ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal
ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

DISCURSO DE EUDES S. L. PINTO


Palavras de Agradecimento
Pronunciadas pelo Dr. Eudes de Souza Leão Pinto 
ao receber o título de "Doutor Honoris Causa", 
outorgado pela Universidade Federal de Lavras 
a 03 de setembro de 2012.


Saudações:
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Lavras, eminentíssimo professor José Roberto Soares Scolforo;
Eminentíssima vice reitora, professora Edla Vilella;
Caríssimo e eminentíssimo companheiro colega, engenheiro agrônomo Alysson Paulinelli, em nome de quem saúdo toda a mesa diretora;
Digníssimas autoridades militares aqui presentes, representando a digníssima Polícia Militar do Estado de Minas Gerais;
Digníssimas autoridades presentes;
Meus caros colegas Engenheiros Agrônomos e de outras profissões, professores da Universidade Federal de Lavras;
Digníssimos funcionários desta Universidade;
Jovens acadêmicos;
Digníssimos convidados;
Minhas Senhoras e meus Senhores.

Pronunciamento:
Meu nome agora não é mais Eudes de Souza Leão Pinto. Meu nome agora é Gratidão. Gratidão no sentido lato da palavra. Gratidão de quem recebeu da Providência Divina e dos heróis brasileiros a oportunidade de servir, com a missão que me trouxe a Lavras nos idos de 1962, e que me traz de volta hoje, para receber essa benesse extraordinária, esse prêmio maravilhoso que é o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Lavras.
Quero dizer que nada pode ser mais importante do que o sentimento da fé. É com a fé que se faz a grandeza da alma dos membros da sociedade, daqueles que convivem em regime de solidariedade humana.
Quando recebi a missão de fechar a Escola Superior de Lavras, tentei de todo modo dissuadir o Ministro da Educação da escolha de meu nome. Nada foi possível. Saí do gabinete com o peso de uma condenação. Eu, professor catedrático,da Universidade Federal Rural de Pernambuco, receber uma missão tão ingrata, fazendo de mim um verdadeiro carrasco. Procurei sustentar-me na fé. Penetrei na Catedral do Rio de Janeiro para apelar a Deus, apelar a Jesus Cristo, que me aliviassem daquele encargo tão pesado e disse para Eles, na oração: Tenho fé que haverá de sair uma solução melhor do que o fechamento.
Chegando em nossa casa, abraçando a minha adorada, idolatrada esposa, com lágrimas nos olhos, eu lhe dizia: Pior missão não poderia ter recebido!  E ela, com toda a tranquilidade, olhou-me seriamente nos olhos e falou: Seja forte, seja mais povo do que governo.  E foi realmente o que aconteceu.
Em Lavras, fazendo a enquete, ouvindo os professores, os alunos, os funcionários, a sociedade lavrense, pude sentir força. A fé estava no alto, a conduzir-me a qualquer decisão que pudesse ser humanitária. E ao reconhecer que estava vivendo momentos de glória com a sociedade, glória pelo fato de nela existirem os heróis da ESAL, heróis da ESAL que há dois anos não recebiam salários, não eram remunerados pelo trabalho que faziam, mas assim mesmo continuavam trabalhando, e à nossa pergunta: E se não vier uma solução que vocês estão esperando de mim, o que acontecerá?  E a respostas das três áreas, professores, alunos e funcionários, foi: Continuaremos trabalhando sem receber dinheiro, mas mantendo a ESAL viva! Saí às ruas, só Deus sabe como, sentindo a dor no coração, mas feliz por estar num ambiente de heróis, de pessoas dispostas ao sacrifício para o bem do próximo.
As palavras que ouvi de todos foram palavras de conforto: Essa escola não pode fechar. Nós estamos prontos a fazer doações, a fazer contribuições financeiras ou em material, contanto que a escola não feche. E todos reconheciam que o jovem Alysson Paulinelli, respondendo pela direção da escola, merecia, de toda a população lavrense, a confiança inexcedível. Todos diziam: É um jovem batalhador, que pode e deve ser respeitado.
