ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

ASSOCIATION ENFANTS DU BRÉSIL

 

ASSOCIATION ENFANTS DU BRÉSIL

Alberto Bittencourt -  ago 2006

 

Os suíços estão de volta. MONIQUE JOLY, presidente da Association Enfants du Brésil. Sediada em Neuchatel Suíça. LISA WUILLEMIN: tesoureira. WERNER KELLER, intérprete e CASSANDRE, jovem neta de Monique, chegaram há uma semana, decorridos dois anos de sua última viagem ao Brasil. Em todo esse tempo nunca se descuidaram das nossas crianças, com a mesma preocupação sempre de ajudar, de melhorar a qualidade de vida de seus filhos adotivos brasileiros.

A Associação Enfants du Brésil formada pelos pais adotivos de crianças brasileiras foi constituída num tempo em que adoções internacionais eram viáveis. Aí está um grande argumento contra aqueles que impedem ou dificultam essas adoções internacionais (nunca se provou nada quanto à denúncia de tráfico de órgãos).  Como se isso não bastasse, os pais adotivos na Europa ainda se preocupam em estender esse benefício às crianças que aqui ficaram que não tiveram a mesma oportunidade de seus filhos. Sou testemunha do quanto eles têm ajudado a creches, orfanatos, instituições e de uma coisa inconcebível para a nossa cultura: eles sempre os pais biológicos de seus filhos para dar alguma ajuda, para atender às suas necessidades imediatas.

Há um sem número de menores por eles apadrinhados, para cujas famílias eles remetem periodicamente certa quantia destinada a ajudar na educação, na saúde, na alimentação e no vestiário, em Pernambuco e na Paraíba.

Quando de sua última estada em nosso país, há 2 anos, conheceram Jaqueline, numa visita à favela do Bode, no Pina, conduzido pelas irmãs do Patronato N. Srª da Conceição, Jaqueline então com nove anos, foi-lhe apresentada como sendo uma pequena prostituta das ruas, juntamente com outras menores um pouco mais velhas. Que indignação! Que emoção! Uma verdadeira comoção tomou conta daquelas almas bondosas que se preocupam com o próximo, que amam sem restrições, incondicionalmente. Tiraram fotos, um boletim da Association foi dedicado à Jaqueline, artigos, cartas e mais cartas insistiam que o Patronato N. Sr.ª da Conceição a acolhesse, a tirasse das ruas. As irmãs que de início diziam que a família dela é que não permitia, terminaram por aceitá-la. Filha de pais separados, a mãe prostituta, o pai drogado, ex-presidiário, traficante, vivendo em extrema pobreza, Jaqueline, apadrinhada pela Association Enfants du Brésil, recebe através das irmãs certa importância em dinheiro para custear suas necessidades básicas, o que lhe possibilita estudar em escola particular, ter um plano de saúde, material escolar e roupas. Em apenas seis meses aprendeu a ler e a escrever. Dotada de uma inteligência privilegiada, uma vivacidade incomum, de um olhar esperto e matreiro, líder mesmo entre crianças mais velhas, Jaqueline começou a fazer progressos notáveis. Muito esperta, gosta de causar inveja nas outras crianças, dizendo que um dia vai para Europa, para a casa dos seus padrinhos, o que cria certo problema para as irmãs.

Mas, Monique Joly trouxe uma contribuição para a Instituição, resolveu também ajudar as demais crianças, a critério das irmãs, entregando-lhes substancial quantia.

Em seguida, fizeram questão de voltar à favela do Bode. Com dificuldade se equilibraram andando em tábuas velhas, mal pregadas, quase soltas, sobre palafitas na maré. Passaram por estreitos labirintos, apelidados “avenidas”, espremidos entre fétidos barracos. Entravam nos barracos, falavam com as pessoas, se indignaram que passados dois anos, desde a última vez que aqui estiveram nada, absolutamente nada foi feito para amenizar aquele quadro. Pelo contrário, a situação piorou e muito. O lixo se acumula sob as casas, por entre as palafitas, numa quantidade impressionante, nunca houve, por menor que fosse um serviço de limpeza, de remoção. Os esgotos são vertidos diretamente, “in natura” na maré. Só não grassa uma epidemia por verdadeiro milagre. Viram homens em pleno vigor físico na maior ociosidade, embriagados ou se embriagando pelas esquinas, uma tristeza. As irmãs foram o nosso passaporte. “Na paz de Deus” uma espécie de senha para obter o salvo conduto, poder ali andar com segurança.

