ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

terça-feira, 1 de setembro de 2009

DOIS ANOS SEM DULCINÉA



Há dois anos, no dia 20 de agosto de 2007, nossa querida Dulcinéa, então governadora do Distrito 4500, nos deixou. Lutou bravamente contra um câncer. A separação causou um grande “vazio” no coração de todos os que a conheceram e com ela conviveram.

A vida é feita de separações. E de encontros.
Em cada separação a tristeza a dor. Em cada encontro a paz, a alegria.

Assim é, também, no reino animal. Vez por outra recebemos pela internet imagens de passarinhos, cães, macacos e outros bichos em manifestação de sofrimento pela perda de um igual. Qualquer filhote, desprovido da mãe se queda triste, abatido, capaz de morrer.

Como eles nós, mamíferos sociais, somos extremamente sensíveis à separação dos entes queridos. A dor de uma separação pode ser até mesmo maior que a dor do sofrimento físico.

As separações fazem parte da vida. São inevitáveis. Tanto as grandes separações, definitivas, como a morte, o divórcio, quanto as menores, temporárias ou não, como deixar um trabalho, os amigos, enviar as crianças para um período de férias. Todas trazem o sentimento da perda, podem ser mais ou menos traumáticas.

Resilientes são os que superam a dor de uma grande perda, um grande trauma, o vazio de uma separação definitiva e retomam a vida normal e produtiva. Os resilientes aprenderam, de uma forma ou de outra, a dizer adeus.

Alguns procuram disfarçar, se mascaram de falsos sentimentos do tipo: não gosto de despedidas. Ou se escondem atrás da máscara da alegria: ora, ora, não vamos fazer melodramas.

Outros fingem, como fingiu o poeta Fernando Pessoa:

O poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.


Há os que extravasam na arte, na poesia, na música, de várias formas.

Há os que engolem seco, se fecham na introspecção, na solidão interior.

Talvez os mais corajosos sejam os que se debulham em lágrimas, choram, sem ter palavras para expressar a tristeza que lhes vai n’alma.

Na separação de um ente querido, não ficar triste é que seria realmente triste. Significa que nada de importante se viveu junto.

No “Pequeno Príncipe” a raposa encontra um novo sentido na cor dos campos de trigo, quando ela percebe a semelhança com os cachos dourados dos cabelos do menino que se tornara seu amigo.

Saint Exupéry descreve a separação:

– Ah! Disse a raposa, eu vou chorar.
_ A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal, mas tu quiseste que eu te cativasse...
– Quis , disse a raposa.
– Mas tu vais chorar, disse o principezinho.
– Vou, disse a raposa.
– Então não sais lucrando nada!
– Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.


Como nos mostrou a raposa, existe uma formidável maneira de se dizer adeus. Não é apenas expressando a tristeza, mas cultivando o que se guarda do outro. É uma maneira simples de mostrar que a relação é mais forte que o tempo e o espaço.

Um poeta definiu: saudade é tudo aquilo que fica de alguém que já se foi.

Ao dizer adeus à Dulcinéa, Reinaldo garantiu que seu amor continuaria a animá-lo interiormente. Posso imaginar seu sentimento que também é nosso:

Estarei sempre triste com a tua ausência, mas, ao sentir a tua falta, direi para consolo de cada dia: eu te amo. E tu estarás o tempo todo a preencher o vazio da minha saudade. Retomarei sozinho a aventura de minha vida, a saber que tua voz estará sempre me acompanhando.

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