ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sexta-feira, 31 de julho de 2020

DESENVOLVER O HÁBITO DE CONTAR ESTÓRIAS 




Tirei de meu diário o texto a seguir, escrito em 2014. Coloco como sugestão às escolas e professores nos dias de hoje. Nas escolas bilíngues, o que menos importa são as legendas em inglês, posto que a partir das gravuras é que os pais devem inventar as estórias e contar para os filhos que as reproduzirão nas salas de aulas. Fica a sugestão. Vamos adotar essa prática para ver o resultado?

DESENVOLVER O HÁBITO DE CONTAR ESTÓRIAS. 
Alberto Bittencourt - março de 2014

 Toda criança pequena gosta de ouvir estórias.  Entretanto, o antigo hábito da mamãe contar uma estória para o filho na hora de dormir, parece-me, está desaparecendo do quotidiano das famílias.  Nos tempos atuais, o fato da esposa ter que trabalhar para ajudar no sustento da casa, faz com que ela chegue cansada e estressada ao fim do dia. E aí não sobra tempo, nem energia, nem ao menos um pouco de paciência, para sentar ao lado das crianças, dar asas à imaginação inventar um personagem, criar um enredo, tecer uma trama, por mais simples que seja para, com voz suave e doce, na penumbra do quarto, fazer o sono chegar e a criança adormecer.  Infelizmente tal hábito está praticamente abolido nas relações familiares, o que é uma pena. Deveria ser cultivado e incentivado por país, mestres e educadores, nas escolas do ensino fundamental.

Lembro de ter lido em algum lugar onde havia uma escola que incentivava tal prática.  A professora entregava a um aluno escolhido um livro. Era um livro simples, com fotos e gravuras e poucas legendas, apenas o essencial. O aluno levava o livro para casa.  A tarefa era pedir à mamãe para contar a estória do livro. Como a maioria dos pais nessas escolas públicas e do interior eram analfabetos, ele deveria inventar a narrativa,  a partir das  gravuras do livro. Assim se estimulava a imaginação do pai ou da mãe e o contato, a aproximação a criação de um canal de comunicação entre pai, ou mãe e filho. 

Estabelecia-se então um elo que jamais seria quebrado, um elo de amor, de aceitação de um e do outro, certamente um elo transformador que teria enorme influência na formação da personalidade e no caráter daquela criança.  Seu futuro estaria sendo moldado  no contato, na comunicação, na solidariedade e no amor. A criança jamais esqueceria desses momentos, uma imagem que guardaria para o resto de sua vida.  Aí está um papel da maior importância desempenhado por uma pequena escola do interior.  As crianças ficavam loucas para levarem os livros para casa. 

No dia seguinte, caberia à criança contar para a classe a estória que ouvira de sua mãe.  Um estímulo para o cérebro, para a mente, para a imaginação criativa da mãe e do filho.   Eis uma prática que todas as escolas deveriam adotar. Haveria menos violência no mundo, não tenho a menor dúvida, se a prática fosse disseminada. Os adultos seriam mais humanos, mais amorosos, menos frios, e mais calorosos, mais amigos e mais solidários, porque a semente do amor fora plantada no coração das crianças na sua infância.

Nos dias atuais é mais fácil entregar um celular a cada filho. Eles se isolam num mundo virtual e deixa-se de cultivar o hábito da leitura crítica e da escrita criativa.


CONTANDO ESTÓRIAS PARA DORMIR

Mais, mais, conta outra, mais uma, exige a criança, apoiada no travesseiro, as mãos espalmadas  sobre a cama.  A mãe tem que rapidamente inventar uma outra estória improvisada que faça sua filha dormir.  Ela mistura os personagens dos irmãos Grimm, com outros inspirados nos desenhos animados, formando uma fábula simpática, com um ensinamento moral no fim.  A mamadeira cai para um lado, os pés se aquietam, os olhos começam a fechar. A criança enfim dorme. Vitória da mãe.
Fora do quarto a esperam muitas horas de trabalho doméstico.  Lavar a louça, colocar o feijão de molho. Pelo menos a criança dormiu.

Malgrado a pressão da vida moderna e os problemas de moradia, muitos pais antigamente contavam estórias aos seus filhos na hora de dormir. Alguns liam contos, enquanto outros os inventavam, ou evocavam os que escutaram em suas infâncias.  Os filmes de vídeo e os filmes de Disney trouxeram novas situações e novas personagens para contar.  Não é de se estranhar que Tom e Jerry tenham se tornado amigos nessas estórias, ou que Harry Potter seja vítima de uma maçã envenenada.
O esperado é que as pálpebras fiquem mais pesadas e o sono chegue o mais rápido possível.

 Há alguns dias, um amigo me contou que a filha lhe pedira para contar uma nova estória.
Uma estória, papai, que não está nos livros.
O pai, fatigado de uma jornada de trabalho, incapaz de inventar uma nova ficção, decidiu contar sua própria rotina. Começou assim:
Era uma vez um homem que levantava todos os dias às seis horas da manhã.
Enquanto ia falando, os olhos de sua filhinha revelavam expectativa.
Ele ia comprar o pão para o café e, em seguida, partia para o trabalho.  O ônibus às vezes passava dentro do horário, às vezes atrasava.
 Um pequeno sinal de impaciência começava a se esboçar na fisionomia da pequena. Mas ele continuava:
No fim do mês ele recebia um salário que dava apenas para pagar a conta de eletricidade, comprar um pouco de alimento, para garantir a sobrevivência.
Um muxoxo de frustração interrompeu a monótona narrativa.
Papai, eu quero uma estória onde são os bons que ganham.

Outro amigo contou-me que a filha de cinco anos lhe pediu para contar uma historia de princesas.
Ele perguntou:
De quais princesas você gosta mais?
A menina respondeu:
Eu gosto das que desmaiam...


2 comentários:

Unknown disse...

parabéns Alberto, realmente, eesta faltando sensibilidade nesta nova geração. Lembrei-me das histórias contadas pelo meu avó, viajei no tempo. valeu amigo, forte abraço, Arildo

Alberto Bittencourt disse...

JEAN LUCIA BASTOS comentou em 03 ago 2020:
Concordo. A tecnologia exagerada está prejudicando o saudável hábito da leitura. 👏👏👏