ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

ECOS DA CASERNA -1

ECOS DA CASERNA _ 1
Alberto Bittencourt

Recém declarado Aspirante a Oficial do Exercito, assumi, em janeiro de 1964 o comando de um pelotão  no quartel do BESE - Batalhão Escola de Engenharia, unidade de elite, situado na Vila Militar, Rio de Janeiro. 
Eram 40 soldados recrutas, pobres, sem estudo, 40% ou mais analfabetos, vindos da periferia e incorporados ao Exército Brasileiro. 
Recebi a missão de transformar aqueles meninos de dezoito anos,  inconsequentes, mal ajambrados, brancos ou negros, gordos ou magros, em homens de verdade. 

O treinamento militar começava com ordem unida, pesada, intensa, sob sol, chuva, de forma a transformar as individualidades díspares em um corpo de prevalência da vontade coletiva. 

Assisti pela TV, de prontidão, sem tirar os coturnos nem para dormir, pistola 45 engatilhada e travada na cintura, os comícios da era Jango. 

Meus recrutas não fugiam ao humor carioca:
_  Nao confundam jugular do capacete com João Goulart e seus macetes, diziam. 

Vi o Almirante Aragão, comandante dos fuzileiros navais ser ovacionado e conduzido nos braços por uma turba ululante, numa afronta a um dos mais sagrados princípios que me ensinaram na AMAN: o da hierarquia militar. 

Comandei operações de "Controle de Tumulto", aplicando uma técnica hoje  superada, por perigosa que é: 
Quebra-quebra na Central do Brasil, e os havia a todo instante. Meu pelotão era dividido em  grupos de combate. Dez soldados em cada grupo, cada qual com um terceiro sargento no comando. 
Baionetas caladas, fuzis apontados, carregados e engatilhados. 
_Avançar! 
Alinhados, em passo de ganso alemão, olhar fixo para a frente, os soldados avançavam sem demonstrar medo. O espírito de corpo se fazia presente. 

Via de regra, o quê acontecia? 
A turba amotinada começava a debandar feito um bando de ratos assustados, de volta para as suas tocas. 
Nunca precisei disparar um só tiro,  de advertência que fosse.  

Deflagrado o movimento militar a 31 de março, as tropas do Rio de Janeiro, fiéis ao princípio camoniano da Disciplina Militar Prestante, posicionaram-se numa das margens do rio Barra Mansa, para enfrentamento das tropas vindas de São Paulo, sob o comando do general Kruel e de Minas, comandadas pelo gen. Mourão Filho. 

O Primeiro Batalhão de Engenharia de Combate, Batalhão Vilagran Cabrita, sediado em Santa Cruz, RJ, se não estou enganado, recebeu a missão de destruir a ponte sobre o rio Barra Mansa, na BR-116. 

Na outra margem os cadetes da AMAN, sob o comando do general Emilio Garrastazu Medice, que, em dezembro de 1963 me entregara um prêmio, por ocasião de minha formatura, apontavam as armas em nossa direção. 

Meu irmão, cadete, estava de um lado. Eu, aspirante, estava do outro. O conflito fratricida se fazia iminente. Eu decidira aderir. 

De repente, para alívio geral, chegou a ordem: 
_o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco assumiu o comando das  tropas do Primeiro Exercito e mandou que recuassem para seus quartéis.  

De volta pra casa, fomos recebidos como heróis.  cumprimentados por toda a família, parentes e amigos.  Salvamos a Patria do comunismo internacional e evitamos a guerra fratricida. 

A jugular do capacete fugira para o Uruguai. 

Com a evolução dos acontecimentos, verificou-se que a corrupção, já naquela época,  era muito maior do que a subversão

Então, firmei a convicção de que a democracia não é outorgada pelos poderes constituídos, nem por uma oligarquia dominante. Ao contrário, a democracia emana do povo e em seu nome é exercida. 



Por isso, temos governantes ricos e governados pobres. 

Aprendi também que a democracia só se aperfeiçoa pelo exercício da própria democracia. 

A ruptura, a interferência, tende a criar uma voz que se considera dona da verdade. Somente ela pode falar em nome do Estado Democrático de Direito. 

Na minha opinião, deixa cair de podre. Do esterco hão de nascer brotos fortes, revigorados com a têmpera de nossos heróis.  Fortalecidos com a riqueza da nossa terra

Uma nova nação há de surgir, cujas raízes estão fincadas nos valores maiores da ética, da verdade, da honestidade.  Uma nação solidária, uma nação de amor e paz.

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