ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O FATO MAIS SIGNIFICATIVO DA SEMANA



O FATO MAIS SIGNIFICATIVO DA SEMANA






PROCURA-SE, EXTRAVIADA EM ALGUM LUGAR. 


Uma caneta esferográfica da marca Montblanc, com estrelinha branca no topo, cor vermelha escura, chegada a bordeaux. Carga original importada de cor azul e ponta de espessura média. Funcionamento mediante giro manual da tampa para avançar ou retrair a parte íntima, de onde saem todas as letrinhas, desenhos e rabiscos dos mais variados tipos, tamanhos e formatos. Trata-se de objeto pessoal, destinado a caligrafias, de alto valor estimativo, posto quê, em extinção, substituído que está pela digitação impessoal, mecânica e padronizada das letras de imprensa. 

O quê de mais significativo aconteceu nestes últimos dias, foi, sem dúvida, o extravio de minha caneta Montblanc. Não paro de pensar. Já procurei por todos os lugares onde a danada poderia ter se metido, sem, contudo, lograr êxito. 

Incrível como pode algo de valor muito mais estimativo que material, a despeito de todo cuidado e carinho dispensados, de toda a atenção devotada, sumir desse jeito, sem deixar o menor dos rastros. Já busquei por toda a casa, no meu escritório, no carro, vasculhei bolsos e bolsas, gavetas e prateleiras, armários e estantes, até na geladeira procurei a bichinha. 

Por onde andarás, objeto de prazer de minha vida, transformada de súbito em instrumento de tortura mental? 

Tu, que me destes tantas alegrias, que, comigo preenchestes tantos cadernos quadriculados, presentes de uma ONG Suiça, quadrículas pequenas, emprenhadas de anotações, reflexões, diários, resumos, palestras, umas pensadas e outras anotadas. 

Onde estás, ó amiga fiel de tantas horas, de tantos anos, companheira de múltiplas jornadas, aqui e alhures, dona de meus pensamentos mais íntimos e obscuros? Em que buraco negro, em que recôndito desvão te enfurnastes? 

Jazes em algum túmulo secreto, em algum jazigo perpétuo, desconhecido, ou serves a outrém, que te encontrou perdida, esquecida e de ti tomou posse? Se assim foi, és a mais infiel das servidoras, a mais ilusória das companhias. 

Pensei que tu eras só minha, de mais ninguém e, eis que me deparo ante a mais dura das realidades. De nada somos donos. Deste mundo nada levaremos, tudo é maya, como dizem os yogues, mera ilusão. A verdadeira e eterna verdade é imaterial. 

Afinal, Montblanc, és instrumento de ostentação e vaidade. Voltarei às velhas e surradas Bic dos tempos de penúria estudantil, da qual eu comprava e substituía apenas a carga para continuar escrevinhando.

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