A ÉTICA E A PROPAGANDA
Alberto Bittencourt
Era uma vez um
pescador em uma pequena aldeia. Certo dia, cansado, deixou-se cair
languidamente na areia, a contemplar o mar, ao invés de acompanhar
seus colegas na dura faina da pesca diária.
Alguém, vendo-o na
ociosidade, perguntou:
_ por que não foi
pescar hoje?.
_Estou a espera de
uma baleia, respondeu o pescador.
_Uma baleia?
_Sim, neste momento
ela se encontra após aquela curva, por trás das pedras. Não dá para ver daqui.
O homem, curioso,
despachou-se na direção apontada, na busca de ver a tal baleia, deixando o
preguiçoso em paz.
Não demorou muito
outro passante fez a mesma inoportuna pergunta.
_Por que você está
aqui dormindo e não foi pescar com os demais pescadores?
_Estou esperando uma
baleia que está após aquela curva, por trás de umas pedras.
O segundo homem não
hesitou e foi lá conferir.
Assim sucedeu-se com
mais cinco pessoas. Todas foram em busca da baleia.
A essa altura, o
pescador despertou cismado:
_Se eu já mandei sete
pessoas e nenhuma voltou, é capaz de haver mesmo uma baleia lá. Vou verificar.
Levantou-se e foi procurar a baleia.
2. Propaganda
mentirosa
"Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade".
"Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade".
A frase acima é de
autoria de Joseph Goebells, ministro da propaganda da Alemanha Nazista, de 1933 a
1945.
Goebells massificou a
imagem do Fuher, que quer dizer líder, com o objetivo de impregnar
as consciências do povo alemão. Apresentava a imagem do ditador como a de um
salvador, exaltando a superioridade da raça ariana. Inseriu uma enorme
quantidade de filmes e documentários nas telas dos cinemas, antes de qualquer
exibição. Usou o rádio, jornais e revistas para esse fim.
São de Goebells as
expressões seguintes:
"A essência da
propaganda é ganhar as pessoas para uma idéia de forma tão sincera, com tal
vitalidade, que, no final, elas sucumbam a essa idéia completamente, de modo a
nunca mais escaparem dela. A propaganda quer impregnar as pessoas com suas ideias.
É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão
inteligente e virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser
influenciados por tal propósito NEM O PERCEBAM."
"Nós não falamos para
dizer alguma coisa, mas para obter um certo efeito".
Goebells conseguiu
seu objetivo. Jovens de 16 anos, integrantes da chamada Hitler-Jugend,
a "juventude Hitlerista", com seus uniformes cáqui, e a suástica no braço,
cometeram atrocidades contra famílias que eles imaginavam não se enquadrar nos
ideais da raça pura nazista. Qualquer um que viesse a criticar Hitler, o
partido nazista ou mesmo fizesse algum comentário favorável aos judeus, seria
visto como traidor e deveria ser delatado, não importando quem fosse. Situações
inimagináveis foram criadas com filhos delatando os próprios pais, irmãos,
parentes e amigos se suspeitassem que fossem contrários ao governo alemão.
Houve uma grande
deturpação nos valores morais e éticos da sociedade alemã, causada por uma
estratégia de marketing muito bem definida, em que Hitler e o nazismo eram os
dois pilares mais amados e respeitados.
A propaganda nazista
levou o povo alemão a uma espécie de loucura coletiva tendo resultado na morte
de seis milhões de judeus.
Em 1935, ainda sob os
ecos das bombas da 1a GM, uma voz se levantou no
Estados Unidos da América contra a propaganda mentirosa de guerra. Paul Harris,
em seu livro "This Rotarian Age - Esta Era Rotária", denunciou, no capítulo "Será Utopia o Ideal Rotário da Paz Universal?" a propaganda mentirosa dos governantes em tempos de guerra:
A guerra é
consequência de paixões explosivas, suscitadas pela intolerância, rivalidade,
ciúme e finalmente, ódio, que, exacerbadas pela mentira, dificultam
poderosamente a influência da razão.
A mentira é voraz;
iniciada, ela se infiltra, opondo-se a qualquer opinião que se manifeste.
Manifeste-se alguém contra as mentiras correntes em tempo de guerra e será
levado incontinenti às autoridades encarregadas de fazer valer as inverdades da
propaganda de guerra.
Deste modo, são
aceitos e procurados os profissionais da arte de mentir. Discursos inflamados
das campanhas pela causa da pátria ultrajada, artigos ruidosos dos jornais e
revistas, visam meramente insuflar o ódio e o desejo de guerra no seio do povo.
A princípio, a tática
é extraordinária. Procuram ganhar a confiança geral, o ânimo e a esperança do
populacho fanático, usando frases rebuscadas, onde ressalta uma moralização
hipócrita "Procurai evitar a guerra"; "Desprezemos os iniciadores da luta" e,
depois de alcançada a simpatia popular, transformam estas frases em: "Com a guerra
atual, dar-se-á fim à todas as guerras futuras".
3. Propaganda Subliminar
Assim são chamadas as mensagens de persuasão feitas
para serem percebidas apenas no subconsciente. A primeira experiência do gênero
foi realizada em 1956, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, pelo publicitário
Jim Vicary. Durante a projeção de um filme, ele inseriu a frase "Beba
Coca-Cola" numa velocidade tão rápida - aparecendo com apenas 0,003
segundo de duração - que ela passava desapercebida. O olho humano só capta imagens
que duram no mínimo 0,02 segundo, mas, de acordo com Vicary, as mensagens
ficavam gravadas na mente das pessoas - tanto que, no intervalo do filme, as
vendas do refrigerante aumentaram 60%. Ele repetiu a experiência com a mensagem
"coma pipoca" e obteve o mesmo resultado.
Propaganda subliminar é crime em países como
Estados Unidos e França, mas aqui no Brasil não existe uma legislação
específica a respeito.
4. Merchandising
No Brasil tem-se
chamado de "merchandising" quando uma marca, ou produto
aparece em uma ou mais cenas, geralmente em segundo plano. É comum
em novelas ou programas seriados de TV, inserida num contexto, sem que o
telespectador perceba. Aparece em vestimentas, carros e objetos um sem número
de vezes com o fim de impregnar a consciência das pessoas, levando-as a comprar
por impulso.
A palavra "impregnar"
tem origem em prego, pregar. Assim como o prego vai penetrando aos poucos na
madeira, a marca vai penetrando e preenchendo aos poucos a nossa consciência
até que ela esteja totalmente impregnada.
5. A Prova Quádrupla
Contra toda essa
máquina de propaganda de incentivo ao consumo, outro nome levantou-se um 1935
contra a propaganda anti-ética e enganosa.
Herbert Taylor,
rotariano e dono de uma fábrica de panelas de alumínio, criou a PROVA QUÁDRUPLA,
um código de ética que visa restabelecer a verdade não apenas nas relações com
funcionários e clientes de sua empresa, mas, também nas relações
comerciais e na propaganda.
Veja abaixo o Power Point de palestra que realizei em Catanduva, SP, na Conferência Distrital do D. 4480, em 2007 a convite do governador Beninho Dalto e, depois, em diversas outras oportunidades:
(clique nas 4 setas do canto inferior direito para ver em tela cheia)
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