COMO FUNCIONA A DIGESTÃO
Tradução de Alberto Bittencourt
LIVRO: THE BLENDING BOOK
De Ann Wigmore e Lee Pattinson; ed. AVERY
LIVRO: THE BLENDING BOOK
De Ann Wigmore e Lee Pattinson; ed. AVERY
Em seres vertebrados como nós, o processo de absorção dos alimentos pelo
organismo envolve uma complexa engrenagem. É o famaso aparelho ou sistema
digestivo.
O sistema digestivo não é apenas um tubo aberto nas duas extremidades com
as paredes permeáveis, através das quais os alimentos são assimilados. Pelo
contrário, é a sede de um processo extremamente complexo e ordenado que envolve
a destruição mecânica e química dos alimentos por etapas determinadas. Essa
combinação de ações mecânicas e químicas altera a estrutura dos alimentos.
Qualquer alimento que permaneça sem ser absorvido ou assimilado, passa até o
intestino grosso e é excretado como lixo.
A descrição do processo digestivo torna mais fácil de compreender como o
nosso sistema digestivo tem sido prejudicado pelos hábitos modernos de
alimentação e como a liquidificação pode ajudar a corrigir esses danos fácil e
eficazmente.
O sistema ou aparelho digestivo é um tubo longo em que se encontram órgãos
como boca, estômago e intestinos provido de comportas e barreiras que abrem e
fecham em admirável sincronia, dando o ritmo necessário a cada etapa do
processo. Além disso, entram em ação coadjuvantes como o fígado e o pâncreas,
responsáveis pela produção de enzimas que ajudam a quebrar a comida mastigada
em partículas menores. Nutrientes como carboidratos, gorduras e proteínas
contêm moléculas complexas que têm de ser partidas para serem assimiladas por
nossas células. Essa tarefa cabe a enzimas chamadas hidrolíticas, porque dividem
essas longas cadeias moleculares acrescentando a elas moléculas de água. Cabe a
nós não sobrecarregar o aparelho – por isso, é fundamental mastigar bem cada
bocado.
"Quando comemos depressa, o estômago perde tempo triturando os pedaços
grandes que não foram bem mastigados. Isso retarda a digestão e causa
desconforto", afirma o gastroenterologista Joaquim Prado Moares Filho, do
Hospital das Clínicas de São Paulo.
Resta dizer que a ciência médica ainda não compreende totalmente como
funciona o chamado sistema nervoso entérico, complexa rede de fibras nervosas
que controla toda a movimentação do tubo entre o estômago e os intestinos.
1 – A BOCA
A destruição físico-química dos alimentos começa na boca, com a formação do
chamado bolo alimentar.
A destruição física ocorre com a mastigação. A destruição química é
indicada pelas glândulas salivares e enzimas presentes na boca.
Os órgãos do olfato e também do paladar ajudam a estimular as três
glândulas salivares.
As glândulas salivares secretam mucus e uma enzima digestiva chamada
amilase salivar (ptialina).
O mucus molha os alimentos e permite que eles passem facilmente pelo
esôfago (tubo que liga a boca ao estômago)
A amilase inicia a digestão química dos carboidratos (amidos, presentes
principalmente em massas).
Deixar de mastigar completamente os alimentos torna esta etapa ineficaz e
dificulta o trabalho das outras seções do sistema digestivo. Liquidificar os
alimentos supera essa deficiência.
2 – O ESÔFAGO
O esôfago é um tubo com aproximadamente 25 cm de comprimento nos adultos.
Ele tem uma participação real no processamento dos alimentos, é uma passagem da
boca para o estômago.
O esôfago se contrai e se relaxa progressivamente de modo parecido com o de
apertar um tubo de pasta de dentes. Esses movimentos – chamados peristálticos –
levam o alimento ao estômago mesmo com a pessoa de cabeça para baixo. Sua
missão é resistir à abrasão de quaisquer partículas alimentares maiores.
Quando o bolo alimentar está para entrar no estômago, se abre uma válvula
situada no terminal inferior do esôfago: O esfíncter inferior do esôfago.
O resto do tempo ele permanece fechado para impedir que o conteúdo estomacal
venha tubo acima, o que causaria queimaduras.
Após o alimento passar pelo esfíncter para dentro do estômago, começa a parte
principal do processo digestivo.
3. ESTÔMAGO
O estômago é constituído por uma membrana mucosa que contém milhares de
glândulas gástricas microscópicas. Essas glândulas secretam ácido clorídrico,
enzimas e muco, substâncias que vão compor o que se chama de suco gástrico.
Ao cair no estômago, o bolo alimentar é banhado pelo suco gástrico. Este é
um ácido tão forte que queimaria o interior do órgão, não fosse a camada de
muco, de cerca de 2 milímetros que o reveste.
