Foto publicada na primeira página, mostrando o menino imerso num mar de dejetos. |
A reportagem repercutiu nos jornais do mundo inteiro |
Outros meninos brincando no meio do lixo. |
OMISSÃO - IGNORÂNCIA - INDIFERENÇA
A foto estampada na primeira página de um jornal de grande circulação do Recife repercutiu no mundo inteiro. A reportagem mostrava três meninos, de mais ou menos dez anos de idade, mergulhados até o pescoço num mar de lixo e dejetos do canal do Arruda, a catar latas de cerveja ou refrigerante que, vendidas a outros catadores, garante um mínimo de quatro a cinco reais por dia para a sobrevivência da própria família. Pode-se adivinhar as conseqüências danosas, para a saúde daquelas crianças, diretamente em contato com uma água imunda, virulenta, repleta de vetores maléficos, coberta de todo tipo de porcaria. Somente um milagre de Deus explica a não disseminação de mortal epidemia de cólera.
O impacto que a imagem trouxe foi terrível.
Imediatamente a Prefeitura da Cidade do Recife anunciou um plano de limpeza e urbanização das margens do canal, ocupadas pela favela do Arruda, apenas para dar satisfação à população, para dizer que não está de braços cruzados. Tenta tapar com uma peneira, um sol de tantos anos de omissão e desgoverno.
Imediatamente a Prefeitura da Cidade do Recife anunciou um plano de limpeza e urbanização das margens do canal, ocupadas pela favela do Arruda, apenas para dar satisfação à população, para dizer que não está de braços cruzados. Tenta tapar com uma peneira, um sol de tantos anos de omissão e desgoverno.
Vozes se levantaram contra tal estado de coisas, verdadeira calamidade. Mas, nem todos se indignaram. Uma grande maioria permaneceu silenciosa, indiferente. Nem o mais atroz dos sofrimentos alheios consegue permear o estado de espírito dessa maioria indiferente para fazê-la sair de seu casulo.
Todos sabemos que a indiferença é a pior das atitudes. Nenhuma relação sobrevive à indiferença. A indiferença é sinônimo de insensibilidade. É sintoma de ausência de emoção e de sentimento. A indiferença traduz a perda de toda e qualquer capacidade de indignação.
Até parece que a sociedade, perplexa ante tanta corrupção, desmandos e desvios, perdeu a capacidade de se indignar, como se isso fosse uma desculpa para a omissão, quando verdadeiramente, é fruto da indiferença.
A indiferença é expressa nas afirmativas:
– Eu nada posso fazer.
– Eu lavo as mãos.
– Estou me lixando.
– Danem-se.
– Não é comigo.
– Isso é com o governo.
Ainda que inconscientes, essas atitudes refletem a indiferença geral que assola o Brasil.
A indiferença gera a perda da faculdade de indignação e a consequente falta de engajamento da população.
Num mundo cada vez mais complexo, fica difícil definir as razões dessa indiferença coletiva. Em toda sociedade há regras e leis que determinam nossas circunstâncias, nossas contingências, nossas tendências.
Os séculos XX e XXI trouxeram os maiores avanços e desenvolvimentos tecnológicos. Entretanto, em nenhum outro período da humanidade, o fosso que separa os muito ricos dos muito pobres foi tão abissal. É um grande fosso que não para de crescer.
Neste mundo somos todos interdependentes, vivemos numa interconectividade como jamais existiu. Temos que suportar coisas verdadeiramente insuportáveis. A miséria, a fome, a doença, a violência que afeta alguns, certamente a qualquer tempo, se voltará contra todo o conjunto da sociedade.
– O que fazer? Como posso me engajar? De quem é a culpa?
Ao meu ver, são três os maiores responsáveis:
1 - OMISSÃO das autoridades constituídas, por anos de descaso, fazendo vista grossa, permitindo que a situação chegasse ao caos.
2 - IGNORÂNCIA da própria comunidade às margens do canal do Arruda, deseducada, que faz do canal sua lata de lixo, com a desculpa de que o caminhão da coleta não chega. E nem poderia, pois as vias estreitas não o permitem. Uma solução seria a instituição de multa como punição para este ato de menosprezo pela natureza e pelo bem comum.
3- INDIFERENÇA da própria sociedade de um modo geral, insensível, pela falta de capacidade de indignação e perda da faculdade de engajamento.
Termino com as palavras do Papa Francisco:
x-x-x-x-x
Neste mundo somos todos interdependentes, vivemos numa interconectividade como jamais existiu. Temos que suportar coisas verdadeiramente insuportáveis. A miséria, a fome, a doença, a violência que afeta alguns, certamente a qualquer tempo, se voltará contra todo o conjunto da sociedade.
– O que fazer? Como posso me engajar? De quem é a culpa?
Ao meu ver, são três os maiores responsáveis:
1 - OMISSÃO das autoridades constituídas, por anos de descaso, fazendo vista grossa, permitindo que a situação chegasse ao caos.
2 - IGNORÂNCIA da própria comunidade às margens do canal do Arruda, deseducada, que faz do canal sua lata de lixo, com a desculpa de que o caminhão da coleta não chega. E nem poderia, pois as vias estreitas não o permitem. Uma solução seria a instituição de multa como punição para este ato de menosprezo pela natureza e pelo bem comum.
3- INDIFERENÇA da própria sociedade de um modo geral, insensível, pela falta de capacidade de indignação e perda da faculdade de engajamento.
Termino com as palavras do Papa Francisco:
"Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os
outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença.
Quase sem nos dar conta, tornamo-nos
incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à
vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles,
como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe".
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