A ESCOLA DE MEU AVÔ
Ao percorrer com Helena, na velha Maria Fumaça, o
trecho turístico Carlos Barbosa/Bento Gonçalves, revivi
os tempos em que acompanhava meu pai nas visitas aos canteiros de obras.
Infelizmente essas ferrovias estão hoje desativadas, fruto de uma política a
meu ver equivocada em que se investiu apenas no transporte rodoviário.
Eu e meu irmão Cláudio seguimos
a tradição familiar. Tornamo-nos oficiais do Exército, fizemos o curso do IME –
Instituto Militar de Engenharia, graduamo-nos engenheiros militares.
Meu avô paterno, gaúcho, tinha
o nome de batismo de Amaro Soares Bittencourt Azambuja. Entretanto, quando ele
sentou praça, lá pelo ano de 1905, consideraram esse nome muito comprido e cortaram
justamente o último. Restou Amaro Soares Bittencourt. Se não retomaram o nome
familiar Azambuja, foi porque minha avó Olga considerava o sobrenome Bittencourt muito mais
bonito.
Vô Amaro chegou ao posto de
general de Exército e seu nome foi perpetuado na escolinha do 1º Batalhão
Ferroviário. Era conhecida na época como GEGAB - Grupo Escolar General Amaro
Bittencourt, depois mudado para Escola Estadual de Ensino Fundamental General Amaro
Bittencourt, quando foi transferida para rua Giácomo Baccin, s/n° em Bento Gonçalves. O bairro é
aprazível, nas cercanias do quartel, onde hoje funciona um Batalhão de
Comunicações. No trajeto, passamos pela Vila Militar. Vi a casa de minha infância.
Relembrei fatos da época.
A escola foi construída e
batizada lá pelo ano de 1944, pelo então comandante, coronel Carlos Gomes, a quem
eu e meus irmãos chamávamos de tio, casado com a tia Yolanda. Uma tragédia marcou
na época a vida do casal. Eles tinham um único filho, Carlitinho, recém
formado em medicina, que suicidou-se com um tiro na cabeça, na flor da idade,
sem nenhuma razão aparente. Ouvi dizer que o motivo foi uma paixão proibida
pela irmã adotiva, uma índia que morava com eles. O que lhes deu força para
viver foi a fé em Deus e a amizade e devoção que passaram a nutrir pelo médium
Francisco Cândido Xavier, a quem visitavam com freqüência em Minas.
Tudo volta à mente, como se
fosse ontem. É a prova de que o tempo não existe.
-x-x-x-x-x-
23 comentários:
Gostei muito, sempre amigo Alberto. Toinho Portela
Fiquei emocionada ao ver a Escola com o nome do Vô Amaro. ( Não sei chamá-lo a não ser de Vô, embora não seja meu avô de sangue ). Não sabia também que você deu os primeiros passos em Bento Gonçalves. A viagem que fez foi também uma viagem no tempo onde passeou por lembranças queridas. Estou esperando que você escreva um livro com toda a memória da família que fez ( e faz ) parte da minha vida. Abraços, Berenice Muniz.
Belo texto tio. A propósito, você viu a foto do biso Amaro em Washington que o Guilherme colocou no Facebook? Um artigo sobre o período do biso nos EUA seria muito interessante.
Tio Alberto
Estou nos EU (Washington) a trabalho pelo Exercito. Tive a oportunidade de visitar a CEBW (Comissao do Exercito Brasileiro em Washington). O Gen Amaro Bittencourt foi chefe da CEBW durante a II Guerra.
Veja minha pagina no facebook:
http://www.facebook.com/#!/gbittenc
e
http://sixtant.net/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1023&Itemid=2
Abracos. Seu sobrinho
Guilherme Bittencourt
Alberto,
Gostei muito do seu texto.
Quando visitar, novamente, Bento Gonçalves, vou procurar esta escola.
