ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

domingo, 5 de maio de 2013

PATOLOGIAS ROTÁRIAS




PATOLOGIAS ROTÁRIAS
Alberto Bittencourt
(Escrito em agosto/2007)



A patologia dos clubes se apresenta através de uma série de sintomas de maior ou menor gravidade. São indicação clara de como anda a saúde, não apenas de um Rotary Club, mas também de qualquer associação, agremiação ou coletividade de pessoas.
Todo sintoma é um telefone que toca. É um aviso de algo errado. Atender, significa identificar o erro e corrigi-lo. É obrigação de todos. Fingir que tudo vai bem, que nada existe, é deixar a doença progredir, permitir que o mal se alastre, é prenúncio do fim.
São os seguintes os principais males que afetam a saúde dos clubes:

1º) Patotinhas
Doença grave, solapa as bases, aos poucos vai minando a pujança do clube.
Patotinhas são subgrupos que se formam dentro do clube. São também conhecidas como Turma do Cupim ou Baixo Clero. Seus integrantes, em geral, consideram a patotinha mais importante que o próprio clube, é a própria razão de existência. Eles deixam de pensar nos objetivos maiores da coletividade. Servir, para eles, é palavra que não existe. Companheirismo, só dentro das patotinhas. Não conseguem ter visão holística do Rotary, dos objetivos maiores da instituição que os acolheu, e na qual eles ingressaram como voluntários. A visão dos membros das patotinhas é unilateral, limitada. São como os seis cegos do Industão, descritos por Paul Harris no livro “Esta Era Rotária”, (1935). Eles apalpam um elefante e cada um dá uma definição errônea do que pensam ser, pois não conseguem ter  a visão do conjunto.

2º) Egocentrismo
É mal dos tempos modernos.
Significa o predomínio do ego, dos interesses individuais na frente do coletivo. O egocentrismo divide, desagrega qualquer grupo.
O egocêntrico tem uma visão separatista do mundo. Ele não tem a menor consideração para com os outros. “Problema deles”, “Danem-se” são seus bordões. Considera-se acima das regras, não tem que dar satisfação a ninguém, vive no próprio mundo de aparências e de vaidades. O egocêntrico acha que todos estão ali para lhe servir. Considera a sua felicidade a única que importa.

3º) Normose
Terrível mal que afeta nossa sociedade.
É a patologia do normal, descrita no livro “Normose - a Patologia da Normalidade” de Roberto Crema, Jean Yves Leloup, Pierre Weil.
O normótico é aquele que se adapta a um contexto doente, alimenta-o, vive como se estivesse tudo bem. Ele criou seu próprio mundo, para viver num mundo em crise, onde impera a violência, corrupção, exploração, miséria. O normótico não tem capacidade de reação, para mudar, melhorar o estado de coisas.
A normose, instalada dentro do clube, gera inércia, inação. O coletivo perde o fio da meada da prestação de serviços. Não há sensibilidade, não há compaixão pelo sofrimento do próximo. Perdeu-se a capacidade de indignação. Fazendo-se a epistemologia das palavras, se medíocre vem de médio, sinônimo de normal, então todo normótico é medíocre. Vai conforme a onda, dança conforme a música.

4º) Apatia
É o desinteresse total pela vida do clube.
O apático não está nem aí para as obrigações do clube. Ele não quer saber das responsabilidades fiscais, não se preocupa com documentação patrimonial, com obrigações trabalhistas, com prestação de contas.
O apático pouco se importa com aspectos administrativos. Ele sabe que o clube, como personalidade jurídica, pode se afundar pelo não cumprimento da legislação. O apático deixa rolar, nada faz para mudar um contexto doente.
O apático não quer saber de instrução rotária, nem de prestação de serviços. Não lhe interessa conhecer os objetivos do presidente do RI, muito menos saber quem ele é.
O apático não move uma palha para melhorar o clube. É incapaz de trabalhar em equipe.
Quando a maioria dos sócios é apática, o clube caminha para o fundo do poço.

Estes são sintomas das principais doenças de um clube. O clube que carrega tais sintomas, carece de lideranças, pois líderes não integram patotinhas, não são egocêntricos, não são normóticos, tampouco apáticos.
O telefone está tocando. A campainha toca alto, insistentemente. Cumpre-nos atendê-la, urgentemente.


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9 comentários:

Unknown disse...

Brilhante o texto, Companheiro Alberto. Nada como uma taxonomia concisa e inteligente para ajudar a identificar a presenca de problemas e facilitar suas solucoes. PARABENS!!

Girley Brazileiro disse...

Comp. Alberto
Tive tanta vontade de escrever coisas assim, que vc nem imagina...
Ainda bem que apareceu alguem com mais coragem. Parabéns! Tomara que muitos rotarianos leiam este seu post.
Meu fraterno abraço,
Girley Brazileiro

Adalberto Arruda disse...

Prezado ALBERTO: Parabens por mais esta contribuição sobre vida em Rotary. De conteúdo instigante e desafiador e ee estilo claro, conciso, escorreito e elegante. E que destaca a grandeza de Rotary.Abraços. ADALBERTO ARRUDA

Unknown disse...

Parabéns pelo texto companheiro.
Sem dúvida de grande valia para a reflexão acerca do cotidiano do clube.
Sabias palavras para o engrandecimento do perfil de todos os rotarianos.
Obrigado pela inspiração.
Saudações.

Otacilio Andreatta.
Rotary Club Poços de Caldas.

GERSON GONÇALVES disse...

Meu caro companheiro Alberto, boa tarde!
Agradeço esse seu novo artigo inserido no "Feixe de Varas". Bastante instrutivo e real.
Abraços,
Gerson Gonçalves

Unknown disse...

