Alberto Bittencourt
Out 2007
Visitamos o marco rotário do nosso querido Rotary
Club do Recife-Boa Viagem. Obra de arte, projeto do renomado artista plástico,
Alex Mont’Elberto, filho do nosso saudoso companheiro José Júlio Fernandes, um
trabalho de grande beleza que projeta o nome do Rotary, uma referência para
todos os que chegam ao bairro de Boa Viagem, onde se concentram os melhores e
maiores hotéis da cidade. Fica situado numa praça, na confluência de duas
importantes artérias, a av. Domingos Ferreira e a rua Barão de Souza Leão, no
caminho do aeroporto.
Ali, na praça, moram cerca de quinze menores de rua. Ao
perceberem a comitiva, alguns se aproximaram para pedir esmolas. Fiz questão de
reuni-los ao pé do marco rotário para uma foto. Serviria, pensei, para motivar
os companheiros, conscientizá-los do muito que precisa ser feito. Crianças
sempre gostam de posar para fotografias. Os que abertamente cheiravam cola de
sapateiro, já escolados, diplomados nas escolas das ruas, esconderam atrás de
si os vasilhames e garrafas. São meninos e meninas, as idades variando de 12 a 16 anos. Vivem na praça,
se abrigam sob as marquises. A menor, Vitória, olhos azuis, rosto sardento,
bonitinha, doce, carente de afeto, tão frágil e pequenina, não sabe ler nem
escrever. Disse morar em Carpina, cidade a 60 quilômetros do
Recife. Veio sozinha, fugiu de casa, de um padastro que a agredia, que batia,
segundo afirmou. Não quer voltar. Prefere atender ao apelo do asfalto. Para
ela, a insegurança das ruas é o lugar mais seguro.
Mandei ampliar a foto, fiz um cartaz colorido, levei
para o clube, apresentei aos companheiros, com um apelo patético, sob o título:
“Ao pé do marco rotário”. Na hora ficaram todos motivados, em seguida, caiu no
esquecimento.
Helena e eu adquirimos a firme convicção de que dar
esmolas nas ruas é prejudicial. A criança fica sujeita à violência de todo
tipo, à exploração dos adultos e dos meninos maiores. Nos encontros rotários
sobre Novas Gerações sugerimos a campanha:
_ Que o Rotary encha a cidade de outdoors com os
dizeres: “não dê esmolas nas ruas, lugar de criança é na
escola”.
Somos todos reféns daquelas crianças que crescerão
levando no coração a chaga da revolta, da violência, do desamor, da ignorância,
do abandono, do descaso. Crescerão à margem dos valores humanos, dos valores
espirituais. Jamais compreenderão o significado da Palavra Divina: “Amar a Deus
sobre todas as coisas” e “Amar ao Próximo como a si mesmo”. Hoje são as
Novas Gerações, amanhã serão as Gerações Perdidas. É uma pena. Segundo as
estatísticas, metade dessas crianças não completará 24 anos de idade.
Sucumbirão antes, vítimas de nossa própria omissão e da incompetência dos
governos. Tragédia!
5 comentários:
Gracias y Viva Rotary!
Caro Alberto –
você tem uma sensibilidade humana notável. Na verdade, a maioria dos seres humanos se compadecem ao verem crianças sem perspectivas, não apenas os rotarianos, mas qualquer pessoa entende que “Somos todos reféns daquelas crianças que crescerão levando no coração a chaga da revolta, da violência, do desamor, da ignorância, do abandono, do descaso”.
Lamentações de nada adiantam, algo precisa ser feito, como engenheiro você pode imaginar a energia destas crianças sendo dissipada e perdida no descaso e abandono. Elas não pediram para vir ao mundo, compete a nos, dar-lhes a mínima condição de sobrevivência e progresso. E se fossemos nos aquela menina de olhos azuis que fugiu dos pais que a maltratava???? Reflita sobre a proposta abaixo e anexa. Grato pelo envio de seus textos. Cordial abraço. Ronaldo Carneiro
Companheiro Alberto,
E tão complexo hoje falarmos de jovens e como proceder que fico ainda sem saber como ajudá-los. Faço parte também das novas gerações e necessito correr e fazer alguma coisa. São tantos jovens nas ruas e toda vez me pergunto não dar nada é o certo...o que fiz para ajudar.
Como vocë, vejo uma tragédia. Precisamos pensar com mais objetividade. Gerações perdidas.
Importante não se acostumar... Jamais considerar impossível qualquer mudança. Ana Hertz
Amigo querido Alberto,
hoje li seu blogue, e confesso que, com a avalanche de informações que nos arrasta (mal encontro tempo para estar na internet a responder até mesmo às mensagens dos mais aproximados amigos, como você), achei ótimas suas observações.
Vamos em frente, todos juntos!
Abs.
Toinho Portela
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