JE SUIS CHARLIE
Alberto Bittencourt- 17 jan 2015
Fragmentos de meu Diario.
Sempre
defendi a liberdade de expressão. Sou um adversário ferrenho do autoritarismo
governamental, quando seus líderes querem estabelecer o que apelidaram de
“controle social da mídia”, que nada mais é do que a imposição da censura
prévia. Isso é próprio das ditaduras e dos
governos corruptos e centralizadores, que não querem ver suas falcatruas
expostas ao público, que mascaram a verdade para que ela não apareça com toda a
sua nudez e crueza.
Sou
contra a proibição de biografias não autorizadas pelo biografado. Acho que tal
é um direito do autor, que é responsável pelo que escreve, podendo quem se
considerar ofendido, ir buscar reparação
nas barras dos tribunais.
Porém,
acho que a liberdade deve ter limites, especialmente quando se trata de
assuntos de fé e religião, como disse o
papa Francisco.
As liberdades, como bem definiu um escritor brasileiro, devem ser como as águas de
um rio. Enquanto correrem dentro do leito, contido pelas bordas e margens, está
tudo bem.
Porém a
liberdade em excesso é como as águas que extravasam do leito, invadem as
margens, causando destruição, danos, prejudicando toda a população ribeirinha.
É famoso
o ditado: “ A liberdade de cada um
termina onde começa o direito do outro.”
A ninguém
é dado o direito de escrachar a fé ou os deuses, sejam lá quais forem.
O
tabloide Charlie Hebdo fazia isso sem respeitar nenhuma crença, seita ou
religião. Desdenhava de Alá e de seu profeta Maomé. Ridicularizava o Deus dos
cristãos e dos judeus.
Eu jamais
compraria um tabloide desses, sensacionalista, da imprensa nanica ou marrom,
especializada em escândalos e, muito
menos, esse tal de Charlie Hebdo.
Não
defendo a violência em nenhuma hipótese, considero-me um pacifista, uma pessoa
que defende a paz, que abomina a agressão física, as mortes, os justiçamentos.
Aos
autores desses atentados, não resta outro caminho senão o da punição exemplar,
até com a pena de morte. Não passam de
terroristas armados e financiados, treinados por fundamentalistas religiosos,
fanáticos que consideram ser a sua religião a única verdadeira. Quem não reza
por ela é considerado infiel e como tal deve ser eliminado. Eles criam uma
sinergia do mal, uma massa crítica de fanáticos, capaz de cometer todas as
atrocidades que a mídia destaca, no que chamam de “guerra santa” - a jihad.
O mundo
assistiu estarrecido às execuções em massa de populações inteiras pelo estado
islâmico - no Iraque, na Síria e na Nigéria. Crianças sendo decapitadas sob o
argumento de que, quando crescerem se tornarão inimigos do estado islâmico.
Viu-se
esta semana, na TV, um menino de dez anos executar com tiros na cabeça, dois prisioneiros que
confessaram serem espiões.
Viu-se
uma menina de dez anos se explodir na entrada de uma mesquita, matando mais de
vinte inocentes.
O mundo
não aprendeu a viver em paz.
O século
XX deixou a cifra de 187 milhões de mortes em guerras e conflitos.
O que se
assiste é a reedição do nazismo, em que fanáticos eliminaram no século passado
6 milhões de judeus.
Aproveito
para destacar aqui um outro tipo de humor, produzido por um outro Charlie.
Refiro-me a CHARLIE CHAPLIN - este sim, dotado de uma verve artística,
satírica. Ator britânico, diretor, produtor, roteirista, escritor, compositor,
digno, criativo, sem ofensas, puro, um exemplo, capaz de encantar crianças e
idosos, não apenas no tempo do cinema mudo, mas hoje e sempre. .
Nenhum comentário:
Postar um comentário