A digestão das proteínas começa no estômago, onde duas enzimas - renina e
pepsina – decompõe as grandes moléculas em componentes mais simples. Mais
tarde, a digestão das proteínas prossegue, sob a ação de outras enzimas – a
tripsina no suco pancreático e a peptidase no suco intestinal. Toda molécula de
proteína é constituída de muitos aminoácidos, quando essas moléculas são
decompostas nos diferentes aminoácidos pelas enzimas, então a digestão das
proteínas se completa.
As principais enzimas contidas no suco gástrico são a pepsina (que age nas
proteínas) a lipase (que atua nas gorduras). Cerca de três contrações
peristálticas por minuto vão misturando o suco gástrico ao bolo alimentar, até
deixá-lo cremoso como iogurte.
O fígado produz a bílis, outra substância ácida, com sais que ajudam a
quebrar as gorduras. Do pâncreas vem o suco pancreático, que contém mais lipase
e amilase (esta, mais concentrada que na saliva).
Os alimentos são mantidos na cavidade estomacal pelo músculo do esfíncter
piloro (outra válvula do aparelho digestivo), até que esta etapa do processo
digestivo termine, isso em média, leva três horas para a maioria dos alimentos.
O bolo alimentar então passa através do piloro para o intestino delgado.
4. O INTESTINO DELGADO
A saída do estômago se dá através da válvula piloro. Ela libera aos poucos
o bolo para o duodeno, a primeira seção do intestino delgado. Nesse ponto,
ocorre a mistura com as secreções vindas do fígado e do pâncreas.
O intestino delgado é constituído por três seções: o duodeno, o jejuno e o
íleo.
A maior parte da digestão química, ocorre no duodeno, a primeira seção. O
bolo alimentar que não é de natureza ácida; passa para essa área, na qual um
problema relativamente moderno às vezes ocorre: a úlcera duodenal. É geralmente
aceito que uma prolongada hiperacidez é uma das principais causas dessas
úlceras, além do stress e outros fatores emocionais como ansiedade e
principalmente o desgaste causado por alimentos insuficientemente mastigados. A
liquidificação dos alimentos pode superar esse problema.
Na segunda seção do intestino delgado, o jejuno, é onde o alimento
finalmente começa a ser absorvido. Nesse momento, o organismo libera líquido
para facilitar o processo.
Assim como o mucus que forra o estômago, o intestino delgado também contém
milhares de glândulas microscópicas que secretam sucos digestivos.
A estrutura multi pregueada das paredes do intestino delgado é coberta por
milhares de pequenos "dedos" chamados vilosidades. Cada uma das vilosidades
contém uma rica rede de capilares para absorver os açúcares e aminoácidos que
são os produtos da digestão dos carboidratos e das proteínas.
Como o intestino é pregueado, possui uma enorme superfície que permite uma
rápida absorção dos alimentos pelo sangue e pelo sistema linfático.
Cada vilosidade contém um vaso linfático chamado glândula láctea que
absorve os lipídeos e materiais gordurosos do bolo alimentar, A vilosidade por
sua vez é coberta por células chamadas microvilosidades que aumentam ainda mais
a área de absorção dos nutrientes.
Os sucos pancreáticos (produzidos pelo pâncreas) e a bílis (produzida pela
fígado) e estocada na vesícula biliar), vão se armazenar no terço médio do
duodeno através dos dutos. Outro problema relativamente moderno que ocorre aí é
a icterícia que é o resultado do bloqueio de um ou mais desses dutos. Isto é
frequentemente devido à inabilidade de digerir adequadamente os alimentos, de
modo que a liquidificação pode ajudar a evitar esse problema, pelo suprimento
de alimentos já parcialmente digeridos.
5. O FÍGADO, A VESÍCULA BILEAR E O PÂNCREAS
A maioria das pessoas não entendem bem a importância desses três órgãos no
processo digestivo.
O fígado produz a bílis, que é estocada na vesícula. Pelo fato de que as
gorduras se decompõem em grandes glóbulos, estes devem ser quebrados em
pequenas partículas capazes de serem absorvidas. Esta é a função da bílis. As
gorduras do bolo alimentar desencadeiam secreções do hormônio cholecystokinin,
o qual, por sua vez, estimula a contração da vesícula para começar o fluxo de
bílis. Este hormônio também estimula a liberação de enzimas pelo
pâncreas.
Além da produção de bílis, as células do fígado têm outras importantes
funções.
Elas desempenham o papel mais importante no metabolismo de todas as
espécies de alimentos, ajudam a manter normal a concentração de glicose no
sangue, iniciam os primeiros passos do metabolismo das proteínas e das gorduras
e sintetizam várias espécies de componentes proteicos. As células do fígado
também ajudam a desintoxicar várias substâncias, como produtos com bactérias e
certas drogas. Elas também estocam ferro, vitaminas A, B-12 e D.
O suco pancreático é também muito importante na digestão. Ele contém
enzimas que digerem todos as três principais espécies de alimentos – a
proteína, a gordura e o amido. Ele também contém sódio, bicarbonato e
substância alcalina que neutralizam o suco gástrico. Além disso, o pâncreas é a
sede das ilhotas de Langerhans, que são as células que fabricam a insulina.
