REPENSANDO
ROTARY
Alberto Bittencourt
(escrito
em setembro de 2004)
Alberto Bittencourt e Tereza Alencar, presidente 2005-06 do Rotary Eclub D4500 (homenagem de André Guimarães ao governador do Centenário) |
Ao longo de minha vida rotária, fui mudando interiormente, mudando minha visão do mundo, mudando minha percepção do Rotary.
De início o considerava apenas um clube de prestação
de serviços, centrado no companheirismo, com base na diversidade de seus
integrantes. Através das variadas funções por que passei, desde a presidência
de meu clube, da presidência da Comissão Distrital da Fundação Rotária, até
chegar a Governador do Distrito 4500 neste ano do Centenário, 2004-05, fui evoluindo, passando
a encará-lo de maneira diferente, e o que mais me influenciou nesse sentido,
foram as pessoas.
Enquanto uma empresa visa antes de tudo pessoas,
produtos e lucro, o Rotary visa pessoas, pessoas e pessoas. São as pessoas para quem nós trabalhamos, as
pessoas com quem nós trabalhamos e as pessoas que nos observam. Na linguagem de
marketing, seriam o público alvo, o público interno e o público externo.
Não foi apenas o olhar amoroso das criancinhas, o
carinho dos deficientes, a afetividade dos idosos, a resignação dos enfermos, o
que me fez mudar, mas principalmente a dedicação e trabalho de companheiros rotarianos do mundo inteiro, de pessoas comprometidas com o serviço ao próximo, de voluntários empenhadas em devolver, por mínimo que seja, o que generosamente
receberam de suas comunidades.
Fruto do convívio com essas pessoas, dos ensinamentos
que recebi, das experiências que vivenciei, passei a ver Rotary de duas formas
distintas, uma objetiva e outra subjetiva. Na primeira, do ponto de vista
institucional, encaro o Rotary como um movimento filosófico. Na segunda, do
ponto de vista pessoal, considero ser rotariano um estado de espírito.
Sendo um movimento filosófico, vejo o Rotary como uma
grande escola onde cada rotariano é ao mesmo tempo mestre e aluno. Na verdade,
desde o seu início o Rotary sempre foi uma escola, uma escola de trabalho, na
qual todos aprendem trabalhando e trabalham aprendendo.
Nessa escola universal do Rotary, que tem mestres e
alunos de todos os idiomas, raças, credos e costumes, temos a oportunidade de
nos desenvolver, crescer, aprender.
Como acredito que não há nada neste mundo que
realmente limite o homem e o mantenha num estado de ineficiência e inércia
senão seu próprio pensamento, vejo o Rotary como um movimento filosófico capaz
de mudar a percepção de nós mesmos.
Inicialmente o Rotary é uma escola de liderança ou de
maestria, em que os dois conceitos se confundem. Ser líder ou ser mestre é
apenas um estado de espírito.
Nosso primeiro trabalho é vermo-nos como líderes (ou mestres),
para tanto precisamos proceder como mestres (ou líderes).
Não há ninguém que possa ensinar-nos a ser líderes,
nem ninguém que possa conferir-nos o grau de mestres, pois eles já são nossos.
Cumpre-nos praticar.
Procuremos lidar com os problemas da mesma maneira que
um líder enfrenta as situações com que se depara todos os dias.
Precisamos viver como vive o líder, pensar como pensa
o líder, proceder como procede o líder.
Atuemos do mesmo modo que um líder atua. Falemos como um líder fala,
enfrentemos a vida tal qual um líder a enfrenta.
O segundo trabalho é formar homens. É transformar o
indivíduo cheio de boa vontade, carregado de ilusões que chega aos nossos
clubes, ansioso por ser útil, por servir ao próximo, em um verdadeiro rotariano.
É transformar o companheiro desestimulado em autêntico homem de ação,
verdadeiro líder, despertar-lhe a vocação de serviço, acendendo em seu coração
a chama da amizade, boa vontade, paz e compreensão.
Assim, adquiri a visão de que cada rotariano é um
mestre e cada Rotary Club uma escola.
Aprendi que o Rotary é cada um de nós. Cada clube é a
soma de seus membros, o reflexo de seus sócios. Quanto mais eficientes formos,
maior eficiência terá o clube. Clubes de qualidade correspondem a homens
dispostos, devotados ao ideal de servir, consagrados à ação como produto de sua
fé. Ante essa identidade “homem – Rotary”, está a consciência de que cada um é
Rotary, manifesta na afirmação: EU SOU ROTARY, como um estado de espírito.
O rotariano através de sua ação, de sua devoção, de
sua identificação total com esse estado de espírito, é quem deve ensinar a
todos o caminho da paz e do bem, pelo uso de sua voz e do seu exemplo. É com
realizações concretas de nossos Rotary Clubs que podemos elevar a imagem do
Rotary ante tantos que nos rodeiam, em nossas comunidades e no mundo.
Caros amigos em Rotary: deixemos cair a máscara da
aparência, da vaidade, esse ego que parecemos ser e comecemos a viver a
verdadeira vida. Agindo no EU, estaremos agindo no lado mais profundo de nossa
própria natureza. Vivendo o EU SOU ROTARY, alguém, em algum lugar, algum dia,
em algum momento nos agradecerá.
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