ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

sexta-feira, 27 de abril de 2012

MANUTENSAO E CONSTRUÇAO DA PAZ

MANUTENSÃO DA PAZ 

 X

CONSTRUÇÃO DA PAZ


Alberto Bittencourt - abr 2012


Existe uma diferença entre os conceitos de Manutenção da Paz e o de Construção da Paz.

As forças internacionais da paz, das Nações Unidas, como a Minustrah do Haiti, têm a função de manter a paz e são exercidas através do Conselho de Segurança da ONU. Sempre que há um conflito e uma ameaça à paz internacional, como ocorreu na guerra da Bósnia e da Líbia, elas exercem o seu poderio bélico para manter a paz. O Brasil tem por tradição integrar essas forças internacionais de paz desde a guerra do YonKypur, entre Israel e os países árabes, quando foi instituída a Força da Paz de Suez. São Domingos, na América Central, e o Timor Leste, na Ásia, foram outras nações que receberam soldados brasileiros integrantes das Forças de Paz da ONU. Graças à atuação dessas forças estão sendo devolvidas à Paz regiões cheias de conflitos, de tensões, sejam de origem étnicas, políticas ou religiosas. A eficiência dessas intervenções tem evitado que os conflitos se prolonguem no tempo e se expandam causando aumento do sofrimento de populações civis, gerando levas de refugiados e de pessoas desabrigadas, acomodadas em acampamentos.

Por outro lado, a Construção da Paz envolve um conceito inteiramente diferente. É prevenção de conflitos a longo prazo, um assunto muito mais complexo. Às vezes, é fácil tomar atitudes bélicas para manter a paz. Para construir a paz, nem sempre é uma decisão simples.

Os orçamentos dos países destinam bilhões de dólares para garantir o aparato militar, sob o pretexto de Manutenção da Paz. Há toda uma estrutura industrial bélica sob o pretexto de exercer o poder dissuasório. Afirmam os belicistas que a manutenção do aparato bélico, da capacidade de destruição, tem a finalidade de desencorajar as pretensões belicosas de vizinhos, assim como a conhecida expressão “Se queres a Paz, prepara-te para a guerra”. Com esta idéia, surgem algumas “operações de manutenção da paz” que geram investimentos de muitos bilhões de dólares

Em contra partida, só se conseguem migalhas para operações de Construção da Paz. Construir a paz é empreender uma ação preventiva. Acontece porém que essas ações preventivas não trazem consigo nem a glória, nem o reconhecimento para quem as executa.

Condecoram-se os generais que vencem as batalhas, mas os realmente importantes são os que evitam a eclosão das guerras. Só estamos acostumados com os resultados concretos, que aparecem nos jornais e na tv, então, se nada acontece, e é exatamente isso que desejamos, aí ninguém reconhece que o fato se deve ao trabalho contínuo, permanente, feito nos bastidores, em pequenas doses e muito abrangentes.

Há um ditado sul africano, Zulu, que diz: “Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue mudanças maravilhosas”. Esses são os verdadeiros construtores da paz.

A paz é um estado da sociedade para qual todo cidadão contribui, a cada instante, na família, na escola, no trabalho, nos parlamentos, nos bares, As possibilidades de paz precisam ser construídas diariamente. A cultura da paz se constrói dia a dia, com justiça, dignidade, igualdade e solidariedade. 

Construir a paz não significa reparar os danos, mas sim evitar que eles se produzam. Isso só é possível com a participação da sociedade civil nessa tarefa e que cada indivíduo se ocupe dela pessoalmente.

O Servir está mais ligado à Construção da Paz, enquanto que O Serviço pode ser mais íntimo da Manutenção da Paz. “A Paz através do Servir” significa construir a paz. É a prevenção, o trabalho contínuo, diuturno, de mudança das condições de vida das pessoas, de aliviar o sofrimento dos oprimidos, dos excluídos, de diminuir as diferenças sociais através da educação, da valorização do homem, do ensino de comportamentos úteis, da prática indiscriminada do bem.

A manutenção da paz pode ser considerada um serviço, para acabar com os conflitos e com a violência, uma vez instalados, ainda que pelo emprego da força e do poderio bélico. Para a Manutenção da Paz no Oriente Médio, foram investidos US$150 bilhões, enquanto que, para Construir a Paz no mesmo Oriente Médio, nem um centésimo disso foi aplicado. Isto porque ela não é um ato de serviço, mas sim uma ação de servir, preventiva, que não traz lucros nem gera dividendos imediatos, posto que ela é uma ação para o futuro, quase invisível e seus efeitos só são percebidos a longo prazo.

Esses conceitos são meus pensamentos a respeito do tema sobre os dois substantivos usados nas duas traduções, lembrando sempre que o servir constitui a essência da filosofia e do ideal do Rotary. 

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