ABROL — ACADEMIA BRASILEIRA
ROTÁRIA DE LETRAS.
Alberto Bittencourt - 14 nov
2021
O valor de entrar para a ABROL,
ou para uma das muitas Academias Brasileiras de Letras, é muito maior do
que ser reconhecido como escritor.
É antes, fazer parte de uma
confraria dedicada à arte de criar emoções, sentimentos, vontades e
pensamentos.
É conviver com mestres da
percepção, da descrição, da sublimação, da transformação.
É migrar do imaterial para o
real, do opaco para o transparente, do fluido para o gasoso.
É viver a cada instante uma nova
vida, um novo personagem, um novo cenário, um novo ambiente.
É passar, num piscar de olhos, do
passado para o presente, ou deste para o futuro.
É percorrer espaços
desconhecidos, é voar…voar para longe, bem longe, na busca do que um dia fomos,
para um dia sermos.
É ser imortal, para poder
morrer.
Fernanda Montenegro,
recentemente eleita para a ABL - Academia Brasileira de Letras,
representa tudo isso que escrevi acima. Assisti-a por duas horas num
teatro do Recife, a declamar sem hesitar, poemas áridos de Adélia Prado, para
uma plateia lotada, silenciosa, atenta, que, ao final, explodiu em aplausos, e
recebeu elogios da artista.
Fernanda Montenegro merece todos
os encômios. Ela é mais imortal do que muitos de seus confrades, interessados
apenas em colher louros do que viver momentos de comunhão e interação com o
espírito.
Tudo o que eu falei de Fernanda
Montenegro não inclui a ideologia política que impregna seu intelecto, com a
qual não concordo, absolutamente. É bom fazer está ressalva para que não
pensem que fui contaminado com a ignorância esquerdopata.
Sobre os artistas, como Chico
Buarque, Caetano, Gilberto Gil e outros, este último também imortal da ABL,
abstenho-me de considerar suas ruminâncias gramcistas, para ater-me ao conjunto
de sua obra e ao quanto de bem produziram. Para mim, suas manifestações
políticas advêm de dois fatores: o traumatismo causado pela censura de
tempos tenebrosos e o desalento de não contarem mais com os milhões da Lei
Rouanet.
Aliás, há que se considerar que
a Lei Rouanet pode ter sido necessária em alguns casos. Como trazer do Sul,
por exemplo, uma peça de teatro, com cenários variados, elenco de atores,
profissionais de iluminação, sonoplastia, figurinos, etc., sem o apoio do
governo? Não tem como. Sem isso grande parte do público brasileiro séria
privado da cultura que viceja em centros mais avançados de nosso imenso país.
Só precisa evitar abusos, encontrar o ponto de equilíbrio, o que não é
fácil.
Parabéns, Fernanda Montenegro.
--
Enviado pelo Gmail do meu celular IPhone 6+
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