Realmente Alysson era esse jovem batalhador.
Eu lembro sempre, com muita tristeza pela ausência hoje da minha querida esposa, quando Alysson, sete, oito horas da noite, saía num jipe de nossa casa no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, direto para Lavras. Minha senhora, como ele mesmo já mencionou corria ao santuário para rezar, pedir para ele chegar em paz. E, quantas e quantas vezes, ela disse a mim: Esse jovem idealista, tão competente e tão combatente, não pode morrer. Essas estradas são perigosas, ele corre esse risco, mas Deus haverá de livrá-lo. E ficávamos nessa expectativa até o dia seguinte quando recebíamos a notícia de sua chegada em paz a Lavras.  
Isso prova, meus caros amigos, que Deus estava conosco, isso prova que o destino da Escola Superior de Lavras era um destino muito nobre, era um destino muito altaneiro, que terminaria da forma como estamos contemplando hoje. A Escola Superior de Lavras, que veio a ser a Universidade Federal de Lavras, é a segunda mais importante do Brasil, com todos os meios, todas as facilidades, para tornar-se de grande responsabilidade internacional. Haveremos de ver, aqueles que viverem mais anos, a Escola Superior de Lavras sendo a articuladora do movimento acadêmico superior, entre as mais importantes universidades, dados os méritos que ela hoje detém, perante o Brasil e o mundo. Este mundo há de ter sempre, na figura de Alysson Paulinelli, o grande herói, a figura maior entre seus colegas que dirigiram a ESAL e, depois, a UFLA. 
Como é bom conhecer os reitores que passaram por aqui! Como é bom conviver com figuras humanas da maior qualificação cultural e intelectual, figuras humanas que marcaram posições respeitáveis na sociedade brasileira!
Quando falamos do convite que havíamos recebido para esta solenidade de hoje, dissemos: A nossa preocupação não é com a greve que está dominando há meses as universidades brasileiras. A nossa preocupação não é com o comportamento daqueles que servem a uma instituição de renomado prestígio nacional. Na verdade, posso dizer aos jovens aqui presentes, que a UFLA não merece uma greve. A UFLA está muito acima daquilo que motiva a greve, pela maneira como são tratados os alunos, pela maneira como são tratados os funcionários, com o reconhecimento ao mérito prevalecendo sempre, em todas as horas e em todos os dias.
Posso dizer com absoluta alegria que, em Lavras, encontrei, quando aqui estive há quatro anos, os jovens mais amáveis, os jovens mais corretos nos procedimentos, pelo fato de que vinham à minha pessoa, de maneira extremamente delicada, agradecerem por eu ter sido responsável por uma decisão governamental favorável à ESAL. Para mim, aquilo foi uma grande surpresa, pois tenho convivido, nos meus setenta anos de atividades profissionais, de professor, com jovens das mais diversas universidades brasileiras e estrangeiras e nunca encontrei, da parte da maioria da juventude, um comportamento tão lhano, tão amável, tão cativante, como esse que encontrei aqui em Lavras. Confesso que hoje pedi a Deus que me mostrasse jovens no campus da UFLA que me lembrassem ou que me fizessem reviver aqueles momentos tão agradáveis de convivência com essa juventude.
Hoje, posso dizer com absoluta tranquilidade que em nenhuma universidade brasileira há um sentimento de fidelidade tão forte, tão expressivo quanto o que encontrei aqui na universidade de Lavras. E, fidelidade, meus amigos, é algo que se precisa ter para conseguirmos viver com mais tranquilidade, com menos violência, com menos incompatibilidades. Fidelidade é sinal de amor. Só se constrói um prédio bonito quando se ama a planta que lhe deu origem. Só se produz um trabalho de agricultura bem feito, quando se ama o campo. Enfim, para qualquer atividade humana, o amor preside a perfeição. Da mesma forma, no relacionamento humano, quando se ama a esposa, faz-se com que ela sinta o carinho, a delicadeza, a compreensão perfeita no relacionamento diário. Então, o amor é fundamental para qualquer atividade que gere benefícios de ordem humana e de ordem material.
