JUSTIÇAMENTO
Escrito no Recife, em 3 de janeiro de 2015.
Escrito no Recife, em 3 de janeiro de 2015.
- A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi linchada, acreditem, por dezenas de pessoas, no Guarujá, litoral paulista, em 3 de maio de 2014. Cinco pessoas foram acusadas formalmente, mas o julgamento só acontecerá no fim de 2015. Como é lenta a nossa Justiça.
- Tudo começou, a partir da divulgação do retrato falado de uma suposta mulher, no site da internet “Guarujá Alerta”, acusada de sequestrar crianças nas ruas do Guarujá, para serem imoladas em rituais de magia negra. E o mais incrível, essa notícia era inteiramente falsa!
- Na ânsia de fazer justiça, Fabiane foi confundida e apontada como a pretensa criminosa e, frente a uma turba enlouquecida, foi agredida a socos e pontapés, em frente a um mercado no bairro de Morrinhos, onde morava. Foi arrastada por cerca de cem metros e atingida na cabeça por pedaços de madeira e pelo pneu de uma bicicleta, embora clamasse sua inocência. Depois da surra, foi atirada em um córrego onde lá permaneceu, enterrada, por um dia inteiro.
- Um vídeo postado na internet foi o que ajudou a polícia a identificar os criminosos que, por incitação ao crime fazem jus a uma pena de 6 meses, mas hoje, ainda fala uma legislação específica para definir o que seja incitação ao crime, usando rede virtual ou qualquer veículo de comunicação virtual, conteúdo que incite à prática de crime ou de violência à pessoa (em caso de homicídio).
- A ninguém é dado o direito de ser “justiceiro”, aquele que faz justiça pelas próprias mãos. A lei de Talião, do código de Hamurabi, foi sepultada 2000 anos Antes de Cristo.
Martin
Luther King, alertou-nos dizendo:
“Não
podemos saciar nossa sede de justiça num cálice de ódio, de sangue, de
violência.”
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