Muito pouca digestão de carboidratos ocorre na boca ou no estômago, pois,
como foi mencionado antes, a maioria de nós absorve os alimentos tão
rapidamente que a amilase salivar normalmente tem pouco tempo para fazer seu
trabalho e o suco gástrico não possui enzimas necessárias para a digestão dos
carboidratos. É quando o alimento chega no intestino delgado que os sucos
pancreáticos e intestinais vão digerir esse amido em açúcares.
O processo começa quando a enzima, amilase pancreática, transforma o amido
em um açúcar: a maltose. Então, as três enzimas intestinais – maltase, sucrase
e lactase – diferem os açúcares, pela transformação dos mesmos em açúcares
simples, principalmente glicose (ou dextrose). A maltase digere a maltose
(açúcar do malte), a sucarase digere a sacarose (açúcar da cana) e a lactase
digere a lactose (açúcar do leite).
A digestão da gordura também não acontece antes do intestino delgado, e
ainda sendo o pâncreas envolvido no processo. A lipase gástrica, uma enzima do
suco gástrico, faz a digestão de parte da gordura no estômago, mas a maior
parte segue não digerida até que a bilis no intestino delgado quebra os grandes
glóbulos das gorduras. Então uma enzima pancreática, estepsina ou lipase
pancreática decompõe as moléculas em ácidos gordurosos e glicerol (glicerina).
6. O INTESTINO GROSSO
No intestino grosso, qualquer material que tenha escapado da digestão, no
intestino delgado será afetado pelas bactérias assim como nutrientes adicionais
poderão ser liberados aqui da celulose e outras fibras. As bactérias
nesta fase são responsáveis pela síntese da vitamina K - necessária para o tempo normal de coagulação
e funções do fígado – e para a produção de algumas das vitaminas do complexo B
que, uma vez formadas, são absorvidas pela corrente sanguínea. Qualquer coisa
que não seja absorvida aqui é excretada como lixo e novamente, a liquidificação
é útil para este fim, desde que favorece a nutrição que é mais facilmente e
completamente absorvida.
Quando o bolo chega ao intestino grosso, ocorre uma grande reabsorção de
água pelo organismo. Isso faz com que, a partir daí, ele vá tomando
consistência pastosa.
Ao entrar em contato com o colo (ou cólon, seção intestinal entre o íleo e
o reto), encontra as bactérias responsáveis pelo mau cheiro do produto final.
As fezes são formadas principalmente por celulose (fibra vegetal não
digerível), além de células mortas do tubo digestivo, que se regenera
constantemente, e outras moléculas grandes demais para serem absorvidas.
Da boca ao ânus, o bolo completa um caminho de cerca de 7,5 metros em um
adulto.
7. O METABOLISMO
Metabolismo é o uso que o corpo faz do que foi ingerido, absorvido e
canalizado para as células.
Os alimentos são usados de um dos dois modos – ou como uma fonte de energia
ou fabricando compostos químicos complexos que habilitam o corpo ao seu
diversificado funcionamento. Os alimentos devem ser processados e absorvidos
pelas células, e submeter-se a muitas mudanças antes que uma ou outra dessas
coisas possam acontecer.
As reações químicas que liberam energia das moléculas alimentares
constituem o processo de catabolismo; esta é a única maneira que o corpo tem
para suprir-se da energia que necessita para realizar suas múltiplas funções.
O processo de transformar as moléculas de alimentos num complexo químico de
componentes é chamado anabolismo.
Juntos, o catabolismo e o anabolismo constituem o processo chamado
metabolismo. A taxa metabólica basal (Basal Metabólico Rate – BMR) é o número
de calorias que deve ser disponibilizada a cada dia, simplesmente para manter
um indivíduo vivo e funcionando. Nutrição adicional é necessária para habilitá-lo
(ele ou ela) a ter energia para trabalhar e outras atividade. Quanto mais ativo
é uma pessoa, mais alimento ele ou ela devem metabolizar
Este é por sí só o melhor argumento para a liquidificação dos alimentos. A
liquidificação habilita o corpo a utilizar sua energia ao máximo, por tomar
todos os nutrientes facilmente absorvíveis e digeríveis, com o mínimo de
esforço da parte do sistema.
Uma vez que nós eliminamos de nossa
dieta os alimentos que nos afetam de maneira adversa, e nos acostumemos aos alimentos
de alto valor nutricional, teremos pela frente um longo caminho que nos livrará
de muitos problemas de saúde que nos têm perturbado e que nós temos aceitado
como "parte da vida".
Quando o corpo recuperar sua
saúde, ele produzirá novamente suas próprias enzimas e estará livre de
problemas digestivos e poderá ingerir gradualmente uma larga gama de alimentos.
Até que isto aconteça poderá haver poucas questões que a liquidificação
proposta em meu regime não seja a resposta para aqueles difíceis problemas de
assimilação e digestivos e que certamente não mais ocorrerão.
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http://albertobittencourt.blogspot.com.br/2013/09/higienismo.html
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