VIOLÊNCIA E NÃO VIOLÊNCIA
Alberto Bittencourt
No mundo violento de hoje, é importante refletir sobre os conceitos de violência e não violência.
Não posso concordar que manifestações sociais bloqueiem vias urbanas e causem engarrafamentos quilométricos e sejam considerados movimentos pacíficos e não violentos. Tampouco aceito que militantes de um grupo casuísta qualquer invadam propriedades públicas ou privadas em protesto contra atos de autoridades constituídas e somente saiam mediante emprego de força coercitiva, respaldada por mandados judiciais e ainda posem como vítimas de abusos e injustiças.
Considero qualquer movimento de protesto que bloqueie ruas e avenidas, sem se importar em roubar o tempo das pessoas, um ato contra o direito constitucional de ir e vir.
Considero um crime contra a sociedade e o patrimônio público quando esses mesmos manifestantes utilizam pneus em chamas para impedir o livre fluxo de veículos.
A polícia raramente aparece a tempo de prender os líderes meliantes e incendiários. Em geral chega depois de instalado o caos, com o objetivo declarado de dialogar para resolver o imbróglio e evitar danos físicos aos participantes. Mas consumado o prejuízo, os danos podem ser irreversíveis. E quem paga a conta?
Dói ver marginais mascarados destruírem carros, lojas e agências bancárias, aproveitando-se do anonimato e do manto protetor dessas manifestações. Aonde querem chegar? Só perpassam ódio, ressentimento, revolta. Para quê? Quem são? Mercenários a soldo de forças ocultas? Estudantes? A recém apelidada "elite branca"? Pobres e excluídos? Bandidos comuns ou integrantes do crime organizado? Todos sabem e ninguém sabe. As explicações variam, conforme a vertente ideológica de cada um.
A filosofia da não violência se baseia na recusa de todo e qualquer pensamento, palavras ou obras capazes de ameaçar a vida ou a dignidade do outro. Pode-se também defini-la pela regra de ouro da sabedoria universal, comum a todas as religiões:
"Não faça ao outro aquilo que você não gostaria que o outro lhe fizesse"
Gandhi considerava a não violência ou Ahimsa, uma estratégia de luta contra as injustiças sociais, sem conotação de vingança, mas visando sobretudo a reconciliação e o reconhecimento. Nelson Mandela também rezou pela cartilha da não violência. Poderíamos citar centenas de líderes pacifistas.
A humanidade sempre viveu em conflitos. Existem desde que o mundo é mundo. Sempre houve e haverá antagonismos maiores e menores, choques de interesses entre blocos de nações, povos, amigos, e até entre membros da mesma família.
Habitamos um mundo dividido. É normal que nem sempre estejamos de acordo mas, acima de todas as divergências, existe o respeito mútuo, o dever de escutar-se uns aos outros e, sobretudo, a disposição de resolver os conflitos, quando aparecem, de modo pacífico, como gente civilizada.
São tão simples os princípios da não violência!
Nenhum comentário:
Postar um comentário