ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

quinta-feira, 27 de julho de 2023

O SOLDADO DE ENGENHARIA PONTONEIRO

 O SOLDADO DE ENGENHARIA PONTONEIRO

Alberto Bittencourt 

O filme trouxe-me à lembrança a ponte B4-A1 que, nos idos de 1964 equipava o BESE e os BECmbs.  Era uma ponte flutuante, pesada, de difícil transporte,  em que o taboleiro, composto por pranchas  e  vigotas de aço,  era montado sobre pontões de aço e fixados  uns aos outros, popa a popa, por talas de ferro.

Participei de várias demonstrações para a EsAO, além de manobras conjuntas com outras unidades.

Numa delas, em 1965, a missão era fazer a travessia de um carro de combate de 35 ton em uma portada no rio Guandu.  Havia chovido, as margens estavam enlameadas, o rio cheio, a correnteza vertiginosa.

A rampa de acesso se apoiava em cavaletes afixados por estais amarrados em estacas de aço cravadas no solo. .

O comandante era o Ten cel Edgard Barreto Bernardes, um brilhante e sério oficial de engenharia.

No meio da montagem recebemos a visita do ministro de Viação e Obras Públicas do governo Castelo Branco, Marechal Juarez Távora. Avisado pelo comandante, ele veio falar comigo:

“você é neto do meu amigo, Gen Amaro Bittencourt? Venha cá um abraço. “

A comitiva foi embora e eu, meio sem jeito, continuei  o trabalho junto com meu pelotão.  Meu avô falecera em 1963 aos 78 anos de idade.

Quando o primeiro Carro de combate entrou na portada, o nível do rio havia baixado, e a chuva continuava a cair.  Os cavaletes da rampa de acesso afundaram na lama igual palitos.  O primeiro par de pontões, sob o peso do CC afundou até quase a borda.  Inesperadamente uma estaca de madeira cravada  próxima à margem do  rio varou o fundo do pontão.  Vi a hora do naufrágio da portada com carro de combate e tudo.

Por uma manobra milagrosa, o piloto acelerou até o meio da portada. Se ele parasse ali teria sido um desastre. Assim foi feito e a portada voltou a se equilibrar com o CC em cima. A estaca sumiu e nós passamos a noite esvaziando a água que entrava pelo buraco aberto no fundo do pontão.

No dia seguinte, já sem chuva, substituímos o pontão avariado, reparamos  os danos e  pudemos transportar o CC  a salvo para a outra margem do rio.

Vida difícil do soldado de engenharia pontoneiro, não?

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