A que ponto chegou o nosso querido Brasil. Enquanto isso, nós, classe média, ricos e remediados, vivemos numa ilusão, como se nada disso existisse. Quantos de nós já penetraram no âmago de uma favela? Quantos já adentramos num barraco feito de restos de madeira? papelão e plástico, chão de terra batida ou de tábuas velhas, por sobre a maré? Quantos de nós sentimos o odor da sujeira, do lixo, da falta de higiene, da promiscuidade em que aquela gente vive? Quantos conhecemos essa realidade abandonada, escondida, esquecida do nosso Brasil? Só nos lembramos quando a violência penetra a soleira de nossas casas, golpeia nossas famílias, nessa guerra social não declarada.

É preciso que um grupo de suíços, vindo de longe, de um país rico, onde tudo já está construído, onde todos têm escolas, alimentos, saúde, chegue para abrir nosso olhos, para nos fazer conscientes das sombras, das trevas que existem em nossos próprios quintais.

O LAR DE CÁRITAS é outra instituição desde o início de sua existência assistida pela Association Enfants du Brésil, lá os suíços viram a fossa e o filtro anaeróbico construídos a a partir de sua ajuda financeira. Pediram que façamos um orçamento para a construção de um espaço para jogos e recreação e de um castelo d’água em concreto armado, se preocupam com a melhoria das salas de aula e outros detalhes. Há algum tempo pagam o salário da enfermeira NANCY, contratada para cuidar dos bebês e das crianças. Dão o mesmo suporte para outras instituições da Paraíba que se ocupam em tirar os menores da rua e a lhes dar alguma iniciação profissionalizante.

Que nos sirva de exemplo o espírito altruístico de compaixão e solidariedade humana destes senhores que vêm de outra cultura, movidos unicamente pela força do amor, trazendo o que há de melhor em si, em prol de um Brasil mais humano, mais justo. Enquanto houver uma só criança necessitada, sem amor, eles estarão presentes, sem jamais esmorecer, mesmo tendo sofrido alguns revezes, o que lhes causou enorme decepção. Foi o caso de uma senhora no Janga, em Paulista, depositária de sua confiança que se apoderou do dinheiro, de cerca de quinze mil reais, destinados a famílias carentes. Foi o caso do Lar de Cáritas Bom Pastor, em João Pessoa, que teve suas contas bancárias arrestadas pela justiça para pagamento de dívidas, levando treze mil reais que a Association enviara para benefício das crianças, foi o caso do container enviado da Suíça com 20m3 e 6 toneladas de doações, contendo material escolar, roupas, material médico hospitalar, máquinas de costura, brinquedos, que levou dois anos para ser liberado pela alfândega só o sendo depois da intervenção do presidente da CNBB. Eles continuam ajudando com a mesma alegria, a mesma dedicação. Não podemos esquecer de JEAN PIERRE NAUDON E CLAUDY, que ficaram na Suíça, dois pilares dessa instituição humanitária.

Sejam bem-vindos nossos benfeitores que alegram o Brasil como segunda pátria, que amam nossa terra, nosso povo, nossas cidades, que se encantam com as belezas das nossas praias, do nosso clima, que se apaixonam pela riqueza da nossa cultura, que são cativos da amizade, do calor humano, do nosso povo, que amam nossa terra, nosso povo, que adoram nossa cultura, que são cativos da amizade, do calor humano, do nosso povo, que adotam nossas crianças. Muito obrigado, que Deus os abençoe.

Contem conosco.

 


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