ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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sábado, 19 de abril de 2014

O ATIVISTA SOCIAL



O ATIVISTA SOCIAL


Alberto Bittencourt

(baseado em reportagem do jornal 
A FOLHA DE PERNAMBUCO 
publicada no dia 09 de abril de 2014)





Fonte: Internet


Alvorecer de um dia de semana. A cidade dormita. Em poucas horas um turbilhão humano desperta para a vida. Carros, carroças, ônibus, caminhões fervilharão por ruas e avenidas. 

À janela do ônibus, Biu pensa nos últimos acontecimentos. Ele não chega a ser obeso, mas ostenta proeminente barriga. A camisa mal abotoa, sob um rosto redondo, de barba rala e bigode. 

Biu é um ativista social. Há anos está presente na maioria dos protestos que atazanam a vida dos cidadãos recifenses.

"O HOMEM DOS PROTESTOS"
Foto publicada no jornal FOLHA DE PERNAMBUCO, dia 09/abr/2014

O encontro dessa data fora programado para o cruzamento de duas importantes avenidas no Centro do Recife. Biu não foi o primeiro a chegar. Pequenos grupos se deslocam regularmente, já excitados pela perspectiva de uma nova ação. Logo uma pequena multidão toma conta das esquinas. Biu assume a liderança. Vai para o meio da rua e começa a fazer sinais para interromper o fluxo de veículos. Ao mesmo tempo, com um megafone, convoca os participantes.



Fonte: FOLHA DE PERNAMBUCO, dia 09/abr/2014
A tática é minuciosa, bem planejada e segue sempre o mesmo padrão. Na noite anterior a cada protesto, o grupo liderado por Biu descarrega pneus nos locais escolhidos para os bloqueios. Nas ruas da cidade, tomam cuidado com as câmaras de segurança. Bem cedo pegam os pneus empilhados e os levam para o meio da rua, usando água sanitária para atear fogo. Em segundos chamas e fumaça preta se espalham ao sabor do vento. 



Biu é um mestre da oratória. Com desenvoltura se dirige tanto a estudantes, quanto a grupos de sem-teto, funcionários públicos, ou ambulantes. Não usa carro de som. Sob sua liderança os manifestantes exibem faixas, cartazes e gritam palavras de ordem. O planejamento inclui a presença ativa e discreta de advogados dos sindicatos, prontos para atuar em qualquer eventualidade. 

O resultado são engarrafamentos quilométricos. 

Severino Souto Alves, Biu, tem 29 anos. É recifense, morador da Várzea, casado, ex-estudante de Direito. Ele se intitula "articulador profissional". É fundador e presidente do SINTRACI – Sindicato dos Trabalhadores Ambulantes do Comércio Informal do Recife, mas também atua promovendo protestos em benefício de outras categorias profissionais. 

Biu está por trás da maioria das manifestações que têm travado a vida do cidadão recifense. Chega a promover até dois protestos num mesmo dia, causando prejuízos às empresas, ao comércio, às instituições e mobilizando contingentes de policiais militares e de bombeiros que acabam desviados de suas atribuições normais.

Em 2013, Biu liderou estudantes do Movimento Passe Livre durante a onda de protestos que tomou as ruas do Recife por diversas vezes, pleiteando passagens mais baratas e transporte de qualidade. 

"Eu milito desde os quinze anos. Antes da zona urbana, passei pelo movimento secundarista, depois pelo movimento universitário, e atuei na zona rural", disse em ampla reportagem com entrevista publicada no jornal Folha de Pernambuco, na edição do dia 09 de abril de 2014. 

"Com minha experiência, planejamos e orientamos para que as pautas repercutam, sejam ouvidas, avaliadas e solucionadas".

Biu conta com o apoio incondicional da esposa, advogada. "A gente tem uma relação de muito companheirismo. Ela é solidária com nossa causa."

O padrão operacional, segundo Biu, é orientar os manifestantes a evitar conflitos com a polícia e quebra-quebras, detalhando as ações ponto a ponto, de forma a obter maior visibilidade na mídia e, principalmente chamar atenção das autoridades, com recursos de impacto.

Protestos são garantidos pelo estado democrático de direito. O papel da polícia tem sido o de acompanhar e dialogar com as lideranças. Justifica sua presença nos atos, como forma de garantir a integridade física dos manifestantes e da população, assegurando que o evento transcorra pacificamente, sem desordem e danos. 

Mas a mídia nos mostra que nem sempre é assim. Por vezes vândalos se infiltram para depredar o patrimônio público e privado. O comércio fecha as portas, as escolas suspendem as aulas. É comum uma bala perdida atingir alguém que nada tem a ver com a história. A barbárie destrói em poucos minutos uma viatura policial. Ônibus são depredados e em pouco tempo se transformam em bolas de fogo. A população, cerceada no seu direito de ir e vir, é sempre a maior prejudicada.

Em manifestações nas rodovias ocorrem frequentes acidentes com atropelamentos e vítimas fatais. 

Acredito que tudo poderia ser evitado se a polícia agisse com mais presteza e chegasse aos locais das manifestações ainda no seu nascedouro. Agindo com rigor, antes que se estabeleça o caos, seria mais fácil impedir bloqueios, minimizar os prejuízos e evitar os danos. E vidas poderiam ser poupadas.


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