ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

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ALBERTO BITTENCOURT - Palestrante, conferencista, motivador, consultor, escritor, biógrafo pessoal

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

ONDE NÃO EXISTE AMANHÃ

ONDE NÃO EXISTE AMANHÃ
Alberto Bittencourt


Favela no Rio de Janeiro




1. No Recife - palafitas
Não conheço nada comparável à algumas favelas do Recife. As casas, de vão único, feitas de restos de madeira e plástico, infectas, promíscuas, se equilibram sobre palafitas fincadas no lodaçal. Não têm água encanada, nem banheiros, nem geladeiras, mas, paradoxalmente, não falta televisão, DVD, ou mesmo vídeo game. O lixo se espalha, vindo da maré ou do rio, a prefeitura nunca recolhe. O esgoto está nas portas, no chão, por onde se anda.

A favela dos Coelhos é apenas uma, entre tantas do Grande Recife. Situa-se no centro, em área nobre, ao lado de edifícios empresariais modernos, perto de hospitais que, como se diz, fazem do Recife o terceiro maior pólo médico do país.

Aí habita uma população marginalizada, abandonada, refém da droga, do crack, onde adolescentes dos 13 aos 18 anos trabalham como avião. Ninguém se lembra de construir moradias dignas e humanas para essa gente esquecida. 

Só na catástrofe a solidariedade se manifesta. Quando as enchentes, os deslizamentos ceifam vidas, destroem moradias, todos se mobilizam. A sociedade recolhe doações, o governo começa a construir novas casas, em locais mais seguros, em ritmo eleitoreiro.

2. No Rio de Janeiro - UPPs
Nem no Rio de Janeiro, onde estão as maiores favelas da América do Sul, subjugadas por traficantes e milícias, a degradação é tamanha. Lá, a maior parte dos barracos é de alvenaria, de tijolo nu, sem revestimento, dizem, para não pagar imposto à prefeitura. Nessas comunidades o comércio da droga floresce, se desenvolve abertamente, à luz do dia. Quando a polícia aparece, com seu aparato de uniformes, viaturas, sirenes, os traficantes se enfiam nas tocas como um bando de ratos. Terminada a incursão, tudo continua como dantes.

O Rio de Janeiro mostrou que poderia ser diferente. Lá, um dia, as favelas sonharam com amanhãs radiantes de paz. O Estado decidiu reconquistar comunidades há muito dominadas por traficantes e milícias. 

A ação se dava em três etapas. Primeiro avisavam que tropas de choque da Polícia Militar invadiriam o morro, de forma a garantir a segurança local. Os traficantes se evadiam, sob os olhos complacentes da mesma Polícia. Três meses depois, as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, se instalavam de modo permanente e preparavam a terceira fase, o restabelecimento do poder público com seus serviços econômicos e sociais.

Até 2008, oito UPPs foram instaladas e quarenta outras estavam programadas para os quatro anos seguintes. Em 2011 seria a vez da favela da Rocinha, anunciou o governo do Rio de Janeiro.

A presença contínua da Polícia mudava significativamente a vida dos habitantes das favelas. Os traficantes desapareciam, a violência diminuía.

Provou-se que só a ocupação permanente nos morros cariocas, foi capaz de livrar em definitivo os habitantes das mãos dos traficantes e das milícias.

Incursões esporádicas, não levam a nada. A Polícia chega, eles se entocam e, quando ela sai, eles retornam. Com a ocupação permanente realizada pelas UPPs, da Polícia Militar, as coisas mudaram.

3. Traficantes e milicianos.
Há uma grande diferença no Rio, entre os traficantes e as milícias. Os traficantes não são guerrilheiros, são vendedores de drogas, capazes de agir com violência para preservar seu negócio. As milícias são grupos de bandidos, interessados em extorquir a população, agindo com extrema violência. Os dois são perigosos, os dois fazem parte do crime organizado. Somente a expulsão desses indivíduos é capaz de trazer e implantar a paz.


4. Para um amanhã de paz.
O que é preciso para que a paz reine em definitivo nas comunidades?
  1. Em primeiro lugar, uma política permanente de construção de moradias dignas, decentes, de erradicação de palafitas, de favelas insanas. Estes novos bairros devem ser aquinhoados com redes de água e esgoto, com projeto urbanístico funcional, providos de áreas de lazer e equipamentos comerciais e comunitários essenciais, servidos por linhas de transportes coletivas acessíveis e integrados à malha viária urbana.
  2. Em seguida, uma política educacional séria, em que os alunos, crianças e adolescentes, fiquem em regime de tempo integral nas escolas, que aí recebam refeições, com atividades escolares, culturais e esportivas e, inclusive, formação profissional, tudo isto a partir de professores capacitados e avaliados sistematicamente, com proventos condizentes com seus esforços e resultados.
  3. Em terceiro lugar, com a ocupação permanente das comunidades pela polícia, como no Rio, com as UPPs.
  4. E, finalmente, com uma política de planejamento familiar que incentive o controle efetivo da natalidade, com orientação permanente, educação para a conscientização dos riscos e responsabilidades pela vida sexual promíscua, com ênfase nos deveres e na responsabilidade de gerar, prover e educar um novo ser.
Somente assim, garantindo o amanhã dessas comunidades, poderemos ter a certeza de que estaremos garantindo o amanhã de nossos filhos e netos e do nosso Brasil.

5. Corrupção.
Lamentavelmente a corrupção pôs tudo a perder. Destruiu a política das UPPs que parecia dar certo. A ganância imperou entre ministros do Tribunal de Contas do RJ, políticos, governadores que hoje respondem processos e parte está na cadeia. As favelas voltaram a ser dominadas por gangues de traficantes e milicianos. O crime organizado voltou a imperar.

6. Um novo amanhã.
Somente em 2019 uma nova política de repressão ao crime mostrou eficácia. Com tolerância zero, em seis meses os assassinatos foram reduzidos em 22% no Brasil.
A violência, o crime organizado, voltou a ser combatido, por ação da Policia Militar, através de snipers, heróis bem treinados, que destroem o mal, onde quer que se instale.
Os traficantes, milicianos, bandidos e exterminadores que se cuidem.

Alberto Bittencourt. 
Oficial do Exército, 
Engenheiro civil, professor, palestrante, escritor, biógrafo pessoal. 
Governador 2004/05 D-4500

Rotary Club do Recife-Boa Viagem
E-mail: abitt9@gmail.com
Blog:
http://albertobittencourt.blogspot.com
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+55 (81) 98844-8129
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3 comentários:

Claudio Bittencourt disse...

As UPPs resultaram em fracasso por duas razões: 1) inépcia dos governantes, que não sustentaram o projeto e 2) os bandidos não foram neutralizados, eles simplesmente se mudaram para outras comunidades.
Essa ação no Jacarezinho que matou 28, neutralizou os bandidos, mas não vai dar em nada, porque não vai cobrir a parte social da questão.

Unknown disse...

Uma realidade cruel que revela a dimensão da estratificação social existente, ou pior, da extensa desigualdade que separa os ricos dos pobres, resultante do nosso modus vivendi, de uma sociedade ainda envolta de muito egoísmo e da prevalência do ter aoninvės do ser.Parabéns ao blog que faz levantar do o véu e instigar-nos a fazer algo para alterar ou minimizar essa realidade

SERGIO LEVY disse...

Nasci e me criei no Rio de Janeiro. Minha infância e adoadolescência lescencia transcorreu nos anos 40 e 50. Era seguro caminhar nas ruas..
A degeneração teve início com Leonel Brizola com acertos para a proteção da sua filha Neusinha..
Daí em diante o caos passou a vigir.