Abraços,
Silvia Mallmann Guariglia
Caro amigo, sem dúvida uma bela recordação. Recordação que também serve para mostrar o papel social que as Forças Armadas sempre tiveram no País. Aliás, em qualquer país. Os batalhões de engenharia, aqui no Nordeste, construíram muitas das estradas que cortam a região. Parabéns. Um abraço,
Heldio
Emocionante e nos deixa desafio para deixar um legado como deixou o vovó. Amaro
Solano, Cris e familia
Querido Alberto!
Que bonito ouvir as histórias da sua vida!!!
Gratidão e namastê,
Maristela Lupe
Alberto
Cada amontoado de suas letras, refletem uma crescente e suave admiração por esse seu excepcional coração, repleto de uma sutil sensibilidade e uma indisfarçável ternura.
Abraços e que Deus te abençoe.
Jayme Lielson
Bom dia Alberto,
Adorei sua cronica. Fiquei triste de saber que a escola estva fechada. Sobre a ferrovia, eu concordo com voce. O Brasil deveria investir menos no automobilismo e investir mais neste transporte. Tem todas as vantagens para um país com uma população grande e com um padrão de vida tão baixo. Mas infelizmente no Brasil se investe mais na minoria que na maioria.
Grande abraço e continue escrevendo.
Da amiga,
Suzy Oliveira
Ps: Venha me visitar quando vier à Europa.
Amigo, é com prazer que acompanho seu entusiasmo pelo laço familiar, razão clara e tão bem relatada.
Forte abraço,
Ricardo
Parabéns, Alberto, pelo belo texto elaborado, que nos mostra que estamos diante de um escritor de escol, e que nos passa muita emoção com os seus escritos. Todos tivemos essa fase tão importante da nossa vida, a infância, que você recorda com uma precisão fantástica, fazendo sua avaliação pessoal segundo a visão de hoje, uma homem experiente e vivido diante de muitas realidades, que sempre tem seus aspectos positivos a nos ensinar.
Um abraço do Corsino.
Parabéns, Alberto.
Muito bonito e emocionante o texto!
Abraços,
João Ricardo
Acho muito bom sabermos da histórias do R.G.SUL;
Acho que SILVIA sabe de algumas; vou pedir para ela contar uma do tio ANTONIO, quando esteve preso;
Belo texto, Alberto.Sou Francisco, irmão de Berenice, e vizinho, por muito tempo, do "vô Amaro". Sentí muito amor e sensibilidade no texto.Parabéns!
Bonita narrativa da vida dos seus familiares. Infelizmente não conheci seu pai mas pude privar da intimidade da sua mãe e de seus avós sempre muito carinhosos com todos.
Abçs,
Paulo Roberto
Parabens Bittencourt.
Você congregado com a família é algo de muito importante ,pois hoje em dia a desagregação está de vento em popa,mas você e seus familiares continuam a se curtir naturalmente,o que evidencia o amor que os une.
Meus parabens.
Tenho inveja sadia de vocês.
Vá em frente.
Florimar.
Estas lembranças são gratificantes e preenchem a alma. Através delas o passado vira presente.
Tocante.
Abraço, Fernando Magnus
Uma vez mais, meus parabéns pelos registros. Já não fiz os meus e hoje lamentar não adianta.
Um abraço
Carneiro
Alberto, parabéns pelo texto, que Deus continue lhe abençoando e iluminando a sua família.
Do amigo e seu admirador, José Lopes de Souza
Companheiro ALberto:
Que boa e emocianante emoção. ALMIR REIS
Emocionante ler seu relato! Sou a nova diretora da escola e meu sonho é fazer dessa escola que amo tanto se reerguer e ficar cada dia mais bonita! Temos um quadro com o General Amaro Bittencourt e gostaria de mais informação sobre ele. Estou a disposição para o que vc precisar! Abraço.
AMEIIIIII TUDO;LEMBREI DA MINHA MARAVILHOSA INFÂNCIA NESSE LUGAR ONDE TENHO A SENSAÇÃO DE JÁ TER VIVIDO UM POUQUINHO DO PARAÍSO! OBRIGADO ARLETE TERESINHA PAIM CHRISTOFOLI!
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