ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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domingo, 29 de novembro de 2020

MUDANÇAS NA FUNDAÇÃO ROTÁRIA

MUDANÇAS NA FUNDAÇÃO ROTÁRIA
(Palestra realizada no RC Recife, dia 18 de novembro de 2010)

Prezados companheiros

É uma alegria estar aqui neste clube, o Rotary Club do Recife, por ser este clube uma referência em se tratando da Fundação Rotária. Ele tem o maior e mais importante projeto de Subsídios Equivalentes do Brasil, em benefício da Fundação Altino Ventura. Refiro-me à Unidade Móvel Inácio Cavalcanti, o Ônibus da Esperança, que tanto bem tem espalhado por este Pernambuco afora, realizando milhares de cirurgias de catarata.

Vamos falar das mudanças que estamos vivendo a partir deste ano na Fundação Rotária, já visando pavimentar o caminho para o centenário, que ocorrerá no ano de 2017.
Inicialmente, vejamos porque a Fundação Rotária fez uma tão grande reestruturação em seus programas e projetos.

Vocês sabem que os programas da Fundação Rotária são de três tipos: Humanitários, Educacionais e a Polio Plus.
O programa de Subsídios Equivalentes é do tipo Humanitário. Sua criação é relativamente recente, data de 1965. De 1965 a 2000, em 35 anos portanto, a Fundação Rotária recebeu, analisou e aprovou, 10.000 projetos, provenientes de todas as partes do mundo. De 2000 a 2004, deram entrada, foram analisados e aprovados, outros 10.000 projetos. O que ocorreu em 35 anos, a partir de 2000, aconteceu em apenas 4 anos. De 2004 a 2008, mais 10.000 projetos. O Brasil e o México, na época, disputavam o segundo lugar em número de projetos, atrás apenas da Índia, que tinha mais do que o dobro desses dois países.

Essa enxurrada de projetos trouxe muitos problemas à equipe de funcionários encarregada das análises na Fundação Rotária. O ex-presidente de RI, Luis Vicente Giay, falou que era comum ele ir aos sábados e domingos nos escritórios da FR em Evanston, USA, e encontrar a equipe trabalhando. E não raras vezes ele encontrou funcionárias chorando na mesa de trabalho, porque tinham sido destratadas, ou tratadas de forma grosseira, por algum rotariano inconformado talvez, com uma demora um pouco maior na análise de seu projeto.

Ao mesmo tempo, a partir de 2000, a Fundação Rotária alcançava enorme credibilidade no mundo inteiro, junto a governos, instituições, organismos como a ONU, UNICEF, OMS, UNESCO, fundações e ONGs internacionais. Isso começou a atrair parceiros como Bill Gates, Warren Buffet, Carlo Slim, os homens mais ricos do mundo, este último, mexicano de origem libanesa, dono da Claro e da Embratel no Brasil. Eles não detinham conhecimentos, nem experiência para aplicar recursos como só o Rotary sabe fazer, com a pulverização, a capilaridade, a eficiência, zero de perdas. Toda essa credibilidade, seriedade, e confiabilidade, classificou a Fundação Rotária no topo do ranking das instituições humanitárias e filantrópicas dos Estados Unidos.

Mas os funcionários não estavam conseguindo dar conta de tanto trabalho e começaram a ocorrer problemas. Relatórios finais de prestação de contas do dinheiro recebido, deixaram de ser apresentados por muitos distritos. Os casos mais graves ocorreram na Índia, onde houve inclusive desvio de recursos. Lá foram criados clubes fantasmas que elaboraram projetos, forjaram assinaturas, receberam recursos, para em seguida desaparecerem e ninguém saber onde o dinheiro foi parar.

Muitos distritos deixaram de apresentar os relatórios financeiros porque os funcionários não tinham condições de cobrar, nem de examinar em tempo hábil. Felizmente, no Brasil, muitos clubes que estavam devendo os relatórios finais, os apresentaram no prazo estipulado, do contrário o distrito teria ficado impedido de apresentar novos projetos.

Com tudo isso, verificou-se a necessidade de se reformular os programas da Fundação Rotária, pois essa credibilidade, disse Giay, conquistada ao longo de décadas de muito esforço, tem a fragilidade de uma taça de cristal. Em fração de segundos pode cair e se partir, definitivamente.

Alguma providência tinha que ser tomada. Não adiantava aumentar a quantidade de funcionários, pois isso traria um aumento nos custos. Um projeto, seja ele de mil ou de cem mil dólares, dava o mesmo trabalho para a Fundação Rotáriae e tinha  o mesmo custo financeiro, em torno de 4 mil dólares. E 80% desses projetos eram de valor inferior a 4 mil dólares. O quê fazer então?

