MANUTENSÃO DA PAZ
X
CONSTRUÇÃO DA PAZ
Alberto Bittencourt - abr 2012
Existe uma diferença entre os conceitos de Manutenção da Paz e o de Construção da Paz.
As forças internacionais da paz, das Nações
Unidas, como a Minustrah do Haiti, têm a função de manter a paz e são exercidas através do Conselho de Segurança da
ONU. Sempre que há um conflito e uma ameaça à paz internacional, como ocorreu
na guerra da Bósnia e da Líbia, elas exercem o seu poderio bélico para manter a
paz. O Brasil tem por tradição integrar essas forças internacionais de paz
desde a guerra do YonKypur, entre Israel e os países árabes, quando foi
instituída a Força da Paz de Suez. São Domingos, na América Central, e o Timor
Leste, na Ásia, foram outras nações que receberam soldados brasileiros
integrantes das Forças de Paz da ONU. Graças à atuação dessas forças estão
sendo devolvidas à Paz regiões cheias de conflitos, de tensões, sejam de origem
étnicas, políticas ou religiosas. A eficiência dessas intervenções tem evitado
que os conflitos se prolonguem no tempo e se expandam causando aumento do
sofrimento de populações civis, gerando levas de refugiados e de pessoas
desabrigadas, acomodadas em acampamentos.
Por outro lado, a Construção da Paz envolve um conceito inteiramente diferente. É
prevenção de conflitos a longo prazo, um assunto muito mais complexo. Às vezes,
é fácil tomar atitudes bélicas para manter a paz. Para construir a paz, nem
sempre é uma decisão simples.
Os orçamentos dos países destinam bilhões
de dólares para garantir o aparato militar, sob o pretexto de Manutenção da Paz. Há toda uma
estrutura industrial bélica sob o pretexto de exercer o poder dissuasório.
Afirmam os belicistas que a manutenção do aparato bélico, da capacidade de
destruição, tem a finalidade de desencorajar as pretensões belicosas de
vizinhos, assim como a conhecida expressão “Se queres a Paz, prepara-te para a
guerra”. Com esta idéia, surgem algumas “operações de manutenção da paz” que
geram investimentos de muitos bilhões de dólares
Em contra partida, só se conseguem migalhas
para operações de Construção da Paz. Construir
a paz é empreender uma ação preventiva. Acontece porém que essas ações
preventivas não trazem consigo nem a glória, nem o reconhecimento para quem as
executa.
Condecoram-se os generais que vencem as
batalhas, mas os realmente importantes são os que evitam a eclosão das guerras.
Só estamos acostumados com os resultados concretos, que aparecem nos jornais e
na tv, então, se nada acontece, e é exatamente isso que desejamos, aí ninguém reconhece
que o fato se deve ao trabalho contínuo, permanente, feito nos bastidores, em pequenas
doses e muito abrangentes.
Há um ditado sul africano, Zulu, que diz:
“Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco importantes, consegue
mudanças maravilhosas”. Esses são os verdadeiros construtores da paz.
A paz é um estado da sociedade para qual
todo cidadão contribui, a cada instante, na família, na escola, no trabalho,
nos parlamentos, nos bares, As possibilidades de paz precisam ser construídas diariamente.
A cultura da paz se constrói dia a dia, com justiça, dignidade, igualdade e
solidariedade.
Construir a paz não significa reparar os
danos, mas sim evitar que eles se produzam. Isso só é possível com a
participação da sociedade civil nessa tarefa e que cada indivíduo se ocupe dela
pessoalmente.
O Servir está mais ligado à Construção da
Paz, enquanto que O Serviço pode ser mais íntimo da Manutenção da Paz. “A Paz
através do Servir” significa construir a paz. É a prevenção, o trabalho
contínuo, diuturno, de mudança das condições de vida das pessoas, de aliviar o
sofrimento dos oprimidos, dos excluídos, de diminuir as diferenças sociais
através da educação, da valorização do homem, do ensino de comportamentos
úteis, da prática indiscriminada do bem.
A manutenção da paz pode ser considerada um
serviço, para acabar com os conflitos e com a violência, uma vez instalados,
ainda que pelo emprego da força e do poderio bélico. Para a Manutenção da Paz
no Oriente Médio, foram investidos US$150 bilhões, enquanto que, para Construir
a Paz no mesmo Oriente Médio, nem um centésimo disso foi aplicado. Isto porque
ela não é um ato de serviço, mas sim uma ação de servir, preventiva, que não
traz lucros nem gera dividendos imediatos, posto que ela é uma ação para o
futuro, quase invisível e seus efeitos só são percebidos a longo prazo.
Esses conceitos são meus pensamentos a
respeito do tema sobre os dois substantivos usados nas duas traduções,
lembrando sempre que o servir constitui a essência da filosofia e do ideal do
Rotary.
Nenhum comentário:
Postar um comentário