MEUS PRIMEIROS JOELHOS
Na primeira fase de minha adolescência fui seduzido por um par de joelhos. Eu ficava sentado e os joelhos ali, bem na minha frente, apontados para minha libido. Alternando movimentos suaves, ora se aproximavam, ora se afastavam, aguçando-me a curiosidade pelos desvãos secretos, levemente oferecidos, desconhecidos. Na minha inocência não adivinhava intenções ocultas. Mas aqueles joelhos me perturbavam a ponto de só conseguir dormir depois da satisfação solitária.
Nunca mais esqueci.
Ainda hoje, vejo-os na bruma esmaecida da memória. Redondos, lisinhos, fofinhos, apetitosos.
Deles, guardei apenas o vão apelo: vem, fica comigo esta noite.
Os olhos de um verde selvagem. Os cabelos negros de índia, revoltos como juba. A sedutora pinta, lábios bem carnudos.
O olhar descuidado, meio que encoberto por uma névoa irritante, como o flog londrino.
No decote ousado, o ninho do amor.
Em primeiro plano, imponente, arrogante, gozador: _ O joelho da minha vida.
Você esbanja charme e elegância. Seu rosto é de uma beleza natural, sem artifícios. Seus olhos encerram a doçura selvagem das antigas guerreiras amazonas, vigorosos, decididos. Os cabelos revoltos adornam a expressão da força, da mulher que nada teme.
A sensualidade de seus lábios é um convite permanente, um eterno chamamento.
Lábios carnosos, cremosos, apetitosos, na consistência e na beleza. Nem precisam falar. Como as flores, simplesmente exalam o aroma do amor, para o beijo transcendente.
Paixões que se sublimam ante o desejo incontido.
Abracar esse joelho lindo, oh, como seria bom. Mas é apenas um sonho. Não pode ser real.
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