Uma consultoria foi contratada e chegou à conclusão que a melhor solução seria aumentar o valor mínimo dos projetos. Foi então criado e está vigorando, em caráter experimental, por três anos, de 2010 a 2013, o Plano Visão do Futuro. Tem ele a finalidade de simplificar e dar mais velocidade aos projetos, dando mais autonomia aos clubes na sua elaboração e implantação. Foram selecionados 100 distritos pilotos no mundo. No Brasil são oito os distritos que integram o Plano Visão do Futuro, inclusive o nosso, D.4500. Até 2013 serão corrigidas as arestas, melhorado o que for preciso, modificado o que não deu certo, para então, estendê-lo aos demais distritos do mundo.

A nova estrutura de projetos criada pela Fundação Rotária estabelece dois tipos de projetos humanitários: os Subsídios Distritais e os Subsídios Globais.
Os Subsídios Distritais são recursos que vêm para o distrito, sem necessidade de parceria internacional. O governador distribui para os clubes, mediante solicitação. A prestação de contas é feita pelo próprio governador, sem formulário, sem burocracia. Por exemplo, se o clube quiser doar uma geladeira para uma creche, ele faz um orçamento, anexa as propostas, informa o objetivo do projeto e o póblico a ser beneficiado. Entrega ao governador e este então lhe dá o dinheiro.

É tudo muito simples. O problema é que os recursos são pequenos. Nosso distrito recebeu este ano, para os Subsídios Distritais, cerca de 25.000 dólares. Tal soma corresponde a 50% do FDUC, ou 25% do que foi doado três anos antes para o Fundo Anual da Fundação Rotária.

Em 2007-08, o então governador Jorge Rosa, enviou para o Fundo Anual, cerca de 100 mil dólares, um recorde na época. Esse dinheiro ficou aplicado por três anos. Em 2010-11, ele foi desimobilizado para ser aplicado nos diversos programas da Fundação Rotária. 50% desses recursos ficam na mão da Fundação Rotária, no Fundo Mundial, e os outros 50% vêm para o distrito doador, creditado no FDUC – Fundo Distrital de Utilização Controlada. A metade do FDUC, ou 25 mil dólares constituem os Subsídios Distritais, para serem distribuídos, a critério do governador, mediante solicitação dos clubes.

Só que 25 mil dólares não dá para nada em nosso distrito. São 91 clubes. A governadora Tereza Neuma estabeleceu um teto de 3 mil dólares por clube. Não contempla nem dez por cento dos clubes.

Os Subsídios Globais, que substituem os antigos Subsídios Equivalentes, estabelecem um valor total mínimo de 30 mil dólares por projeto.
Se antes, nós fazíamos um projeto de 10 mil dólares para perfuração de um poço, hoje nós temos que incluir, além da perfuração e instalação, a irrigação, a construção de abrigos para os equipamentos, os canteiros e hortas, a distribuição de sementes, o treinamento, a iluminação, o combustível, de modo a atingir um valor mínimo de 30 mil dólares. E o projeto tem que ser auto-sustentável. Significa dizer que ele tem que perdurar além do término dos recursos.

A Fundação Rotária visa com isso criar um impacto maior nas comunidades, dar uma visibilidade maior para o clube, deixar uma imagem pública mais duradoura e marcante. Quanto maior o projeto, quanto mais abrangente seja, maior será o impacto, a visibilidade, a imagem pública do Rotary. A Fundação Rotária pretende que, em 2013-14, todos os distritos estejam trabalhando dentro do Plano Visão do Futuro.

Mas isso criou, para nós, do D.4500, uma série de dificuldades. Primeiro, além da busca da parceria internacional ser mais difícil, pelo seu valor mais elevado, enquanto estivermos na fase experimental, nós só podemos emparceirar com outro distrito que também seja distrito piloto. E são apenas 100 no mundo. Além disso, um projeto de âmbito maior exige um trabalho mais elaborado e cuidadoso, uma maior contrapartida local.

Conclusão: se não aumentarmos nossas contribuições para o Fundo Anual, não haverá recursos suficientes nem para os Subsídios Distritais, nem para o FDUC, de importância fundamental para ajudar aos clubes nos seus projetos de Subsídios Globais.
Atualmente, com o dólar rotário a R$1,72, estamos numa fase muito boa para aumentarmos nossas contribuições para a Fundação Rotária.