Lavras representa uma cidade cuja sociedade já é bastante harmoniosa, solidária, que progride de uma forma belíssima. A ESAL foi símbolo do amor. A nossa UFLA está sendo a surpresa para todos que a conhecem, como expressão de beleza arquitetônica, de beleza na mobilidade urbana, de beleza nas práticas profissionais. Nós temos a certeza de que o Magnífico Reitor é um dos homens mais felizes do mundo hoje, por contar com a colaboração de seus auxiliares imediatos e, intrinsecamente, de toda a comunidade lavrense. O Magnífico Reitor, pelo que faz, pelas vitórias e bravuras constituídas, é digno da admiração e do respeito dos outros reitores brasileiros e dos professores, de um modo geral.
O que nós precisamos, e eu tenho a certeza de que acontecerá, é que esta fama de Lavras como um pedacinho do céu, como a terra prometida, seja ouvida e difundida, tenha propagação e se espalhe pelo Brasil afora. E já, em breve, também pelo mundo afora, a consciência de que Lavras é o lugar ideal para viver, é o lugar ideal para construir o que a espécie humana pode prometer, em matéria de racionalidade e de aperfeiçoamento em geral.
Somos felizes, muito felizes, em poder ter chegado aqui, na companhia de meus filhos: o engenheiro agrônomo João Eudes, o médico veterinário João Bosco e o bacharel em direito, Ricardo. Ricardo e João Eudes, acompanhados de suas digníssimas esposas. Trouxemos ainda, conosco, um governador de Rotary, o nosso amigo Alberto Bittencourt, um dos mais proeminentes rotarianos do Distrito 4.500, pelos inúmeros projetos encaminhados ao Rotary International em benefício de comunidades e populações carentes de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. E conosco veio também a ilustre bibliotecária, Sra. Conceição Martins, que já se inclui como partícipe da Academia Pernambucana de Ciências Agrônomas e é chamada por todos “A alma da Academia”.
Estão aqui conosco hoje, para testemunhar a excelência desta homenagem, promovida pela Universidade Federal de Lavras, o Rotary Club de Lavras, juntamente com a Câmara Municipal de Lavras e com a Prefeitura Municipal de Lavras, com tantas manifestações de solidariedade e de amabilidade, que nos deixam verdadeiramente encantados. Gostaríamos de poder mencionar, nome por nome, todas as pessoas que tomaram parte nessa programação de concessão desse prêmio maravilhoso de Doutor Honoris Causa. Pedimos, que cada um de vós que deram a sua parcela de contribuição para que essa solenidade alcançasse o brilho que teve hoje,  pudesse reconhecer, de nossa parte, uma imensa gratidão, que não morrerá no amanhã, nem no depois, mas será permanente, será imorredoura para a família Araújo Pinto, a família Souza Leão Pinto e para as famílias que formam o nosso grupo, para que possam ter nesta universidade, a referência maior em cultura, em intelectualidade e, sobretudo, em bondade e heroísmo.
Heróis não são feitos à custa de conversa fiada, heróis são feitos à custa de atos, de ações praticadas, da forma como Alysson Paulinelli fez, começando a abrir a relação dos heróis desta comunidade. Peço aos ilustres professores, colegas de vida acadêmica, que sejam capazes de dizer ao Brasil – aqui há amor! Amor à terra, amor ao homem, amor à vida, amor aos ideais!
E, na certeza de que os ideais prevalecerão sobre qualquer outro interesse, nós vamos encerrar este agradecimento profundo, dizendo: Senhor meu Deus, assim como me deste a alegria extraordinária de uma noite como esta de 03 de setembro de 2012, dai também, a cada um dos presentes, alegrias para que sejam capazes de pensar que em Lavras há realmente um pedacinho do céu, para felicidade de todos.
Muito obrigado.


