ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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terça-feira, 1 de julho de 2014

O FEIXE DE VARAS E O FASCISMO




O FEIXE DE VARAS E O FASCISMO
Alberto Bittencourt- 2014


FEIXE DE VARAS,
Desenho copiado da Gravura à bico de pena por J.- B. OUDRY (1783) 
constante da edição original das Fábulas de La Fontaine



- Primeiro contato.

Sou Oficial do Exército, da turma Sesquicentenário da Academia Militar, de 1963.

Minha primeira unidade foi o BEsE - Batalhão Escola de Engenharia, o Batalhão Visconde de Taunay, na época situado na Vila Militar, no Rio, integrante do GUEs – Grupamento de Unidades Escola - considerada tropa de elite do Exército Brasileiro.

Lá cheguei como aspirante em janeiro de 1964. 

Logo após a revolução assumiu o comando o coronel José França, um militar identificado com os ideais democráticos da revolução, um comandante que liderou pelo exemplo e soube manter a tropa disciplinada e coesa. Foi esse chefe e líder, quem primeiro me inspirou a usar a parábola do Feixe de Varas, de La Fontaine como símbolo da força da união. 

Durante os dois anos de seu comando, sempre que se dirigia aos comandados, empregava a imagem do Feixe de Varas. Ao término, os oficiais o presentearam com um troféu: um feixe de varas em miniatura, montado sobre uma placa de granito.

O cel. França chegou ao posto de Gen. De Brigada na ativa, tendo trabalhado junto ao Gen Euler Bentes Monteiro na reestruturação financeira do Exército. Foi um chefe a quem aprendi a admirar e estimar e cuja memória reverencio.

- A simbologia.

A fábula do FEIXE DE VARAS foi primeiro narrada por Esopo, lá pelos anos 600 aC, depois, recontada por La Fontaine em 1675, sob o título "O ancião e seus três filhos". A mensagem é única: uma vara apenas é facilmente quebrável. Um conjunto de varas reunidas em feixe torna-se impossível de quebrar ou, em outras palavras: “A união faz a força". 

Adotei a imagem do FEIXE DE VARAS, em 1996, no meu discurso de posse como presidente do Rotary Club do Recife-Boa Viagem. Desde então não mais parei de usá-la. Criei um mote que ficou gravado em todos os boletins do meu clube, no ano de minha presidência:


Não pretendemos ser o maior,
Tampouco queremos ser o melhor,
Mas o nosso querido Boa Viagem,
É forte e unido como um ...
FEIXE DE VARAS!!!


Nas reuniões plenárias, da tribuna, o protocolo declamava o mote, em voz clara, interrompendo no final, quando a plateia, em um grito uníssono e bem alto, completava: _FEIXE DE VARAS!!!!!

Quando fui governador do Distrito 4500. No ano do centenário do Rotary, 2004-05, trouxe o simbolismo do FEIXE DE VARAS para representar a força da união e do companheirismo da Família Rotária. 

Nas visitas oficiais aos clubes o mote era recitado e o FEIXE DE VARAS aclamado com alegria e energia. Os clubes decoravam os salões com motivos do FEIXE DE VARAS, os presentes, dados e recebidos, eram sob a mesma temática. O simbolismo constou do meu guia distrital e da minha conferência distrital, assim como os troféus e premiações distribuídos. 


Trofeu FEIXE DE VARAS, da minha Conferência Distrital em 2005

Posteriormente, em 2006, criei o blog FEIXE DE VARAS. 

- O alerta.

Duas pessoas me alertaram recentemente que o simbolismo de O FEIXE DE VARAS poderia estar ligado ao fascismo, movimento político absolutista surgido na Itália e, por este motivo, deveria ser removido do meu blog. 

Confesso ter ficado surpreso. 

Desde 1964, nunca soube que o FEIXE DE VARAS fosse associado ao fascismo.



Alertado, fui pesquisar. 
A palavra "fascismo" deriva de "fascio" ou "feixe". O símbolo é um machado envolto por um feixe de varas amarradas por cerdas. Foi adotado por Mussolini, após a Primeira Guerra Mundial, como símbolo da autoridade do governo e da união dos que o rodeavam. Foi buscá-lo no império romano, na tentativa de reviver as glórias daquela época.

Aprofundando as pesquisas, descobri que o termo "varas" em que se divide a justiça brasileira de primeira instância, também deriva do "fasces" romano, descrito como um feixe de varas com um machado em seu interior, atado por correias, conduzidos por lictores, que eram executores da justiça dispensada pelos magistrados. Os condenados eram açoitados com as varas, amarrados com as correias e decapitados com o machado.

- Conclusão.

Jamais houve qualquer correlação entre o termo "fascismo" e as fábulas de Esopo e La Fontaine. 
Tratam-se de coisas distintas.

Tanto o símbolo fascista, quanto a palavra "varas" da justiça, advêm do direito romano, posto que ambas adotaram a mesma simbologia - um machado envolto em varas, amarradas por cerdas. Cerdas para amarrar, varas para açoitar e o machado para decapitar.

Esopo e La Fontaine eram contadores de histórias com moral edificante, sob forma de poesia. Em geral os personagens eram bichos com vozes humanas.
Quem ler a fábula "O ancião e seus três filhos" de La Fontaine sentirá a simplicidade da mensagem, de que a "união faz a força", nada mais que isso.

Por esta razão, decidi manter o nome de meu blog FEIXE DE VARAS, como uma marca, sem nenhuma conotação outra que não o da força da união e do companheirismo, certo de que, tanto Esopo, como La Fontaine, na pureza de suas intenções, nada tinham que denotasse autoritarismo, opressão e, muito menos, qualquer viés ideológico. Muito pelo contrário, as suas fábulas deixaram mensagens edificantes que perduram através dos tempos.


Como brasileiro e patriota, reitero que não cabem no Brasil ideologias espúrias como fascismo, nazismo ou comunismo.

Meu blog, com mais de 200 mensagens e artigos, todos de minha lavra, visa a construção de um mundo solidário, honesto, justo. A finalidade é a compaixão, o entendimento, a busca da paz, a resolução de conflitos, a compreensão entre homens e nações, coerente com os ideais do Rotary, do qual tenho a honra de fazer parte. Por esta razão, o blog não comporta artigos de cunho político-partidário ou religioso.


Informo que, continuarei a usar a simbologia do FEIXE DE VARAS, da forma poética e edificante tal como foi concebida pelos dois mestres da literatura universal.


OBS:
Para ler outros artigos correlatos, constantes do blog, clique nos links abaixo:


Um comentário:

JOSE EDSON PELLICANO disse...

Sr Alberto.
Sou um jovem sexagenário e achei muito interessante as tuas informações sobre o feixe de varas.
Como acréscimo as tuas informações gostaria de dizer que a imagem de um feixe de varas ocorre nas moedas de dois R$2.000 réis emitidas entre 1924 e 1934, porém sem o machado, o que deve refletir a mensagem de fábula.