ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal
ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

INCOMPATIBILIDADE FATAL




         janeiro, 2005



Após termos visitado os 92 Rotary Clubs do Distrito 4500 no segundo semestre de 2004, ano essencialmente político, chegamos à conclusão, eu e Helena, que a filosofia do Rotary  de ser apolítico como instituição, é um princípio ético que não pode mudar.

Nesse período eleitoral, percorremos alguns clubes desagregados, divididos, perdidos.

Vimos clubes que suspenderam todas as atividades meses antes do pleito e que, somente por um milagre conseguiram retomar, posteriormente. O que restou foram escombros. Restos recompostos do que antes fora um pujante Rotary Club

Encontramos clubes que nunca mais se recuperaram.  Perderam-se definitivamente para o trabalho rotário.

Há o caso daquele tesoureiro de clube que se candidatou a vereador da pequena cidade, sem ter se desvinculado das funções rotárias. Perdeu a eleição e o clube perdeu o companheiro, as finanças, talões de cheques e documentos. Até hoje chora a ética esquecida.

E pior. Quando outro presidente de clube candidatou-se a prefeito, escreveu-se a crônica da morte anunciada. Havia companheiros candidatos a vereadores. O presidente não se elegeu, gastou o que podia e o que não podia. Botou a culpa nos rotarianos, divididos, que não o apoiaram. “Rotary? Perda de tempo, gasto inútil de dinheiro que não tenho mais. Não quero nem saber.” E os companheiros, desagregados, perderam a fé e a esperança. Nunca mais se reuniram.

Quando a campanha política permeia o clube, quando rotarianos levam para reuniões rotárias suas preferências partidárias, a divisão se instala. Desinstala-se a unidade, o companheirismo, a harmonia. A filosofia do Rotary é incompatível com os ânimos acirrados  das campanhas eleitorais, principalmente no interior do nordeste

E por que isso ocorre? Simplesmente porque o que move os homens, o instinto mais forte, é a disputa pelo PODER. É da natureza humana. Todos querem sentir o gosto do poder, ter um poder cada vez maior, se lambuzar de poder e de autoridade.

Aí está a grande diferença: Em Rotary, ninguém tem poder ninguém tem autoridade. O que nós temos em Rotary, são diferentes níveis de responsabilidade, disse-nos Jonatham Magyiabe, ex presidente de RI.

Mas não é apenas isso. Há muitas outras diferenças.

Um rotariano não pode ter inimigos, nem adversários. O rotariano é amigo e companheiro de todos, indistintamente. Já ao contrário, todo candidato político, seja ele de bom ou mau caráter, é uma usina de desafetos. São as pessoas interessadas em derrubá-lo, em usurpar fatia de seu poder, em não deixar que cresça. São “amigos” que muitas vezes agem, em surdina, sem se mostrarem, sem aparecerem, sem se declararem como tal.

Além disso, o rotariano vivencia a prestação de serviço voluntário, o trabalho desinteressado em favor do próximo. Já o candidato político visa o interesse próprio, arranjar votos, aliciar novos eleitores.

O rotariano prega e pratica sempre a verdade, como um código de ética, em tudo o que pensa, diz e faz. O candidato tem a palavra fácil para prometer o que nem sempre pode cumprir. Em princípio, não se norteia pela Prova Quádrupla, quando coloca a verdade ao sabor dos interesses eleitoreiros. Como dizia Roberto Campos: “Em política o que importa não é o fato, mas a versão”.

O rotariano valoriza o trabalho em equipe e para tanto organiza-se em comissões, em grupos de trabalho. O candidato político articula-se conforme os interesses do momento. São as famosas alianças políticas. Os que ontem eram inimigos, adversários ferrenhos, de um dia para o outro passam a ser confrades, amigos íntimos, sinceros correligionários.

Pelo dito, estou mais do que convicto que, se alguém, em algum clube de Rotary, tiver a pretensão de concorrer a qualquer cargo político, deve se desvincular do clube na época da campanha eleitoral.

Não quer dizer que, fora do período eleitoral, o político eleito, consagrado por seus ideais, não possa ser sócio de um Rotary Club. Conhecemos homens públicos, políticos, em nosso distrito, que são excelentes e exemplares rotarianos.






7 comentários:

Lívia Monteiro disse...

Parabéns por compartilhar as experiências políticas negativas em nossos clubes.
É isso: "Pobres, num só colchão podem caber uns três, mas o maior império é pouco para dois reis".
Cumprimentos de paz e muita alegria.
Lívia Monteiro

Roberto Flavio disse...

O texto mostra uma realidade dos clubes do Distrito 4500 e que nada tem de diferente de clubes de outros distritos. Eis uma realidade que seria uma grande tema dos próximos Institutos Rotários . É evidente que falta uma orientação institucional e que os clubes estão largados aos talentos e fragilidades de seus associados.

