CARTA A UM GOVERNADOR DE DISTRITO
Alberto Bittencourt - 2006
Fico sempre triste quando tenho
notícia do afastamento de algum rotariano, mesmo para mim desconhecido.
Ao receber sua carta na qual
você comunica seu desligamento do Rotary, não pude conter a emoção. Lágrimas
vieram-me aos olhos.
Trata-se da saída de um amigo,
de um companheiro que aprendi a admirar e estimar, desde o nosso treinamento no
Instituto Rotário de Aracaju, em setembro de
Da Assembléia Internacional de
Anaheim, marcada pela pluralidade de costumes e tradições dos povos ali
representados, os 529 Governadores do Centenário saíram perfeitamente
sintonizados com os objetivos do presidente do Rotary International, Glenn
Estess, e motivados para Celebrar Rotary no ano de seu centenário. O sucesso de
tantos e tão importantes eventos acontecidos no período rotário 2004-2005, as
homenagens recebidas de todos os setores da sociedade, são o resultado da
dedicação e trabalho de rotarianos no mundo inteiro, liderados pelos
Governadores do Centenário.
O conhecimento que eu e Helena
travamos com vocês ficou gravado em nossos corações pela identidade de pontos
de vista, pela afinidade na vontade de inovar, de construir um Rotary mais
participativo, mais dinâmico, inclusive com a quebra de paradigmas, se
necessário.
Um rotariano, seja ele dos mais
simples, do mais longínquo dos clubes, encerra dentro de si um universo. É ele
que faz o Rotary e por isso, ele é o elo mais importante de nossa Instituição.
O Rotary só é o que é porque tem
morada permanente no altar do pensamento, sentimento e vontade de cada um dos
rotarianos do mundo.
Perder um rotariano é perder uma
parte do todo, é ficar bem mais pobre. Imagine RI perder você - um Governador
do Centenário - que tanto fez para elevar nossa roda dentada aos mais altos
pódios!
Nós, Governadores do Centenário,
não pertencemos mais nem a Clubes nem a Distritos. Somos patrimônio de um
movimento que trabalha pela Paz entre homens e nações do mundo inteiro e por
isto, essencial ao futuro da Humanidade.
Nós somos do Brasil e do mundo.
Temos que ter sempre em mente,
que fomos treinados para, não apenas representar o presidente do Rotary
Internacional
Fomos preparados para
administrar Rotary através dos clubes, na busca de um mundo melhor, mais justo,
mais humano.
Nossa preparação começou muito
antes de nossa posse. Consumiu enorme soma de investimentos em recursos humanos
e materiais. Pense na grande mobilização de pessoal, a maioria rotarianos,
empenhados em horas e horas de trabalho de variadas equipes. Pense nos recursos
financeiros aplicados. Pense que tudo isso foi feito tendo nós, os Governadores
do Centenário como centro.
Sei do muito que investimos para
chegar lá. Sei também que pagamos tudo isso com o sacrifício de nossas
famílias, de nossos negócios, de nosso lazer, inclusive com prejuízo
financeiro, mas tudo fizemos com alegria no coração, na certeza de estar
colaborando para a construção de um mundo melhor.
Reflita agora, caro companheiro.
Faça um balanço das pessoas que cativamos ao longo de nossa jornada de
Governadores do Centenário, das incontáveis amizades que conquistamos. Rememore
as inúmeras portas que carinhosamente se abriram para nos acolher. Visualize as
sementes que deixamos plantadas em cada coração que certamente ainda germinam,
crescem e frutificam, em amor, compaixão e amizade. Segundo Saint Exupéry,
somos responsáveis pelas pessoas que cativamos. Elas precisam, elas dependem da
gente.
Fomos escolhidos Governadores do
Centenário por conta de nossas qualidades de liderança. Todo líder que se
projeta, por estar em evidência em dado momento, sob as luzes dos holofotes
naquele ano, desperta um quê de ciúme. Faz parte da natureza humana.
É importante que o líder tenha a
consciência de que jamais obterá a unanimidade. Sempre haverá alguém para
contestar, para dizer que de outro modo seria melhor. É a diversidade de
pensamentos que engrandece todo grupo e principalmente em Rotary, onde todos
são líderes.
Mesmo que surjam formas mais
agressivas de expressão um dos primeiros ensinamentos que recebi foi de que todo
líder deve “ter jogo de cintura e aprender a engolir sapos”.
Para isso, cada um deve
construir em torno de si, um círculo de proteção, como uma bolha blindada a nos
envolver, na qual as agressões, as malevolências, as calúnias, batem,
ricocheteiam ou resvalam sem nos atingir como pessoa e muito menos à nossa
obra.
Não devemos responder, nem revidar.
"Nunca se justifique. Os amigos não precisam,
os inimigos não acreditam" (li por aí).
Basta seguirmos o nosso caminho,
com a consciência tranqüila e a convicção do dever cumprido.
Se alterarmos nosso
comportamento em função das ações adversas dos outros, estaremos contribuindo
para a divisão e desentendimento dentro do Distrito, estaremos construindo
muros de separação. Ao contrário, nossa missão de governadores e de líderes é
construir pontes de amizade.
Procure entender, coloque-se do
outro lado, no lugar de quem nos agride. Você verá as razões do outro. Verá que
o outro lado está certo, do ponto de vista dele. É o que nos ensinou Ragendra
Saboo com o lema: Olhe mais além de si mesmo.
Assim, devemos continuar nossos
caminhos, com a convicção de que somos o que somos, sem submissão, sem
arrogância, mas com firmeza de propósitos, tratando a todos da mesma maneira,
sem permitir que a divisão se instale, com desejo de contribuir, de somar, de
agregar, pensando sempre positivamente.
Por isso eu lhe peço, caro
amigo, reconsidere, por favor, a sua decisão. Não desista nunca, jamais. O
Rotary precisa de você.
Existe uma palavra em
psicologia, cujo significado vai além da física, constante dos dicionários:
RESILIÊNCIA ― recuperar-se de traumatismos, superar golpes, “dar a volta por
cima”.
É a mais importante qualidade
intrínseca dos grandes homens. Os exemplos não faltam na história e na vida.
Esperamos você, RESILIENTE, de
volta ao nosso meio.
Você faz falta, muita ... muita
falta!
Do seu amigo e companheiro,
Rotary Club do Recife – Boa Viagem
Governador do Centenário, D-4500
Classificação: engenharia civil
Nenhum comentário:
Postar um comentário