Comp. Alberto,
acabo de ler o artigo e o compartilhei com o pessoal da Comunidade Rotária https://www.facebook.com/ComunidadeRotaria?ref=hl

Lúcia Vasconcelos Lopes. disse...

Caro Bittencourt.
O paralelismo que encontrou nos demonstrativos dos males que sabemos organizacionais, com os clubes rotários é brilhante. As patologias mencionadas existem em quaisquer organizações. E o trinir do representativo "telefone", usado por você, como outro indicador dos sinais de alerta às lideranças de que males precisam ser detectados é de extrema criatividade. Acredito que, diante dos toques de vários "telefones" a um só e mesmo tempo, dariam espaços urgentes ao chamamento das técnicas utilizadas por uma bem equipada Consultoria Social. Projetos estratégicos são necessários a uma diminuição destas patologias organizacionais. Esclareço aqui a minha utilização do termo organizacional. Isto, por crer ele também abranger, as denominações Empresas e/ou Instituições. Sendo, claro, elas formalmente constituídas e com objetivos e metas a conseguir. Então, quer me parecer, encampar ele também, as Organizações Rotárias como um todo. O imediato socorro aos toques telefônicos, devem vir da correta identificação dos variados perfis apresentados nos subgrupos normalmente existentes nas organizações sociais. Aquilo que poderíamos chamar de uma brifagem feita com os líderes de boa audição, poderia resultar em imediatos trabalhos elaborados por estes mesmos líderes que, orientados pelos resultados obtidos pelas consultorias especializadas, fariam surgir os necessários "medicamentos" contra as patologias subgrupais detectadas. Poderia então se ter imediatos projetos voltados às problemáticas subgrupais já pesquisadas. Muito apreciei as colocações do ilustre amigo, pela concordância com algumas áreas por mim estudadas. Ou melhor, com algumas patologias, das quais diferimos apenas em algumas de suas denominações. Entretanto, elas não importam. O que me parece vital seria o diagnóstico dessas patologias organizacionais/institucionais. As patotinhas, eu denomino, por exemplo, de "rede de parreiras". Nela estão em último lugar, os objetivos organizacionais. A este subgrupo interessa os comentários de suas próprias "vidinhas", geralmente estra-muros da organização. E, como elas se espalham...O egocentrismo muito bem colocado, me parece hoje já está bem instalado nas existências anteriores àqueles futuros funcionários. Os jovens adultos desse futuro subgrupo seriam destes funcionários, suas raízes. Isto, por já viverem nossos jovens além e aquém das vidas ao seu redor. Consequentemente já se consideram "modernos"e importantes demais para preocuparem-se... Meus "Iphones, minha vida" seria seu lema... A patologia da normose, confesso que a desconhecia. Entretanto me atrevo, pelo desconhecimento até, a uni-la à apatia. Esta, outro vírus mortal certamente, a qualquer organização. E, o que fazer? Os líderes deveriam, me parece, fazer chegar a cada patologia encontrada e a ser trabalhada, um tipo de projeto quase empático com os perfis adoentados. Em termos mais simplistas, seria um "adubar" cada subgrupo doente em acordo com os potenciais positivos que possam ter. Mas, não é tarefa fácil. Ela demanda uma vital junção dos verdadeiros líderes, agindo cada um naquela área onde reconhece a si mesmo como semelhante a um dos perfis adoecidos. Seria uma simbiose sadia com aquele seu similar subgrupo patologicamente contaminado. E pelo tempo que se faça necessário...
Parabéns, caro e ilustre amigo. Principalmente pela agudeza de seu raciocínio. Poucos são capazes de tais paralelismos.
Fraterno abraço.
Lúcia Vasconcelos Lopes.

Sergio Levy disse...

Parabéns, Governador Alberto Bittencourt, por mais essa brilhante aula. Para que a doença não alcance esse irremediável estágio e, isso serve para todos os clubes, deve-se prevenir com uma seleção acurada dos sócios, oferecer-lhes conhecimentos capazes de fazê-los Valorizar o Rotary Com Fé e Entusiasmo (PPRI Paulo Viriato C. Costa) e permanente treinamento s/ liderança. Sergio Levy, Governador 1982/83 Distrito 4730.

BERTRANDO BERNARDINO disse...

Caro Alberto

1 - Parabéns pelo seus brilhantes artigos que sustentam a magnífica idéia de divulgá-los em seu blog. Mas fica a questão, como fazer chegar aos que não estão linkados na internet ou não tem acesso ao seu blog? Que tal enviá-los para que cada clube imprima e distribua com os rotarianos, ou pelo menos com os presidentes e vice-presidentes dos clubes?

2 - Como inúmeros rotarianos já estão em idade avançada, como meu pai Sebastião Bernardino, sugeriria que escrevesse sobre o tema Morte em Vida, que é a pior forma de morrer, quando as pessoas ainda tem saúde e lucidez, mas acham que já cumpriram seu papel, que fizeram o que puderam e nada mais tem a contribuir e que por isso, sem terem o que fazer, por assim dizer, ficam com a cabeça vazia, levando-a a ser o “território do demônio”, como se diz, ou contando o tempo para esperar as horas das refeições ou do sono ou da morte.

3 – Ainda sobre isso, e como exemplo, há cerca de 5 anos conheci dona Quitéria, proprietária de uma pequena pousada na margem do Rio Ariquindá, no município de Rio Formoso, que brigava com o Ibama para expandir sua pousada e construir um píer, porque este era seu plano para os próximos dez anos. Ela tinha uma energia imensa e seu marido, uns vinte anos mais jovem, dizia que nem era doido se meter naquela questão. Mas o que ficou para mim naquela data não mais esqueço foi que Dona Quitéria tinha 95 anos e seus planos eram para os próximos dez anos.

Abraços, Bertrando Bernardino – 9272.0251