ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sexta-feira, 22 de junho de 2018

COMO ANDA O QUADRO ASSOCIATIVO DE SEU CLUBE





Alberto Bittencourt, durante o programa semanal ROTARY EM AÇÃO.
na ONE TV, canal 188 da NET


COMO ANDA O QUADRO ASSOCIATIVO DE SEU CLUBE?
Alberto Bittencourt

Para responder a esta questão, procuremos entender primeiro o que é o quadro associativo.
Sabemos que não há limites de idade para ingresso no Rotary. Podem entrar pessoas jovens, maduras ou idosas. Há, porém, requisitos quanto às características comportamentais, no que se refere à reputação, caráter e vontade de servir.
Antes de tudo, é preciso considerar que o quadro associativo é um extrato da classe média, tal qual ela hoje se apresenta, com suas incoerências, suas dúvidas, seus conflitos, suas paixões.
Para traçar um esboço atual do quadro associativo, sigamos o pensamento de um filósofo moderno, o francês André Compte-Sponville.
Ele divide a sociedade em três faixas etárias, para as quais distingue três paixões clássicas principais:
      aos vinte anos, o amor;
      aos quarenta anos, a ambição;
      aos sessenta anos, a avareza.
É claro que existem os jovens avarentos, e os idosos generosos, mas esses são por ele considerados como exceção à regra geral.
Sponville ilustra essas paixões com uma historieta:

Um empresário pede a um funcionário para subir no telhado e fixar uma placa.
Se o funcionário tem sessenta anos, pergunta:
_O telhado é seguro?
O empresário repete a pergunta a outro funcionário, esse com quarenta e cinco anos. 
Ele responde:
_Quanto vou ganhar para subir no telhado? 
Se faz a mesma pergunta a um jovem de vinte e cinco anos de idade:
_Você pode subir no telhado?
Mal termina a frase, o jovem já está no telhado.

Existem muitos conceitos estereotipados. O fato é que os jovens são mais difíceis de atrair, enquanto os idosos são mais difíceis de motivar.
Para entender o quadro associativo, vamos nos fixar inicialmente na faixa etária dos idosos.
Sponville define a avareza, característica dos idosos, como sendo a paixão de guardar e o medo de perder.
A avareza cresce normalmente com ao avançar da idade, diz ele, porque o medo aumenta.
Os jovens sabem que as pessoas idosas se inquietam facilmente. Estas, no entanto, procuram apenas se preservar e, por isso, são mais conservadoras. 
Vem daí o que se convencionou chamar de conflito de gerações. Aliás, quem geralmente tem razão são os idosos.
Com a idade, todos os males se agravam. Se um idoso fica apenas esperando o tempo passar, vai falar só em doenças. O tema preferido são as mazelas. 

Por outro lado, pessoas ativas, melhoram. 
Tenho encontrado, no Rotary, amigos septuagenários que demonstram o quanto é falso o velho paradigma da velhice e da doença. Diria que essas pessoas mais crescem do que envelhecem, porque elas amam a juventude, enquanto outras na sua idade, só a temem ou invejam.

Faça chuva ou faça sol, minha amiga Nevinha, de Campina Grande, levanta-se todos os dias às 05h00, pega o carro, vai até o açude da cidade, onde, em marcha acelerada, dá quatro voltas, completando 5.000m. De volta para casa, faz uma hora de hidroginástica na piscina, com uma professora, a filha e a irmã, após o quê, toma café e parte para uma jornada de trabalho em seu escritório de contabilidade. Nevinha tem mais de 70 anos.
Para citar alguns outros, Eudes, Antonino, Reinaldo, o saudoso e centenário Mattinhos, são pessoas que têm a mesma coisa em comum: eles não se identificam com essas velhas imagens estereotipadas. Eles raramente falam da idade, mas evocam mais facilmente suas atividades, seus interesses, seus projetos para o futuro.

O velho paradigma da velhice e da doença cedeu lugar a uma nova consciência de que o ser humano é a única criatura na face da terra capaz de mudar a sua biologia pelo que pensa e pelo que sente. Um surto de depressão pode arrasar o sistema imunológico. Apaixonar-se, ao contrário, pode fortalece-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida. O desespero e a desesperança aumentam a incidência de ataques do coração e de câncer, encurtando a vida. O estresse libera um fluxo de hormônios destruidores.

O médico psiquiatra francês, radicado nos Estados Unidos e precocemente falecido, vítima de câncer no cérebro, David Servan-Schriber, cita em sua obra uma pesquisa realizada na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, quanto à 
Influência dos estereótipos culturais no funcionamento intelectual e físico dos idosos.
Segundo a pesquisa, a professora Becca Levy, em seu laboratório, mediu a memória, o modo de andar, a coerência cardíaca de pessoas com mais de 65 anos.
Em seguida, ela mostrou na tela de um computador, palavras que apareciam tão rapidamente que o cérebro não tinha tempo de registrar de modo consciente. De imediato, ela repetiu os testes. Após palavras de alto astral, como sabedoria, amizade, amor, solidariedade, verificou que a coerência cardíaca e a  memória melhoravam nitidamente e as pessoas passavam a andar mais rápido. Ao contrário, após palavras de declínio, como doença, queda, perda, constatou que a memória piorava, a coerência cardíaca se degradava e eles andavam mais lentamente. 
Eis a razão pela qual devemos acolher nossos companheiros mais idosos com um carinho especial. Um sorriso, uma palavra de apoio, um gesto afável, um abraço, um elogio, certamente irá reacender no coração deles a chama do verdadeiro rotariano que sempre foram. Para entendê-los, basta se colocar no lugar deles. É este o primeiro passo para revigorar o quadro associativo de nossos clubes. E você estará praticando um grande bem.

Tenho presenciado em Rotary, companheiros veteranos, serem tratados com intolerância e discriminação por outros companheiros mais jovens, a ponto de se sentirem tão mal que acabam deixando o clube onde, por mais de 40 anos conviveram, com participação, dedicação e trabalho. Saem deprimidos, ressentidos, o que lhes causa tremendo mal.

Em geral, pessoas idosas são conservadoras, têm opiniões arraigadas, são avessos a inovações, intransigentes quanto às normas e regulamentos. Para esses companheiros, o Rotary de hoje deve ser igual ao de trinta anos ou quarenta anos passados.
A mensagem, é que devemos compreendê-los e tratá-los carinhosamente, reconhecendo neles a experiência e o trabalho de toda uma vida.
Discriminá-los, nunca. Ao contrário, chamá-los para o nosso lado, para estarem presentes, vivenciarem junto conosco as atividades do clube, partilharem nossas alegrias e tristezas, a fim de que se sintam úteis, prestigiados e respeitados.  
Ao meu ver, esse é o primeiro passo para o soerguimento de um Rotary Club.  



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