Agora, quero deixar aqui, presidente, uma mensagem para este clube. Nós temos que pensar e agir positivamente, afastar o negativismo, acreditar naquilo que estamos fazendo.
Cito aqui um exemplo. O distrito 4420, que abrange os Rotary Clubs de Santos e de parte da cidade de São Paulo, vinha contribuindo com 400, 500, 600 mil dólares por ano para a Fundação Rotária. Em 2009-10, sabem qual foi a contribuição desse distrito para o Fundo Anual? 1.534 mil dólares. Está nos relatórios da Fundação Rotária. Foi o quarto do mundo. Como é que ele consegue? São os rotarianos que botam a mão no bolso? Não. Eles vão buscar nas empresas. Eles usam a ABTRF – Associação Brasileira da The Rotary Foundation, que é uma OSCIP.
Os rotarianos do D.4420 procuram as empresas, pessoas jurídicas com imposto de renda baseado no lucro real, que podem destinar 2% de sua despesa operacional para a ABTRF e diminuir com isso, o seu imposto a pagar. Esse dinheiro é contabilizado na Fundação Rotária, fica imobilizado por três anos e depois aplicado, acrescido dos rendimentos, nos projetos dos clubes.
Se o distrito 4420 consegue, nas docas de Santos, nós também podemos conseguir, basta acreditar, basta pensar positivamente.

Ao visitarmos uma empresa, pedirmos uma contribuição para um projeto, levarmos depois um diploma de Empresa Cidadã, nunca devemos entrar como pedintes. Devemos entrar como vencedores. Essa é a atitude que o rotariano deve ter, porque o Rotary é um vencedor e nós somos rotarianos. Ao entrar no gabinete do presidente da empresa, levamos uma proposta de investimento social que vai mudar o Brasil, que vai melhorar as condições de uma parte da população sofrida, explorada, que vive na miséria, em condições sub-humanas.
O rotariano é um vencedor porque ele é um voluntário. Ele está ali, às vezes prejudicando seus próprios negócios profissionais, seu tempo de lazer, para ir buscar um dinheiro que não é para ele, que não é para benefício próprio, mas para uma causa nobre. Ele está pensando além dele mesmo, além de seu tempo, no tempo dos outros, dos mais necessitados.

Para isso, companheiros, é preciso pensar e agir positivamente, pois não se pode fazer nada sem dinheiro. Quando você começa a pensar num projeto, começa a gastar. E não é anti-ético pedir dinheiro, mesmo através de rifas, carnês, leilões, eventos, quando a causa é nobre, quando o fim é institucional.

Desse modo, companheiros, a mensagem que deixo para vocês é que é preciso acreditar. Acreditar no projeto, acreditar no sucesso e agir positivamente, como vencedores que somos. Não ficar, como diz a governadora Tereza Neuma dentro da sua zona de conforto. Sair um pouco dessa zona de conforto, senão nós não vamos conseguir melhorar o Brasil.

Estão aí os índices: o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, as mortes por acidentes de trânsito, que chegam a 40 mil por ano, as mortes por armas de fogo, num total de 50 mil anuais, a disseminação do crack, a gravidez precoce, as doenças por falta de água potável e saneamento. Há muito o que fazer.

Lembro-me de um ditado, que aprendi de um chefe militar:

UNS QUEREM E NÃO PODEM.
OUTROS PODEM E NÃO QUEREM.
NÓS QUE QUEREMOS E PODEMOS,
DAMOS GRAÇAS A DEUS.

Vamos à luta! Obrigado.

4 comentários:

Unknown disse...

Parabéns. Esta palestra foi muito didática e ilustrativa. espero que todos os clubes leiam.

Abraços

Alexandre Inojosa

CORSINO DANTAS disse...

Prezado Alberto, Bom dia.
Lí a sua palestra com muita atenção.
Permito-me comentar em poucas palavras: o texto está excelente, vazado em uma linguagem quase coloquial, dadas as circunstâncias do ambiente de um clube da estatura do Recifão, uma mensagem muito acessível ao entendimento de todos, pela clareza das ideias transmitidas sobre as novas mudanças na estrutura e funcionamento da nossa operosa Fundação Rotária.
Parabéns, companheiro e amigo. Siga em frente na sua missão, quse sacerdócio, de esclarecer e informar, especialmente à comunidade rotária, que inspirada pelas novas ideias, poderá nos trazer as mais gratas surpresas.
Um forte abraço do
Corsino.

José Háteras disse...

Caro Companheiro Governador Alberto Bittencourt,
Agradeço seu e-mail sobre MUDANÇAS NA FUNDAÇÃO ROTÁRIA. É muito bom e oportuno, fazer de vez em guando, um reciclagem informativa, sobre o que se passou, o que se passa com relação aos Progras da FR. Obrigado
Um Grande Abraço José Háteras Gov. D. 4490 ano 99/00

ALEXANDRE INOJOSA disse...

Excelente palestra. didática e ilustrativa.
Parabéns
Alexandre