ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

terça-feira, 18 de maio de 2010

caros amigos

E-mail enviado dia 10 de abril de 2010:

Caros amigos

Estamos no Rio de janeiro, para onde viemos comemorar o aniversário de 90 anos de minha mãe, dia 31 de março.

Em reposta à preocupação dos amigos do Recife, em decorrência das fortes chuvas desabadas sobre a cidade ao entardecer da segunda-feira, dia 05, informamos que, pessoalmente, graças a Deus, não tivemos maiores transtornos. Apenas meu genro ficou 6 horas engarrafado dentro do túnel Rebouças. Ele e minha filha só conseguiram chegar em casa, vindos do trabalho, às 01h30, na madrugada do dia seguinte.

O mais grave, infelizmente, ocorreu depois, em Niteroi, onde os deslizamentos causaram mais de 200 mortes.

O tempo ainda está instável aqui no Rio, com períodos de muita chuva. As ruas permanecem enlameadas, o trânsito caótico em determinados lugares.

Minha filha, genro e netos, moram numa cobertura que se debruça sobre a lagoa Rodrigo de Freitas, no Sacopã, a uns cem metros de altitude. O lugar é lindo, as construções sobem pelas encostas, pois a faixa a nível do mar é estreita. Do apto se descortina a vista maravilhosa da lagoa em primeiro plano, seguida dos morros Pão de Açúcar, Corcovado com o Cristo Redentor, por sinal em obras e cerdado de andaimes, pedra da Gávea mais ao fundo, e outros. Vemos o estádio de remo do Flamengo, os clubes Piraquê e Caiçara, o Joquei Club, que marcaram nossa juventude nos anos sessenta.

A tempestade do dia 05 coincidiu com a maré alta, o que fez o nível da lagoa subir cerca de 1m40 além do normal. Uma água vermelha e barrenta invadiu ruas e prédios do entorno. Plásticos e garrafas pet ainda hoje se acumulam nas margens, trazidos pela chuva. Um mar de cocô de algum esgoto rompido contribui para a poluição em outro trecho da lagoa.

Quando não chove, eu e minha filha iniciamos o dia com uma caminhada holística e ecológica, na ciclovia em volta da lagoa, em marcha acelerada, finalizada por uma pequena corrida até completar os 7500m do perímetro. Holística porque vamos observando as pessoas, os carros, o mundo á nossa volta e ecológica porque nos integramos à natureza farta e bela. Há uma variedade de pássaros, garças, marrecos, patos, uns nadando outros voando em V. Há também um tipo de frango d'água de plumagem negra e bico vermelho e até um local habitado por uma familia de capivaras, marcado por placas, embora eu nunca as tenha visto. Ninguém sabe de onde elas vieram.
O passeio é movimentado em dias de sol. As mamães levam seus bebês, outros levam seus cães, os idosos vão caminhar, os atletas treinar. Passamos pelo heliporto, onde a todo instante helicópteros aterrisam e decolam no transporte de ricaços, de casa para o trabalho e vice-versa.
Há muitos quiosques com restaurantes e bares famosos. A lagoa é, literalmente, uma festa.

Pagamos hoje o preço da falta de planejamento habitacional e familiar, o que já era alertado há trinta anos. Que falta faz o BNH - Banco Nacional da Habitação, extinto pelo governo Sarney de uma canetada só. O Brasil precisa construir um milhão de moradias por ano, a fundo perdido, para uma população extremamente pobre, sofrida, que se amontoa em locais de risco de modo sub-humano, nos morros e palafitas das capitais e das grandes cidades. Precisamos de um novo sistema em que os políticos possam pensar grande. Pensar grande é pensar no tempo dos outros, dos que virão depois, em lugar de só pensarem nas eleições seguintes.

Que nunca nos esqueçamos de toda essa tragédia.

Abraços.
Alberto Bittencourt

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