Amigo Alberto, esse é o caminho e agradeço seu belo texto que provocou uma pessoal reflexão. Rotary não é festa e nem vaidades. Rotary é Serviço e para isso devemos estudar e nos colocar disponíveis dentro de nossas limitações.

Euro Ferreira Guedes disse...

Muito bom companheiro Alberto,
Deveria ser lido em todos os clubes do país.
Um abraço
Euro Ferreira Guedes

Nevio Urio disse...

Caro EGD Alberto
Li atentamente seu artigo – realmente complexa a situação que descreves sobre sua experiência
no seu ano como governador do D4500em época de eleições.
De certa maneira também enfrentei o problema 1994-95 – servi como adm do nosso distrito ano de eleições gerais – de vereador a presidente da republica. Nosso distrito contava com 1433 associados – em dezembro com 1860.
Note que crescemos no momento da campanha eleitoral em cerca de 30% - maravilhoso poderíamos dizer.
Mas no inicio do de 95 perdemos 15%e foi por vários motivos mas o principal foi a transferência de funcionários públicos.
E como nós temos 4 distritos no estado – houve uma troca desvantajosa pois exportamos rotarianos e importamos
Não rotarianos. Mesmo assim crescemos 15% fechamos o ano com 1665 associados.
Nosso distrito não tem tido problemas mais sérios depois disso por questões políticas.
Cito nossa cidade- que Rotary encara a situação política – separa de certa forma a partidária. Eis que depois da chagada do Rotary em 1966 – dos prefeitos ( de várias tendências partidárias) apenas 2 não pertenceram ou pertencem ainda ao Rotary – o atual deputado Federal Nelson Meurer que foi do Lions Club e o ex-prefeito Vilmar Cordasso (Paul Harris) que só não ingressou no nosso RC em Março, porque decidiu candidatar-se novamente a prefeito – e deixou claro que vencendo ou perdendo a eleição ingressará no clube, no inicio de 2013.
É costume o Rotary chamar os candidatos a prefeito para expor suas respectivas plataformas. Se faz em Igualdade de tratamento e condições para todos os candidatos. Temos a sorte de ter sempre o prefeito como parceiro nos projetos para beneficiar nossa comunidade – No meu RC, temos em média 4 candidatos a vereador e quase sempre para prefeito, vice deputado. Quando fui presidente 1989-90, os dois candidatos a prefeito e os dois a vice eram do meu RC; além de 5 candidatos a vereador
-desejei boa luta a todos, não perdemos nenhum associado. Dos 4 candidatos a prefeitura – três permanecem ativos e um faleceu.
Os candidatos a vereador – somente dois lograram êxito naquela ocasião. Não perdemos nenhum por motivo partidário.
- Alguns rotarianos que se destacaram, desta pequena cidade 78.000 hab e situada a 500 km de Curitiba, ocuparam os seguintes postos – 3 ministros de estado, 4 secretários do PR senador, 3 deputados federais, deputados estaduais – alguns diretores de estatais – como BRDE, Eletrosul etc.
-Na presente campanha eleitoral – temos candidatos dentro da grande maioria dos 11 RC locais. Espera-se que nossa tradição seja mantida. Tomara.
Governador Alberto, quis compartilhar essa nossa experiência, mais para cooperar com teus estudos e como você escreve no artigo de 2004 as situações
podem ser diferentes, dependendo do local, cidade ou região.
Nos veremos em Vitória.
Abraço, Nevio

JAYME LIELSON disse...

Caríssimo Bittencourt
Impressiona-me sobremaneira a forma perene como a lucidez de seus escritos permanecem atuais.
Parabéns.
Que Deus preserve seu tino e bom senso.
Saúde e Paz, é a minha prece para sua família e esse seu mister, SERVIR.
Com admiração. Jayme Lielson

PORTILHO disse...

Pela qualidade e oportunidade do tema, repasso a matéria do Comp.EGD.Alberto Bitencourt.
Um grande abraço.
Felicidades, hoje e sempre.

Djalma P. Bentes.

PAULO RESENDE disse...

Amigos,
É com pesar que vejo que alguns rotarianos não compreendem que devem separar Rotary de suas trajetórias político-partidárias.
Em minha cidade, há uma candidata a vereadora que se apresenta como "candidata rotariana".
Candidata de quem? A quem ela representa?
Não a mim. Nunca.
Conheço candidatos rotarianos que, por força da ética, não tocam no assunto "eleições" quando tomam parte nas ações do Rotary. Não se apresentam como candidatos rotarianos. Nem sequer levam um santinho de campanha para as reuniões.
São poucos.
Que tristeza, ver uma instituição tão nobre quanto o Rotary, ser usada como "atestado de probidade" por candidatos aproveitadores.
As urnas dirão se esses oportunistas estão certos.
Paulo Resende
RC de Niterói Icaraí
Presidente 2012-13