       
 

   

8 comentários:

MARLENE WEBER disse...

marlene silva webber
Muito grata pela mensagem enviada !
Gostaria que repassasem ao Dr. Eudes, os cumprimentos pelo recebimento do honrado título de DHC, que a Presidente do RI Club Vitoria Oeste e companheir@s lhe enviamos.
Sds. rotárias,
Marlene Webber

Corsino disse...

Amigo Alberto, realmente é uma peça oratória que nos enche de alegria e satisfação de sermos próximos, através de Rotary, dessa grande personalidade da vida brasileira, que está sempre a nos ensinar o caminho. Sua fala foi emocionante, e você, caro amigo, faz muito bem em dar grande divulgação a esse evento maravilhoso. Parabéns ao companheiro e amigo Dr. Eudes e parabéns a você, caríssimo amigo e companheiro rotariano, Alberto Bittencourt. Abraços do Corsino Dantas.

Geraldo Bertolucci Júnior - Comissão Permanente de Imagem Pública do Rotary Club de Lavras disse...

Caríssimo governador 2004/2005, Alberto Bittencourt (governador do centenário), como nos alegra, nos deixa em estado de graça, constatar que tudo o que foi feito em Lavras para o nosso benemérito, governador 1976/77 Eudes de Souza Leão Pinto está sendo registrado para a posteridade. Muito graças à sua sensibilidade, que vem abrindo espaço em seu blog para tais registros. Dr. Eudes foi um "anjo" mandado por Deus a Lavras naqueles idos de 1962. Somente um ser humano, portador de luz própria, poderia ter a sensibilidade que teve para salvar a então ESAL, hoje UFLA. Tudo o que fora feito em reconhecimento ao ato do herói Eudes de Souza Leão Pinto (e testemunhado por sua pessoa), terá sido muito pouco, diante do bem 'cometido' a favor de Lavras e seu povo.
Um grande abraço e Deus lhe pague pelas incontestes demonstrações de companheirismo e amizade denotadas ao nosso benemérito. Somente detentores de grande sensibilidade e estatura humana como sua pessoa são capazes de promover atos de reconhecimento e generosidade como este, legando à posteridade inesquecíveis momentos como o pronunciamento do nosso homenageado.

Comp. Bertolucci, em nome de todos os companheiros do Rotary Club de Lavras

EUDES DE SOUZA LEÁO PINTO disse...

Caríssimo Alberto Bittencourt:

Por mais que procure não encontro palavras para expressarem a minha gratidão por esse documento que me foi presenteado, por sua brilhantíssimo inteligência e inexcedível generosidade.
Esteja certo de que morrerei louvando a amizade que nos une, como simbolo do amor fraterno, a passar aos filhos e netos, na sequência da gratidão imorredoura.
Que Deus o contemple com Todas as Graças, é a prece que faço, extensiva aos seus digníssimos familiares.
Do amigo, companheiro rotariano,

Eudes de Souza Leão Pinto.

IVAN CAPDEVILLE JR disse...

Que bela história! Que emocionante homenagem!
Em 12/12/12, homenageamos Archimedes Theodoro no nosso clube, cujo falecimento completou 5 anos. Segue boletim referente à reunião.
Vamos produzir um documentário em vídeo sobre ele e talvez o depoimento do Dr. Eudes pudesse integrá-lo. Vamos estudar como viabilizar a iniciativa?
Cordialmente,

Ivan Capdeville Junior
Presidente do Rotary Club de Belo Horizonte
Membro da Comissão Distrital para Intercâmbio de Jovens - Distrito 4520
31 3272-3361 31 9977-0525
ivan@rotaryclubdebelohorizonte.org.br

Lúcia Vasconvelos Lopes disse...

Caríssimo amigo Bittencout.

De há muito não via alguém discorrer discorrer como Dr. Eudes o fez, de improviso, tão bela pérola discursiva. Mesmo não o conhecendo dá para sentir o ser humano maravilhoso que é este Professor. E que Professor!
Parabéns a você Bittencourt pela sensibilidade de expor aos amigos essa magnífica fala, onde o que se vê é o coração.

Lúcia vasconcelos Lopes.

JOSE SEVERINO DO CARMO disse...

Grato pelo envio, companheiro Alberto.
Cordial e Leonisticaente
José Severino do Carmo
Lions Clube de Caruaru
Governador 2010/2011
Atividade: Publicitário

Unknown disse...

O companheiro EUDES SOUZA LEÃO PINTO é de fato uma lenda viva que muito orgulha a todos os rotarianos. E o companheiro Alberto Bittencourt realizou uma ação das mais nobres ao registrar mais esta aula de oratória e momento histórico de EUDES SOUZA LEÃO PINTO