ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal
ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

OMISSÃO - IGNORÂNCIA - INDIFERENÇA

Foto publicada na primeira página,
mostrando o menino imerso num mar de dejetos.

A reportagem repercutiu nos jornais do mundo inteiro

Outros meninos brincando no meio do lixo.


OMISSÃO - IGNORÂNCIA  - INDIFERENÇA  

A foto estampada na primeira página de um jornal de grande circulação do Recife repercutiu no mundo inteiro. A reportagem mostrava três meninos, de mais ou menos dez anos de idade, mergulhados até o pescoço num mar de lixo e dejetos do canal do Arruda, a catar latas de cerveja ou refrigerante que, vendidas a outros catadores, garante um mínimo de quatro a cinco reais por dia para a sobrevivência da própria família. Pode-se adivinhar as conseqüências danosas, para a saúde daquelas crianças, diretamente em contato com uma água imunda, virulenta, repleta de vetores maléficos, coberta de todo tipo de porcaria. Somente um milagre de Deus explica a não disseminação de mortal epidemia de cólera.


O impacto que a imagem trouxe foi terrível.

Imediatamente a Prefeitura da Cidade do Recife anunciou um plano de limpeza e urbanização das margens do canal, ocupadas pela favela do Arruda, apenas para dar satisfação à população, para dizer que não está de braços cruzados. Tenta tapar com uma peneira, um sol de tantos anos de omissão e desgoverno.

 
Vozes se levantaram contra tal estado de coisas, verdadeira calamidade. Mas, nem todos se indignaram. Uma grande maioria permaneceu silenciosa, indiferente. Nem o mais atroz dos sofrimentos alheios consegue permear o estado de espírito dessa maioria indiferente para fazê-la sair de seu casulo.


Todos sabemos que a indiferença é a pior das atitudes. Nenhuma relação sobrevive à indiferença. A indiferença é sinônimo de insensibilidade. É sintoma de ausência de emoção e de sentimento. A indiferença traduz a perda de toda e qualquer capacidade de indignação. 


Até parece que a sociedade, perplexa ante tanta corrupção, desmandos e desvios, perdeu a capacidade de se indignar, como se isso fosse uma desculpa para a omissão, quando verdadeiramente, é fruto da indiferença.

A indiferença é expressa nas afirmativas:

   – Eu nada posso fazer.
   – Eu lavo as mãos.
   – Estou me lixando.
   – Danem-se.
   – Não é comigo.
   – Isso é com o governo.

Ainda que inconscientes, essas atitudes refletem a indiferença geral que assola o Brasil.

A indiferença gera a perda da faculdade de indignação e a consequente falta de engajamento da população. 

Num mundo cada vez mais complexo, fica difícil definir as razões dessa indiferença coletiva. Em toda sociedade há regras e leis que determinam nossas circunstâncias, nossas contingências, nossas tendências. 

Os séculos XX e XXI trouxeram os maiores avanços e desenvolvimentos tecnológicos. Entretanto, em nenhum outro período da humanidade, o fosso que separa os muito ricos dos muito pobres foi tão abissal. É um grande fosso que não para de crescer.

Neste mundo somos todos interdependentes, vivemos numa interconectividade como jamais existiu. Temos que suportar coisas verdadeiramente insuportáveis. A miséria, a fome, a doença, a violência que afeta alguns, certamente a qualquer tempo, se voltará contra todo o conjunto da sociedade.

   – O que fazer? Como posso me engajar? De quem é a culpa?

Ao meu ver, são três os maiores responsáveis:

1 - OMISSÃO das autoridades constituídas, por anos de descaso, fazendo vista grossa, permitindo que a situação chegasse ao caos.

2 - IGNORÂNCIA da própria comunidade às margens do canal do Arruda, deseducada, que faz do canal sua lata de lixo, com a desculpa de que o caminhão da coleta não chega. E nem poderia, pois as vias estreitas não o permitem. Uma solução seria a instituição de multa como punição para este ato de menosprezo pela natureza e pelo bem comum.

3- INDIFERENÇA da própria sociedade de um modo geral, insensível, pela falta de capacidade de indignação e perda da faculdade de engajamento.

Termino com as palavras do Papa Francisco:

   
"Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. 
Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe".


x-x-x-x-x







Nenhum comentário: