vida. Tem meu respeito, minha admiração.


Tive contatos frutuosos com o professor Pastorino. Ele orientava um grupo de estudos do Evangelho em seu apartamento-biblioteca na rua 7 de Setembro aqui no centro do Rio. Era um sábio. Conhecia os termos do Evangelho e seu significado naquele tempo em que foram escritos os textos. Publicava uma revista mensal extraordinária chamada Sabedoria. Anualmente editava a Sabedoria do Evangelho. Tenho comigo sete volumes. Trata-se de obra ímpar, verdadeiro patrimônio da humanidade. Segundo soube há ainda vários volumes a serem publicados, aguardando autorização da família e editora que se disponha a investir. São textos em vários idiomas, referências eruditas. Preço elevado por certo. Quando estivemos na direção da Capemi tentamos promover a edição mas a família não concordou. Pastorino foi o fundador do Lar Fabiano de Cristo do qual fazemos parte até hoje. Ele também dirigiu a sessão de inauguração da Casa da Fraternidade que nós dirigíamos em Três Corações. Ao falecer disse que ia estudar na espiritualidade para, depois, apresentar as pesquisas sobre o Apocalipse.


Não sei se você soube quando ele fez concurso para professor do Colégio Militar, o seu exame oral ficou famoso. Era prova de Latim. Ele e o examinador falavam fluentemente como se o Latim fosse uma língua viva. Juntou gente, faz parte dos anais. 


Era homem de simplicidade exemplar. Diariamente pegava o bonde para fazer seu programa na rádio. Fazia uma oração pedindo apoio espiritual. Anotava numa caderneta a inspiração que lhe chegava. Quando retornava ao escritório na rua Senador Dantas, destacava o papel da caderneta e deixava sobre a mesa. Os tempos eram difíceis e a editora Sabedoria passava por dificuldades. Pastorino pediu ajuda ao Coronel Jaime Rolemberg que dirigia a Capemi naquela época. Rolemberg enviou uma funcionária, dona Maria de Belém, contadora, para analisar as dificuldades do amigo. D. Maria viu sobre a mesa as folhas soltas das inspirações diárias de Pastorino. Entendeu o que ali estava um tesouro. Foi assim que surgiu o livro best-seller Minutos de Sabedoria. Todas as edições iniciais foram feitas pela Capemi. Depois que ele faleceu sua viúva passou os direitos para a Editora Vozes. Agora no século XXI, através da mediunidade de Divaldo Franco, Pastorino nos deu outro livro admirável sobre a impermanência. Maravilha!


Também convivi com Hermógenes. Ele era associado efetivo do lar Fabiano. Frequentava nossas reuniões de estudo e de meditação. Fazia palestras para nossos funcionários. Gostava de contar anedotas. Tinha um bom humor permanente. Era o maior vendedor de livros da sua editora. Graças a ele também consegui editar um livro de nossa autoria. Viajamos juntos algumas vezes. Ele promovia viagens à Índia. Levava grupos para que conhecessem o admirável Say Baba. Lá na Índia sua esposa foi atropelada por um caminhão. Deu um trabalhão trazê-la para o Brasil. Foi a primeira vez que vi Hermógenes preocupado. Hermógenes foi um privilégio em minha vida. Morava na Urca. Era delicioso conversar com ele em sua casa, sentado na mureta de frente para o mar.


Fui professor do Colégio Militar, como você. Convivi com grandes mestres como Walter Shaeffer, Ruy Kremer, Ribeiro. Acho que Danilo e Eloy Villela são seus colegas de turma e eram meus companheiros no CMRJ. Não fui aluno do CM. Fiz antiga Escola Preparatória de Fortaleza. De lá fui para a AMAN, turma de 1959. Dois dos meus filhos estudaram lá. Eram da cavalaria. 


Outra afinidade: fui vegetariano durante anos da juventude. Ao sair aspirante, fui para Vacaria. Lá o Exército participava do realinhamento do Tronco Principal Sul, uma estrada de ferro que ligava São Paulo a Porto Alegre. A estrada antiga foi construída pelos ingleses obedecendo às curvas de nível. Eram quatro noites e três dias de viagem. Lá no interior de Vacaria construíamos uma ponte sobre o rio Pelotas. Não havia nada para comer, exceto frangos e carne de gado ou porco. Apesar dos meus protestos, o cardápio era somente aquilo. Tive que me readaptar ao regime não vegetariano. Confesso que até hoje tenho minhas dificuldades com carne. Interessante, quando era cadete meu comandante de companhia ficou cismado com o meu regime alimentar. Encaminhou-me ao médico que me aconselhou, dizendo que vegetarianos por falta de proteína animal poderiam ficar estéreis. Não procede. Temos sete filhos saudáveis, graças a Deus. 


Então meu amigo, está bem claro que temos bastante em comum e isso inclui ação social então cara ao meu coração. 


Quero agradecer muito espaço pelo livro que você teve a gentileza de me remeter, com expressiva dedicatória. Ainda vou refletir bastante sobre as suas experiências que dão qualidade não só a sua vida mas às vidas de todos nós.


Muita paz e alegrias permanentes. Que sua vida permaneça estruturada em bons pensamentos, bons sentimentos e boas atitudes, como sempre.


Um grande abraço agradecido. Cordialmente,

César Reis




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