SOU SIM, SOU DO ROTARY
Alberto Bittencourt
(Fato ocorrido em 2004, quando eu e Helena, como governador do
Rotary visitamos o Rotary Club de Serra Branca, PB, Distrito 4500)
Rotary visitamos o Rotary Club de Serra Branca, PB, Distrito 4500)
Ao descermos de carro para
mais uma visita a uma dessas instituições assistidas por Rotary Clubs do
interior, senti um puxão pelo braço. Alguém, com insistência, tentava pegar
minha mão, me agarrar. Numa reação natural, imediatamente entrei um guarda.
Procurei me defender, proteger-me. Retirei com rispidez a mão, virei as costas,
na tentativa de livrar-me do golpe iminente, do assédio invasivo de um desses
meliantes de rua, sempre prontos para roubar, levar o que quer que fosse e
estivesse ao seu alcance.
Então, no momento em que o
repudiava, em que me esquivava da incômoda aproximação, uma expressão mágica
eclodiu de sua boca, que se abriu num largo sorriso:
_ É do Rotary?
Estanquei surpreso.
_ É do Rotary?
Só aí foi que olhei para ele
com mais atenção.
_ É do Rotary?
A pergunta soava afirmativa,
exclamativa, na alegria espontânea de um encontro há muito esperado.
Compreendi de imediato
tratar-se de um cidadão interno da instituição a qual iríamos visitar: o abrigo
São Vicente de Paulo, assistido pelo Rotary Club de Serra Branca, um clube do interior da Paraíba, pequeno em número de sócios, mas grande em ações.
Voltei-me, estendi a mão, respondi:
_Sou sim. Sou do Rotary,
disse com orgulho e confiança
Logo soube que o nome dele
era Tião. Tião apenas. Nenhuma
referência de vida, nem família, nem passado e nem futuro, um mero deficiente
mental abandonado pelos parentes, já passando da idade útil, cuja vida se
resume ao instante presente e nada mais, a consciência única de que o Rotary
existe.
Parentes? Que parentes? Tião não tem mais ninguém na vida, apenas
conhece o Rotary.
A todos perguntava:
_É do Rotary? _Sou sim. A
essa resposta sua fisionomia se
transformava no mesmo sorriso largo e alegre. Com insistência queria
cumprimentar, apertar a mão amiga, estar junto, agradecer, abraçar.
_ Chega Tião, deixe as
visitas em paz, alguém disse.
_ É do Rotary?
_ Sou sim, afirmei, enquanto
olhava para aquele ser humano em frangalhos, restos do que um dia fora gente,
trastes de homem que ninguém conhece, nem sabem da existência, a não ser o
Rotary Club de Serra Branca.
_ Sou sim, disse eu,
enquanto, com entusiasmo repentino cumprimentava os demais, idosos,
deficientes, internos do abrigo.
_ Sou sim, sou do Rotary, eu
me ocupo de você, você pode confiar em mim, estou disponível para servir.
_ Sou sim, sou do Rotary,
estou aqui para ajudar, para melhorar suas condições de vida.
_ Sou sim, sou do Rotary, vim
para doar, para me doar.
_ Sou sim, sou do Rotary, não
precisa me chamar, nem precisa me pedir. Eu trabalho por você, eu zelo e velo
pela sua integridade.
_ Sou sim, sou do Rotary.
Agradeço a Deus a oportunidade de poder servi-lo, porque foi servindo que
aprendi a amar, e porque eu amo, posso dizer e repetir:
_ Sou Feliz!
_ Sou Feliz!
Um comentário:
Caro companheiro e amigo.
Mais um texto seu, relatando momentos de sua vida rotária, toca no meu trabalho.
Eu e Marileide fizemos durante cerca de dois anos um trabalho de campo,onde visitávamos inúmeros moradores de rua, no bairro de São José, a fim de descobrirmos o porquê de eles estarem nas ruas e nós não. Afinal, era uma pesquisa para concluir o livro Anjos do Asfalto, que editei mais tarde. Nele cololquei os mais interessantes traçados de vida que lencontrei nas ruas do Recife, inclusive um ex-comerciaite de secos e molhados, o qual falira depois de haver partido para uma aventura amorosa, fazendo-nos concluir que "Ao lado de um homem de sucesso tem uma grande mulher e ao lado de um fracassado há, pelo menos, duas". São coisas que a vida nos ensina. A
braços,
Arlégo.
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