ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sábado, 26 de dezembro de 2020

PRESENTE DE NATAL




PRESENTE DE NATAL
Alberto Bittencourt - 11 mar 2009
Fragmentos de meu diário



Manuela (14) e Bruna (12)


Fim do ano, em nossa casa. Papai Noel nos trouxe um presente especial. Foi-nos oferecido pela companheira Núbia Mesquita, recém aclamada por unanimidade, presidente 2007-08 do Rotary Club do Recife- Boa Viagem. O presente chegou na forma de duas criaturinhas adoráveis, que vieram passar conosco o dia de Natal. São elas as duas jovens irmãs, adolescentes, Manuela, 14 e Bruna, 12, ambas moradoras do ESPAÇO DA CRIANÇA, instituição da qual Núbia é presidente.

Chegaram no dia 24. Helena foi buscá-las. Fizeram o mesmo Flori Barbalho, Mônica Lima, Marcela Oliveira, atendendo a um pedido de Núbia, numa das últimas plenárias de 2004. Núbia pediu que cada família convidasse uma ou duas se irmãs, das crianças internas, para uma noite de Natal diferente, na casa dos companheiros, no convívio das famílias.

Segundo Núbia, a expectativa era enorme entre as crianças. Desde cedo, dia 24, aguardavam com ansiedade, prontas, arrumadas, a chegada de quem elas próprias batizaram de madrinhas.

Bruna e Manuela chegaram em nossa casa bonitas, vestindo suas melhores roupas. Curiosas, desconfiadas, posso imaginar as dúvidas que atravessavam suas cabecinhas. Afinal, como seriam essas pessoas, suas casas, como será o Natal no meio delas? 

Encontraram a família reunida para a ceia de Natal. Filhos e netos, os do Recife e os vindos da Bahia, aguardavam com alegria a chegada de Papai Noel, tradição em nossa família, desde os tempos de meus avós, nos anos cinquenta.

A mais velha, Manuela, mostrou-se a princípio reservada. Pouco falava, a todos cumprimentou, mas permaneceu a maior parte do tempo quieta, observando curiosa o ambiente, o movimento de todos.

Bruna, ao contrário, revelou-se de pronto falante, comunicativa. Dotada de inteligência viva, raciocínio rápido, encantou-nos de saída. Cursa a Quarta Série, mas sabe ler e escrever com precisão, o que é admirável, em se tratando de escolas públicas. Gosta de desenhar. Faz desenhos artísticos, coloridos, com mensagens afetuosas, muito bonitas, em retribuição ao acolhimento que lhe demos. Demonstrou certa carência afetiva, ao procurar mais a companhia dos adultos, dar as mãos, abraçar, enquanto a irmã, permanecia seca e séria.

Precisamente à meia-noite, Papai Noel chegou, tocando sineta. Gordo, barba branca, gorro e roupas vermelhas, barriga proeminente, arrastava enorme saco de presentes. A agitação tomou conta das crianças. Algumas manifestaram medo, outras a euforia de quem já conhecia o bom velhinho de outros natais.

Sentado, esbaforido, numa poltrona, enquanto puxava os presentes de dentro do saco, Papai Noel chamava os pequenos pelo nome que ia lendo nos embrulhos. A cada um fazia um afago, dirigia-lhes a palavra de carinho, o conselho, o elogio.

Bruna e Manuela não ficaram de fora. Também receberam de Papai Noel presentes, roupas, sapatos novos. Esboçavam sorrisos de felicidades cada vez que seus nomes eram pronunciados.

Foram dormir felizes. Dia seguinte se esbaldaram na piscina. No final da tarde fomos todos ao cinema, assistir “O leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa”, ou “Crônicas de Nárnia” no Shopping Guararapes, com direito a pipocas, refrigerantes e outras iguarias, após o quê,  as devolvemos à sua casa, o Espaço da Criança.

Paira no ar a pergunta de Bruna, ao despedir-se: “Tio, vocês vão ser nossos padrinhos? A questão trás no ar a esperança do aconchego familiar, a falta da referência doméstica, o quão importante é a família na construção da identidade do ser humano.

Qual seria a biografia dessas duas meninas, entregues pela justiça ao Espaço da Criança? O que teria ocorrido, para que o juiz determinasse a destituição do Pátrio Poder? Que importa? Imagino a mesma história de sempre: a mãe sozinha, parceiros variados, violência doméstica, promiscuidade, exploração. Manuela, certamente mais sofrida, criou seu círculo de proteção, fechando-se em si própria. Bruna, na terceira infância, tem a alma e o coração abertos para o convívio fraterno, ainda confia nas pessoas.

Bruna e Manuela, seu lugar está reservado em nossa consciência, em nossa casa. Pedimos a Deus que lhes dê a chance. Que elas possam crescer e progredir, aprender a ganhar a vida honestamente, amando ao próximo e a Deus. Que aprendam os valores mais altos da vida. Que Deus as abençoe. Obrigado, Núbia, obrigado ao Espaço da Criança.

Bruna e Manuela foi o presente que recebemos neste Natal.





2 comentários:

DE LUIZ CARAMURÚ disse...

PARABÉNS! HELENA E BITTENCOURT. BÉLÍSSIMO ATO HUMANITÁRIO, RECEBENDO EM SUA RESIDÊNCIA DUAS MENINAS CERTAMENTE SOFRIDAS. TENHO CERTEZA QUE FOI O MELHOR NATAL DA VIDA DELAS.

DE LUIZ CARAMURÚ disse...

AINDA ME LEMBRO DESSE DESENHO. MUITO BEM EMPREGADO.